À minha frente seguia um casal e os seus dois filhos jovens. A mãe dizia aos filhos que vinha o domingo e que deviam todos ir à Missa, pois, afirmava ela, nunca há férias de Deus.
O pai calava-se com ar de assentimento. Os filhos é que barafustavam:
- Aqui nem há Igreja, temos que ir à Missa longe e lá vai o dia de praia...
- Mãe, estamos em férias. Deus compreende. Cada um reza...
- Vá a mãe e o pai. Nós cá temos a nossa fé...
- Combinei surfar com os meus amigos e não vou faltar...
Com enorme calma, mas com grande convicção, a mãe insistia:
- Filhos, família que reza unida, permanece unida. O tempo que damos a Deus e à família dos cristãos só nos enriquece. Deus dá-nos tudo. Ides ver que sobra tempo para vos divertirdes, para estar com os amigos, sentindo-vos bem.
Não acompanhei o resto da conversa, porque eles abandonaram o passadiço enquanto eu seguia.
Mas ao olhar para tanta gente que ainda estava no areal ou se movimentava no passadiço, perguntei a mim mesmo:
- Quantas destas pessoas se dizem católicas? Provavelmente a maioria...
- E quantas destas pessoas participam na Eucaristia vespertina ou na de domingo? E respondi a mim mesmo com tristeza: Certamente uma pequenina minoria...
São assim muitos católicos. Capazes de correr quilómetros em busca de um restaurante, um grupo musical, um jogo de futebol, uma corrida. Mas incapazes de gastar uns minutos à procura de uma Igreja ao domingo. Capazes de estar deitados na praia durante horas, mas incapazes de aguentar uma hora de Missa. Capazes de andar horas no desporto marítimo ou num café. Incapazes de um tempo de oração e de comunhão com os irmãos na fé.
Na vida de muita gente, Deus nem sequer no banco dos suplentes tem lugar.
Por isso, corações vazios, almas inquietas, relações frágeis e quebradiças, o sem sentido da vida que é alimentado com barulhos, confusões, tangas e alienações.
Deixai Deus entrar!
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