Leituras: aqui
“Não foi com os nossos antepassados que o Senhor concluiu esta aliança, mas connosco que, estamos aqui todos vivos hoje” (Dt.5,3)
1. Um pormenor nos chama imediatamente a atenção: a enunciação dos dez mandamentos é introduzida por uma significativa referência à libertação do povo de Israel! De facto, o texto começa por dizer: "Eu sou o Senhor teu Deus, que te fiz sair da terra do Egipto, da casa da servidão" (Ex 20, 2). Por conseguinte, o Decálogo (as Dez palavras) é uma confirmação da liberdade conquistada, o instrumento que o Senhor nos concede, para defender a nossa liberdade, tanto dos condicionamentos interiores das nossas paixões, como dos abusos exteriores dos mal-intencionados!
2. Há um segundo pormenor do Decálogo, que deve ser também ressaltado: mediante a Lei, o Senhor deseja estabelecer um pacto de aliança com Israel! Portanto, mais do que uma imposição, a Lei é uma dádiva! Mais do que determinar o que o homem deve fazer, ela quer manifestar a todos a escolha decisiva de Deus: Ele está do lado do seu povo eleito; libertou-o da escravidão e circunda-o com a sua bondade misericordiosa. O Decálogo é assim, da parte de Deus, o testemunho de um amor de predileção. Note-se, aliás, que o Decálogo nunca é transmitido, sem primeiro se evocar a Aliança: «o Senhor nosso Deus firmou connosco uma Aliança no Horeb» (Dt 5, 2). Neste sentido, o espírito da aliança é bem claro nos dez mandamentos, sobretudo quando pensamos que eles são dirigidos, por um Deus, que fala na primeira pessoa, “Eu, o Senhor” e se dirige a cada um de nós, com um «tu», que interpela e compromete! É no âmbito desta Aliança que os mandamentos recebem o seu pleno significado. Diríamos, que os mandamentos traduzem as implicações concretas da nossa pertença a Deus, instituída pela Aliança! Concretizam, na prática, o amor humano que assim responde e corresponde ao amor divino!
4. Queridos irmãos e irmãs: “Não foi com os nossos antepassados que o Senhor concluiu esta aliança, mas connosco que, estamos aqui todos vivos hoje” (Dt.5,3) Os Dez mandamentos mantêm a sua atualidade num tempo como o nosso, em que se diz, por aí, já não haver nada de seguro e definitivo, que nos possa guiar! Parece que o homem contemporâneo perdeu o sentido do bem e do mal, como se uma coisa e o seu contrário valessem o mesmo ou o que valem para cada um. Ora, dentro de um horizonte relativista como este, não é possível uma verdadeira educação: sem a luz da verdade; mais cedo ou mais tarde cada pessoa está, de facto, condenada a duvidar da bondade da sua própria vida e das relações que a constituem” (Bento XVI, Discurso 5.06.2005). É por isso muito necessário voltar a propor os mandamentos, acolhê-los e aprendê-los de cor, para os viver, como caminho de sabedoria e de felicidade.
5. Diz, e bem, o salmista que «os preceitos do Senhor valem mais do que ouro mais fino”! São, na verdade, um tesouro, que a família deve guardar, como tábua de salvação, para se proteger de uma vida à deriva, sem rumo, num mundo sem lei! É preciso também que as famílias eduquem e se deixem guiar pelos mandamentos, como verdadeira bússola do agir moral, porque eles, de facto, ensinam-nos a caminhar, na liberdade do amor. Aqui e hoje vale mesmo dizer: A Lei do amor é “um verdadeiro tesouro que vale mais do que o ouro”, porque “os mandamentos do Senhor são retos, claros, firmes, dão sabedoria aos simples, iluminam os olhos e alegram o coração” (Sal.18/19)! E não estão longe. Nem são muitos. Contam-se bem pelos dedos da mão! A Lei do Amor está inscrita no nosso coração!
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