quinta-feira, 13 de junho de 2019

Santo António é o único português a quem foi outorgado o título de Doutor da Igreja

Os santos populares – como o nosso Santo António – são grandes vultos da história universal, cuja memória a Igreja liturgicamente celebra; mas a sua versão popular por vezes não vai muito além do bailarico, das sardinhas, das fogueiras, da sangria, das quadras brejeiras e dos manjericos. Embora sejam louváveis os festejos populares, os santos são para tomar a sério e bom seria que assim fossem também as respectivas comemorações que, por vezes, são mais superficiais e profanas do que sinceras e profundas manifestações de verdadeira piedade.
Se (Santo António) é o único português a quem foi outorgado o título de Doutor da Igreja era douto nas ciências profanas, mais sábio era ainda no saber teológico: o Papa “Gregório IX ouviu-o interpretar os livros santos e chamou-lhe, maravilhado, Arca do Testamento”. Foi também esta a opinião dos seus contemporâneos, pois citava de cor a Bíblia e os Santos Padres, com uma erudição que, por vezes, pecava por excessiva.
António de Lisboa não se cansava de lutar contra a heresia, “de tal maneira que, por toda a parte, é chamado vulgarmente incansável martelo de hereges”. Mas erraria quem associasse a este título uma conduta fundamentalista ou intolerante em relação aos que não pensavam de acordo com a sua fé. Na luta contra a heresia albigense, a atitude de Santo António sempre foi de tolerância e de respeito pela liberdade das consciências: “Assim como não se lança o fogo à casa onde repousa um morto – escreveu o Santo alfacinha – assim não deveis destruir essa casa em que Deus tende a desaparecer sob os golpes [da heresia], especialmente quando podeis ter esperança de que Ele a ressuscitará para a glória. Mas, mesmo que tivésseis a certeza da obstinação, deveis sempre inclinar-vos para a tolerância, porque Deus é o primeiro a dar-nos o exemplo. Tolerai, repito, a fim de que isso possa servir de exemplo”.
P. Gonçalo Portocarrero de Almada, aqui

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