segunda-feira, 25 de setembro de 2023

Afinal, os padres também são limitados: em número e em resistência

PORQUE OS (poucos) PADRES TAMBÉM SE CANSAM...
(uma proposta de Walter Kasper)

1. «A sociedade do cansaço» não deixa ninguém de fora. Nem os padres, que também se cansam, que também andam (cada vez mais) cansados.
Sendo cada vez menos, não se eximem a esforços para acudir aos múltiplos serviços que lhes são solicitados.

2. Mas, às vezes, é difícil, quase impossível. Afinal, os padres também são limitados: em número e em resistência.
Dispersam energias em viagens para atender a grupos exíguos. Porque não motivar os poucos de cada grupo a — numa atitude de «Igreja em saída» — gerar grandes comunidades?

3. O habitual tem sido adequar os pastores às necessidades imediatas do rebanho. Não terá chegado a hora de adequar o rebanho às condicionantes dos pastores?
No fundo, trata-se de adequar pastores e rebanho a Jesus Cristo e à realidade. Se os pastores são menos, cabe-nos motivar o rebanho para que possa estar, o mais possível, em contacto com os pastores.

4. De resto, porque é que a mobilidade só há-de estar do lado dos padres?
Será que as pessoas, que se deslocam para todos os lugares, não poderão deslocar-se também para os centros de culto?

5. Uma solução — segundo Walter Kasper — consiste na constituição daquilo a que ele chama «centros espirituais em forma de igrejas centrais».
Poderão ser «paróquias centrais, mosteiros ou casas religiosas, santuários ou centros pastorais».

6. Em vez de dispersar energias para assegurar o mínimo em numerosas (mas pequenas) comunidades, optar-se-ia por concentrar o máximo (de pessoas e de vitalidade) nesses centros espirituais.
Desde logo, continuo a seguir Walter Kasper, teria de haver uma rica vida litúrgica: além da Eucaristia, haveria Vésperas, adoração, serviço de confissões e de aconselhamento espiritual, catequese e formação de adultos, ajuda social e caritativa.

7. É claro que toda esta reestruturação só é exequível a médio prazo.
Mas temos de ter presente que «a paróquia territorial tradicional já não corresponde, na maioria dos casos, ao espaço vital das pessoas».

8. Deverão, então, formar-se novas comunidades: círculos domésticos, círculos de oração, círculos bíblicos, grupos de jovens, de amizade, abertos a pessoas que procuram, que se inquietam, que se interrogam.
«São biótipos da fé e laboratórios de uma nova cultura marcada pelo Evangelho». Isto segue, aliás, o modelo primitivo, com a emergência de comunidades agrupadas à volta de determinadas famílias.

9. Outra vantagem seria a optimização da vida espiritual dos próprios sacerdotes, que poderiam viver em comum agregando inclusive uma equipa de colaboradores leigos.
«A partir de um centro eucarístico, o caminho passa por criar novos espaços e condições de vida para os sacerdotes».

10. Foi assim, aliás, que começou a primeira evangelização.
Haverá melhor opção para a nova evangelização?
João António Pinheiro Teixeira, Facebook

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