sexta-feira, 4 de março de 2011

Crianças que fazem perguntas

Já lá vão uns anos. Presidia à Eucaristia num dia de semana numa das capelas daquela paróquia.
À frente, diante do altar, um grupo de crianças. Após a comunhão, no momento da purificação do cálice, um rapazito, que ali passava férias e acompanhara os amigos à Missa, desata a rir desaforadamente.
A maneira como ria e o espalhafato que fazia, fez-me intervir. Perguntei a razão daquele espalhafato todo. Então ele respondeu que era por eu estar a lavar o "copo" (era assim que se referia ao cálice).
Perguntei-lhe se após as refeições a mãe não lavava a louça, se a deixava toda emporcalhada. Ele respondeu prontamente que sim, que levava.
Expliquei-lhe que a Missa também é uma REFEIÇÃO, onde Cristo nos oferece o Seu Corpo e o Seu Sangue para alimento da vida do mundo. E há que ter respeito pela dignidade do acto, purificando os objectos usados.
O rapaz deixou de rir, disse que compreendia e no fim veio agradecer a explicação, dizendo que lá onde vivia não estava habituado a participar na Missa.

Sempre que celebro à semana, gosto de dialogar um bocadinho com as crianças no momento da homilia. Infelizmente são poucas as vezes em que elas participam. Perda para elas, claramente, porque Cristo é o tudo da nossa vida.
Há dias, numa dessas Eucaristias, dialogámos, os pequenos participaram lindamente. No fim da Eucaristia, dois dirigiram-se a mim porque queriam colocar duas questões: Se Cristo era o mesmo, por que razão existem 4 Evangelhos? Por que motivo eles só comungavam um hóstia pequenina quando eu, no fim da comunhão, consumia as que haviam sobrado?
Se fôssemos os três a Santa Helena, estivéssemos no mesmo ponto e olhássemos na mesma direcção, seria que depois escreveríamos um texto exactamente igual? Eles responderam que não, porque somos diferentes e cada um iria falar naquilo que mais o tocou. Compreenderam...
Disse-lhes que naquela capela não havia sacrário, razão pela qual as partículas consagradas que restavam eram consumidas pelo sacerdote. Mas que comungar uma partícula grande ou pequenininha, toda ou parte, recebia-se sempre o Cristo todo e total.
Ficaram satisfeitos, agradeceram e debandaram. Eu também fiquei feliz. Tantas vezes que são os pequenos gestos que tornam grande o nosso dia!

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