quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

PAIS E MÃES QUE MANDEM!

PAIS E MÃES QUE MANDEM!

A tragédia lastimável da praia do Meco e os exageros indefensáveis das praxes nas nossas universidades levam-me a dizer um pouco do que me vai na alma, e há muito sinto.
 Quando penso na indisciplina de muitas crianças e jovens nas escolas e nas aulas, nas estroinices de alguns universitários que em vez de estudarem e serem úteis cidadãos se ocupam a humilhar e a ridicularizar os que estudam e querem ser gente, na subserviência estranha de tantos caloiros a quem os humilha no seu ego e os magoa na sua dignidade, e na ausência da maior parte das crianças e dos jovens batizados nas celebrações dos nossos templos, incluindo antes de mais as indispensáveis eucaristias no Dia do Senhor, recordo com saudade o que aconteceu anos atrás com um jovem estudante meu amigo que frequentava a universidade em Coimbra.
Filho único de seus pais, bons proprietários nesses tempos, iniciado por colegas na “boas vaielas” da vida estudantil, perdia noites, estudava pouco, faltava às aulas e tinha maus resultados.
Um dia, desagradado das notas do filho, o progenitor cobriu a sua capa alentejana, saiu de casa, entrou no comboio, rumou a Coimbra e instalou-se num hotel. Estudados todos os giros do moço, esperou-o três dias depois numa esquina do Jardim Botânico, plantou-se-lhe à frente, sacou de um cacete que o capote cobrira até então, passou-o pelo lado esquerdo do moço sacudindo-lhe bem o pó, e disse-lhe com toda a autoridade:
-Menino, a tua mãe manda-te um beijo e eu, apenas esta intimação e este aviso: não quero voltar a Coimbra por tua causa! Nunca mais! Ouviste?!
E não foi preciso voltar mais. O filho deixou as folias exageradas e tornou-se um dos melhores alunos de toda a academia. 
A nossa sociedade fala muito de amor, de carinho, de ternura e de paciência. E bem. Mas, com tanta ternura e carinho, muitos pais demitiram-se de mandar na sua casa: para não contrariarem os filhos que se mostram amuados e zangados, dão-lhes o que eles pedem e exigem (mesmo sem poderem), deixam-nos dizer o que eles gostam, fazer o que lhes apetece e andar por onde querem. 
Com esta condescendência fácil e esta demissão de mandar, os pais não ajudam as crianças a crescer, a estar, a viver, a  adquirir força de vontade, a ter disciplina, a assumir compromissos, a cumprir deveres, a lutar por objetivos, a cultivar ideais, a defender-se dos perigos, a respeitar-se a si próprios, a respeitar os outros, e  e a exigir o respeito dos outros.
Diz a boa psicologia que o “NÃO” dito e repetido às crianças e aos jovens, com autoridade e firmeza, sem titubear nem ceder, logo desde os primeiros meses de vida, é o melhor que os pais podem fazer para os tornar responsáveis e adultos. E diz-me a minha experiência que os filhos mais amigos dos pais quando eles são carentes ou idosos, não são os que tiveram pais facilitadores e porreiros, mas antes aqueles que tiveram progenitores exigentes, disciplinadores e rigorosos. 
Quem dá problemas nas escolas? Os filhos dos pais que mandam, exigem e pedem contas? Não, de certeza. Quem temos nas igrejas, nas Eucaristias? As crianças e os jovens dos pais que não obrigam, nem ralham, nem castigam, nem acompanham? Não, de certeza. 
Se não tivesse tido uma mãe de pau na mão, eu hoje nem sabia ler nem rezar: naquele tempo em que tanto se batia na escola, eu não poria nunca lá os pés.
Era mais fácil ir aos ninhos do que ir às aulas. Era mais doce ficar na cama do que ir à Missa. Era mais agradável ficar em casa do que ir à igreja. Se eu fui, foi porque a minha mãe me obrigou. Bendita mãe, digo hoje!
Para redimir esta sociedade tão afastada de regras, tão desprovida de respeito, tão incapaz de compromissos, tão pouco séria nos ditos e nos actos, precisamos de pais amigos, atentos, rigorosos, exigentes e exemplares. Só educa quem ama, quem fala, quem ensina, quem acompanha e quem manda.  
 Não precisamos de pais que batam e castiguem. Um olhar sisudo e um silêncio magoado, mostrado desde o início e continuado sempre que é preciso, sem desistência nem cansaço, bastam quase sempre para resolver os problemas.
Do que as crianças e os jovens precisam é de pais que exijam.
Do que a escola e a sociedade precisam é de pais que mandem.

 J. Correia Duarte


A tragédia lastimável da praia do Meco e os exageros indefensáveis das praxes nas nossas universidades levam-me a dizer um pouco do que me vai na alma, e há muito sinto.
Quando penso na indisciplina de muitas crianças e jovens nas escolas e nas aulas, nas estroinices de alguns universitários que em vez de estudarem e serem úteis cidadãos se ocupam a humilhar e a ridicular...izar os que estudam e querem ser gente, na subserviência estranha de tantos caloiros a quem os humilha no seu ego e os magoa na sua dignidade, e na ausência da maior parte das crianças e dos jovens batizados nas celebrações dos nossos templos, incluindo antes de mais as indispensáveis eucaristias no Dia do Senhor, recordo com saudade o que aconteceu anos atrás com um jovem estudante meu amigo que frequentava a universidade em Coimbra.
Filho único de seus pais, bons proprietários nesses tempos, iniciado por colegas na “boas vaielas” da vida estudantil, perdia noites, estudava pouco, faltava às aulas e tinha maus resultados.
Um dia, desagradado das notas do filho, o progenitor cobriu a sua capa alentejana, saiu de casa, entrou no comboio, rumou a Coimbra e instalou-se num hotel. Estudados todos os giros do moço, esperou-o três dias depois numa esquina do Jardim Botânico, plantou-se-lhe à frente, sacou de um cacete que o capote cobrira até então, passou-o pelo lado esquerdo do moço sacudindo-lhe bem o pó, e disse-lhe com toda a autoridade:
-Menino, a tua mãe manda-te um beijo e eu, apenas esta intimação e este aviso: não quero voltar a Coimbra por tua causa! Nunca mais! Ouviste?!
E não foi preciso voltar mais. O filho deixou as folias exageradas e tornou-se um dos melhores alunos de toda a academia.
A nossa sociedade fala muito de amor, de carinho, de ternura e de paciência. E bem. Mas, com tanta ternura e carinho, muitos pais demitiram-se de mandar na sua casa: para não contrariarem os filhos que se mostram amuados e zangados, dão-lhes o que eles pedem e exigem (mesmo sem poderem), deixam-nos dizer o que eles gostam, fazer o que lhes apetece e andar por onde querem.
Com esta condescendência fácil e esta demissão de mandar, os pais não ajudam as crianças a crescer, a estar, a viver, a adquirir força de vontade, a ter disciplina, a assumir compromissos, a cumprir deveres, a lutar por objetivos, a cultivar ideais, a defender-se dos perigos, a respeitar-se a si próprios, a respeitar os outros, e e a exigir o respeito dos outros.
Diz a boa psicologia que o “NÃO” dito e repetido às crianças e aos jovens, com autoridade e firmeza, sem titubear nem ceder, logo desde os primeiros meses de vida, é o melhor que os pais podem fazer para os tornar responsáveis e adultos. E diz-me a minha experiência que os filhos mais amigos dos pais quando eles são carentes ou idosos, não são os que tiveram pais facilitadores e porreiros, mas antes aqueles que tiveram progenitores exigentes, disciplinadores e rigorosos.
Quem dá problemas nas escolas? Os filhos dos pais que mandam, exigem e pedem contas? Não, de certeza. Quem temos nas igrejas, nas Eucaristias? As crianças e os jovens dos pais que não obrigam, nem ralham, nem castigam, nem acompanham? Não, de certeza.
Se não tivesse tido uma mãe de pau na mão, eu hoje nem sabia ler nem rezar: naquele tempo em que tanto se batia na escola, eu não poria nunca lá os pés.
Era mais fácil ir aos ninhos do que ir às aulas. Era mais doce ficar na cama do que ir à Missa. Era mais agradável ficar em casa do que ir à igreja. Se eu fui, foi porque a minha mãe me obrigou. Bendita mãe, digo hoje!
Para redimir esta sociedade tão afastada de regras, tão desprovida de respeito, tão incapaz de compromissos, tão pouco séria nos ditos e nos actos, precisamos de pais amigos, atentos, rigorosos, exigentes e exemplares. Só educa quem ama, quem fala, quem ensina, quem acompanha e quem manda.
Não precisamos de pais que batam e castiguem. Um olhar sisudo e um silêncio magoado, mostrado desde o início e continuado sempre que é preciso, sem desistência nem cansaço, bastam quase sempre para resolver os problemas.
Do que as crianças e os jovens precisam é de pais que exijam.
Do que a escola e a sociedade precisam é de pais que mandem.

Joaquim Correia Duarte, in facebook

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