quinta-feira, 2 de abril de 2020

5 Abril 2020 - Domingo de Ramos - Ano A

 
Leituras:  aqui
Celebramos hoje o DOMINGO DE RAMOS.

A liturgia apresenta dois momentos bem distintos:
- A ENTRADA DE JESUS EM JERUSALÉM,
  com a procissão de Ramos... num clima de alegria...   como GESTO de FÉ e de COMPROMISSO.
  
- O INÍCIO DA SEMANA SANTA, com a Leitura da Paixão do Senhor,  na missa, relembrando o caminho do sofrimento e da Cruz.
   = Dois momentos distintos da vida de Jesus: Triunfo e Humilhação.
      Jesus  apresenta em Jerusalém-Se propondo a paz e recebe a violência... 
    
As Leituras nos ajudam a viver o clima dos mistérios que celebramos:
A 1ª leitura apresenta um Profeta anônimo, chamado por Deus, a testemunhar no meio das nações a Palavra da salvação.
Apesar do sofrimento e da perseguição, o profeta confiou em Deus e concretizou, com teimosa fidelidade, os projetos de Deus. (Is 50,4-7) 
* Os primeiros cristãos viram neste "servo sofredor" a figura de Jesus.
Ele é a Palavra de Deus feita carne, que oferece a sua vida para trazer a  salvação aos homens.
  A 2ª Leitura é um lindo Hino Cristológico. (Fl 2,6-11)
Cristo é o princípio e o fim de todas as coisas, exemplo de toda criatura.
Enquanto a desobediência de Adão trouxe fracasso e morte, a obediência de Cristo ao Pai trouxe exaltação e vida.
Ele se despojou de sua condição divina, assumiu com humildade a condição humana, para servir, para dar a vida, para revelar totalmente aos homens o ser e o amor do Pai.
Esse caminho não levará ao fracasso, mas à glória, à vida plena.
E é esse mesmo caminho de vida, que a Palavra de Deus nos propõe.
 O Evangelho convida a contemplar a PAIXÃO e MORTE de Jesus, segundo São Mateus. (Mt 26,14-27,66) 
O texto nos introduz no clima espiritual da Semana Santa.
Não é apenas o relato dos fatos acontecidos com Jesus, mas o anúncio de um mundo novo de justiça, de paz e de amor: 
- Jesus passou pelos caminhos da Palestina "fazendo o bem" e anunciando  um mundo novo de vida, de liberdade, de paz e de amor para todos.
- Ensinou que Deus era amor e que não excluía ninguém, nem os pecadores.
- Ensinou que os leprosos, os paralíticos, os cegos, não deviam ser marginalizados, pois não eram amaldiçoados por Deus.
- Ensinou que eram os pobres e os excluídos os preferidos de Deus e aqueles que tinham um coração mais disponível para acolher o "Reino";
- E avisou os "ricos" (os poderosos, os instalados), de que o egoísmo, o orgulho, a autos-suficiência, o fechamento só podiam conduzir à morte. 
è Esse projeto libertador de Jesus entrou em choque  com a atmosfera de egoísmo e de opressão que dominava o mundo.
- As autoridades políticas e religiosas sentiram-se incomodadas   com a denúncia de Jesus:
  não estavam dispostas a renunciar aos mecanismos que lhes asseguravam poder, influência, domínio, privilégios.
- Não estavam dispostas a arriscar, a desinstalar-se e a aceitar a conversão proposta por Jesus.
- Por isso, prenderam e condenaram Jesus, pregando-o numa cruz.
  A morte de Jesus é a consequência do anúncio do "Reino", que provocou tensões e resistências entre os que dominavam o povo.
  A morte de Jesus é o ponto mais alto de sua vida; é a afirmação mais radical de tudo aquilo que pregou: o dom total.

Aprofundemos alguns dados que são exclusivos da PAIXÃO SEGUNDO SÃO MATEUS:
- Mateus relaciona os fatos da Paixão como Cumprimento das Escrituras:
Mateus escreve para cristãos, provenientes do judaísmo... por isso, quer demonstrar que Jesus é o Messias anunciado pelos profetas.
- No Getsêmani, Jesus condena a violência contra o servo do sacerdote... O caminho do Pai passa pelo amor e pelo dom da vida.
Por isso, os discípulos não podem recorrer à violência.   
- Só no Evangelho segundo Mateus aparece o relato da Morte de Judas.
O episódio deixa clara a falsidade do processo e a inocência de Jesus.
Mateus sublinha o desespero e o arrependimento de Judas, e deixa clara a inocência de Jesus.
- Só Mateus fala do sonho da mulher de Pilatos  e da lavagem das mãos. 
Quer deixar claro que os pagãos reconhecem a inocência de Jesus e o próprio povo o rejeita. 
- Só Mateus descreve os fatos que acompanharam a morte de Jesus:
"O véu do Templo rasgou-se em duas partes... a terra tremeu e as rochas fenderam-se. Abriram-se os túmulos e muitos dos corpos, que tinham morrido saíram do sepulcro, entraram na cidade e apareceram a muitos".
Para Mateus, são sinais de que Deus está ali como o salvador e libertador do seu Povo, apesar do aparente fracasso de Jesus. 
- Finalmente, só Mateus narra o episódio da "guarda" do sepulcro.
Para os cristãos, o sepulcro vazio era a evidência de que Jesus tinha ressuscitado.

   Os Ramos verdes, que hoje carregamos, recordam  a saudação de acolhida do Povo a Jesus, ao entrar em Jerusalém. 
   Nós também queremos saudar a vida que ele trouxe e  a misericórdia que encontramos em seu bondoso coração. 
                    Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa CS - 05.04.2020

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