quinta-feira, 18 de janeiro de 2024

21 de janeiro: III Domingo Comum B |Domingo da Palavra 2024

 

Leituras: aqui


Escutámos a proclamação do Evangelho, segundo São Marcos. Quando ouvimos falar em Evangelho, pensamos num dos Quatro Evangelhos: segundo São Mateus, segundo São Marcos, segundo São Lucas e segundo São João. Durante este ano litúrgico, na maior parte dos Domingos Comuns, iremos escutar o Evangelho segundo São Marcos, o mais antigo e o mais breve, embora esteja em segundo lugar, nos livros do Novo Testamento. Procuremos agora, na Bíblia, no Novo Testamento, ou na edição dos Quatro Evangelhos, o Evangelho segundo São Marcos, capítulo 1. E dentro deste primeiro capítulo, os versículos 14 a 20. Podemo-nos ajudar uns aos outros, nesta busca?!

I. [Lectio]Para viver esta Palavra, precisamos primeiro de a ler, reler e compreender. Talvez com algumas perguntas seja mais fácil. Vamos a isso?

1. Quando tem lugar esta cena? Se olharmos para o que está antes (Mc 1, 1-13)compreenderemos melhor: primeiro foi a pregação de João Batista, logo a seguir o Batismo de Jesus e imediatamente antes as Tentações. Estamos, portanto, no início da vida pública de Jesus. São Marcos dá uma nota temporal importante: isto acontece “depois de João ter sido preso” (Mc 1,14). Isto é, a voz de João Batista dá lugar à Palavra, que Se fez Carne. Agora, Jesus é a Palavra que Se faz ouvir e Se faz ver.

2. Onde tem lugar esta cena? Na Galileia, que era chamada «dos pagãos». Jesus começa pelas zonas difíceis, na periferia, e fala ao comum das pessoas. Para ouvir João era preciso retirar-se para o deserto. Com Jesus, a Palavra de Deus vem acampar no meio de nós, no meio da vida quotidiana das pessoas, junto ao mar da Galileia. Jesus caminha e passa por entre a vida das pessoas, dos seus afazeres comuns. Faz-se próximo dos mal-amados do seu tempo.

3.  Que diz Jesus, na sua pregação? Basicamente três coisas:

3.1. “Cumpriu-se o tempo”. O tempo da espera e da promessa acabou. Com Jesus, Deus eterno veio ao nosso mundo. Por isso, o melhor tempo é o nosso tempo. É o tempo que nos é dado viver. Não o podemos desperdiçar!

3.2. “Está próximo o Reino de Deus”. Deus está perto, está no meio de nós, caminha connosco. Jesus não diz “o mundo está perdido”, “estais todos condenados”. Não. Ele próprio, Jesus, é o Evangelho; é Ele a Boa Nova, a Boa notícia, de um Deus próximo de nós. Não mais estaremos sós. Esta é para nós uma Palavra de consolação e de paz. Mas não é uma palavra para nos deixar em paz. Que diz Jesus, logo a seguir?

3.3. “Convertei-vos e acreditai no Evangelho”. Para acolher este Reino de Deus, é preciso mudar e transformar o nosso coração, a nossa mente, a nossa vida, mudar de visão e de atitude, aderir de alma e coração à Palavra de Deus. Se Deus está próximo, então também eu preciso de me aproximar de Deus e de me tornar próximo dos outros!

4. A quem fala Jesus, em primeiro lugar? Fala aos pobres pescadores da Galileia. Assim, a Palavra de Deus dirige-se a todos. Mas Jesus não fala só a «todos»; a sua Palavra vai direta ao coração de cada um: de Simão, de André, de Tiago e de João. Convida-os pessoalmente: “Vinde comigo” (Mc 1,17). E qual é a missão que lhes confia? “Farei de vós pescadores de homens!” Jesus fala uma linguagem que eles entendem! O mar era, para os judeus, o sinal do abismo, onde habitariam os monstros marinhos. Pescar homens, significaria tirar as pessoas do fundo dos seus medos e misérias, retirá-las da solidão e da escuridão, do abismo do pecado, para as trazer à luz, libertar e salvar.

5. Como reagem os discípulos? Deixaram logo(Mc 1,18)as redes. Deixaram logo o pai no barco… e seguiram Jesus (Mc 1,20). Não se deixaram enredar pela falta de tempo, pelas coisas que tinham, pelo trabalho que faziam. Quanto desprendimento, quanta prontidão!

II. [Meditatio]Sugiro que fechemos os olhos e nos coloquemos nesta cena: junto ao mar, com Jesus a passar, a chamar pelo nosso nome. A Palavra de Deus não está longe, do outro lado do mar: está perto, perto do nosso coração (cf. Dt 30,14), perto das nossas vidas. O Senhor passa e chama-me pelo nome, desafia-me a segui-l’O com prontidão. Perguntemo-nos: À sua Palavra, deixaria eu todas as redes, para seguir Jesus e lançar as redes do Evangelho? Ou será que Jesus passa e nem sequer me dou conta?

III. [Oratio]Respondamos ao Seu convite, dizendo, como Maria: “Faça-Se em mim segundo a Tua Palavra” (Lc 1,38).

IV. [Actio]Neste Domingo, façamos este compromisso de nos aproximarmos mais da Palavra de Deus. Se o fizermos também a Palavra se aproximará de nós. Permaneçamos na Palavra de Deus. Não A deixemos à distância. Levemo-la sempre connosco, no bolso. A Palavra está muito perto de nós, às vezes, está a um dedo de um clique no telemóvel! Reservemos um espaço digno e visível nas nossas casas para a Palavra de Deus. E assim nos lembraremos de a ler diariamente. 

Que a Palavra de Deus permaneça viva em nós, como farol dos nossos passos e a luz dos nossos caminhos (Sl 119, 105).

Amaro Gonçalo, aqui

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