quinta-feira, 31 de outubro de 2024

“Muita gente pensa que a sinodalidade é só uma moda”

O Sínodo foi “verdadeiramente a concretização de uma Igreja que caminha                                                                                    segundo o horizonte do Concílio Vaticano II”, defende Dario Vitali. Foto © Clara Raimundo/7MARGENS
Padre, professor de eclesiologia e diretor do Departamento de Teologia Dogmática da Pontifícia Universidade Gregoriana, Dario Vitali foi o coordenador dos peritos em Teologia que acompanharam as duas sessões da XVI Assembleia Geral do Sínodo Sínodo dos Bispos. O seu entusiasmo com o processo sinodal que decorreu ao longo dos últimos três anos é evidente: seja no modo apaixonado com que não se cansa de falar dele aos alunos, ou na curta conversa que teve com o 7MARGENS durante uma pausa do congresso “Do Concílio ao Sínodo. Releitura de um percurso eclesial”, que terminou esta quarta-feira na instituição onde leciona e do qual foi um dos mentores. Mas além de entusiasmo, Vitali, 58 anos, também sente receio. Porque nem todos estão tão entusiasmados como ele…

7MARGENS – O trabalho dos teólogos neste Sínodo foi diferente do habitual… qual era a vossa missão?

Dario Vitali – Nos sínodos anteriores, o trabalho era praticamente individual… Eram convocados alguns peritos, eles estavam presentes nas assembleias, escutavam, e depois escreviam textos que faziam chegar à secretaria e aos relatores do documento final. Mas nas duas sessões desta assembleia sinodal, experimentou-se um método mais comunal e de grupo. Foi-nos pedido que trabalhássemos junto dos chamados círculos menores, isto é, de cada mesa-redonda, e identificássemos onde estava o consenso e quais eram os pontos que poderiam ser acolhidos nos documentos. Assim, posso dizer que o trabalho dos teólogos foi sobretudo o de perceber aonde é que o Espírito conduzia a assembleia. 

7M – E o Espírito Santo foi mesmo o protagonista, como tem dito o Papa?

É importante termos em mente que o Sínodo não é um acontecimento, é um processo. E neste processo todos os sujeitos tiveram oportunidade de falar. A escuta começou nas igrejas particulares e eu, que na minha tese estudei o sensus fidei, reconheço que esta é a maneira mais direta e mais contundente de escutar o Espírito e de promover um protagonismo do Povo de Deus como participante na função profética de Cristo. O Povo de Deus falou e todas as etapas sucessivas foram de discernimento, sendo que o discernimento consistiu em escutar o Espírito a partir dessa função profética do Povo de Deus. Nesta circularidade, nesta reciprocidade entre Povo de Deus e pastores, é mais provável que escutemos o Espírito do que se nos fecharmos numa capela. 

7M – É também por isso que considera que este Sínodo sobre a sinodalidade é uma concretização do Concílio Vaticano II?

Em vez de “Sínodo sobre a sinodalidade”, prefiro dizer “Sínodo sobre a Igreja sinodal”. A Igreja sinodal tem o Povo de Deus como sujeito. O Povo de Deus é a Igreja, por isso peço que escrevam “Povo” com “P” maiúsculo… uma Igreja que caminha sempre juntamente com os seus pastores. E assim tudo o que emerge do documento final é verdadeiramente uma realização desta reciprocidade entre três sujeitos: o Povo de Deus, o colégio dos bispos, o bispo de Roma. O bispo de Roma chama à ação sinodal e toda a Igreja que é comunhão de igrejas participa no processo. E isto é verdadeiramente a concretização de uma Igreja que caminha segundo o horizonte do Concílio Vaticano II. É a tradução prática do que foi a eclesiologia de comunhão que nele se adiantou. Esta sinodalidade é um fruto maduro da eclesiologia do Concílio.

7M – Um fruto que demorou bastante a amadurecer… Não receia que, agora que o Sínodo chegou ao fim, ele possa cair e apodrecer?

É possível… porque há muita gente que pensa que a sinodalidade é só uma moda, que não é uma dimensão constitutiva da Igreja. Na verdade, tal como a dimensão hierárquica é constitutiva da Igreja, também a dimensão sinodal o é. E digo isso porque a Igreja é essencialmente o povo de Deus. A diferença entre o antes e o depois do Concílio é simples: antes era uma Igreja em que se olhava sobretudo para a hierarquia e se identificava a Igreja com a hierarquia (a Igreja do Papa, a Igreja dos bispos, a Igreja dos padres)., e com o Concílio deu-se uma revolução copernicana, que não se tratou de inverter a pirâmide, mas de desmontá-la. Porque no lugar do princípio da diferença colocou-se o princípio da igualdade, e se eu parto da diferença nunca chego à igualdade, mas se eu partir da igualdade… então fico obrigado a pensar a diferença de outra maneira. E é uma diferença não como poder, mas como serviço; não como dignidade, mas como ato de lavar os pés aos outros. 

7M – Mas como é que se compatibiliza uma Igreja hierárquica com uma Igreja sinodal? Estou a pensar em como são contrastantes, por exemplo, as imagens dos membros do Sínodo quando estão na aula Paulo VI, todos misturados, e quando estão nas celebrações na Basílica de São Pedro, todos separados…

A imagem de uma celebração na Basílica de São Pedro não sei se é a representação mais compatível com a Igreja. Porque está claro: há uma assimetria entre o Povo de Deus que celebra, que é sujeito que celebra, e todos os que ao redor do Papa concelebram: cardeais, bispos… Mas a representação mais forte da Igreja está na igreja particular, na igreja local, quando o Povo de Deus se reúne e como um só sujeito celebra a Deus. Esta é a representação verdadeira. Povo de Deus que celebra, porque o sujeito que celebra é sempre o povo de Deus.

7M – E acha que o documento final do Sínodo contribui para que o povo de Deus seja, cada vez mais e verdadeiramente, o sujeito da Igreja?

Sou eclesiólogo e o que destaco do documento final como sendo mais importante é precisamente todo o progresso que se faz na eclesiologia: o povo de Deus é sujeito. Tudo o que se diz da Igreja – o templo do Espírito, a comunhão, o sacramento… – tudo isso é predicado, tudo isso são dimensões. Uma dimensão diz algo, mas não diz tudo da Igreja. Mas a igreja, sujeito, é o povo de Deus. 

7M – E o que ficou a faltar neste documento?

É claro que faltam coisas… não é um tratado. Mas no geral considero-o um bom texto, e um texto que precisa de ser digerido dentro da Igreja de modo a que se possam ver todas as perspetivas. Um texto que precisa de ser pensado para que se descubram todas as possibilidades que abre. Esse é o caminho.

Clara Raimundo, aqui

3 de novembro de 2024 – Liturgia do 31º Domingo do Tempo Comum – Ano B

Leituras e homilia: aqui


A semana de reflexão, de oração e de partilha com os Seminários Diocesanos
, promovida pela Igreja em Portugal, decorre a partir do dia 3 de novembro até 10 de novembro.
“Convido as famílias, – pais, avós e membros da família-, as comunidades cristãs, sacerdotes e catequistas, professores e animadores de grupos e movimentos, a proporcionarem tempos e espaços, a gerar um clima, que ofereçam aos adolescentes e jovens a experiência de um verdadeiro encontro com Jesus de Nazaré de modo a escutar a Sua voz que chama e envia.”
Pede-se compromisso à diocese “com a missão de despertar a vocação que Jesus Cristo oferece a cada adolescente a cada jovem”.
“Num contexto de uma cultura da distração e da excentricidade, voltar-se para Deus, no íntimo de cada um é algo de premente. Contudo, esta tarefa é das mais preciosas e exigentes. Neste sentido, urge criar espaços para que cada um, sobretudo os adolescentes e jovens, entre dentro de si e possa encontrar-se com Deus que revelando o Seu amor, chama ao sentido plena da vida orientando a vocação de cada pessoa.”

(D. João Lavrador)

Na Semana dos Seminários, rezemos, anunciemos, agradeçamos!

 

ORAÇÃO

Deus Pai,  

amigo dos que procuram,  

ensina-nos a levantar os olhos e a ver que rompe já a aurora de um novo tempo  de esperança.  

Senhor Jesus, 

companheiro dos que se interrogam, faz-nos acolher a visitação da Tua voz que ecoa nas perguntas que guardamos e nos convoca para o serviço 

da Tua Igreja. 

Espírito Santo, 

fogo dos que se incendeiam com sede da vida com que nos insuflas e confirmas,  inspira-nos a responder generosamente 

aos apelos que nos despertam para a missão. 

Que, com Maria, a discípula fiel,  saibamos sempre o que podemos esperar,  preferindo responder à voz que chama com disponibilidade, generosidade e  confiança.  

Amen. 


quarta-feira, 30 de outubro de 2024

2 de novembro - Comemoração dos Fiéis Defuntos: MEMÓRIA, GRATIDÃO E ESPERANÇA

 

"Trazemos flores e acendemos velas, como sinal de esperança, e até se poderia dizer, como prenúncio daquela festa a céu aberto no encontro definitivo com o Senhor, que nos atrai no Seu amor. Avivemos esta esperança de sermos atraídos, transformados e alcançados pelo Amor do Pai que nos criou, do Filho que nos salvou, do Espírito Santo que dá vida nova aos nossos corpos mortais." (Amaro Gonçalo)

Senhor, que,
pela vitória do vosso Filho sobre a morte,
O exaltastes no reino da glória,
concedei aos nossos irmãos
que, libertados desta vida mortal,
possam contemplar-Vos para sempre
como seu Criador e Redentor

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Solenidade de todos os Santos


Na oração do "Creio", professamos uma verdade: "Creio na Comunhão dos Santos".
Hoje, na festa de TODOS OS SANTOS, vamos aprofundar essa Verdade.
Os textos bíblicos nos falam dessa realidade:
A 1ª leitura nos garante que os Santos são muitos. (Ap 7,2-4.9-14)
O número 144.000 é simbólico: 12x12 mil: significa todo povo de Israel...e mais uma grande multidão de todos os povos e línguas...
O Caminho da santidade está aberto a todos que vivem os valores do Reino.
A 2ª Leitura afirma que somos Filhos de Deus: O Amor de Deus como Pai nos transforma em filhos e nos chama a viver como irmãos. (1 Jo 3,1-3)
Ser Santo é viver em comunhão com o Pai e o Filho.
No Evangelho, Cristo  aponta o caminho para ser Santo: Viver as Bem-aventuranças… (Mt 5,1-12)
+ Quem são os santos:
- Para muitos, Santos são pessoas já mortas,
que realizaram no passado fatos surpreendentes na vivência da fé.
Pessoas privilegiadas que já nasceram santas... milagreiras...
declaradas santas pela Igreja e hoje homenageadas em nossos altares...
- Na Bíblia, no princípio, o título de santo era só para Deus.
Ainda hoje no Glória, recitamos: "Porque só vós sois santo".
- Em Cristo repousa o Espírito de Santidade…
Ele irradia a Santidade de Deus e transmite a sua santidade à Igreja
por meio dos Sacramentos, que trazem ao homem a vida de Deus.
- Esta doutrina era tão viva nos primeiros séculos, que os membros da Igreja não hesitaram em chamar-se "os santos" e a própria Igreja era chamada de "Comunhão dos Santos".

- A SANTIDADE cristã manifesta-se, assim, como uma participação na vida de Deus, que se realiza com os meios que a Igreja oferece,  em particular com os Sacramentos.

- A SANTIDADE: não é fruto do esforço humano, que procura alcançar Deus com suas forças, Ela é Dom do Amor de Deus e Resposta do homem à iniciativa de Deus. É GRAÇA recebida e TAREFA a cumprir...

- A SANTIDADE não é uma realidade conseguida apenas no passado por umas pessoas privilegiadas, vivendo longe do mundo...

- SANTOS são pessoas como nós, que ainda hoje vivem a santidade de Deus, pelo testemunho de sua fé e fidelidade ao projeto de Jesus; homens e mulheres que lutam para serem justos e pacificadores,
pobres e compassivos, puros de coração, segundo o espírito das Bem-aventuranças.
- Pessoas de todo o tipo, desde o bom ladrão, que se salvou no finalzinho por um gesto de solidariedade com o companheiro de Cruz, até vidas inteiras dedicadas ao próximo.
Ninguém será santo depois de morto, se não o foi quando vivo.

+ A Festa de hoje nos lembra duas realidades:
1) O Mundo da Santidade: Mundo imenso, onde os santos são inumeráveis.
- Mundo maravilhoso, onde muitos desses santos são nossos parentes, nossos amigos, gente grande e crianças que conhecemos.
- Mundo feliz realizando-se na vida de trabalho e sofrimento, de sonhos e realizações.
- Mundo de portas abertas, que cresce sem parar, e, cada dia que passa, vê chegar novos eleitos.

2) A Nossa vocação à Santidade: Mundo dos santos não é estranho para nós.
Pelo contrário, todos somos chamados à Santidade, todos somos chamados a alcançar no mundo de hoje a plenitude da vida, que está nessa íntima união com Deus, fonte de toda a vida.
"Todos os cristãos são chamados pelo Senhor à perfeição da santidade". (LG31)
+ O Objetivo dessa Festa:
- Homenagear todos os Santos que morreram no Senhor, conhecidos ou não...
- Apresentar o ideal da SANTIDADE, como possível ainda hoje e
ardentemente desejado por Deus: "Esta é a vontade de Deus, a nossa Santificação". (1 Ts 4,3)
+ A Santidade é participar da vida de Deus, que é "o Santo".
E sendo nós pecadores, supõe um processo de conversão permanente...
- Para sermos santos, Cristo  deixou alguns meios:
à Os Sacramentos... a Igreja... a Oração … a Palavra de Deus…
* Nas famílias, em que não há cinco minutos para a Oração e
para a Palavra de Deus, poderemos esperar frutos de santidade?
Acolhamos o Apelo de Deus à Santidade…e que os Santos sejam nossos modelos e intercessores nessa caminhada
Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 03.11.2024

domingo, 27 de outubro de 2024

Sínodo 2024: Papa encerra trabalhos, reforçando apelo a Igreja «sem muros» e aberta a «todos, todos, todos»

O Papa encerrou hoje os trabalhos da XVI Assembleia do Sínodo, após a aprovação do documento final, reforçando os seus apelos a uma Igreja sem “muros” e aberta a “todos, todos, todos”.

“Quanto mal causam os homens e mulheres da Igreja quando erguem muros! Não nos devemos comportar como ‘dispensadores da Graça’ que se apropriam do tesouro, amarrando as mãos do Deus misericordioso”, referiu Francisco, perante centenas de participantes dos cinco continentes.

A assembleia sinodal, cuja segunda sessão decorre desde 2 outubro, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.

“O Espírito continua a difundir a harmonia na Igreja de Deus, nas relações entre as Igrejas, apesar de todos os cansaços, tensões e divisões que marcam o seu caminho rumo à plena manifestação do Reino de Deus, que a visão do Profeta Isaías nos convida a imaginar como um banquete preparado por Deus para todos os povos. Todos, na esperança de que não falte ninguém. Todos, todos, todos! Que ninguém fique de fora, todos”, indicou o Papa.

Francisco promulgou documento final e envia-o agora às comunidades católicas, sem publicação de exortação pós-sinodal – algo que acontece pela primeira vez, mas que corresponde à possibilidade prevista na  constituição apostólica ‘Episcopalis communio‘ (2018), do atual Papa, sobre o Sínodo dos Bispos. 

  

“Por isto, disse que seja publicado. Quero, deste modo, reconhecer o valor do caminho sinodal realizado, que através deste Documento entrego ao santo povo fiel de Deus”.

“Se expressamente aprovado pelo romano pontífice, o documento final faz parte do magistério ordinário do sucessor de Pedro”, precisa a exortação.

“Não tenho intenção de publicar uma exortação apostólica. É suficiente aquilo que aprovámos. No Documento há já indicações muito concretas que podem servir de guia para a missão das igrejas, nos diversos continentes, nos diversos contextos: por isso, coloco-o imediatamente à disposição de todos”, anunciou Francisco aos participantes, que responderam com uma salva de palmas.

Francisco deixou a sugestão de um poema de Madeleine Delbrêl (França, 1904-1964), “a mística das periferias”, que exortava: “Acima de tudo, não sejas rígido”.
“Esses versos podem tornar-se a música de fundo com a qual podemos acolher o documento final. E agora, à luz do que emergiu a partir do caminho sinodal, há e haverá decisões a serem tomadas”, declarou.

No final do seu discurso, o Papa agradeceu a todos os participantes e aos responsáveis pela organização da Assembleia Sinodal, assumindo que “também o bispo de Roma precisa de praticar a escuta, ou melhor, quer praticar a escuta”.

O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.


Agência Ecclesia

sexta-feira, 25 de outubro de 2024

Papa : nova encíclica ‘Dilexit nos’ (amou-nos),

«Dilexit nos»: Papa sublinha importância e atualidade da devoção ao Coração de Jesus
O Papa defende na sua nova encíclica ‘Dilexit nos’ (amou-nos), divulgada hoje pelo Vaticano, a importância e atualidade da devoção ao Coração de Jesus, recordando o contributo de teólogos, místicos e vários Papas, ao longo dos séculos.


“A devoção ao Coração de Cristo é essencial para a nossa vida cristã, na medida em que significa a nossa abertura, cheia de fé e de adoração, ao mistério do amor divino e humano do Senhor, até ao ponto de podermos voltar a afirmar que o Sagrado Coração é um compêndio do Evangelho”, escreve.

O nome da encíclica vem de uma passagem da carta de São Paulo aos Romanos (Rm 8, 37), sobre o amor de Cristo.

Ao longo de 220 pontos, divididos em cinco capítulos, uma introdução e uma conclusão, Francisco passa em revista reflexões dos seus antecessores, do magistério católico e propostas de espiritualidade que remontam aos textos bíblicos.

O Papa precisa que “a devoção ao Coração de Cristo não é o culto a um órgão separado da pessoa de Jesus”.

“É ensinamento constante e definitivo da Igreja que a nossa adoração da sua pessoa é única, e abrange inseparavelmente tanto a sua natureza divina como a sua natureza humana”, indica.

Sublinhando a importância da religiosidade popular na universalização desta devoção, com imagens representando Jesus com o seu coração, Francisco adverte que “uma forma mais abstrata ou estilizada não será necessariamente mais fiel ao Evangelho, porque neste sinal sensível e acessível se manifesta o modo como Deus quis revelar-se”. 

Entre as várias referências históricas, o Papa destaca os acontecimentos de Paray-le-Monial, na Borgonha (França), onde Santa Margarida Maria Alacoque relatou “importantes aparições” entre o fim de dezembro de 1673 e junho de 1675.

A mensagem da religiosa veio desenvolver uma devoção que já se encontrava na mística alemã do final da Idade Média e que, segundo Francisco, esteve “presente na história da espiritualidade cristã de diversas maneiras”; a solenidade do Coração de Jesus é assinalada por toda a Igreja Católica desde 1856, por decisão do Papa Pio IX.

Francisco fala ainda do papel de São Carlos de Foucauld (1858-1916) e Santa Teresa do Menino Jesus (1873-1897), que “reformularam certos elementos da devoção ao Coração de Cristo”, bem como o papel da Companhia de Jesus (Jesuítas), neste campo.

A encíclica recorda as experiências de Santa Faustina Kowalska (1905-1938), que colocam “uma forte ênfase na vida gloriosa do Ressuscitado e na misericórdia divina”.

O texto recorda que, em muitas passagens dos Evangelhos, “Jesus está atento às pessoas, às suas preocupações, ao seu sofrimento”, destacando a união entre “a devoção ao Coração de Jesus e o compromisso com os irmãos”.

“A proposta cristã é atrativa quando pode ser vivida e manifestada na sua integralidade: não como um simples refúgio em sentimentos religiosos ou em cultos faustosos”, sustenta.

O Papa reza para que o Coração de Jesus inspire os católicos na “capacidade de amar e servir” e os leve a “caminhar juntos em direção a um mundo justo, solidário e fraterno”.

Dilexit nos’ surge depois das encíclicas ‘Lumen fidei’ (2013), que recolhe reflexões sobre a fé iniciadas por Bento XVI; ‘Laudato si’ (2015), documento que propõe uma ecologia integral, abordando questões sociais e ligadas ao meio ambiente; e ‘Fratelli tutti’ (2020), que recolher as reflexões de Francisco sobre a fraternidade e a amizade social.

Agência Ecclesia

segunda-feira, 21 de outubro de 2024

Os avós, esses evangelizadores modernos

 Na França secular e descrente, alguns dados inesperados têm dado que falar aos diversos analistas. Na última vigília pascal, foram baptizados 7.135 adultos nas dioceses francesas, dos quais 36% tinham entre 18 e 25 anos, assim como 5.000 adolescentes ou jovens entre 11 e 18 anos. Mais de 12.000 no total e quase todos em idade da juventude. Dizem os analistas que se trata de 31% a mais que no ano passado e 120% a mais que há dez anos. Naturalmente que a pergunta surge: qual a origem desta mudança? E a resposta dão-na também os analistas: As avós. E, um pouco também, alguns avós. Dizem eles que estes aproveitam o maior contacto com os netos durante as férias de verão ou outros períodos de descanso onde podem estar com eles, para os aproximar da Igreja, para os acompanhar à missa, para lhes ensinar a rezar. Na sociedade do efémero, do voraz e do passageiro, é verdade que muitos pais se demitiram da educação dos filhos. Deixaram de ter tempo para eles. Deixaram de ter tempo para a fé. Deixaram de ter tempo para pensar a vida. Por outro lado, os avós têm todo o tempo do mundo, apesar de pouco tempo que lhes possa restar. E têm a fé que foram amadurecendo com o avançar da idade e com a história religiosa que os construiu. Os avós são hoje, em imensos casos e lugares, os maiores evangelizadores. 

Fonte: aqui

sábado, 19 de outubro de 2024

Igreja Paroquial de Tarouca: excelente atuação de dois Grupos

Na noite de 19 de outubro, a Santa Casa da Misericórdia de Tarouca promoveu um excelente momento musical que teve lugar na Igreja paroquial de Tarouca. Aturam o Grupo Coral de Gondomar - Tarouca e o Grupo Coral da Casa do Povo da Camacha - Madeira.

O público, presente em bom número, esteve à altura do espetáculo. Excelente comportamento, bela adesão e grande apoio aos grupos.
Foi um momento que encheu a alma. Boa música, boa interpretação, boa entrega e convincente vivência dos elementos do grupo e do grupo em si.  Momento cultural, mesmo!
No final o sr provedor Rui Raimundo e a srªa Vereadora, Drª Susana, usaram da palavra para agradecer  ao público presente e aos 2 Grupos Corais, enaltecendo a sua atuação. 
Seguiu-se a troca de recordações. 
Recorde-se que, na tarde do referido dia, o Coral da Camacha atuou para os utentes da Santa Casa, que aderiram de alma e coração ao espetáculo.

A Misericórdia de Tarouca é detentora de uma série de livros. Poderá adquirir nos Serviços Administrativos da Santa Casa da Misericórdia de Tarouca
Este livro, todo ele, nasceu dentro da Santa Casa. Vale a pena.


quinta-feira, 17 de outubro de 2024

Ano B - 29.º domingo do tempo comum - 20/10/2024

Leituras: aqui

Celebramos este Domingo o Dia Mundial das Missões. O tema proposto pelo Papa Francisco para este ano é recolhido da parábola do banquete nupcial, onde ressoa aquele apelo do Senhor, nosso Rei e Salvador: “Ide e convidai a todos para o banquete” (Mt 22,9). «No coração da missão, está aquele “todos, todos, todos”, que escutávamos da voz do Papa na JMJ em Lisboa. Nós que aqui viemos respondemos «sim», «eis-me aqui». Mas daqui mesmo o Senhor nos envia a levar este convite a todos, sem excluir ninguém. Na verdade, «não podemos abeirar-nos da mesa eucarística sem nos deixarmos arrastar pelo movimento da missão que, partindo do próprio Coração de Deus, deseja alcançar todos» (Sac. Carit. 84). Preparemo-nos então para entrar na festa com o traje nupcial, que é tecido com o linho da toalha do serviço e só pode ser vestido por quem se dispõe a servir e a dar a vida pelos outros.

1.Tiago e João tinham por alcunha “filhos do trovão”. À vista da triste cena, narrada pelo Evangelho, bem podiam eles adotar o apelido familiar “da Cunha Valente”: Tiago da Cunha Valente e João da Cunha Valente. Eles vão para Jesus, atrás d’Ele… e não para trás dele, a ver se conseguem um lugar ao lado d’Ele. Eles querem instalar-se e sentar-se um à direita e outro à esquerda de Jesus, para governar, poder e mandar. Eles querem garantir um lugar de honra e majestade. Mas o caminho de Jesus é outro: não é a rota da sede do poder, mas o trilho dos peregrinos; não é caminho da honra e dos títulos, mas o da desonra e da Cruz. É o caminho do dom e não do domínio; é o caminho do serviço ao outro e não do servir-se do outro; é o caminho em que cada um não procura um bom lugar para si, mas deseja tornar-se o melhor lugar para os outros. É, por isso, um caminho radicalmente diverso daquele por que correm os trepadores do poder. Jesus contrapõe a lógica do lava-pés à lógica dos grandes e dos chefes das nações. Para sermos mais fiéis, as palavras de Jesus «não deve ser assim entre vós», devem ser traduzidas como um mandamento para sempre: “não é assim entre vós” (Mc 10,43).

2.“Não é assim entre vós”. Mas é-o tantas vezes. É tão fácil e é tão comum reduzir a nossa vocação cristã a um estado de vida ou a um status social, em vez de fazer dela um caminho de seguimento de Jesus. É tão fácil e é tão comum confundir o serviço da autoridade e da unidade, com o exercício do poder sobre os outros. É tão fácil e é tão comum, quer a leigos quer a clérigos, transformar qualquer serviço – por simples que seja – em lugar de poder, qualquer ministério em lugar de honra e fazer da missão uma carreira. Se o apego ao dinheiro é a raiz de todos os males, a ânsia e o abuso de poder está na raiz de todos os abusos, dentro e fora da Igreja! Curiosamente, na Carta aos novos cardeais (06.10.2024), o Papa Francisco tira-lhes as peneiras e diz-lhes textualmente: “Rezo por ti, a fim de que o título de “servidor” ofusque cada vez mais o de “Eminência”.  

3.Irmãos e irmãs:  é preciso cultivar a atitude de serviço, na comunidade cristã e na sociedade em geral. Para isso, é preciso educar as pessoas, desde o âmbito familiar ao âmbito escolar.

3.1.Sobre a educação para o serviço no âmbito familiar, dizia Madre Teresa: “A casa é o primeiro lugar onde é necessário praticar o espírito de serviço. Conheceis realmente os vossos familiares, os vossos vizinhos, as pessoas que frequentais? Preocupais-vos, com a sua felicidade? Procurai, antes de tudo, fazer isto e, depois, podereis pensar também nos pobres da Índia ou de outros países”. Eu diria: caríssimos pais e avós: que os vossos filhos e netos sejam educados em casa, para o serviço e não para fazer dos outros criados; que eles não sejam os reis e senhores, os príncipes e as princesas, mas os humildes servidores, capazes dos pequenos gestos de amor em cada dia. Ensinai-lhes que amar é lavar a loiça, limpar o chão, arrumar a casa. Não é bom ser importante. Importante é ser bom. Quem não vive para servir, não serve para viver. Nem sequer para casar!

3.2.Sobre a educação para o serviço no âmbito escolar é necessário ter a coragem de formar não apenas pessoas competentes, com altos títulos académicos, mas pessoas disponíveis, para se colocarem ao serviço da comunidade. Isso significa, não olhar de cima para baixo, mas de baixo para cima, inclinar-se sobre quem é necessitado e estender-lhe a mão, com ternura e compreensão, como Jesus ao lavar os pés. Servir significa trabalhar ao lado dos mais necessitados, estabelecer com eles, antes de tudo, relações humanas, de proximidade, vínculos de solidariedade. Nesta perspetiva, todas as instituições educativas se devem deixar interpelar acerca das finalidades e métodos, com que desempenham a sua missão formadora. Formamos servidores do bem comum ou uma elite de privilegiados?

Com todos e para o bem de todos, é a nossa divisa, enquanto peregrinos de esperança. Cada um interrogue-se hoje: “sirvo os outros, dando o meu tempo e a minha vida pelos outros ou a minha vida não serve para nada?!

Amaro Gonçalo - Fonte: aqui

DIA MUNDIAL DAS MISSÕES

 

Igreja no Mundo - em números

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sábado, 12 de outubro de 2024

Início do Ano Catequético 2024/25

Sábado, 12 de outubro, na Igreja Paroquial. Abertura do Ano Caquético 2024/25.Com a presença de pais, catequizandos, catequistas e de outros membros da comunidade paroquial, foi celebrada a Eucaristia, dinamizada coralmente por catequistas e pelos meninos do 6º ano, tendo sido proclamadas as leituras por catequizandos.
No início da celebração, após intervenção da Coordenadora e Subcoordenador recordando as grandes orientações da Catequese Paroquial, realizou-se o compromisso dos pais.
Antes do Pai Nosso, os catequistas fizeram igualmente o seu compromisso. Na homilia falou-se no papel educativo/formativo dos pais, avós ... família- Abordou-se o calendário de atividades, o material de apoio e as faltas.
Depois da Ação de Graças,  teve lugar o compromisso dos catequizandos.
Finda a Eucaristia, procedeu-se à cerimónia do envio, ano por ano. Os mais novos, acompanhados pelos catequistas, tiveram o seu 1º encontro, enquanto o pároco, a coordenação da catequese e estiveram à disposição dos pais com quem dialogaram.
Mensagem à Família
Na educação de nossos filhos, todo exagero é negativo.
Responda-lhe, não o instrua.
Proteja-o, não o cubra.
Ajude-o, não o substitua.
Abrigue-o, não o esconda.
Ame-o, não o idolatre.
Acompanhe-o, não o leve.
Mostre-lhe o perigo, não o atemorize.
Inclua-o, não o isole.
Alimente suas esperanças, não as descarte.
Não exija que seja o melhor, peça-lhe para ser bom
e dê exemplo.
Não o mime em demasia, rodeie-o de amor.
Não o mande estudar, prepare-lhe um clima de estudo.
Não fabrique um castelo para ele, vivam todos com naturalidade.
Não lhe ensine a ser, seja você como quer que ele seja.
Não lhe dedique a vida, vivam todos.
Lembre-se de que seu filho não o escuta, ele olha-o.
Fale-lhe de Deus com o exemplo e a alegria do testemunho.
E, finalmente, quando a gaiola do canário se quebrar, não compre outra...
Ensina-lhe a viver sem portas.