Mensagem de Francisco destaca oportunidade que representa «cada período eleitoral»
O Vaticano apresentou hoje a Mensagem do Papa para o 52.º Dia Mundial da Paz (01 de janeiro de 2019), que realça que uma política distante do “serviço à coletividade humana” torna-se “instrumento de opressão, marginalização e até destruição”.
Num documento intitulado ‘A boa política está ao serviço da paz’, dado hoje a conhecer em conferência de imprensa pela Santa Sé, Francisco reflete sobre as “virtudes” e os “vícios” da política, e abre também uma janela de reflexão para os atos eleitorais que vão acontecer ao longo do novo ano.
No seu documento, o Papa argentino aponta 12 vícios que atualmente retiram “credibilidade aos sistemas dentro dos quais ela se realiza, bem como à autoridade, às decisões e à ação das pessoas que se lhe dedicam”.
Francisco prossegue depois com “a negação do direito, a falta de respeito pelas regras comunitárias, o enriquecimento ilegal, a justificação do poder pela força ou com o pretexto arbitrário da «razão de Estado», a tendência a perpetuar-se no poder, a xenofobia e o racismo”.
O Papa argentino não esquece o impacto negativo que algumas decisões políticas têm tido ao nível da sustentabilidade do planeta, devido à “recusa a cuidar da Terra”, e à “exploração ilimitada dos recursos naturais em razão do lucro imediato”.
O último “vício” político enumerado por Francisco remete para a crise migratória que rebentou nos últimos anos, devido a fenómenos como a guerra e o terrorismo, a perseguição étnica e religiosa, a pobreza e a desigualdade social.
Uma situação que, segundo o Papa, mostrou em vários casos, por parte dos Estados e dos seus políticos, “o desprezo” que reina para com aqueles “que foram forçados ao exílio”.
“O terror exercido sobre as pessoas mais vulneráveis contribui para o exílio de populações inteiras à procura duma terra de paz. Não são sustentáveis os discursos políticos que tendem a acusar os migrantes de todos os males e a privar os pobres da esperança.”, sublinha o Papa.
Numa alusão ao período eleitoral que vai ter lugar em 2019, concretamente em termos de eleições legislativas e europeias, Francisco indica aquela que acredita ser a ideia-chave para tornar o momento de campanha e de ida às urnas um verdadeiro motor de renovação e de mudança.
“Duma coisa temos a certeza: a boa política está ao serviço da paz; respeita e promove os direitos humanos fundamentais, que são igualmente deveres recíprocos, para que se teça um vínculo de confiança e gratidão entre as gerações do presente e as futuras”, afirma o Papa.
Ao longo da sua mensagem, o Papa argentino reforça que “a política é um meio fundamental para construir a cidadania e as obras do homem”, mas quando a prioridade é “a busca do poder a todo o custo” ela “leva a abusos e injustiças”.
“Com efeito, a função e a responsabilidade política constituem um desafio permanente para todos aqueles que recebem o mandato de servir o seu país, proteger as pessoas que habitam nele e trabalhar para criar as condições dum futuro digno e justo”, pode ler-se.
Numa alusão ao centenário do fim da Primeira Guerra Mundial, que tem estado a ser assinalado este ano, Francisco avisa os políticos que “a paz não pode jamais reduzir-se ao mero equilíbrio das forças e do medo”.
“A escalada em termos de intimidação, bem como a proliferação descontrolada das armas são contrárias à moral e à busca duma verdadeira concórdia”, que completa o seu olhar sobre a política com uma mensagem relacionada com as novas gerações, e a necessidade de dar oportunidade aos mais novos de encontrarem o seu lugar na sociedade.
“Quando o exercício do poder político visa apenas salvaguardar os interesses de certos indivíduos privilegiados, o futuro fica comprometido e os jovens podem ser tentados pela desconfiança, por se verem condenados a permanecer à margem da sociedade, sem possibilidades de participar num projeto para o futuro”, completa o Papa argentino.
A conferência de apresentação da Mensagem do Papa para o 52.º Dia Mundial da Paz, esta manhã no Vaticano, contou com a presença do cardeal Peter Turkson, presidente do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, e do secretário do mesmo organismo, padre Bruno Marie Duffé.
O Dia Mundial da Paz foi instituído em 1968 pelo Papa Paulo VI (1897-1978) e é celebrado no primeiro dia do novo ano.
JCP
O Vaticano apresentou hoje a Mensagem do Papa para o 52.º Dia Mundial da Paz (01 de janeiro de 2019), que realça que uma política distante do “serviço à coletividade humana” torna-se “instrumento de opressão, marginalização e até destruição”.
Num documento intitulado ‘A boa política está ao serviço da paz’, dado hoje a conhecer em conferência de imprensa pela Santa Sé, Francisco reflete sobre as “virtudes” e os “vícios” da política, e abre também uma janela de reflexão para os atos eleitorais que vão acontecer ao longo do novo ano.
No seu documento, o Papa argentino aponta 12 vícios que atualmente retiram “credibilidade aos sistemas dentro dos quais ela se realiza, bem como à autoridade, às decisões e à ação das pessoas que se lhe dedicam”.
“Estes vícios, que enfraquecem o ideal duma vida democrática autêntica, são a vergonha da vida pública e colocam em perigo a paz social”, considera Francisco.O Papa refere em primeiro lugar “a corrupção – nas suas múltiplas formas de apropriação indevida dos bens públicos ou de instrumentalização das pessoas”.
Francisco prossegue depois com “a negação do direito, a falta de respeito pelas regras comunitárias, o enriquecimento ilegal, a justificação do poder pela força ou com o pretexto arbitrário da «razão de Estado», a tendência a perpetuar-se no poder, a xenofobia e o racismo”.
O Papa argentino não esquece o impacto negativo que algumas decisões políticas têm tido ao nível da sustentabilidade do planeta, devido à “recusa a cuidar da Terra”, e à “exploração ilimitada dos recursos naturais em razão do lucro imediato”.
O último “vício” político enumerado por Francisco remete para a crise migratória que rebentou nos últimos anos, devido a fenómenos como a guerra e o terrorismo, a perseguição étnica e religiosa, a pobreza e a desigualdade social.
Uma situação que, segundo o Papa, mostrou em vários casos, por parte dos Estados e dos seus políticos, “o desprezo” que reina para com aqueles “que foram forçados ao exílio”.
“O terror exercido sobre as pessoas mais vulneráveis contribui para o exílio de populações inteiras à procura duma terra de paz. Não são sustentáveis os discursos políticos que tendem a acusar os migrantes de todos os males e a privar os pobres da esperança.”, sublinha o Papa.
Numa alusão ao período eleitoral que vai ter lugar em 2019, concretamente em termos de eleições legislativas e europeias, Francisco indica aquela que acredita ser a ideia-chave para tornar o momento de campanha e de ida às urnas um verdadeiro motor de renovação e de mudança.
“Cada renovação nos cargos eletivos, cada período eleitoral, cada etapa da vida pública constitui uma oportunidade para voltar à fonte e às referências que inspiram a justiça e o direito”, sublinha o Papa.Francisco sustenta mesmo que se a política “for implementada no respeito fundamental pela vida, a liberdade e a dignidade das pessoas, pode tornar-se verdadeiramente uma forma eminente de caridade”.
“Duma coisa temos a certeza: a boa política está ao serviço da paz; respeita e promove os direitos humanos fundamentais, que são igualmente deveres recíprocos, para que se teça um vínculo de confiança e gratidão entre as gerações do presente e as futuras”, afirma o Papa.
Ao longo da sua mensagem, o Papa argentino reforça que “a política é um meio fundamental para construir a cidadania e as obras do homem”, mas quando a prioridade é “a busca do poder a todo o custo” ela “leva a abusos e injustiças”.
“Com efeito, a função e a responsabilidade política constituem um desafio permanente para todos aqueles que recebem o mandato de servir o seu país, proteger as pessoas que habitam nele e trabalhar para criar as condições dum futuro digno e justo”, pode ler-se.
Numa alusão ao centenário do fim da Primeira Guerra Mundial, que tem estado a ser assinalado este ano, Francisco avisa os políticos que “a paz não pode jamais reduzir-se ao mero equilíbrio das forças e do medo”.
“A escalada em termos de intimidação, bem como a proliferação descontrolada das armas são contrárias à moral e à busca duma verdadeira concórdia”, que completa o seu olhar sobre a política com uma mensagem relacionada com as novas gerações, e a necessidade de dar oportunidade aos mais novos de encontrarem o seu lugar na sociedade.
“Quando o exercício do poder político visa apenas salvaguardar os interesses de certos indivíduos privilegiados, o futuro fica comprometido e os jovens podem ser tentados pela desconfiança, por se verem condenados a permanecer à margem da sociedade, sem possibilidades de participar num projeto para o futuro”, completa o Papa argentino.
A conferência de apresentação da Mensagem do Papa para o 52.º Dia Mundial da Paz, esta manhã no Vaticano, contou com a presença do cardeal Peter Turkson, presidente do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, e do secretário do mesmo organismo, padre Bruno Marie Duffé.
O Dia Mundial da Paz foi instituído em 1968 pelo Papa Paulo VI (1897-1978) e é celebrado no primeiro dia do novo ano.
JCP
Vícios que enfraquecem o ideal duma vida democrática autêntica, são a vergonha da vida pública e colocam em perigo a paz social:a corrupção – nas suas múltiplas formas de apropriação indevida dos bens públicos ou de instrumentalização das pessoas –, a negação do direito, a falta de respeito pelas regras comunitárias, o enriquecimento ilegal, a justificação do poder pela força ou com o pretexto arbitrário da «razão de Estado», a tendência a perpetuar-se no poder, a xenofobia e o racismo, a recusa a cuidar da Terra, a exploração ilimitada dos recursos naturais em razão do lucro imediato, o desprezo daqueles que foram forçados ao exílio. (Papa Francisco, Mensagem para o 52º Dia Mundial da Paz) |
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.