Leituras: aqui
«Levanta-te e resplandece, Jerusalém, porque chegou a tua luz
e brilha sobre ti a glória do Senhor» (Is 60,1)!
1. Desde o início do Advento até à Epifania,
que hoje celebramos, conscientes de que o "o pobre é teu irmão, vai e dá-lhe atenção", empenhamo-nos em oferecer ao mundo, a partir da nossa
casa e da nossa comunidade, o rosto jovem e belo da Igreja ou da família, vivendo a beleza da caridade. A Igreja “ brilha quando é missionária,
acolhedora, livre, fiel, pobre de meios e rica no amor” (Papa Francisco, Homilia, 13.05.2017).
Tal como a Lua em
relação ao Sol, a Igreja brilha, não com luz própria, mas com a luz que recebe
de Cristo, para a refletir e irradiar, ao longe e ao largo. Por isso, a última pegada desta caminhada tem a
marca de saída: “missionária”. A Igreja, na pequena ou grande família, evangeliza, por
atração e irradiação. Esta é a sua missão: fazer resplandecer a luz de Cristo.
2. Perguntar-me-eis,
com muitas dúvidas e inquietações: “Como
é que as nossas famílias se podem tornar missionárias”? Eu diria, em jeito de Decálogo: uma família torna-se missionária…
- Pela irradiação, junto dos amigos, da alegria do amor na própria vida familiar: sois missionários quando dais testemunho aos outros da experiência da alegria do amor, vivido em família, apesar das crises e dificuldades. A alegria do amor em família é, em si mesma, o primeiro anúncio do Evangelho e uma Boa Nova para o mundo.
- Pela experiência da oração em família: sois famílias missionárias, mesmo se não sabeis muito de doutrina, liturgia ou moral. Que grande missão é a vossa, quando ensinais a fazer do coração de cada um, lá em casa, um lugar de oração. Rezai em família, por breve tempo que seja, com aquilo que vos preocupa; rezai por vós e pelos outros; agradecei todos os dias o dom da vida, da fé, da família, do pão, do perdão, da casa, da escola, dos amigos. A experiência diária da oração abre o vosso coração para Deus e estende as vossas mãos aos irmãos.
- Pela experiência da celebração em comunidade: uma pequena família que sai de casa, para celebrar a fé, e assim se une à grande família, torna-se verdadeira igreja doméstica e edifica a Paróquia como família de famílias. Que as famílias da vossa urbanização, do vosso bairro, da vossa rua, se interroguem e se entusiasmem, ao ver-vos ir à missa e dela regressar com uma alegria e uma energia espiritual, que dura e perdura por toda a semana.
- Pelo anúncio explícito da Boa Nova, na transmissão da fé, adaptada a cada pessoa, segundo a sua idade e sensibilidade: os pais e os avós e até os irmãos, uns em relação aos outros, podem tornar-se sujeitos ativos da catequese. A palavra simples, a sabedoria de vida e o exemplo coerente da fé vivida pelos mais velhos são estimulantes e contagiantes para a fé dos mais novos.
- Pelo acompanhamento dos filhos na catequese ou noutros grupos eclesiais. Muitas vezes são os filhos mais novos a levar os pais ao (re)encontro com Deus, a regressar à Igreja, a iniciar ou a reiniciar a sua vida cristã. Os pais que acompanham os filhos na catequese, na vida paroquial, ou que nelas se envolvem ativamente, acabam por crescer na fé com os filhos e como eles. Tanto aprendem os filhos dos pais, como estes dos filhos.
- Pelo discernimento atento da vocação dos filhos, dos seus sonhos e ideais, ajudando-os a descobrir a sua própria vocação e missão, na Igreja e no mundo. Uma família cristã, animada pelo amor de Cristo, que deu a vida por nós, educa para o dom de si mesmo, para a entrega do coração ao Senhor e aos irmãos. E por isso, uma família cristã valoriza tanto a vocação matrimonial, como a vocação sacerdotal, religiosa ou missionária. Uma família onde se vive a alegria do amor é missionária, na medida em que prepara o coração de cada um para responder e corresponder ao apelo do Senhor.
- Pelo apoio dos casais cristãos a outros casais, mostrando disponibilidade para os acolher, formar e acompanhar. A experiência dos casais mais amadurecidos na alegria da fé e do amor é uma preciosa ajuda aos jovens casais, na sua preparação para o matrimónio, nos princípios de vida conjugal ou em momentos de crise. Não é bom que o casal esteja só. Um casal cristão, feliz e experiente, é a melhor ajuda para um casal incipiente. Estai muito atentos a quem dá sinais de alarme e precisa de ajuda para salvar o casamento e a família.
- Pela aproximação discreta, atenta, generosa e solidária a outras famílias provadas pelo sofrimento, pela falta de saúde ou de trabalho, ou por causa da pobreza, do luto, da solidão. Uma família cristã é sempre irmã de outra família, se não for de sangue, há de ser em razão da nossa fé.
- Pelo exercício da misericórdia, vivida em família, que a todos renova no amor. Como é importante que as famílias se interroguem frequentemente se vivem a partir do amor, para o amor e no amor. Concretamente, isto significa doar-se, perdoar-se, não perder a paciência, antecipar-se ao outro, respeitar-se.
- Pelo testemunho da misericórdia com os casais, cujo matrimónio fracassou. Estai, estejamos disponíveis a curar as suas feridas, prontos a acolher, a acompanhar, a discernir e a integrar a sua fragilidade, de modo que tais casais possam descobrir o seu justo lugar na Igreja e fazer o seu próprio caminho, sem deixar de batizar e educar os seus filhos na féUma família missionária começa e acaba sempre por se mover pela única Estrela do Amor. Só assim se levanta, resplandece e faz brilhar a luz do Senhor!
Amaro Gonçalo (adaptado)
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