segunda-feira, 13 de dezembro de 2021

O evangelista predominante do Ano C

Ano Litúrgico
Em 28 de novembro último, com o 1º Domingo do Advento, teve início o Novo Ano Litúrgico, que é o Ano C, e que irá até à Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo (novembro do próximo ano).
A Igreja propõe uma sequência de leituras que se repetem a cada três anos. São distribuídas pelos denominados Ano A, Ano B e Ano C. 0 evangelista dominante no Ano A é São Mateus, no Ano B é São Marcos e no Ano C é São Lucas. 0 Evangelho de São João, não tendo um ano específico, vai aparecendo em várias alturas do sobredito triénio.


O evangelista predominante do Ano C
Quem é São Lucas?
São Lucas, o evangelista preponderante neste Ano C, dedica o seu texto (tal como os Actos dos Apóstolos, de que também é o autor a uma personalidade chamada Teófilo (cf. Lc 1, 3; Act 1,1). Há quem pense que Teófilo seria um alto funcionário do Império Romano que se converteu e que, à maneira de um mecenas, teria patrocinado a difusão da obra de São Lucas.
Será um cristão nobre, tratado por isso como «excelentíssimo (Lc 1, 3). Podia ser alguém que pediu um relato a São Lucas sobre a vida de Jesus. Mas o mais provável é que Teófilo não designe o nome de uma pessoa concreta, mas a condição de cada pessoa tocada por Cristo. É que, como sabemos, Teófilo significa «amigo» (“phylós”) de «Deus» («Theós»). E «amigo de Deus» é o que cada um de nós efectivamente é. O próprio Jesus, Filho de Deus, trata-nos como amigos (cf. Jo 15,15).
Homem culto, Lucas (cujo nome significa «portador de luz») era médico (cf. Col 4,14) e, segundo muitos, também artista, talvez pintor. Natural de Antioquia, terá sido um dos setenta e dois discípulos (cf. Lc 10,1) acompanhou os Apóstolos, particularmente São Paulo. Terá sido martirizado aos 84 anos, provavelmente em Roma, Patras ou Tebas.


Narrações exclusivas de S. Lucas
Não sendo o Evangelho com mais capítulos (tem 24, enquanto Mateus contabiliza 28), é o mais extenso de todos. Entre as narrações exclusivas suas, encontramos as circunstâncias do nascimento de João Baptista (cf. Lc 1,5-25; 57-80); o cântico do «Magnificat» (cf. Lc 1, 46-55), a descrição mais conhecida do Natal (cf. Lc 2,1-20); a presença de Jesus quando tinha 12 anos no Templo (cf. Lc 2,41-52); parábolas como a do Bom Samaritano (cf. Lc 10,30-37) e do Filho Pródigo (cf. Lc 15,11-32), o relato do encontro do Ressuscitado com Seus discípulos no caminho de Emaús (cf. Lc 24,13-32), em que Jesus faz arder os seus corações enquanto explicava as Escrituras (cf. Lc 24,32) etc. E, na verdade, é urgente voltar a fazer arder os nossos corações, tão gelados pela clausura empedernida do «eu».

Características do Evangelho de S. Lucas
As características que avultam mais neste Evangelho passam pela especial atenção dispensada aos pequenos, aos pobres e aos pecadores e pagãos. Não espanta que a Oração Colecta da Eucaristia da Festa de são Lucas — 18 de Outubro — destaque que ele foi escolhido «para revelar, com a sua palavra e os seus escritos, o mistério do amor de Deus pelos pobres». Este é, portanto, o Evangelho por excelência da bondade, da misericórdia e da compaixão de Jesus por todos, incluindo os pecadores (cf. Lc 5, 32). Ou seja, este é um Evangelho directamente dirigido a cada um de nós. Degustemo-lo!
Fonte: "Domingo a Domingo - Ressonâncias vivenciais dos textos dominicais - Ano C", de João António Teixeira

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