São Martinho não deu apenas metade de um manto — deu atenção, deu presença. O seu gesto nasceu de um coração que sabia escutar. Antes da partilha, houve silêncio: o silêncio interior de quem está atento a Deus e, por isso, disponível para o outro.
O templo é esse espaço onde o ruído do mundo se cala e a alma encontra o seu verdadeiro som. Não é o silêncio vazio, mas o silêncio cheio — cheio de escuta, de reverência, de amor. No silêncio, aprendemos a reconhecer o mistério de Deus que habita em nós e no outro. É nele que se purifica o olhar e se abre o coração.
São Martinho ensina-nos que o encontro com Deus e o encontro com o próximo são inseparáveis. Quem faz silêncio diante de Deus aprende a ver o irmão com os olhos da compaixão. O manto que se reparte é a oração que se transforma em gesto, é a fé que se torna calor.
Neste tempo, talvez o maior dom seja este: reencontrar o valor do silêncio — esse lugar onde o divino sussurra, onde o coração repousa e onde o amor se renova para ser partilhado.
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