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Nunca nos cansemos de optar pela fraternidade!
1. Um novo ano é sempre uma bênção, que temos de agradecer e invocar! E sobre o ano de 2014, este “menino” ou “irmão mais novo”, ainda mal acabado de nascer, há já muito que contar! Tantas as promessas, previsões e ameaças, com que nos fora anunciado! Nós, os cristãos, sabemos viver o momento e viver o tempo! O momento, o instante, as horas e os dias, estão nas nossas mãos, são entregues à nossa liberdade. Mas o tempo é outra coisa, e não é da nossa conta: o tempo é de Deus! Nós podemos ser senhores do momento, ou por um momento, mas do tempo, verdadeiramente, só há um Senhor, Jesus Cristo: “na plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho ao mundo” (Gl 4,4).Em Cristo, a Eternidade entrou no tempo e o nosso tempo não é senão a eternidade do momento!
2. A nós cabe-nos amar este tempo, que é afinal o melhor dos tempos, porque é o tempo que nos é dado viver. Tempos que continuarão a ser, entre nós, de dura austeridade, num país sob resgate, com graves desequilíbrios, sociais, económicos, financeiros, que não se resolverão, tão rapidamente, e sem custo, como desejaríamos. Que desafio nos traz, pois, este nosso tempo assim batizado pelo sangue da austeridade? Eu diria, inspirado na mensagem do Papa Francisco, para este Dia Mundial da Paz: fazer da austeridade caminho de fraternidade, uma vez que a “fraternidade é fundamento e caminho para a Paz” (cf. Papa Francisco, MDMP2014, n.4)!
3. Estamos hoje, num mundo, que se tornou uma aldeia global! O que acontece, lá muito longe, entra-nos, em direto, pelas novas janelas, que nos ligam ao exterior. De repente, todos nos tornamos vizinhos uns dos outros! Mas, ao mesmo tempo, habituamo-nos tão facilmente a ver o que se passa lá fora, que já nada nos afeta, o sofrimento do outro deixou de nos dizer respeito, e assim se vai acentuando uma “globalização da indiferença” ou da “exclusão”. Esmorece e desaparece aquela fraternidade, que se faz próxima do outro, que faz do outro um irmão, que faz do irmão, uma bênção. E, os nossos olhos, mais habituados a ver ao longe, têm dificuldade em perceber o que se passa aqui ao lado, aqui ao pé de minha casa, quando não dentro da própria casa, na própria família, “fonte primeira da fraternidade, lugar por onde começar a contagiar o mundo com o amor” (cf. Papa Francisco, MDMP2014, n.1).Na verdade, tal “globalização tornou-nos vizinhos, é verdade, mas não nos faz irmãos” (cf. Bento XVI, C.V., 19).
4. Como construir então um mundo de irmãos? Como descobrir no outro o rosto do irmão, que Deus confia ao meu cuidado (cf. Gn 4,9)? Não basta pensarmos que somos habitantes do mesmo planeta, “condenados” a viver juntos, para alcançarmos uma ética, que nos obrigue a comportarmo-nos como irmãos. Isto não chega. Para nos tornarmos irmãos, precisamos de viver, em relação, com um Pai comum, uma mesma Mãe! Só isso nos pode restituir a consciência e o sentimento de irmãos.“Dado que há um só Pai, que é Deus, vós sois todos irmãos” (cf. Mt 23, 8-9), disse-nos Jesus. Portanto, “a raiz da fraternidade está contida na paternidade de Deus, no seu amor pessoal, solícito e extraordinariamente concreto por cada um dos homens” (cf. Papa Francisco, MDMP2014, n.3).
5. São Paulo, contemplando Jesus, o Filho de Deus, nascido de uma Mulher, de Maria, a Mãe de Deus e Mãe da Humanidade, diz-nos que, no Filho, nos tornamos “filhos de Deus”, capazes de clamar “Abba, Pai” (cf. Gl 4,5-6). Só esta “paternidade é eficazmente geradora de fraternidade, porque o amor de Deus, quando é acolhido, torna-se o mais admirável agente de transformação da vida e das relações com o outro” (Ibidem, 3), até àquele ponto em que ninguém possa dizer de alguém: «não tenho nada a ver», «não me diz respeito» ou, «esse é meu inimigo», «é um estranho», «não é meu irmão», «não me pertence», «não é da minha família». Na verdade, “na família de Deus, onde todos são filhos de um mesmo Pai, filhos no Filho, não há «vidas descartáveis». Todos gozam de igual e inviolável dignidade; todos são amados por Deus. Esta é a razão pela qual não se pode ficar indiferente perante a sorte dos irmãos” (Ibidem 3).
6. Contemplando no Presépio, o Menino Deus, frágil, pobre, indefeso, e à mercê de todo o carinho, aprendamos a reconhecer, na face do próximo, especialmente dos mais frágeis e marginalizados, a imagem do Filho de Deus, feito Homem.“No irmão, está o prolongamento permanente da Encarnação, para cada um de nós” (Papa Francisco, Evangellium Gaudium. 179). E por isso o desafio que nos vem do Presépio é sair dali mesmo, partir daí, para “sair de si mesmo, ao encontro do irmão” (Ib. 179).
7. Queridos irmãos e irmãs: A cura para a indiferença, com que se mata o irmão, não é, em primeiro lugar, a austeridade, se esta não for também caminho de fraternidade. Os meus votos para 2014 é que, todos os dias, e em cada dia do ano, façamos da austeridade, caminho de fraternidade, uma vez que a “fraternidade é fundamento e caminho para a Paz” (cf. Papa Francisco, MDMP2014, n.4)!
Irmãos e irmãs: “Nunca nos cansemos de optar pela fraternidade”! (Id.,E.G.91).
Fonte: aqui
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