sexta-feira, 20 de julho de 2012

XVI DOMINGO DO TEMPO COMUM - Ano B

1. Vinde, retiremo-nos para um lugar solitário, e descansai um pouco” (Mc.6,31)! É radiante encontrar-se com este Jesus, que sabe compreender as necessidades mais profundas do ser humano: o desfrutar a beleza da vida, o fazer a festa do encontro, o gozar das maravilhas de Deus, através da criação inteira. Por isso nos enche a alma de alegria, ao ouvir o convite que Jesus dirige aos doze e a nós, que chegámos ao fim de um ano de trabalho: «Vinde, retiremo-nos para um lugar solitário, e descansai um pouco». Parece, mas não é uma frase apelativa de um qualquer cartaz turístico. O destino deste descanso é o próprio coração de Cristo! É Ele o lugar de repouso, onde a nossa vida desfeita se refaz!
2. Na verdade, somos muitos os que vivemos submetidos a um trabalho que nos vai desgastando. Submetido durante todo o ano a ritmos que não são os seus, aturdido por ruídos, maltratado por uma alimentação negligente, stressado pela falta de sono, o nosso corpo aspira por reencontrar a sua liberdade, harmonia e beleza. Deus, que no-lo confiou, espera que cuidemos verdadeiramente dele. Por isso, ao chegar o verão, todos procuramos, duma maneira ou doutra, um tempo de descanso que nos ajude a libertar-nos da tensão, da angústia e do desgaste que fomos acumulando ao longo dos dias! E esse poderá muito bem ser o nosso primeiro dever das férias. Uma tarefa que exigirá atenção e delicadeza e que, longe de ser uma preocupação egoísta, nos abrirá a relações mais abertas e francas com Deus e com os outros.
3. Mas, que é descansar? É suficiente recuperar as nossas forças físicas, apanhando sol, horas e mais horas, nas areias de qualquer mar? Basta esquecer os nossos problemas e conflitos, mergulhando no ruído das nossas festas e arraiais? Ao regressar de férias, muitos têm a sensação interior de que as perderam. É que, também nas férias, podemos cair na tirania da agitação, do ruído, da superficialidade e da ansiedade, do gozo fácil e esgotante. Temos necessidade urgente de nos iniciarmos na arte do verdadeiro descanso! Um descanso, que não seja uma simples pausa laboral, mas oportunidade para reler a vida, inventando outros caminhos. Um descanso que não seja simples quebra de rotina, mas mergulho no coração da Deus, para recuperar a harmonia interior e cuidar das raízes da vida.
4. Para isso, precisamos de nos encontrarmos profundamente connosco mesmos, de procurarmos o silêncio, a calma e a serenidade, para escutar o melhor que há dentro de nós e à nossa volta. Precisamos de redescobrir a natureza, contemplar a vida que brota perto de nós. Precisamos de pararmos diante das coisas pequenas e das pessoas simples e boas. Precisamos de recordar que o sentido último da vida não se esgota no esforço, no trabalho e na luta. Pelo contrário, revela-se-nos com mais clareza, na festa, na alegria partilhada, na amizade e na convivência fraterna. Mas precisamos, sobretudo, de enraizar a nossa vida neste Deus «amigo da vida», fonte do verdadeiro e definitivo descanso! Poderá, alguma vez, descansar o coração do ser humano, sem se encontrar com Deus?
5. Aprendamos, pois, a fazer férias de outra maneira. Para recuperar de novo a vida, não basta visitar novos países, descobrir paisagens desconhecidas ou entabular novas amizades! A novidade deve vir de dentro para fora e não de fora para dentro! Há, na verdade, um descanso que só se pode encontrar, no mistério de Deus, acolhido no nosso coração e seguindo os passos de Jesus e na sua companhia! É Ele o paraíso das nossas férias de sonho! E parece dizer-nos, com sentido novo: «Este ano, vá para fora cá dentro»...
Fonte: aqui

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