quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Cara Ana Albuquerque!

Antes de mais, felicito-a pela preocupação que revela com o baptismo da sua filha, especialmente porque tal desejo se insere num contexto de fé: transmitir à menina os valores em que acredita. E o facto é ainda mais relevante na medida em que o seu companheiro partilha consigo o mesmo desejo.
Saúdo-a ainda vivamente pelo facto de ter tido a preocupação com os padrinhos. Mostra que conhece aquilo que a Igreja exige para desempenhar tal múnus e procedeu com sentido eclesial.

Permita-me agora que partilhe consigo algumas reflexões. Não pretendo de forma alguma condenar ou acusar. Apenas partilhar com humildade e vontade de acertar segundo o espírito do Evangelho.

1. É importantíssimo o sacramento do Baptismo. Mas não será importante para os cristãos o Matrimónio, o sacramento pelo Deus abençoa e santifica o amor humano?

2. Se a Ana e seu companheiro sentem que estão prontos para celebrar o matrimónio, por que razão o não celebram? Se acham que precisam de um tempo mais, então não acham que seria preferível adiar o baptismo da criança para depois do vosso matrimónio?

3. O exemplo é inapagável. Antes de "meter" a vossa filha na Igreja pelo baptismo, seria preferível que os pais vivessem segundo a Igreja. O que neste caso quer dizer a celebração do vosso matrimónio.
Permita-me aqui um pensamento que uma vez ouvi e que acho acutilante para a reflexão: "Deus não condena crianças. Os adultos é que terão que responder pelas opções que fazem livremente."

4. A situação que referiu da pessoa recasada é bastante diferente.
Uma pessoa contraiu matrimónio. Por esta razão ou aquela, não deu certo e aconteceu a separação. Tantas vezes com imensa dor! Depois voltou a casar civilmente, já que o não podia fazer catolicamente. A Igreja não aceita o divórcio.
Enquanto essa pessoa recasada civilmente não pode casar catolicamente, a Ana pode. Já aqui está toda a diferença.
Depois tanta dessa gente recasada transporta consigo calvários de sofrimento, marcas de histórias de dor! Não deverão tais pessoas ser acolhidas? Tantos destes irmãos sofrem pelo facto de não puderem comungar e ser padrinhos! Não nos compete julgar, mas acolher, amar e ajudar.

5. Duas pessoas vão pedir ajuda à Segurança Social. Uma, porque não quer trabalhar; outra, porque procurou e não encontrou trabalho. Quem acha que merece ser atendido?
Os recasados pedem o baptismo para o filho, sabendo que não podem casar pela Igreja. Duas pessoas em união de facto ou só casadas civilmente pedem o baptismo para o seu filho, sabendo que poderiam casar catolicamente...

6. Quando duas pessoas em situação parecida com a da Ana pedem o baptismo para o seu filho, procura-se, nesta comunidade reflectir com elas. Em nome da verdade e da coerência. Se depois desta ajuda amiga, evangélica e fraterna, persistem em não casar e em baptizar, então NÃO se fecha a porta ao baptismo da criança. Esta, um dia, será o verdadeiro juiz da incoerência de seus pais!

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