Não me refiro só à igreja
monumento mas sobretudo à Igreja como conjunto de crentes que a frequentam e
são, como nós dizemos, “os Católicos”.
Temos a certeza que desde o
século VI, pelo menos, existe a comunidade cristã de Tarouca. O seu lugar de
culto pode não ter sido, originariamente no sítio onde está edificada a nossa
Igreja, mas que, muito cedo, a mensagem de Cristo converteu estas gentes do
Vale do Varosa.
Acontece que a antiguidade
nem sempre é sinal de grande consciência das gentes por aquilo que torna a
mensagem cristã única. Com o passar do tempo as rotinas estabelecem-se, as
práticas religiosas banalizam-se, o essencial perde-se no meio do folclore e da
tradição.
Que me perdoem os
Tarouquenses e os que me conhecem porque se calhar não serei o melhor exemplo
sobre aquilo de que falo, mas tenho consciência do grande e único contributo da
Igreja para a união das pessoas e dos povos e para a valorização do seu
potencial humano.
Passo a explicar: por sorte
assisti à procissão do Senhor dos Passos, o que já não fazia há cerca de trinta
anos. Emocionei-me, não só pelas lembranças da minha meninice mas sobretudo
pela dignidade de que se revestiu. É claro que, infelizmente, as emoções nem
sempre significam a prática de que aquelas imagens de valor patrimonial único
nos pedem. Contudo não deixam de ser expressão de certa religiosidade
superficial porque o ser cristão é muito mais que isso.
Por outro lado sempre
verifiquei ao longo do tempo que se não fosse a Igreja e as suas celebrações,
Tarouca estaria reduzida a muito pouco, pois todas as tradições populares se
foram perdendo ao longo dos séculos sem que ninguém se preocupasse porque
bastava, para preencher as nossas vaidades dizer que Tarouca era uma vila muito
antiga. Mas exatamente porque é uma cristandade muito antiga também é uma
cristandade de hábitos e rotinas e muito pouco uma cristandade viva onde a
maioria, na sua vivência, mostre os valores do Evangelho.
Temos orgulho da nossa igreja (edifício) e
devemos continuar a ter, mas as pedras só são testemunho da fé dos Tarouquenses
doutras eras, não da nossa vivência atual da fé. Se o concelho é pequeno, se as
realizações cívicas são raras, se a preservação do seu património se reduz a
Salzedas, Ucanha e S.João de Tarouca e à nossa igreja paroquial, não podemos
querer que os nossos concidadãos se interessem por tudo o que temos mas por que
ninguém se interessa porque para isso é preciso investigar, é preciso deitar
mãos à obra no aspeto cultural. Nas minhas andanças por esta terra, descobri
gente muito competente com formação mais que suficiente para ajudar a valorizar
o que está à vista e o que há para investigar. Para estas coisas, muitas vezes,
nem é preciso muito dinheiro que o Município não tem, mas boa vontade entrega e
competência e esta sei agora que Tarouca tem gente desta.
Para quando uma carta
arqueológica do concelho? Para quando um vereador da cultura que desperte gente
de valor que Tarouca possui para investigar e valorizar?
Infelizmente só agora me pude
debruçar sobre tudo isto porque estive ausente durante muito tempo embora
viesse algumas vezes á minha terra, mas repito, encontrei gente de valor que
sabe muito sobre a nossa terra e pode ajudar a tornar este nosso concelho mais
conhecido pelas gentes que nos visitam.
Não quero terminar sem
afirmar perentoriamente: quem , se não fosse a Igreja, dinamizaria a nossa
terra?
Carlos Borges Simão
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.