Muito se tem falado da «partícula de Deus». A descoberta foi anunciada pelo Centro Europeu de Investigação Nuclear. Os cientistas afirmam que a nova partícula tem características de massa e comportamento, previstas para o bosão, que é considerado, pelos físicos, a mais elementar das partículas atómicas constitutivas do universo! A anunciada descoberta do Bosão de Higgs vem assim reafirmar a existência de uma “estrutura racional” neste universo, de que fazemos parte. Este mundo, em que vivemos, não se constituiu, nem se evolui, de forma anárquica ou irracional, mas organiza-se e expande-se, de modo racional ou inteligente. As descobertas científicas, apoiadas na lógica físico-matemática, revelam-nos assim que há afinal uma estrutura inteligente do universo!
Na verdade, bem vistas as coisas, a racionalidade lógica do nosso pensamento humano não poderia descobrir as leis que regem logicamente o universo, se na origem de ambas, não se encontrasse uma Razão primordial, uma espécie de princípio criador inteligente. Assim, quanto mais se estuda a constituição deste mundo, na sua génese e evolução, mais se percebe que o Universo, não é obra da arbitrariedade ou do acaso!
As descobertas científicas vão sugerindo, cada vez mais, que por trás de tudo, há afinal uma grande Inteligência, na qual poderemos confiar! Ora, este princípio inteligente, que está na origem da vida e a fez despontar e evoluir, - diz-nos a fé cristã - é também e sobretudo, Amor: amor criador, amor redentor, amor pessoal. Por outras palavras, esta Razão eterna e incomensurável, que preside à criação, na sua génese e evolução, não é apenas uma espécie de “matemática do universo” e, ainda menos, uma “causa primeira” que, depois de ter provocado o Big Bang, se retirou. Pelo contrário, contrário, esta razão primordial, este grande Logos, tem coração. Como disse Bento XVI, este “Deus, que é a fonte originária de todo o ser e o princípio criador de todas as coisas é, ao mesmo tempo, Alguém que nos ama, com toda a paixão de um verdadeiro amor” (Bento XVI, DCE, 10).
Trazemos aqui estas considerações, porque elas estão em perfeita sintonia, com o desígnio amoroso de Deus, que São Paulo nos apresentava na 2ª leitura! Muitas vezes, julgamos que ciência e fé, criação e evolução, são irreconciliáveis; que a lógica matemática tenha descoberto tudo; que o mundo é fruto da casualidade, e que se a matemática não descobriu ainda o teorema Deus é porque Deus não existe. Nem sempre é fácil, reconduzir tudo a um projeto divino, inscrito na natureza e na história do Homem. Mas, na verdade, se tudo fosse fortuito, a vida não teria sentido! Ora, a harmonização deste hino de São Paulo, com a descoberta da “partícula de Deus”, vem ajudar-nos a ver mais claramente: nem a vida do mundo, nem o mundo da minha vida, são um acaso. Não somos um produto casual e sem sentido da evolução. A criação vive de um milagre de amor, que acontece a cada instante! “Fomos amados por Deus, ainda antes de começarmos a existir! Movido exclusivamente pelo seu amor incondicional, Deus criou-nos do nada para nos conduzir à plena comunhão consigo. A verdade profunda da nossa existência está, pois, contida neste mistério admirável: cada criatura, e particularmente cada pessoa humana, é fruto de um pensamento e de um ato de amor de Deus. É a descoberta deste facto que muda, verdadeira e profundamente, a nossa vida” (Bento XVI, Mensagem para o Dia Mundial das Vocações 2012).
Em tempo de férias, eis o desafio: ler, com os olhos da razão, o grande livro da natureza! E ler, com os olhos da fé, o livro das Escrituras. Ambos nos desvendam que o segredo da mais pequena “partícula de Deus” é o amor! Por amor, Deus nos ama, nos cria e nos e chama a esta Vida! E, por isso, a única razão de ser, de estar e de viver, neste mundo, é sempre o mesmo e eterno Amor de Deus, por todos e por cada um!
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