O
Santo Padre propôs, recentemente, que o tema de preparação para a Jornada
Mundial da Juventude de 2022 seja «Levanta-te e vai».
O apelo do Papa Francisco aos jovens para se
levantarem e procurarem em Cristo, que vive, o vigor interior e o entusiasmo
que, por vezes, nos falta, é também muito oportuno para os educadores da fé
cristã, sejam eles os pais e as mães, os catequistas, os professores de
Educação Moral e Religiosa Católica e todos aqueles que, na sua circunstância,
se dedicam à educação.
Na
verdade, tal como todos os complexos processos educativos, também a educação
cristã enfrenta desafios sempre novos e, por vezes, passa por experiências de
menor fervor e entusiasmo, tanto da parte dos educandos como dos educadores.
Ora, os cristãos têm uma fonte segura para levantar o ânimo e para renovar a
sua esperança, pois é o próprio Cristo que se levanta, vivo e glorioso, e os
acompanha com a força do Espírito Santo. Assim afirma o Papa Francisco, na Exortação
Apostólica pós-sinodal, dedicada aos jovens, «Cristo vive»:
«Se perdeste o vigor interior, os sonhos, o entusiasmo, a esperança e a
generosidade, diante de ti está Jesus, como parou diante do filho morto da
viúva, e o Senhor, com todo o seu poder de Ressuscitado, exorta-te: "Jovem, Eu te ordeno: levanta-te!" (Lc 7, 14)».
Para
propor a beleza das experiências de fé aos nossos contemporâneos não contamos apenas
com as nossas capacidades. Na verdade, não trabalhamos por nossa conta,
entregues a nós mesmos. Nós colaboramos com a graça de Jesus, que por nós se
entregou. O Senhor, pela sua cruz, venceu as seduções do pecado e, pela sua
ressurreição, ilumina e transforma o mundo como sol nascente que enche de luz a
nossa vida. É realmente o Senhor ressuscitado quem nos ordena: «Levanta-te e
vai», ergue o teu coração e a tua mente para o alto, invoca e acolhe a vida
nova do Espírito e vai ao encontro dos outros, para lhes levar a luz da fé e a
alegria da esperança. Trabalhamos para Ele e com Ele.
Hoje,
e cada dia, o Senhor continua a chamar-nos - a todos - a participar da vida
nova da Sua ressurreição e a cada um e a cada uma deseja comunicar a força do
Espírito Santo para construirmos o reino de Deus que é justiça, paz, amor e
alegria. Como lembra o Papa na referida Exortação: «CRISTO VIVE: é Ele a nossa
esperança e a mais bela juventude deste mundo! Tudo o que toca torna-se jovem,
fica novo, enche-se de vida».
Apoiada
no poder do Senhor Ressuscitado e na força da Palavra de Deus, a educação
cristã pode, portanto, adquirir frescura, novidade e entusiasmo para avivar a
fé, ajudando a fortalecer os alicerces de uma Igreja viva e missionária.
O
encontro com o Senhor transforma todas as situações de escuridão e de morte e
faz surgir uma vida nova nas nossas vidas. Ao longo da sua própria existência
terrena, Jesus encontrou muitas pessoas caídas e desanimadas, derrotadas pela
doença e pela marginalidade, como paralíticos, cegos, enfermos, pessoas já sem
vida. Alguns desses encontros foram cuidadosamente registados pelos
Evangelistas, como é o caso do cego Bartimeu, parado à beira do caminho (Mc
10,46-52), do paralítico da piscina de Betsaida (Jo 5, 1-18), incapaz de se
movimentar. Jesus cruzou- -se também com Mateus, agarrado à sua prática de
cobrador de impostos (Mt 9, 9-17) e, ainda, com o filho da viúva de Naim, atrás
referido, que era levado a sepultar (Lc 7, 11-17).
Estes
dramáticos relatos mostram-nos como o Senhor tem poder sobre a vida e sobre a
morte e, quando ordena a alguém para se levantar, é para o libertar plenamente
das suas limitações, da sua cegueira, do seu desânimo, numa palavra, da morte.
Jesus comunica, assim, uma vida nova e, hoje, para cada um de nós, o encontro
com o Senhor Ressuscitado e a adesão ao seu Evangelho é o caminho certo da afirmação da alegria da fé e a
oportunidade de reavivar a confiança na força do Espírito Santo. Assim,
apoiados na contemplação de Cristo, podemos testemunhar o dom da fé e tocar o
coração das crianças, dos adolescentes, dos jovens e dos adultos, com a beleza
do Evangelho.
A vida
cristã tem realmente beleza e força, porque é encontro e adesão a uma pessoa,
Jesus Cristo vivo, que nos convida a ser seus amigos e a segui-lo por um
caminho novo que conduz a uma vida plena. «Levanta- -te e vai» constitui, além
do mais, apelo à conversão a Jesus Cristo, guia e perfeição da nossa fé. (cf.
Heb 12,2; Mc 1,15). É, também, o chamamento que o Senhor faz a todos e cada um
de nós. Ele motiva-nos a sairmos de nós mesmos, dos nossos ritos e hábitos, dos
nossos programas e rotinas, impelindo-nos a ir, sem hesitação nem demora, ao
encontro dos que precisam da luz da fé e, com ela, da nossa presença.
Para
testemunhar a fé com vigor e entusiasmo, precisamos de cultivar e aprofundar a
união com Jesus Cristo. Por isso, a educação cristã precisa de cuidar primeiramente da vitalidade da vida
espiritual, acentuando a importância da experiência pessoal da oração, da
escuta meditada
da palavra de Deus, da celebração festiva e frutuosa da eucaristia, dos momentos de retiro e da solícita caridade. Assim, criamos condições ótimas para perceber que o Senhor nos precede e nos acompanha com a sua graça, atitude indispensável à construção de uma ação educativa da Igreja que signifique alegria e esperança para quantos connosco se cruzam e, sobretudo, dos que se encontram mais distantes e marginalizados, esquecidos.
da palavra de Deus, da celebração festiva e frutuosa da eucaristia, dos momentos de retiro e da solícita caridade. Assim, criamos condições ótimas para perceber que o Senhor nos precede e nos acompanha com a sua graça, atitude indispensável à construção de uma ação educativa da Igreja que signifique alegria e esperança para quantos connosco se cruzam e, sobretudo, dos que se encontram mais distantes e marginalizados, esquecidos.
3. Convidados
à missão
Empenhados
nesta nobre tarefa evangelizadora, encontramos, nos últimos anos, sinais de
maior atenção e cuidado dos adultos - pais, catequistas e professores - pela
educação cristã e humana das novas gerações. Com a sua generosidade, empenho e
sempre renovado ardor, procuram dinâmicas novas, cuidam das linguagens,
partilham experiências e formam-se continuamente para poderem testemunhar uma
atitude missionária na sua vida quotidiana e em toda a sua atividade pastoral e
educativa.
«Levanta-te
e vai» implica, em conclusão, dois movimentos, complementares. O primeiro
deles, consiste em erguermo-nos para a força do alto, invocando e acolhendo o
dom de Deus, a graça de Jesus e a luz do Espírito Santo. É o fortalecimento da
vida espiritual pela união a Jesus Cristo. O segundo movimento impele-nos a
sair ao encontro dos que não descobriram ainda a luz de Cristo, ou dela se
afastaram ou, então, esqueceram a alegria da casa de Deus. Há, também aqueles
que estão parados, instalados no seu comodismo: todos eles necessitam da nossa
ajuda e da nossa colaboração. Esta é a missão a que todos somos chamados -
educadores e educandos - enquanto testemunhas da luz, da paz e da alegria.
No seu
exemplo amoroso e na proteção de Maria de Nazaré encontra a Igreja o modelo
missionário. Maria, de facto, após ter acolhido a mensagem da Anunciação e «ter
conhecimento que a sua prima precisava dela, não pensou nos seus próprios
projetos, mas dirigiu-se à pressa para a montanha», levando no seu seio Jesus,
fonte de alegria e de louvor (cf.CV 43-48; Lc 1, 39-45). Neste relato da
Visitação de Maria, saibamos reconhecer também a presença educativa da Mãe de
Deus nas nossas vidas e, desse modo, assumamos com esperança e alegria a nossa
missão, correspondendo ao pedido do Senhor: Levanta-te e vai!
Dia de S.
Francisco de Assis 4 de outubro de 2019
Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé
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