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Nas proximidades da solenidade da Santíssima Trindade, o mistério por excelência, somos, uma vez mais, confrontados com os limites da linguagem.
Para falar de Deus, a linguagem parece um estorvo. E, de facto, não é uma estrada muito plana. É, acima de tudo, uma vía muito íngreme, acidentada.
Fala-se, habitualmente, da Trindade como um sistema de relações (geração, espiração, pericorese, circumincessão, agenesia, etc.).
Raimon Pannikar disse a um bispo africano, aflito por não conseguir transpor este discurso para os seus diocesanos, que ele era um homem cheio de sorte. É que, em relação a Deus, é muito mais o que não sabemos do que o que sabemos.
Já Tomás de Aquino aludia à miséria das palavras (inopia vocabulorum). Como lembrava alguém, só é possível compreender Deus se não O quisermos explicar. A Teologia será sempre gaga. Só por tímidos balbucios deixará escapar algo do muito que (não) sabe.
Para falar de Deus, resta-nos o amor. Agostinho de Tagaste dizia que o Pai é o amante, o Filho o amado e o Espírito Santo o amor. É uma concepção colada à matriz neotestamentária: «Deus é amor» (1Jo 4, 8.16).
Entretanto, Mestre Eckhart, com a irreverência mística do seu génio, chega à mesma conclusão usando a linguagem do...riso: «O Pai ri para o Filho e o Filho ri para o Pai, e o riso gera prazer, e o prazer gera alegria, e a alegria gera amor».
Fonte: aqui
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