domingo, 31 de janeiro de 2016

Hino à Caridade

Irmãos: Aspirai com ardor aos dons espirituais mais elevados. Vou mostrar-vos um caminho de perfeição que ultrapassa tudo.

Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos. se não tiver Caridade, sou como bronze que ressoa ou como címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom da profecia e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu possua a plenitude da fé, a ponto de transportar montanhas, se não tiver caridade, nada sou.

Ainda que distribua todos os meus bens aos famintos e entregue o meu corpo para ser queimado, se não tiver caridade, de nada me aproveita.

A Caridade é paciente, a Caridade é benigna; não é invejosa, não é altiva nem orgulhosa; não é inconveniente, não procura o próprio interesse; não se irrita, não guarda ressentimento; não se alegra com a injustiça, mas alegra-se com a verdade; tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O dom da profecia acabará, o dom das línguas há-de cessar, a ciência desaparecerá; mas a Caridade não acaba nunca. De maneira imperfeita conhecemos, de maneira imperfeita profetizamos. Mas quando vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá. Quando eu era criança, falava como criança, sentia como criança e pensava como criança. Mas quando me fiz homem, deixei o que era infantil. Agora vemos como num espelho e de maneira confusa, depois, veremos face a face. Agora, conheço de maneira imperfeita; depois, conhecerei como sou conhecido.

Agora permanecem estas três coisas: a Fé, a Esperança e a Caridade; mas a maior de todas é a Caridade.

(1ª Epístola do Apóstolo São Paulo aos Coríntios - 12, 31 13, 13)

O “Cristóforo”

Hoje, 30 de janeiro, na sua primeira audiência jubilar, Francisco recebeu os cristãos que peregrinaram ao Vaticano, garantindo-lhes que, pelo batismo, o cristão se torna cristóforo. E é esta a sua missão, a missão de cada um em articulação com a missão de toda a Igreja. Não se trata de carregar em si mesmo ou dentro de si mesmo um Cristo qualquer construído segundo imaginação e a ideação dos homens, mas Aquele que exprime para o homem e o povo, em que se insira, o vulto de Deus. E o vulto do Deus de Abrão, Isaac e Jacob – o Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo e o Pai de cada um dos homens – é o rosto da Misericórdia que pretende contagiar os homens tornando-os misericordiosos em espírito e em obra, em palavra e ação.

Por isso, o Papa, segundo o que o locutor português recolheu das suas palavras, atesta a “estreita ligação entre a misericórdia e a missão”, de modo que “a Igreja tem uma vida autêntica quando professa e proclama aos homens a misericórdia de Deus”. Professar implica proclamar e o proclamar decorre do professar. Com efeito, tal como o pastor que recuperou a ovelha tresmalhada, a mulher que encontrou a dracma perdida e o Pai que celebra o retorno do filho pródigo e reencontrado (vd Lc 15,5-7.9-10.32) se alegraram e convidaram à alegria e à festa, também nós, “quando recebemos uma bela notícia, quando experimentamos uma alegria, é natural que tenhamos o desejo de a transmitir aos outros”, proclamando-a aos quatro ventos.

Por isso, “como aconteceu com os primeiros discípulos, o sinal concreto de que encontramos realmente Jesus é que experimentemos a alegria de O querer comunicar a quem está ao nosso redor”. E, assim, o Pontífice, pretendendo chamar a atenção para a responsabilidade que nos advém do batismo, declarou:

“Todo o cristão deve ser um Cristóforo, um portador de Cristo, pois a misericórdia que recebemos do Pai, em Cristo, não nos é dada como uma consolação privada, mas chama-nos a sermos instrumentos para que outras pessoas também possam receber este dom”.

Para o Papa Francisco, cada cristão tem a “responsabilidade de ser missionário do Evangelho” e deve anunciar o Evangelho com a alegria de quem guarda uma “boa notícia”. Não se trata de atitude de prosélito, mas de postura de quem oferece e transmite “um dom que nos foi dado”, pois, como frisou o Bispo de Roma, “a misericórdia que recebemos do Pai não nos foi dada como uma consolação pessoal, mas torna-nos instrumentos para que outros possam receber o mesmo dom”.

Apelando aos crentes para que levem a sério a sua identidade cristã, sustentou que “só assim o Evangelho pode tocar o coração das pessoas e abri-lo a receber a graça do amor”. E, como exemplo de que não teremos de fazer muito esforço para encontrar um pretexto para a prática das obras de misericórdia, convidou os presentes a concretizarem duas obras de misericórdia: “rezar pelos defuntos e consolar os aflitos” – no contexto do falecimento de uma colaboradora da Casa de Santa Marta, deixando viúvo o marido.

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“Cristóforo” é um vocábulo composto de “Cristo” (o grego, Χριστός ) e o verbo grego “foréo” (φορέω, com a variante φέρω). Cristo é a transcrição grega do hebraico Messias, o ungido de Deus. Por sua vez, o verbo “foréo” significa: levar para cá (trazer) e para lá (levar propriamente dito), levar notícias, andar com um determinado hábito ou veste. Assim, “cristóforo”, que no latim se diz “cristífero” (que gera Cristo, que transporta Cristo), será aquele que transporta Cristo, o gera para os outros e lho mostra (atente-se na expressão portuguesa “dar à luz” no sentido de “parir”, editar, publicar, proclamar, mostrar). Por outro lado, quem recebeu o batismo, está revestido de Cristo. Por alguma razão se diz que o cristão proclama Cristo com a palavra e com a vida. Lá diz o Apóstolo: “Todos vós que fostes batizados em Cristo, estais revestidos de Cristo” (Gl 3,27).

Da família lexical de φορέω são: φορά (nome), a significar – ação de levar adiante, carga, fecundidade; φοράδεν (advérbio), a significar – levando ou sendo levado em liteira ou em cadeira; φορεϊον (nome), a significar – liteira, féretro; φορεύς (nome), a significar – portador, moço de corda; φόρεμα (nome), a significar – carga, vestido, liteira, andor; e φορετός, a significar – levado, que se move.

Refletindo com base nos significados ora registados, melhor se pode compreender o sentido da dignidade e da responsabilidade do ser cristão. De cristóforo resultou o nosso nome próprio “Cristóvão” (o portador de Cristo, como a Mãe de Jesus e a Igreja…), padroeiro dos condutores, nomeadamente os automobilistas.

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Já no dia 29, o Papa falou sobre a misericórdia na audiência aos participantes na Assembleia Geral da CDF (Congregação para a Doutrina da Fé). Centrando a alocução no núcleo temático do Ano Santo da Misericórdia, exprimiu o desejo de que este constitua uma ocasião propícia para “todos os membros da Igreja renovarem a sua fé em Jesus Cristo, que é o rosto da misericórdia do Pai, a via que une Deus e o homem”. De forma especial, exprimiu o desejo de que “pastores e fiéis” redescubram “as obras de misericórdia corporais e espirituais” já que, no ocaso da vida terrena de cada um, seremos questionados sobre se, além de termos dado de comer e beber a quem tinha sede e fome, ajudámos as pessoas a “sair da dúvida”, se acolhemos os pecadores, admoestando-os e corrigindo-os e se fomos capazes de combater a ignorância, sobretudo a relativa à fé cristã e a uma vida correta.

Se aos fiéis apinhados na Praça de São Pedro, relacionou a missão com a misericórdia, na Sala Clementina estabeleceu a “relação cognitiva e unificante” da fé e da caridade com “o mistério do Amor, que é o próprio Deus”, de Deus que, “embora permanecendo um mistério, tornou efetiva e afetiva a sua misericórdia, através de Jesus feito homem para a nossa salvação”. E explicitou a razão de ser da Congregação para a Doutrina da Fé nos termos seguintes:

Com efeito, a fé cristã não é apenas conhecimento a ser conservado na memória, mas verdade a ser vivida no amor. Por isso, juntamente com a doutrina da fé, é necessário conservar também a integridade dos costumes, de modo particular nos âmbitos mais delicados da vida. A adesão da fé à pessoa de Cristo implica tanto o ato da razão como a resposta moral ao seu dom.”.

O Papa, chamando a atenção para a delicadeza que a tarefa de proteger a integridade da fé comporta, assegurou que ela requer um “empenho colegial”. Em conformidade com este postulado, ao mesmo tempo que agradeceu aos Consultores e ao Comissário, que colaboram com o notável Dicastério para Doutrina da Fé, cujo trabalho é altamente meritório, encorajou este dicastério à continuidade e à intensificação destas colaborações, bem como à promoção, a nível eclesial,  da “justa sinodalidade”.

Depois, citando como positiva a reunião de 2015 com as Comissões doutrinais das Conferências Episcopais europeias, frisou que, sem a “abertura à dimensão transcendental da vida (…),  a Europa corre o risco de perder aquele espírito humanístico que, no entanto, ama e defende”.

Aludindo à responsabilidade de cada um colocar ao serviço da comunidade os dons recebidos de Deus em articulação com a vertente organizativa da Igreja, Francisco ensinou que a renovação da vida eclesial implica o estudo da “complementaridade” entre os dons hierárquicos e os dons carismáticos, “dons que são destinados a colaborar em sinergia para o bem da Igreja e do mundo”:

O testemunho desta complementaridade é hoje, mais do que nunca, urgente e representa uma expressão eloquente daquela ordenada pluriformidade que carateriza o tecido eclesial, reflexo da harmoniosa comunhão que vive no coração do Deus Uno e Trino”.

A conexão entre os dons hierárquicos e os dons carismáticos remete para “a sua raiz trinitária na ligação entre o Logos (o Verbo) divino incarnado e o Espírito Santo, que é sempre dom do Pai e do Filho” – raiz que, reconhecida e aceite com humildade, induzirá a Igreja a permanentemente se renovar.

E, salientando a necessidade de equilibrar a unidade essencial com a desejável pluriformidade, afirmou:

Unidade e pluriformidade são os selos (marcas) de uma Igreja que, movida pelo Espírito, sabe caminhar, com passos seguros e fiéis em direção à meta que o Senhor Ressuscitado lhe indica ao longo da História”.

Por fim, reforçando o enaltecimento do dinamismo sinodal, disse que a sinodalidade, “se entendida corretamente, nasce da comunhão e conduz à comunhão”.

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É a grandeza da essência do ser e da missão d a Igreja e do cristão: a “cristoforia” ou o “cristoforismo”.

2016.01.30 – Louro de Carvalho

 

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

Pistas para a leitura da mensagem quaresmal do Papa

Esta Quaresma, que é Jubilar, há-de estar fundada na escuta da Palavra de Deus e na vivência das obras de  misericórdia.

Veja aqui

quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

terça-feira, 26 de janeiro de 2016

Mensagem do Papa para a Quaresma 2016

«“Prefiro a misericórdia ao sacrifício” (Mt 9, 13). As obras de misericórdia no caminho jubilar»

1. Maria, ícone duma Igreja que evangeliza porque evangelizada
Na Bula de proclamação do Jubileu, fiz o convite para que «a Quaresma deste Ano Jubilar seja vivida mais intensamente como tempo forte para celebrar e experimentar a misericórdia de Deus» (Misericordiӕ Vultus, 17). Com o apelo à escuta da Palavra de Deus e à iniciativa «24 horas para o Senhor», quis sublinhar a primazia da escuta orante da Palavra, especialmente a palavra profética. Com efeito, a misericórdia de Deus é um anúncio ao mundo; mas cada cristão é chamado a fazer pessoalmente experiência de tal anúncio. Por isso, no tempo da Quaresma, enviarei os Missionários da Misericórdia a fim de serem, para todos, um sinal concreto da proximidade e do perdão de Deus.
Maria, por ter acolhido a Boa Notícia que Lhe fora dada pelo arcanjo Gabriel, canta profeticamente, no Magnificat, a misericórdia com que Deus A predestinou. Deste modo a Virgem de Nazaré, prometida esposa de José, torna-se o ícone perfeito da Igreja que evangeliza porque foi e continua a ser evangelizada por obra do Espírito Santo, que fecundou o seu ventre virginal. Com efeito, na tradição profética, a misericórdia aparece estreitamente ligada – mesmo etimologicamente – com as vísceras maternas (rahamim) e com uma bondade generosa, fiel e compassiva (hesed) que se vive no âmbito das relações conjugais e parentais.
2. A aliança de Deus com os homens: uma história de misericórdia
O mistério da misericórdia divina desvenda-se no decurso da história da aliança entre Deus e o seu povo Israel. Na realidade, Deus mostra-Se sempre rico de misericórdia, pronto em qualquer circunstância a derramar sobre o seu povo uma ternura e uma compaixão viscerais, sobretudo nos momentos mais dramáticos quando a infidelidade quebra o vínculo do Pacto e se requer que a aliança seja ratificada de maneira mais estável na justiça e na verdade. Encontramo-nos aqui perante um verdadeiro e próprio drama de amor, no qual Deus desempenha o papel de pai e marido traído, enquanto Israel desempenha o de filho/filha e esposa infiéis. São precisamente as imagens familiares – como no caso de Oseias (cf. Os 1-2) – que melhor exprimem até que ponto Deus quer ligar-Se ao seu povo.
Este drama de amor alcança o seu ápice no Filho feito homem. N’Ele, Deus derrama a sua misericórdia sem limites até ao ponto de fazer d’Ele a Misericórdia encarnada (cf. Misericordiӕ Vultus, 8). Na realidade, Jesus de Nazaré enquanto homem é, para todos os efeitos, filho de Israel. E é-o ao ponto de encarnar aquela escuta perfeita de Deus que se exige a cada judeu pelo Shemà, fulcro ainda hoje da aliança de Deus com Israel: «Escuta, Israel! O Senhor é nosso Deus; o Senhor é único! Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças» (Dt 6, 4-5). O Filho de Deus é o Esposo que tudo faz para ganhar o amor da sua Esposa, à qual O liga o seu amor incondicional que se torna visível nas núpcias eternas com ela.
Este é o coração pulsante do querigma apostólico, no qual ocupa um lugar central e fundamental a misericórdia divina. Nele sobressai «a beleza do amor salvífico de Deus manifestado em Jesus Cristo morto e ressuscitado» (Evangelii gaudium, 36), aquele primeiro anúncio que «sempre se tem de voltar a ouvir de diferentes maneiras e aquele que sempre se tem de voltar a anunciar, duma forma ou doutra, durante a catequese» (Ibid., 164). Então a Misericórdia «exprime o comportamento de Deus para com o pecador, oferecendo-lhe uma nova possibilidade de se arrepender, converter e acreditar» (Misericordiӕ Vultus, 21), restabelecendo precisamente assim a relação com Ele. E, em Jesus crucificado, Deus chega ao ponto de querer alcançar o pecador no seu afastamento mais extremo, precisamente lá onde ele se perdeu e afastou d'Ele. E faz isto na esperança de assim poder finalmente comover o coração endurecido da sua Esposa.
3. As obras de misericórdia
A misericórdia de Deus transforma o coração do homem e faz-lhe experimentar um amor fiel, tornando-o assim, por sua vez, capaz de misericórdia. É um milagre sempre novo que a misericórdia divina possa irradiar-se na vida de cada um de nós, estimulando-nos ao amor do próximo e animando aquilo que a tradição da Igreja chama as obras de misericórdia corporal e espiritual. Estas recordam-nos que a nossa fé se traduz em actos concretos e quotidianos, destinados a ajudar o nosso próximo no corpo e no espírito e sobre os quais havemos de ser julgados: alimentá-lo, visitá-lo, confortá-lo, educá-lo. Por isso, expressei o desejo de que «o povo cristão reflicta, durante o Jubileu, sobre as obras de misericórdia corporal e espiritual. Será uma maneira de acordar a nossa consciência, muitas vezes adormecida perante o drama da pobreza, e de entrar cada vez mais no coração do Evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia divina» (Ibid., 15). Realmente, no pobre, a carne de Cristo «torna-se de novo visível como corpo martirizado, chagado, flagelado, desnutrido, em fuga... a fim de ser reconhecido, tocado e assistido cuidadosamente por nós» (Ibid., 15). É o mistério inaudito e escandaloso do prolongamento na história do sofrimento do Cordeiro Inocente, sarça ardente de amor gratuito na presença da qual podemos apenas, como Moisés, tirar as sandálias (cf. Ex 3, 5); e mais ainda, quando o pobre é o irmão ou a irmã em Cristo que sofre por causa da sua fé.
Diante deste amor forte como a morte (cf. Ct 8, 6), fica patente como o pobre mais miserável seja aquele que não aceita reconhecer-se como tal. Pensa que é rico, mas na realidade é o mais pobre dos pobres. E isto porque é escravo do pecado, que o leva a utilizar riqueza e poder, não para servir a Deus e aos outros, mas para sufocar em si mesmo a consciência profunda de ser, ele também, nada mais que um pobre mendigo. E quanto maior for o poder e a riqueza à sua disposição, tanto maior pode tornar-se esta cegueira mentirosa. Chega ao ponto de não querer ver sequer o pobre Lázaro que mendiga à porta da sua casa (cf. Lc 16, 20-21), sendo este figura de Cristo que, nos pobres, mendiga a nossa conversão. Lázaro é a possibilidade de conversão que Deus nos oferece e talvez não vejamos. E esta cegueira está acompanhada por um soberbo delírio de omnipotência, no qual ressoa sinistramente aquele demoníaco «sereis como Deus» (Gn 3, 5) que é a raiz de qualquer pecado. Tal delírio pode assumir também formas sociais e políticas, como mostraram os totalitarismos do século XX e mostram hoje as ideologias do pensamento único e da tecnociência que pretendem tornar Deus irrelevante e reduzir o homem a massa possível de instrumentalizar. E podem actualmente mostrá-lo também as estruturas de pecado ligadas a um modelo de falso desenvolvimento fundado na idolatria do dinheiro, que torna indiferentes ao destino dos pobres as pessoas e as sociedades mais ricas, que lhes fecham as portas recusando-se até mesmo a vê-los.
Portanto a Quaresma deste Ano Jubilar é um tempo favorável para todos poderem, finalmente, sair da própria alienação existencial, graças à escuta da Palavra e às obras de misericórdia. Se, por meio das obras corporais, tocamos a carne de Cristo nos irmãos e irmãs necessitados de ser nutridos, vestidos, alojados, visitados, as obras espirituais tocam mais directamente o nosso ser de pecadores: aconselhar, ensinar, perdoar, admoestar, rezar. Por isso, as obras corporais e as espirituais nunca devem ser separadas. Com efeito, é precisamente tocando, no miserável, a carne de Jesus crucificado que o pecador pode receber, em dom, a consciência de ser ele próprio um pobre mendigo. Por esta estrada, também os «soberbos», os «poderosos» e os «ricos», de que fala o Magnificat, têm a possibilidade de aperceber-se que são, imerecidamente, amados pelo Crucificado, morto e ressuscitado também por eles. Somente neste amor temos a resposta àquela sede de felicidade e amor infinitos que o homem se ilude de poder colmar mediante os ídolos do saber, do poder e do possuir. Mas permanece sempre o perigo de que os soberbos, os ricos e os poderosos – por causa de um fechamento cada vez mais hermético a Cristo, que, no pobre, continua a bater à porta do seu coração – acabem por se condenar precipitando-se eles mesmos naquele abismo eterno de solidão que é o inferno. Por isso, eis que ressoam de novo para eles, como para todos nós, as palavras veementes de Abraão: «Têm Moisés e o Profetas; que os oiçam!» (Lc 16, 29). Esta escuta activa preparar-nos-á da melhor maneira para festejar a vitória definitiva sobre o pecado e a morte conquistada pelo Esposo já ressuscitado, que deseja purificar a sua prometida Esposa, na expectativa da sua vinda.
Não percamos este tempo de Quaresma favorável à conversão! Pedimo-lo pela intercessão materna da Virgem Maria, a primeira que, diante da grandeza da misericórdia divina que Lhe foi concedida gratuitamente, reconheceu a sua pequenez (cf. Lc 1, 48), confessando-Se a humilde serva do Senhor (cf. Lc 1, 38).
Vaticano, 4 de Outubro de 2015
Festa de S. Francisco de Assis
[Franciscus] 

A Igreja apoiou realmente o nazismo? Pio XII foi mesmo o “papa de Hitler”?

Uma campanha de difamação e desinformação que precisa de ser desmascarada
Pio XII
Será que Pio XII foi o “papa de Hitler”?
Será que a Igreja católica realmente apoiou o nazismo?
A resposta é clara: NÃO.
Trata-se de mentiras vastamente espalhadas por militantes anticatólicos em seus livros e blogs. Na verdade, a Igreja não somente não apoiou o nazismo como o condenou com veemência desde o início, fato que pode ser demonstrado com objetividade mediante jornais da época, documentos oficiais, fotos e vídeos.
Pio XII foi alvo de uma intensa campanha de desinformação e difamação que quase assassinou a sua reputação. Desfazer o mito em torno da sua figura é recolocar Pio XII em sua devida posição: um papa venerável e, talvez um dia, um santo canonizado.

Não deixe de conferir este vídeo de 9 minutos:


segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Há quem abandone os pais. Há quem abandone o Pai


É uma realidade hodierna. Pais que se sentem abandonados pelos filhos ou por alguns destes.
"Não me visitam, não telefonam, não aparecem, não querem saber. Nem no dia de anos se lembram de mim!" - ouve-se a cada passo este desabafo de pais.
E quantos, para não exporem os filhos, o sentem, mas não o dizem!
É certo que a vida moderna é agitada e que muitos dos filhos tiveram que deixar a terra para se governarem. É certo que alguns pais nem sempre tratam os filhos da mesma maneira, fazendo sentir uma saliente tendência por um ou por outro, o que magoa e afasta os menos preferidos. É certo que os pais nem sempre procedem com justiça e equidade, o que cria resistências nos que se sentem injustiçados.
Mas, sejamos razoáveis e frios na análise, haverá justificação para os filhos abandonarem os pais? Pai, mãe, até podem dar ocasião a alguma insatisfação, alguma mágoa, algum escândalo... Mas nunca deixam de ser pai e mãe! E este é o MOTIVO para nunca serem abandonados.
"Filho és, pai serás; conforme fizeres, assim acharás", diz o povo.


Mas há um outro abandono gritante nos tempos que correm. O abandono de Deus. O Pai do Céu é hoje Alguém como múltiplas queixas de seus filhos a quem tudo deu e dá.
"Não Me visitam, não Me louvam, não Me agradecem, não rezam, não Me escuta,, não aparecem, não querem saber de Mim. Nem no domingo se lembram de mim!" - poderia dizer em verdade Deus.
Hoje o que parece estar na moda é confessar-se ateu, agnóstico, não praticante. E disto fazer proclamação nos palcos públicos. Basta ver tantos entrevistados nas televisões... É o que está a dar, o que é politica e socialmente correto...
Pelo contrário, os crentes parecem demonstrar medo, respeito humano, vergonha de referir a sua condição de crentes.  No dizer do Evangelho, a luz é posta "debaixo do alqueire"!
Claro que nas horas de aflição, mais clara e distintamente, ou mais sub-repticiamente, a maioria lembra-se de Deus.  Estilo, Deus-bombeiro, que só se chama quando precisamos. De resto, que fique lá no "seu quartel" e que não chateie. Isto será fé ou oportunismo?
Muita gente põe Deus de lado, não deixa Deus intervir no dia-a-dia. Quando as coisas correm mal, é um 'aqui d´el-rei" que Deus não quer saber, não liga, não se importa... Uma revolta!
ELE criou-nos livres e respeita a liberdade com que nos criou. Se nós não O deixamos intervir na nossa vida, de que temos que nos queixar d'Ele? Só colhemos o que semeamos.
Deixa Deus entrar! Ele não tira nada e dá tudo.
Vai ter com Deus. Dá tempo ao Deus do tempo.
Vive Deus em família. Para Ele tu és único. Mas és também membro de uma comunidade.
Uma fé egocêntrica, estilo, eu e Deus, Deus e eu, não é uma fé cristã.
Deus salva-me em comunidade, na comunidade, pela comunidade.

sábado, 23 de janeiro de 2016

sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Por que sempre há um crucifixo nos altares?

Uma pergunta que todo católico precisa saber responder
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No centro da ação litúrgica da Igreja, está Cristo e seu mistério pascal. Portanto, a celebração litúrgica deve tornar evidente esta verdade teológica. E, desde quase sempre, o símbolo escolhido pela Igreja para a orientação do coração e da mente do cristão durante a missa ou a liturgia é a representação de Jesus crucificado.
O crucifixo é o principal elemento sobre o altar, porque a missa é o santo sacrifício, memorial da paixão, morte e ressurreição do Senhor.
Antigamente, a liturgia prescrevia o costume de que tanto o sacerdote quanto os fiéis se posicionassem na direção do crucifixo durante a missa. O crucifixo era colocado no centro do altar (que naquela época ficava ligado à parede).
Isso nos dá a entender a centralidade do crucifixo na celebração do culto divino, e era muito mais destacado no passado. De fato, a presença da cruz na celebração da missa está certificada desde o século V.
O crucifixo fica sobre o altar para recordar à assembleia e ao ministro celebrante que a vítima que se oferece sobre o altar é a mesma que se ofereceu na cruz.
Portanto, nunca podemos perder de vista que a missa é um sacrifício – aspecto este que pode se perder quando a celebração se converte em uma festa que só leva em consideração a ressurreição do Senhor, esquecendo-se do seu sacrifício expiatório.
Não podemos nos esquecer de que não há ressurreição sem cruz.
O crucifixo no centro do altar nos indica que o sacerdote celebra a missa frente a Deus, e não como um protagonista diante do povo. A cruz tira o protagonismo do padre e o dá a Cristo; assim, tanto fiéis como sacerdotes vivem a missa olhando para Deus.
A liturgia não é um diálogo entre sacerdote e assembleia. Sacerdote e povo não dirigem um ao outro sua oração, senão que, juntos, a dirigem ao único Senhor.
Olhar para o crucifixo é uma oportunidade para caminhar com o olhar dirigido a Jesus.
O crucifixo sempre deve estar sobre o altar, salvo duas exceções: quando o Santíssimo Sacramento é exposto na custódia e quando a crucificação é a imagem central da pintura ou retábulo atrás do altar.
Alguns poderiam dizer que a cruz no centro do altar não deve ser permitida, pois impede a visão dos fiéis. Mas, na verdade, a cruz sobre o altar não é um obstáculo, e sim um ponto de referência comum.
Fonte: aqui

quinta-feira, 21 de janeiro de 2016

quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

o Mártir São Sebastião

PADROEIRO PRINCIPAL DA DIOCESE DE LAMEGO
Venerado também em Tarouca onde tem a sua Capela

Celebrámos, neste dia 20 de janeiro, na nossa Diocese de Lamego, a solenidade do Padroeiro principal, mártir São Sebastião, o bom soldado de Cristo. O patrono escolhido deverá ser uma referência que inspire a viver o Evangelho na identificação com Jesus Cristo, morto e ressuscitado.
Quando uma terra e/ou uma comunidade escolhe um patrono isso deve-se ao seu carisma e à vontade de seguir a sua determinação e o exemplo da sua vida. Os santos mártires ganharam uma enorme projeção nas comunidades cristãs dos primeiros séculos e pelos séculos seguintes.
É nesta perspetiva que São Sebastião, Santa Eufémia, Santa Inês, Santa Luzia, São Vicente, diácono, Santa Bárbara, se impõem por todo o mundo cristão, pelo testemunho de fidelidade ao Evangelho, a Jesus Cristo, arriscando a própria vida. Foi também uma forma de catequizar as comunidades, pregar através de exemplos concretos.
A vida de São Sebastião, naquilo que a tradição assimilou e transmitiu, é um exemplo como a fé ajuda a ultrapassar os obstáculos da vida e como o cristão se pode santificar nas mais diversas profissões e/ou ocupações. Mais forte que tudo é o amor a Deus.
Descendente de uma família nobre, terá nascido em Narbona, sul de França, em meados do século III. Segundo a maioria dos estudiosos, os seus pais eram de Milão, onde cresceu até se mudar para Roma. Mas também há quem defenda que o pai era natural de Narbona e Sebastião tenha nascido em Milão.
Em nome da religião enveredou por uma carreira militar, para desse modo defender os cristãos que sofriam uma terrível perseguição. As suas qualidades são amplamente elogiadas: figura imponente, prudência, bondade, bravura, era estimado pela nobreza e respeitado por todos.
De Milão, o jovem soldado deslocou-se para Roma, onde a perseguição era mais intensa e feroz, para testemunhar a fé e defender os cristãos.
O imperador Diocleciano, reconhecendo nele a valentia e desconhecendo a sua religião, nomeou-o capitão general da Guarda Pretoriana. Animava os condenados para que se mantivessem firmes e fiéis a Jesus Cristo.
Primeiro cai nas graças do imperador, logo a defesa da fé cristã e a intercessão pelos cristãos perseguidos desencadeiam a sua morte. Cada novo mártir que surgia tornava-se um alento e um desafio para Sebastião. Foi denunciado por Fabiano, então Governador Romano. Diocleciano acusou-o de ingratidão. Foi cravado por flechas, até o julgarem morto.
A iconografia é muito plástica a seu respeito, inconfundível. São Sebastião é representado com o corpo pejado com várias setas, e surge preso a um tronco de árvore.
Entretanto uma jovem, de nome Irene (santa Irene?) passou e verificou que ainda estava vivo. Levou-o para casa e curou-lhe as feridas. Ainda não completamente restabelecido, mas já com algumas forças e persistência voltou junto do imperador para defender os cristãos, condenando-lhe a impiedade e injustiça.
Diocleciano mandou que fosse chicoteado até à morte e depois deitado à Cloaca Máxima, o lugar mais imundo de Roma. O corpo foi recuperado e sepultado nas catacumbas da Via Ápia. Faleceu a 20 de janeiro de 288, ou 300.
Logo após o seu martírio começou a ser venerado como santo.
Testemunhou a fé, com coragem e alegria, a partir da sua vida, como jovem soldado, cristão. Daqui se conclui que a santidade é possível em qualquer trabalho, em qualquer vocação, em qualquer compromisso humano.
O tempo e o ambiente em que vivemos não é de perseguição declarada aos cristãos, mas a nossa tarefa não é mais fácil que a de São Sebastião. A sua fé confrontou-se com a perseguição, ajudando aqueles que estavam próximos de desanimar.
Quantas vezes nos deixamos contagiar por um contexto, por valores e leis contrários à fé que professamos? Quantas oportunidades para nos afirmarmos cristãos? Quantas formas de perseguição aos valores que defendemos? Quantos cristãos precisam que os animemos na sua fé, na sua caminhada espiritual?!
In Voz de Lamego

terça-feira, 19 de janeiro de 2016

Oração mental ou oração vocal?

Será que uma é melhor que a outra? Como viver cada tipo de oração em profundidade?
Man Praying - pt
Quando você pensa em Deus e lhe diz coisas íntimas, só com o pensamento e os sentimentos do coração, está fazendo “oração mental”.
Quando você, na Missa, reza com todos os participantes as orações litúrgicas (“Confesso a Deus todo-poderoso…”, “Glória a Deus nas alturas…”, “Cordeiro de Deus…”); quando reza o Terço; quando reza o Pai-nosso e a Ave Maria em vários momentos do dia, está fazendo “oração vocal”.
Jesus amava e praticava esses dois tipos de oração, e nos ensinou a amá-los e a praticá-los. Basta lembrar o seguinte:
1) — como já comentamos atrás, Jesus, com muita frequência passava horas – às vezes a noite inteira – conversando a sós com Deus Pai (Lc 6,12), fazendo “oração mental”;
– e fazia também “oração vocal”: rezava os salmos e as orações tradicionais judaicas, ao participar no culto da sinagoga (Mc 6,2) ou nas festas no Templo (Jo 7,1 ss.); e seguia todo o cerimonial litúrgico e as preces e cânticos prescritos, na celebração da Páscoa judaica (Mt 26, 30).
2) — a nós, pede-nos que, como Ele, façamos “oração mental”: «Quando orares, entra no teu quarto, fecha a porta e ora ao teu Pai em segredo» (Mt 6,6);
– mas, ao mesmo tempo, pede-nos que estimemos muito a “oração vocal”. Ele próprio nos ensinou a mais bela “oração vocal” que existe, o Pai-nosso (Mt 6,9-13), que milhões de cristãos vêm repetindo ao longo dos milênios. E os primeiros cristãos aprenderam dele a amar a recitação dos Salmos (At 2,46 e 4,25-26).
Oração espontânea ou “fórmulas”?
Nunca ouviu alguém dizer: “Eu não gosto de recitar fórmulas, eu gosto é de rezar com os pensamentos e sentimentos que saem espontaneamente do coração”?.
Há muitos que já disseram isso. Mas, infelizmente, se esquecem de uma coisa. Do nosso coração sai o que há realmente dentro dele (não o que não há), e nele não estão presentes todas as riquezas da fé, da esperança e do amor. Pode até ser um coração muito “pobre”, vazio e cheio de egoísmo gelado. E então, o que é que vai “sair” daí?
Ora, as orações vocais enriquecem, porque “oferecem”, “colocam” dentro do coração tesouros de pensamentos, de verdades, de sentimentos e desejos, que o coração sozinho não possui nem poderia criar. Bem rezadas, enriquecem muito a alma.
Santo Agostinho, por exemplo, recebeu o último “empurrão” para a sua conversão no dia em que se emocionou até derramar lágrimas, ao participar na basílica de Milão – onde era bispo Santo Ambrósio -, do canto dos Salmos e de hinos litúrgicos compostos por esse santo bispo, que o povo todo sabia de cor. As “orações vocais” tornaram sua alma – alma de um homem extraordinariamente culto e inteligente – mais cheia de luzes espirituais, despertaram nela, com o auxílio de Deus, sentimentos, perspectivas, alegrias e esperanças que ele, sozinho, não teria sido capaz de conseguir.
Santa Teresa de Ávila conta de uma freira muito santa, que a vida inteira alimentou a sua conversa de amor com Deus quase que exclusivamente com o Pai-nosso; e ela própria, Santa Teresa, escreveu um belo livro ( “Caminho de perfeição”) em que dedica muitas páginas a comentar as maravilhas dessa oração vocal “que o Senhor nos ensinou”.
Dois perigos
Como rezar bem as orações vocais? É bom ter em conta que há dois perigos que sempre nos ameaçam e que podem “acabar” com as nossas orações vocais:
1º) O primeiro é o “perfeccionismo”, ou seja, a idéia de que, se não rezamos colocando muita consciência, atenção e sentimento em cada palavra, mais vale não rezar, seria como fazer “oração de papagaio”.
Os que pensam assim também se esquecem de uma coisa importante: Jesus afirmou que, se não nos fizermos simples como crianças, não entraremos no Reino de Deus (ver Mt 18,3). Ora, ninguém pede a uma criança uma atenção total nem uma perfeição de “doutor em conversa”. O que se lhe pede é carinho, amor, e esse existe mesmo que a criança se distraia – não o faz por mal -, e se esqueça de coisas que acaba de ouvir.
Como é bonito o que dizia São Josemaria Escrivá: «Sei que te distrais na oração. – Procura evitar as distrações, mas não te preocupes se, apesar de tudo, continuas distraído. – Não vês como, na vida natural, até as crianças mais sossegadas se entretêm e divertem com o que as rodeia, sem atender muitas vezes às palavras de seu pai? – Isso não implica falta de amor nem de respeito; é a miséria e a pequenez própria do filho. – Pois olha: tu és uma criança diante de Deus» (“Caminho”, n. 890).
2º) O segundo perigo é o contrário: é a frieza, é o “calo” da alma, o mau costume de rezar por mera rotina. É isso o que fazem os que rezam mecanicamente, por puro hábito frio, sem empenho, sem consciência do que dizem, sem amor a Deus nem desejo de melhorar. Esses, como dizia Santa Teresa de Ávila, não fazem oração, por muito que mexam os lábios. «Esse falar às pressas, sem lugar para a reflexão – como diz São Josemaria – é ruído, chacoalhar de latas» (“Caminho”, n. 85).
O valor da boa vontade
O bom caminho da oração vocal evita tanto o perfeccionismo como a rotina mecânica. Então, o que é que Deus nos pede? Pede-nos as coisas de sempre:
1) Primeiro, amor: que saibamos esquecer-nos do nosso egoísmo (“gosto, não gosto de rezar agora; tenho vontade, não tenho vontade; isso de rezar quando estou cansado é um fardo, não é comigo…”). Santa Teresinha, mesmo em períodos de grave cansaço e dores de cabeça, não se dispensava do esforço por colocar amor na oração vocal: «Algumas vezes – dizia – , quando o meu espírito se encontra numa secura tão grande que me é impossível formar um só pensamento para unir-me a Deus, rezo muito devagar o Pai-nosso e depois a Ave-Maria. Assim rezadas, estas orações encantam-me e alimentam a minha alma…»;
2) Segundo, boa vontade (rezar do melhor modo possível, naquele momento previsto, ainda que esse “melhor modo” seja bastante imperfeito). Pense que Deus não precisa das nossas obras “perfeitas” – pois Ele pode dar-se a Si mesmo infinitas obras perfeitas-, mas do nosso amor, desse amor (o “teu” e o “meu”), que só nós lhe podemos dar.
Façamos, portanto, o propósito de valorizar, de praticar e de “cuidar” mais as orações vocais: as orações litúrgicas (Missa; para alguns, a Liturgia das Horas), as orações da manhã e da noite; as orações às refeições; o Terço; o Anjo do Senhor; e outras devoções sérias aprovadas pela Igreja (à Santíssima Trindade, ao Coração de Jesus, ao Espírito Santo…; e à Virgem e aos santos, que são intercessores nossos diante do Senhor). Com a ajuda de Deus, em outras meditações subsequentes refletiremos sobre o Rosário e algumas outras devoções.
Fonte: aqui

segunda-feira, 18 de janeiro de 2016

Um clássico para rezar depois de comungar

Uma das orações mais belas da Igreja, que transforma corações desde o século XIV
Prayer
Como católicos, temos a bênção de compartilhar uma herança de oração rica e vibrante, acumulada literalmente ao longo de milénios. Com o tempo, muitas destas orações que em algum momento foram pilares da nossa fé, acabaram sendo tristemente descuidadas ou simplesmente não ensinadas – por conseguinte, não rezadas – tão frequentemente quanto antes.
Uma dessas orações tem sua origem no século XIV: “Alma de Cristo”. Esta oração recorda a Paixão de Jesus e é frequentemente pronunciada pelas pessoas após receberem a Sagrada Comunhão.
Houve épocas em que ela era tão conhecida, que autores como Santo Inácio de Loyola nem sequer se preocuparam em reproduzi-la, supondo que todos a sabiam de memória.
Origem da oração
O autor de “Alma de Cristo” é desconhecido, mas muitos a atribuem ao Papa João XXII. Popularmente, assumiu-se que ela havia sido escrita por Santo Inácio de Loyola, dado que aparece no seu famoso livro “Exercícios Espirituais”.
De qualquer maneira, as primeiras versões impressas da oração podem ser encontradas em livros publicados mais de 100 anos antes do nascimento de Santo Inácio.
Uma redação similar pode ser encontrada em uma inscrição na entrada do “Alcázar de Sevilla”, um palácio real da Espanha, datada entre 1350-1369.
Alma de Cristo
É fácil entender por que Santo Inácio amava a “Alma de Cristo”. Esta oração tem imagens vivas que permitem a quem ora meditar na Paixão de Jesus e sua relação com o Senhor, enquanto referir-se ao Corpo de Sangue de Cristo a converte em uma oração ideal para depois de receber a Comunhão.
O nome “Anima Christi”, como é conhecida em muitos lugares, é em latim a primeira frase da oração “Alma de Cristo”.
Renove sua fé e sua intimidade com Deus:
Alma de Cristo, santificai-me.
Corpo de Cristo, salvai-me.
Sangue de Cristo, inebriai-me.
Água do lado de Cristo, lavai-me.
Paixão de Cristo, confortai-me.
Ó bom Jesus, ouvi-me.
Dentro das vossas chagas, escondei-me.
Não permitais que de Vós me separe de Vós .
Do espírito maligno, defendei-me.
Na hora da minha morte, chamai-me.
E mandai-me ir para Vós,
para que vos louve com os vossos santos,
por todos os séculos.

 Amen.

domingo, 17 de janeiro de 2016

Como alcançar indulgências plenárias no Ano da Misericórdia?

O que é a indulgência?
Conforme o ensinamento da Igreja Católica, “Indulgência é a remissão, diante de Deus, da pena temporal devida pelos pecados já perdoados quanto à culpa, que o fiel, devidamente disposto e em certas e determinadas condições, alcança por meio da Igreja, a qual, como dispensadora da redenção, distribui e aplica, com autoridade, o tesouro das satisfações de Cristo e dos Santos” (Constituição Apostólica Indulgentiarum Doctrina, 1967, Papa Paulo VI, Sobre a doutrina das indulgências, n.1).
Como alcançar indulgências plenárias no Ano da Misericórdia
Embora, no Sacramento da Penitência, a culpa do pecado seja perdoada, tirada e com ele o castigo eterno por motivo dos pecados mortais, ainda permanece a pena temporal exigida pela Justiça Divina, e essa exigência deve ser cumprida na vida presente ou depois da morte, isto é, no Purgatório. Uma indulgência oferece ao pecador penitente meios para cumprir essa dívida durante sua vida na terra ou oferecer pelas almas do Purgatório. O Catecismo da Igreja Católica afirma: “Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do Purgatório, a remissão das penas temporais, sequelas dos pecados” (CIC, 1498).

Como obter indulgências no Jubileu da Misericórdia?

“Para lucrar a indulgência plenária, além da repulsa de todo afeto a qualquer pecado, até venial, requerem-se a execução da obra enriquecida da indulgência e o cumprimento das três condições seguintes: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração nas intenções do Sumo Pontífice” (Normas,7-10).
Sendo o Ano Santo um período em que se enfatiza o perdão, a libertação e a misericórdia, a Igreja propõe, de modo especial, nessas ocasiões, as indulgências.
O Papa Francisco anunciou o Jubileu da Misericórdia, um Ano Santo Extraordinário, instituído por ele e que terá como centro a misericórdia de Deus. O Jubileu da Misericórdia é extraordinário, e seu início foi no dia oito de dezembro, dia da Imaculada Conceição. O encerramento do Ano Santo será no dia 20 de novembro de 2016: “Decidi convocar um Jubileu Extraordinário que tenha o seu centro na misericórdia de Deus. Será um Ano Santo da misericórdia”.

O que deve fazer um católico  para receber indulgências?

Segue o que o Papa Francisco diz:
“Para viver e obter a indulgência, os fiéis são chamados a realizar uma breve peregrinação rumo à Porta da Santa, aberta em cada catedral ou nas igrejas estabelecidas pelo bispo diocesano, e nas quatro Basílicas Papais, em Roma, como sinal do profundo desejo de verdadeira conversão. Estabeleço igualmente que se possa obter a indulgência nos santuários onde se abrir a Porta da Misericórdia e nas igrejas que, tradicionalmente, são identificadas como jubilares. É importante que esse momento esteja unido, em primeiro lugar, ao sacramento da reconciliação e à celebração da Santa Eucaristia, com uma reflexão sobre a misericórdia. Será necessário acompanhar essas celebrações com a profissão de fé e com a oração por mim e pelas intenções que trago no coração para o bem da Igreja e do mundo inteiro”.

sábado, 16 de janeiro de 2016

"A Igreja não pode calar a sua voz". Bispos preocupados com medidas do Governo

Medidas para Misericórdias e ensino privado preocupam Igreja Católica portuguesa.

Os bispos portugueses estão preocupados com as medidas que o Governo tomou relativamente às Misericórdias e ao ensino privado.
Em comunicado divulgado esta quinta-feira, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) “recorda que a solidariedade tem de ir a par com a subsidiariedade, devendo o Estado respeitar e apoiar todas as iniciativas da sociedade civil que comprovadamente respondem às necessidades de saúde, educação e outras e correspondem ao direito de livre escolha por parte dos cidadãos”.
Em causa está o facto de o Governo ter começado a travar o processo da passagem de alguns hospitais para as misericórdias e a possibilidade de os contratos de associação com as escolas privadas serem revistos.
No final desta reunião, o porta-voz da CEP, padre Manuel Barbosa, frisou que “não é uma questão de benefício ou privilégio, é uma questão de respeito pela liberdade de todos, pela democracia e pelo bem comum”.
Ressalvando “o respeito pelo poder” político, Manuel Barbosa lembrou “princípios que estão na própria Constituição”, “princípios e direitos adquiridos, neste caso concreto, o direito à liberdade de escolha”.
“A Igreja não pode calar a sua voz”, afirmou. Os bispos católicos não concordam “com algumas destas formas de proceder porque não respeitam nem a liberdade de escolha, nem o princípio da própria democracia, de respeito pelas várias instituições civis”.
Manuel Barbosa lembra que foi já provado que as instituições de solidariedade e as escolas privadas não saem mais caras ao Estado, o que faz com que a questão dos custos não possa servir de argumento para o Governo.
Fonte: aqui

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Subsidariedade

O princípio da subsidiariedade baseia-se no respeito da liberdade e na protecção da vitalidade dos corpos sociais intermédios (família, associações, entidades culturais, económicas, ONG's, e outras que são formadas espontaneamente no seio da sociedade). Não deve o Estado interferir no corpo social e na sociedade civil além do necessário. Por outro lado deve o Estado exercer atividade supletiva quando o corpo social, por si, não consegue ou não tem meios de promover determinada atividade, como também deve o Estado intervir para evitar situações de desequilíbrio e de injustiça social.
encíclica Quadragesimo anno de Pio XI

2º Domingo do Tempo Comum - Ano C

Leituras: aqui


quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

CENTRO PAROQUIAL SANTA HELENA DA CRUZ - TAROUCA. AS OBRAS CONTINUAM...









CENTRO PAROQUIAL SANTA HELENA DA CRUZ - TAROUCA.
As obras continuam.
Ajudem-nos a ajudar as obras do Centro!
Obrigado.

terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Jornal do Vaticano recorda David Bowie, o músico que nunca foi «banal»

 
O jornal do Vaticano recordou  o cantor britânico David Bowie que morreu este domingo, aos 69 anos, elogiando um artista “nunca banal”.
“Cinco décadas de música rock atravessadas por um rigor artístico que poderia parecer em contradição com a imagem ambígua utilizada, sobretudo no início da carreira, para atrair a atenção dos media”, refere o artigo que assinala o falecimento de Bowie.
A notícia sublinhar a “pessoalíssima sobriedade” do cantor como uma das suas heranças, numa carreira que incluiu incursões a outras formas artísticas e passou pela soul, glam rock , folk ou R&B, “criando algumas verdadeiras pérolas, como Heroes, um simples hino rock dedicado aos jovens de Berlim, ainda separada pelo muro”.
A conta oficial do Twitter de David Bowie refere que o músico “morreu pacificamente e rodeado da sua família, após uma corajosa batalha de 18 meses contra um cancro”.
Bowie tinha lançado esta sexta-feira, dia do seu 69.º aniversário, o álbum “Blackstar”, o 25.º da carreira.
Agência ecclesia

segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Oração para entender Deus

Um desabafo sincero em forma de prece, especialmente para quem está passando por dificuldades
man
Senhor,
confesso que muitas vezes não te entendo.
Muitas vezes, a paisagem dos meus dias
não é como a que eu gostaria de ver.
Tenho muitos medos, preocupações
e tristezas ao meu redor.

Uma e outra vez,
a alegrai se sente convidada a retirar-se
sem avisar para onde vai.
Como fazer para seguir em frente?

Eu te apresento minhas perguntas
que se transformam em queixas.
Por quê? Como? Por que comigo?

Às vezes deixo a esperança
do outro lado da porta.
Não te entendo, confesso.
É muito difícil, mas
 creio,
confio,
espero
e amo.

Mas tenho certeza
da única coisa que importa:
que Tu me amas,
que buscas o melhor para mim.

Dá-me a tua graça
para que eu permita que
Tu sejas o Deus da minha vida,
também nas dificuldades,
e que eu nunca me esqueça
de que sou teu filho amado.

Que minha vida não busque
somente entender-te,
mas viver o teu amor
em todos os momentos.
Amém.

domingo, 10 de janeiro de 2016

«Igreja não está no mundo para condenar», diz o Papa

Livro-entrevista centrado no tema da misericórdia
vai ser publicado esta terça-feira em 86 países
Um novo livro-entrevista do Papa vai ser publicado esta terça-feira, em 86 países, com o título ‘O nome de Deus é Misericórdia’, reforçando as posições de Francisco sobre a necessidade de uma Igreja de “portas abertas”.
“A Igreja não está no mundo para condenar, mas para permitir o encontro com o amor visceral que é a misericórdia de Deus”, refere, na entrevista ao vaticanista italiano Andrea Tornielli.
Num dos excertos da obra, divulgado pela Rádio Vaticano, Francisco diz que também o Papa é alguém com “necessidade da misericórdia de Deus” e revela ter uma “relação especial” com os presos.
“Cada vez que passo a porta de uma cadeia para uma celebração ou para uma visita, surge-me sempre este pensamento: porque eles e não eu?”, explica, acrescentando que não se sente “melhor” do que aqueles que estão à sua frente.
O Papa apresenta a sua visão sobre a missão da Igreja no mundo, sublinhando que quando “condena o pecado” o faz porque “deve dizer a verdade”.
Ao mesmo tempo, no entanto, “abraça o pecador que se reconhece como tal, aproxima-se dele, fala-lhe da misericórdia infinita de Deus”, à imagem de Jesus, que “perdoou mesmo os que o crucificaram”.
“Seguindo o Senhor, a Igreja é chamada a derramar a sua misericórdia sobre todos os que se reconhecem como pecadores, responsáveis pelo mal que fizeram, que sentem necessidade do perdão”, observou.
Em relação ao ano santo extraordinário que convocou, o Jubileu da Misericórdia (dezembro de 2015-novembro de 2016), Francisco espera que a iniciativa permita fazer emergir um rosto cada vez mais materno da Igreja.
O Papa convida as comunidades católicas a “sair das igrejas e das paróquias” para ir ao encontro das pessoas, onde elas vivem, “sofrem e esperam”.
“A Igreja em saída tem a caraterística de surgir no local onde se combate, não é a estrutura sólida, dotada de tudo”, mas um “hospital de campanha” no qual se pratica uma “medicina de urgência”.
Nesse sentido, deseja que o jubileu extraordinário “faça emergir cada vez mais o rosto de uma Igreja que redescobre as vísceras maternas da misericórdia e que vai ao encontro de tantos feridos necessitados de escuta, compaixão, perdão, amor”.
Após precisar que o pecado é diferente da “corrupção”, porque nesta não existe qualquer “arrependimento”, Francisco fala da “graça” da vergonha, porque permite ter a consciência das falhas e limites de cada um, diante de Deus.
Agência Ecclesia

sábado, 9 de janeiro de 2016

Oração para o Jubileu da Misericórdia ((Papa Francisco)




Senhor Jesus Cristo que nos ensinastes a ser misericordiosos como o Pai do Céu
e que dissestes quem te vê, vê também o Pai.

Mostra-nos o teu rosto e seremos salvos.

Teu olhar amoroso libertou Zaqueu e também Mateus da escravidão do dinheiro;

a adúltera e a Madalena de buscar a felicidade somente nas criaturas;

fez chorar a Pedro da sua negação, e deu o Paraíso ao Bom ladrão arrependido.

Faz que cada um de nós escute, como própria, a palavra que tu disseste á Samaritana:

Se tu conhecesses o dom de Deus!

Tu és o rosto visível do Pai invisível, do Deus que manifesta sua omnipotência sobre tudo no perdão e na misericórdia:

Faz que, no mundo a Igreja seja o rosto visível de Ti, seu Senhor ressuscitado e glorioso.

Tu quiseste também que os teus ministros fossem revestidos de debilidade,

para que sintam sincera compaixão dos que se encontram na ignorância ou no erro:

Faz com que quem se aproximar de um deles se sinta acolhido, amado e perdoado por Deus.

Manda teu Espírito e consagra-nos a todos com a sua unção, para que o Jubileu da Misericórdia seja um ano de graça do Senhor e tua Igreja possa, com renovado entusiasmo, levar a Boa Nova aos pobres,

proclamar a liberdade aos prisioneiros e  oprimidos
e restituir a vista aos cegos.
Te o pedimos por intercessão de Maria, Mãe da Misericórdia,
a ti que vives e reinas com o Pai e o Espírito Santo, pelos séculos dos séculos. Amen.

sexta-feira, 8 de janeiro de 2016

Francisco: obras de misericórdia são o coração da nossa fé

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As obras de misericórdia são o coração da nossa fé em Deus. Foi o que afirmou o Papa Francisco na missa da manhã desta quinta-feira (07) na Casa Santa Marta, a primeira após a pausa de Natal. Refletindo sobre a primeira Leitura, tirada da primeira Carta de São João Apóstolo, o Papa adverte que devemos nos proteger da mundanidade e daqueles espíritos que nos distanciam de Deus que se fez carne por nós.
“Permanecer em Deus”
O Papa Francisco desenvolveu a sua homilia, movendo-se a partir desta afirmação de São João Apóstolo na primeira leitura. “Permanecer em Deus – retomou – é um pouco o respiro da vida cristã, e o estilo”. Um cristão, disse ainda, “é aquele que permanece em Deus”, que “tem o Espírito Santo e se deixa guiar por Ele”. Ao mesmo tempo, lembrou Francisco, o Apóstolo adverte sobre professar a “fé a todo espírito”. Devemos, portanto, colocar à “prova os espíritos, testar se eles são realmente de Deus. E essa é a regra cotidiana de vida que nos ensina que João”.
Mas o que isso significa “testar os espíritos”. Não se trata de “fantasmas”, fez questão de frisar o Papa: trata-se de “provar”, ver “o que acontece em meu coração”, qual é a raiz “do que eu estou sentindo agora, de onde vem? Isso é testar para provar”: se o que eu sinto vem de Deus” ou vem do outro, “do anticristo”.
Discernir bem o que está acontecendo em nossa alma
A mundanidade, continuou, é precisamente “o espírito que nos afasta do Espírito de Deus que nos faz permanecer no Senhor”. Qual é então o critério para fazer um bom discernimento do que está acontecendo em minha alma”?, se pergunta o Papa. O Apóstolo João dá apenas um: “todo espírito que reconhece Jesus Cristo feito carne é de Deus; e todo espírito que não reconhece Jesus não é de Deus”:
“O critério é a Encarnação. Eu posso sentir tantas coisas dentro de mim, até mesmo coisas boas, boas ideias. Mas se essas boas ideias, esses sentimentos não me levam a Deus que se fez carne, não me levam ao próximo, ao irmão, não são de Deus. Por esta razão, João começa esta passagem de sua carta dizendo: ‘Este é o mandamento de Deus: que creiamos no nome de seu Filho Jesus Cristo e nos amemos uns aos outros’”.
As obras de misericórdia são o coração da nossa fé
Podemos fazer “muitos planos pastorais”, acrescentou, imaginar novos “métodos para chegar mais perto das pessoas”, mas “se não fizermos o caminho de Deus encarnado, do Filho de Deus que se fez homem para caminhar conosco, nós não estaremos na estrada do bom espírito: é o anticristo, é a mundanidade, é o espírito do mundo”:
“Quanta gente encontramos, na vida, que parece espiritual: ‘Mas que pessoa espiritual!, pensamos. Mas nem se fala de obras de misericórdia. Por que? Porque as obras de misericórdia são exatamente o concreto de nossa confissão que o Filho de Deus se fez carne: visitar os doentes, dar comida a quem não tem alimento, cuidar dos ‘descartados’… Obras de misericórdia.. por que? Porque cada nosso irmão, que devemos amar, é carne de Cristo. Deus se fez carne para se identificar conosco. E aquele que sofre… é Cristo que sofre”.
Se o espírito vem de Deus me conduz ao serviço aos outros
“Não professem fé a todo espírito, sejam atentos! – reiterou o Papa – ponham à prova os espíritos para testar se realmente provêm de Deus”. E sublinhou que “o serviço ao próximo, ao irmão e à irmã que precisam”, “precisa também de um conselho, que precisa de meus ouvidos para ser escutado”. Estes são “os sinais de que vamos no caminho do bom espírito, ou seja, no caminho do Verbo de Deus que se fez carne”.
“Peçamos ao Senhor, hoje, a graça de conhecer bem o que acontece em nosso coração, aquilo de que gostamos de fazer, o que nos toca mais: se é o espírito de Deus, que me conduz ao serviço aos outros, ou o espírito do mundo, que gira ao meu redor, dos meus fechamentos, dos meus egoísmos e de tantas outras coisas… Peçamos a graça de conhecer o que acontece em meu coração”.
Por Rádio Vaticano