Assim como o mandamento «não matar» põe um limite claro para assegurar o valor
da vida humana, assim também hoje devemos dizer «não a uma economia da exclusão
e da desigualdade social». Esta economia mata. Não é possível que a morte por
enregelamento dum idoso sem abrigo não seja notícia, enquanto o é a descida de
dois pontos na Bolsa. Isto é exclusão. Não se pode tolerar mais o facto de se
lançar comida no lixo, quando há pessoas que passam fome. Isto é desigualdade
social. Hoje, tudo entra no jogo da competitividade e da lei do mais forte, onde
o poderoso engole o mais fraco. Em consequência desta situação, grandes massas
da população vêem-se excluídas e marginalizadas: sem trabalho, sem perspectivas,
num beco sem saída. O ser humano é considerado, em si mesmo, como um bem de
consumo que se pode usar e depois lançar fora. Assim teve início a cultura do
«descartável», que aliás chega a ser promovida. Já não se trata simplesmente do
fenómeno de exploração e opressão, mas duma realidade nova: com a exclusão,
fere-se, na própria raiz, a pertença à sociedade onde se vive, pois quem vive
nas favelas, na periferia ou sem poder já não está nela, mas fora. Os excluídos
não são «explorados», mas resíduos, «sobras».
Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, do Papa Francisco
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