«Na
sua grande misericórdia, fez-nos
renascer para uma esperança viva»! (1 Pe 1,3-9)
Aleluia.
Aleluia. Estamos em Páscoa, por cinquenta dias, de que este é apenas o oitavo!
Nos primeiros séculos, os cristãos que, na noite de Páscoa tinham sido
purificados pelo Batismo, ungidos pelo Crisma e alimentados pela Eucaristia,
apresentavam-se, neste segundo Domingo da Páscoa, vestidos de branco, diante da
comunidade. Por isso se chamava domingo «in
albis» (de branco / em branco). Mas celebramos também, por vontade expressa
de São João Paulo II o Domingo da Divina
Misericórdia, em que somos convidados a bendizer a “Deus, o Pai de Nosso Senhor
Jesus Cristo que, na sua grande misericórdia, nos fez renascer pela
ressurreição de Jesus Cristo, para uma esperança viva”! Por isso, a fonte
da alegria que propomos, para esta semana, é precisamente a MISERICÓRDIA.
«Muitos outros
sinais miraculosos fez Jesus, na presença dos seus discípulos, que não estão
escritos neste livro» (Jo 20,30).
1. O Evangelho da
alegria e da misericórdia permanecerá sempre um livro aberto. Todos
somos chamados a tornarmo-nos escritores viventes e permanentes deste
Evangelho! Podemos escrevê-lo, praticando diariamente uma das 14 obras de
misericórdia, corporais ou espirituais, que definem bem o estilo de
vida do cristão e que, por isso
mesmo, vos deixamos gravadas, no papiro desta semana! Deste modo damos
continuidade ao que fez Jesus no Dia de Páscoa, quando derramou, nos corações
assustados dos discípulos, a misericórdia do Pai, efundindo sobre eles o
Espírito Santo, que perdoa os pecados e dá a alegria.
2.Na visita pascal
deste ano, que mais uma vez fizemos, demo-nos conta, de que aqui e ali, naquela
rua, naquela casa ou naquele prédio, há sempre uma pessoa, há tantas pessoas,
que, mesmo parecendo ter as suas portas fechadas, estão à nossa espera, e
sobretudo pedem para ser escutadas
e compreendidas. Mesmo se algumas delas não participam habitualmente nas
nossas celebrações, ou nem sequer sabem onde fica a Igreja, o facto é que, no
mais fundo de si mesmas, estão abertas ao Evangelho da misericórdia, se formos
capazes de O anunciar e escrever nas suas vidas, com gestos concretos de
proximidade, atenção, ternura e amor. De Cristo, cujas chagas permanecem
abertas, devemos aprender que, para anunciar uma grande alegria àqueles que são
muito pobres ou estão feridos pela vida, tal só se pode fazer de forma terna e
humilde, sem presunção de superioridade, nem rigidez da verdade, nem ansiosa
pressa de esgotar toda a água contida na ânfora. Aprendamos a dar a beber desta
fonte, por pequenos goles, como água na concha da mão, à medida da sede de cada
um. Só assim a evangelização será respeitosa, concreta e jubilosa.
3. Isto exige que a
nossa comunidade abra as suas portas, não apenas para receber quem a procura,
mas para sair de si mesma, para ir ao encontro dos outros, através de cada um
de nós, como pessoas de coração paciente e aberto, como «bons samaritanos», que
conhecem a compaixão e o silêncio, perante o mistério do irmão e da irmã; isto
implica que nos tornemos serventes generosos e alegres, que amam gratuitamente,
sem nada pretender em troca. Muitas vezes vemos, diante de nós, uma humanidade
ferida e assustada, que tem as cicatrizes do sofrimento e da incerteza. Hoje,
face ao seu doloroso clamor de misericórdia e paz, ouçamos como que dirigido a
cada um de nós o convite feito confiadamente por Jesus: «Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós» (Jo 20,21).
4. Para corresponder
a este desafio da missão, precisamos sobretudo de perder o medo, que nos ata e
paralisa. Não são principalmente os outros que
têm as portas fechadas ao anúncio do Evangelho da alegria e da
misericórdia. Nós próprios temos, tantas vezes, as portas fechadas do nosso coração, com medo, não dos judeus mas
dos desconhecidos, dos distantes, dos não praticantes, dos vizinhos, daqueles
que não pensam ou não vivem ou não sentem a fé como nós. Mas a tradicional
visita pascal mostrou-nos, mais uma vez, que muitos desses medos são
injustificados, são exagerados, são até preconceituosos. Há sempre, e até onde
menos se espera, tantas pessoas recetivas a acolher a alegria do Evangelho.
Percamos o medo. O Espírito dir-nos-á, em cada momento, aquilo que devemos
dizer aos nossos adversários (cf. Mt 10,19) e iluminar-nos-á
sobre o pequeno passo em frente, que podemos dar naquele momento.
5. São tantos os que
querem sentir a frescura da «água batismal» e beber da ânfora da nossa fé em
Cristo ressuscitado, “fonte de uma
alegria inefável e gloriosa”! Maria, «nuvem de misericórdia», nos guie para
esta fonte e nos ajude a praticá-la, em cada dia, com alegria!
Amaro Gonçalo
Amaro Gonçalo
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