segunda-feira, 3 de janeiro de 2022

O AGRADÁVEL ODOR DO PECADO

 Cheio de entusiasmo, o compadre Joaquim contou ao compadre Manel que tinha comprado um porco lá para casa. Surpreendido perguntou-lhe:

- Não tens corte para ele. Onde o vais pôr?!
- No meu quarto!
- Oh Joaquim! E o cheiro?
- O porco habitua-se!

Quando nos habituamos ao cheiro, estamos conversados. Assim vivem muitos cristãos: habituados ao agradável odor (sabor) do pecado. Respiram-no sem tão pouco se darem conta e até o acham bom, prazenteiro! “Tempos novos, senhor padre. Temos de ser modernos!”

«O maior pecado de hoje é que os homens perderam o sentido do pecado» (Pio XII). «A perda do sentido do pecado deriva em última análise da perda mais radical e profunda do sentido de Deus» (Bento XVI). «Vejo a soberba humana, o perigo de perder o sentido do pecado, como a mediocridade cristã: a tentação de colocar o “poder humano” no lugar da “glória de Deus”, porque a salvação não depende da “astúcia” ou da capacidade de “fazer negócios”, mas da “graça de Deus”» (Papa Francisco).

Há católicos a faltar sistematicamente à Missa ao Domingo e Dias Santos… já estão habituados: “já não se usa”! Há católicos a viver em união de facto ou casados civilmente e a comungar… já estão habituados! Há católicos que oprimem, exploram e abusam dos mais frágeis… já estão habituados! Há católicos que se abeiram da Sagrada Comunhão sem quaisquer condições, a tresandar miséria moral… já estão habituados! Há católicos que celebram o Natal ou a Páscoa em suas casas e não põem os pés na igreja… já estão habituados! Há católicos que vão à missa (até à semana) se a intenção for pelos seus defuntos, mas ao Domingo têm outras prioridades (caça, desporto, ciclismo, passeios, descanso, trabalho)… já estão habituados!

Surpreendentemente (ou não), também não ouvimos os nossos pastores (padres e bispos) a denunciar estas condutas de pecado grave: “Amar a Deus sobre todas as coisas”; “Não invocar o santo Nome de Deus em vão”; “Santificar Domingos e Festas de Guarda”. Papagueiam amor, promovem festinhas, publicam programas e organogramas, alimentam os egos (pessoais e/ou dos escaparates sociais) e esquecem-se (não sabem?) que a Profecia se exerce no anúncio e na denúncia.

Este silêncio pode ser interpretado de dois modos: «quem cala, consente» ou, então, como o compadre Joaquim, já se habituaram ao cheiro. Isto também é hipocrisia, oportunismo, má-fé. Também cheira a pecado… grave.


(P. António Magalhães Sousa),  aqui

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