quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Semana dos Seminários



Semana dos Seminários de 2019 tem um lema – Cristo não pensa apenas naquilo que tu és mas naquilo que poderás chegar a ser – inspirado na Exortação Apostólica Pós-Sinodal Christus Vivit que o Papa Francisco dirigiu, recentemente, aos jovens e a todo o Povo de Deus. Os últimos capítulos deste texto que surge na sequência do último Sínodo dos Bispos sobre os jovens, a fé e o discernimento vocacional, correspondem à visão atual do magistério sobre o tema da vocação e concretamente da vocação ao ministério sacerdotal.
O Santo Padre propõe-nos uma atitude de esperança assente na convicção de que «Jesus caminha no meio de nós como fazia na Galileia. Ele passa pelas nossas ruas, detém-se e olha-nos sem pressa. O seu chamamento que é atrativo e fascinante» (CV, 277). Hoje, porém, é mais difícil de escutar e entender pelos jovens porque são bombardeados por uma variedade de estímulos e uma multiplicidade de propostas geradoras de muito ruído e dispersão.
Esse chamamento é o de um amigo, Jesus Cristo, aquele conhece e ama a cada um e por isso quer dar-lhe o melhor. Assim, a vocação significa antes de mais um dom, um presente, simultaneamente o mais precioso e o mais exigente, porque «os presentes de Deus são interativos, para os gozar é preciso arriscar». Não se trata da exigência de «um dever imposto por outro a partir de fora, mas algo que estimula a crescer e optar, para que esse presente amadureça e se torne dom para os outros» (CV, 289). Abrir-se a esse dom implica um caminhar juntos com Cristo, na amizade e na liberdade, num seguimento próprio do discípulo que deseja aprender com o Mestre.
Esta amizade com Jesus «não é uma relação fugaz ou passageira mas estável, firme, fiel, que amadurece com o passar do tempo» (CV, 152). Ela não conduz ao isolamento mas impele cada um a sair de si mesmo e abrir-se ao outros, a abraçar os outros com amor e procurar o seu bem. A vocação assim entendida é chamamento ao serviço missionário dos outros e ajuda cada um a descobrir e fazer brotar o melhor de si mesmo para o serviço da Igreja e do mundo.
O Seminário é o espaço necessário para o discernimento e para uma sólida configuração com Cristo dos discípulos que serão enviados em missão como pastores em seu nome. Esse discernimento é favorecido pela vida comunitária própria do seminário que ajuda cada um na descoberta de si mesmo e do outro. Exige ainda espaços de silêncio e oração essenciais para um profundo encontro com Cristo, para o consolidar uma verdadeira espiritualidade sacerdotal e sobretudo para tomar decisões ponderadas e estáveis.
O Seminário é também o tempo indispensável para que o percurso de discernimento seja devidamente acompanhado, pessoal e comunitariamente. Em todo esse processo há perguntas a responder, dúvidas a esclarecer e receios a superar. Por isso é fundamental o papel das equipas formadoras dos seminários, em articulação com a diocese e o seu Bispo, bem como o papel das famílias, das comunidades cristãs, dos grupos e movimentos e até dos amigos.
A Semana dos Seminários é ocasião para refletir na centralidade da questão vocacional e para um renovado compromisso em ordem a uma «cultura vocacional». É também oportunidade para animar os jovens que fazem parte dos vários seminários do nosso país e reconhecer o precioso trabalho das equipas formadoras e de todos os que colaboram na vida dos seminários.
A todos os cristãos é pedido, durante esta semana e sempre, um especial apoio e carinho pelos seminários que se pode manifestar na oração e na ajuda material.
A todos os jovens se renova o apelo do Papa para que cada um saiba responder à pergunta: «para quem sou eu?», começando por reconhecer as qualidades e carismas que Deus lhe concedeu e dispondo-se a pô-los ao serviço de todos. E se for chamado a ao ministério sacerdotal ou à vida consagrada saiba responder com coragem e alegria, confiante de que o Senhor «não pensa apenas naquilo que tu és mas em tudo aquilo que, juntamente com Ele e todos os outros, poderás chegar a ser» (CV, 290).
+António Augusto Azevedo
Presidente da Comissão Episcopal das Vocações e Ministérios

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