Sentada no chão, com um filho no colo e dois deitados no chão, tem um olhar
perdido para a câmara, que não nos deixa sossegar. Há uma tristeza conformada,
uma interrogação silenciosa. É uma Mãe, vítima do ciclone Idai, em Moçambique.
Outra fotografia, mostra-nos uma mulher jovem, com os pés na água, que caminha
por entre escombros. A mesma tristeza. Não percebemos se leva consigo um filho,
preso ao seu corpo, mas mesmo que tal não aconteça, algum deixou para trás ou
vai ao encontro de outro. Mães e filhos.
Este ano, não é possível celebrar o Dia da Mãe, sem falar
destas mulheres que carregam alegrias e dores, todos os dias. Que passam fome,
para dar de comer. Que não dormem, para velar sonos inocentes. Que não têm
lágrimas para chorar, mas que enchem de silêncio o nosso coração.
Moçambique está longe e, apesar da distância, atinge-nos,
incomoda-nos, faz-nos pensar no que queremos ser e fazer. O Dia da Mãe também
deve ser este incómodo, este pensar no que somos e fazemos, com a nossa vida de
todos os dias.
Celebrar é sempre uma festa e, ainda bem que assim é. Mas
ganha uma outra dimensão, que talvez nos coloque mais perto do céu, mais
próximos de Maria, se conseguirmos ir ao encontro de todas as Mães.
Se nos deixarmos tocar pelo sofrimento das Mães que sobrevivem
a ciclones, das Mães que são vítimas de violência, das Mães que choram por
filhos perdidos, das Mães que correm e correm, para cuidar de filhos e netos. E
se nos enchermos de alegria, pelas Mães que brincam felizes em parques
tranquilos, que podem alimentar os seus filhos, dar os melhores cuidados aos
que estão doentes e acompanhar o crescimento saudável dos seus netos.
Celebrar é sempre uma festa e, ainda bem que se fazem
cartões especiais em escolas e colégios. Ainda bem que se escolhem presentes e se
dão abraços e mimos. Mas tudo será mais e maior, se formos capazes de não virar
as costas ao mundo, que não é o nosso mundo. O Dia da Mãe é tudo isto. E é
Moçambique e a nossa rua.
É o «martírio materno» de tantas mães prontas aos maiores
sacrifícios pelos filhos, pela família, pelos outros, dando a vida e, por
vezes, não escutadas, compreendidas, amadas e apoiadas.
A proximidade do mundo, sem fronteiras de tempo e de
espaço, que entra pelas nossas vidas adentro, exige-nos uma consciência que
terá de implicar mudanças de comportamentos.
Celebrar, sim. Alegrarmo-nos, sim. Mas atentos e
conscientes de que, até o pouco que temos, pode ser tudo para tantas Mães, que
em tudo merecem a mesma festa, a mesma celebração, a mesma alegria por este
dia, o Dia da Mãe.
MEMSAGEM
DA COMISSÃO EPISCOPAL DO LAICADO E FAMÍLIA
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