O Miguel anda no sétimo ano e também anda na catequese. Há dias a catequista convidou o seu grupo a participar na Eucaristia após a catequese. Os miúdos já estavam no corredor quando o Miguel disse Eu não vou. Era o que me faltava. Só se me obrigarem. Eu ia a passar, ouvi e meti conversa, perguntando-lhe porque é que não queria ir à missa, ao que me respondeu. Eu vou, senhor padre, senão a catequista pode marcar-me falta. Sorriu com ar de malandro. Eu também fiz o mesmo sorriso. Anda. E foi, mas foi como foi.
A Sara anda no sexto ano e também anda na catequese. Em conversa confidenciou-me que gostava muito de ir à missa, mas que a mãe não queria e quase não a deixava ir. Ela insistia, pedia, mas a mãe tinha mais que fazer. Fez um olhar triste. Eu também fiz o mesmo olhar, mas mais compreensivo que acusador.
Há muitos Migueis e Saras nas nossas catequeses e nas nossas paróquias. E questiono-me que adianta termos catequeses assim, termos paróquias com cristãos assim. E questiono-me se a catequese serve ou não para levar as pessoas à fé. E questiono-me se devemos andar a alimentar paróquias assim. E questiono-me o que Deus se questionará. E mais não quero questionar, porque senão deixo de ser eu para ser a questão.
Fonte: aqui
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