quarta-feira, 30 de setembro de 2015

21 dicas para os Catequistas


Entre muitos pensamentos sobre catequese, perdidos em folhas soltas, organizo alguns e partilho. Fica a esperança de reavivar a memória a uns e de mostrar algo de novo a tantos outros.

1. Catequese é mais do que ensinar doutrina.

2. Seguir o método da «Experiência Humana, Palavra de Deus, Expressão de Fé» trata-se de bom senso. Especialmente em catequeses mais ao estilo de palestra.

3. «Se o rebanho é mau, a culpa é do pastor.» Ai o drama! Calma. É apenas para dizer que a mudança tem de começar por ti, em vez de estar sempre a descarregar nas ovelhas ou nas ervas do monte.

4. A capacidade de atenção de um adulto resume-se a 20 minutos, a atenção de uma criança a 3 minutos, e a de um adolescente a 2 segundos (piadinha… mas dá que pensar).

5. Sem acolhimento em condições, não te espantes que eles estejam muito irrequietos e faladores; e digo por experiência própria.

6. Catequese é mais do que uma atividade «fixe» extra-escolar.

7. Fazer um encontro fora das paredes da sala pode ser uma ótima experiência. Mas se estás à espera do tempo ideal, do sítio ideal, do grupo ideal… Espera sentadinho, está bem?

8. Interiorizar a palavra é mais do que explicar o sentido das coisas. Usa a retórica. Ajuda-os a encontrar eco junto da mensagem.

9. Se não consegues resumir o teu encontro numa única frase-chave, mais vale repensar tudo outra vez.

10. Uma fotografia, ou qualquer outra imagem, serve para te ajudar e não para te atrapalhar, distrair ou complicar.

11. Catequese é mais do que lições de moral e costumes.

12. Como diz a canção: se um catequizando desinteressado incomoda muita gente, dois catequizandos desinteressados incomodam muito mais! Conquista-os um a um e não desistas só porque achas que um deles «já não tem remédio».

13. Lá porque o guia do catecismo não se adapta ao teu grupo, não significa que deva ser descartado por completo. O mapa pode estar desactualizado, mas continua a se útil se te indicar o ponto A e o ponto B.

14. O planeamento serve para te ajudar e não para te cegar perante os imprevistos. Sempre que necessário, atreve-te a reformular o tópico e a abordagem, por favor.

15. Centra-te em ser simples e eficaz, deixa o floreado para as flores.

16. Catequese é mais do que espiritualidade barata.

17. Acompanhamento pessoal é poesia quando o catequista tem mais de 20 crianças/adolescentes à sua responsabilidade.

18. O exemplo da «catequese de Jesus» é para ser seguido. Caro catequista, estudá-Lo de forma mais científica não te vai fazer mal nenhum.

19. Agradar a gregos e troianos incapacita qualquer um de criar identidade de grupo ou de elaborar um trabalho coerente e responsável. Entendes? É que ninguém gosta de baratas tontas.

20. Quando tudo o resto estiver esquecido, lembra-te: sê autêntico!

21. Catequese é mais do que «catequista(s)+grupo».

Silvino Henriques - aqui

terça-feira, 29 de setembro de 2015

GASPTA NA FEIRA DE SÃO MIGUEL 2015

O GASPTA (Grupo de Acção Sócio-Caritativo da Paróquia de Tarouca) marcou presença na Feira de São Miguel/2015.
Como em anos anteriores, procuraram recriar, junto ao cruzeiro, a tenda de uma antiga vendedeira desta feira, com diversidade de produtos agrícolas e outros.
Além do valor histórico, sobressai o valor humano e cristão desta iniciativa. O dinheiro dos produtos em rifa vai reverter a favor do apoio aos mais necessitados da paróquia....
Por outro lado, é a Igreja que sai das igrejas e vem para a praça pública em gestos de acolhimento, serviço e solidariedade.
Parabéns aos elementos do GASPTA. Obrigado a quem colaborou.




segunda-feira, 28 de setembro de 2015

Um Papa no palco do mundo

Francisco multiplicou mensagens religiosas e políticas
sobre família, ecologia, migrações e solidariedade
Lusa
O Papa Francisco encerrou este domingo em Filadélfia a sua primeira viagem aos Estados Unidos da América, onde multiplicou gestos de apoio aos mais desfavorecidos e mensagens religiosas e políticas sobre família, ecologia, migrações e solidariedade.
A visita começou na terça-feira, em Washington, e o Papa discursou no dia seguinte, diante do presidente Barack Obama, na Casa Branca, onde chegou a bordo do famoso Fiat que foi uma das imagens de marca destes dias, tendo feito a primeira referência aos temas da liberdade religiosa e da crise ecológica, que viriam a ser recorrentes.
Francisco recordou por diversas ocasiões a responsabilidade moral dos EUA em temas como o aborto, as migrações ou o terrorismo.
Ainda na capital norte-americana, o Papa canonizou São Junípero Serra, franciscano do século XVIII que levou a mensagem cristã à Califórnia, recordando todos os que defenderam os direitos das populações indígenas.
Francisco foi o primeiro pontífice a discursar perante o Congresso, manifestando admiração pela história norte-americana antes de apelar ao fim da pena de morte, bem como a uma maior ação na luta contra a pobreza e em defesa do ambiente.
Apesar da barreira da linguagem – apenas quatro intervenções em inglês – e das evidentes limitações físicas, por causa dos problemas na ciática, Francisco ultrapassou distâncias e ganhou simpatias como 'o Papa do povo', com multidões a acompanharem as suas passagens por Nova Iorque e Filadélfia.
Na sede das Nações Unidas, onde foi o quinto a Papa a discursar até hoje, o pontífice argentino aproveitou o palco global para apresentar uma série de preocupações: a reforma da própria ONU e das organizações financeiras internacionais, a pobreza, a crise ambiental, a perseguição dos cristãos.
Em Filadélfia, cidade símbolo da independência dos EUA, o Papa apelou à defesa da liberdade religiosa e ao diálogo entre os vários credos para promover o respeito pelo ser humano.
A mesma preocupação tinha marcado a cerimónia inter-religiosa em memória das vítimas dos atentados do 11 de setembro, no ‘Groud Zero’.
Uma semana antes de dar início a uma nova assembleia do Sínodo dos Bispos, Francisco encontrou-se com milhares de famílias de todo o mundo e pediu aos responsáveis católicos um discurso mais positivo sobre os temas do matrimónio e da vida familiar.
Na Missa final deste evento, o Papa abriu os braços da Igreja a todos os que trabalham em favor da família, independentemente de raças ou credos.
Simbolicamente, o Papa encontrou-se com alunos imigrantes, sem-abrigo, presos e vítimas de abusos sexuais, a quem prometeu determinação.
A décima e mais longa viagem do pontificado, até ao momento, tinha começado no último dia 19, com uma visita de quatro dias a Cuba, mais centrada na comunidade católica, que passou por Havana, Holguín e Santiago.
 In agência ecclesia

domingo, 27 de setembro de 2015

FAMÍLIA, LUGAR DE PERDÃO


Não existe família perfeita.
Não temos pais perfeitos, não somos perfeitos, não nos casamos com uma pessoa perfeita nem temos filhos perfeitos.
Temos queixas uns dos outros.
Decepcionamos uns aos outros.
Por isso, não há casamento saudável nem família saudável sem o exercício do perdão.
O perdão é vital para nossa saúde emocional e sobrevivência espiritual.
Sem perdão a família torna-se uma arena de conflitos e um reduto de mágoas.
Sem perdão a família adoece.
O perdão é a assepsia da alma, a faxina da mente e a alforria do coração.
Quem não perdoa não tem paz na alma nem comunhão com Deus.
A mágoa é um veneno que intoxica e mata.
Guardar mágoa no coração é um gesto autodestrutivo.
Quem não perdoa adoece física, emocional e espiritualmente.
É por isso que a família precisa ser lugar de vida e não de morte; território de cura e não de adoecimento; palco de perdão e não de culpa.
O perdão traz alegria onde a mágoa produziu tristeza; cura, onde a mágoa causou doença.
 Papa Francisco

O GASPTA NA FEIRA DE SÃO MIGUEL

Feirinha do GASPTA na Feira de S. Miguel.
O Evangelho sai à rua e oferece-se sob o manto bendito da CARIDADE.
As simpáticas e acolhedoras pessoas que ali vão estar , fazem-no em absoluta gratuitidade para acolher quem quer ajudar os mais carenciados.
Passe pela feirinha do GASPTA! Compre umas  tantas coisas. Está a viver o Evangelho "numa boa"!


sábado, 26 de setembro de 2015

LECTIO DIVINA

A leitura orante da Bíblia, ou LECTIO DIVINA, é um alimento necessário para a nossa vida espiritual. A partir desta oração, conscientes do plano de Deus e sua vontade, podemos produzir os frutos espirituais em nossa vida.
A LECTIO DIVINA é deixar-se envolver pelo plano amoroso e libertador de Deus. Santa Teresinha do Menino Jesus dizia, em seu período de aridez espiritual, que quando os livros espirituais não lhe diziam mais nada, ela buscava no Evangelho o alimento da sua alma.

Como fazer a LECTIO DIVINA?

A LECTIO DIVINA tradicionalmente é uma oração individual, porém, podemos fazê-la em grupos. O importante é rezar com a Palavra de Deus lembrando o que dizem os bispos católicos no Concílio Vaticano II, relembrando a mais antiga tradição católica, que conhecer a Sagrada Escritura é conhecer o próprio Cristo. Os monges diziam que a LECTIO DIVINA é a escada espiritual dos monges, mas é também a de todo cristão!

Quais os passos da LECTIO DIVINA?

1) Oração inicial: Comece invocando o Espírito Santo, que nos faz conhecer e querer fazer a vontade de Deus. Reze, por exemplo, com a seguinte oração:
«Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor. - Enviai, Senhor, o vosso Espírito, e tudo será criado; e renovareis a face da terra. Ó Deus, que instruístes os corações dos vossos fiéis com as luzes do Espírito Santo, fazei que apreciemos retamente todas as coisas e gozemos sempre da sua consolação. Por Cristo Senhor nosso. Amém.»
2) Leitura da Palavra de Deus: Leia, com calma e atenção, um pequeno trecho da Bíblia (aconselhamos que nas primeiras vezes utilize-se os textos dos Evangelhos, por serem mais familiares a todos). Se for preciso, leia o texto quantas vezes forem necessárias.
Procure identificar as coisas importantes deste trecho da Bíblia: o ambiente, os personagens, os diálogos, as imagens usadas, as ações. Você conhece algum outro trecho que seja parecido com este que leu? É importante que você identifique tudo isto com calma e atenção, como se estivesse vendo a cena. É um momento para conhecer e reconhecer a Boa Notícia que este trecho nos traz!
3) Meditar a Palavra de Deus: É o momento de descobrir os valores e as mensagens espirituais da Palavra de Deus: é hora de saborear a Palavra de Deus e não apenas estudá-la. Você, diante de Deus, deve confrontar este trecho com a sua vida. Feche os olhos, isto pode ajudar. É preciso concentrar-se!
4) Rezar a Palavra de Deus: Toda boa meditação desemboca naturalmente na oração. É o momento de responder a Deus após havê-lo escutado. Esta oração é um momento muito pessoal que diz respeito apenas à pessoa e Deus. É um diálogo pessoal! Não se preocupe em preparar palavras, fale o que vai no coração depois da meditação: se for louvor, louve; se for pedido de perdão, peça perdão; se for necessidade de maior clareza, peça a luz divina; se for cansaço e aridez, peça os dons da fé e esperança. Enfim, os momentos anteriores, se feitos com atenção e vontade, determinarão esta oração da qual nasce o compromisso de estar com Deus e fazer a sua vontade.
5) Contemplar a Palavra: Desta etapa a pessoa não é dona. É um momento que pertence a Deus e sua presença misteriosa, sim, mas sempre presença. É um momento no qual se permanece em silêncio diante de Deus. Se ele o conduzirá à contemplação, louvado seja Deus! Se ele lhe dará apenas a tranqüilidade de uns momentos de paz e silêncio, louvado seja Deus! Se para você será um momento de esforço para ficar na presença de Deus, louvado seja Deus!
6) Conservar a Palavra de Deus na vida: Leve a Palavra de Deus e o fruto desta oração para a sua vida. Produza os frutos da Palavra de Deus semeada no seu coração, frutos como: paz, sorriso, decisão, caridade, bondade, etc... Não se preocupe se alguma coisa não for bem, um dos frutos da Palavra de Deus é a noção do erro e a conversão pela sua misericórdia. O importante é que a semente da Palavra de Deus produza frutos, se 30, 60 ou 100 por um... o importante é que produza, e que o Povo de Deus possa ser alimentado pelos testemunhos de fé, esperança e amor na vivência de um cristianismo sincero.
Termine com a oração do Pai Nosso, consciente de querer viver a mensagem do Reino de Deus e fazer a sua vontade.
Fonte: aqui

Catequese Paroquial 2015/16

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Os pais que NÃO exercem a sua autoridade...

Foi encontrado sem vida o Pe. Manuel João Amaral.



Tinha 30 anos!
Foi encontrado sem vida, na Residência Paroquial do Vilarouco o Pe. Manuel João Nogueira Amaral.
Natural de Penedono, nasceu a 14 de julho 1985 e foi ordenado sacerdote a 17 de julho de 2011.
Era Pároco de Nossa Senhora do Rosário de Vale de Figueira a Velha; de Santa Catarina de Valongo dos Azeites; São Bartolomeu de Vilarouco; e Santíssimo Salvador de Pereiros.
Era capelão  dos Bombeiros Voluntários de Penedono.
Pelo colega no sacerdócio e pelo colega capelão dos Bombeiros, vai a minha prece a Deus, Senhor da vida.
Que descanse no eterno acampamento de Deus e n'Ele seja feliz para sempre.
P. Carlos Lopes

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Festas de São Miguel: Ou quando o feriado municipal não coincide com a data do Padroeiro da Paróquia-Sede

29 de Setembro.
A Igreja celebra S. MIGUEL, S. GABRIEL e S. RAFAEL, Arcanjos.

No concelho de Tarouca tem  lugar o feriado municipal. Na maioria dos concelhos, o feriado municipal coincide com a festa do padroeiro da paróquia-sede. Neste caso, deveria ser São Pedro, que é o padroeiro da paróquia de Tarouca. Mas a tradição tem muita importância. E pronto, é São Miguel quem dá origem ao feriado municipal.
Não tem celebrações religiosas especiais, tirando a Eucaristia. É sobretudo uma feira, actualmente com menos gente, mas outrora muito concorrida. A Igreja estará aberta para que as pessoas possam venerar S. Miguel que, nesse dia, tem um espaço próprio.

Duas tradições culturais têm a ver com o S. Miguel: a marrã e o bazulaque. E tenho pena que, sobretudo o bazulaque, esteja a cair em desuso, já que é um prato típico tarouquense. Apelo aos tarouquenses que não deixem cair esta tradição culinária.
Apesar dos tempos serem outros, continua a haver muita gente que não dispensa uma ida às tendas para comer um fêvera. Dizem as pessoas que aí tem especial sabor. É a tal marrã.
Este ano, dada a campanha para as eleições legislativas, a feira poderá ter especial colorido. As várias forças concorrentes a  mostrarem-se.
Claro que este dia é precedido de várias manifestações no Centro Cívico, sobretudo de índole musical.

A marrã penso que tem a ver com o ciclo da carne. Em tempos que já lá vão, não havia a abundância que hoje há. O grande abastecimento de carne tinha a ver com a carne de porco, cujo início da matança coincidia com o ciclo das colheitas. Daí a festa e a alegria desta data. Significava a novidade da chegada da carne.
Penso também que o bazulaque tinha então a ver com os pobres. Não tinham dinheiro para comprar cabritos, cordeiros , etc. Então aproveitavam os "miúdos" destes animais que os mais ricos desperdiçavam. Nascia assim um prato popular que se tornou património de todos

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

O Papa e os jovens




O Papa Francisco, no encontro com os bispos portugueses, em Roma, na visita “Ad limina”, chamou a atenção para a “debandada da juventude” que, “na idade em que lhe é dado tomar as rédeas da vida nas suas mãos”, se afastam da Igreja.

Em Portugal, para além de se preocuparem com o abandono da prática religiosa, têm também de se interrogar sobre os inúmeros jovens, altamente qualificados, que estão a sair do país. Para além disso, sobretudo no interior, são cada vez mais as comunidades que quase não têm jovens nem crianças.

Em relação aos que sobram, faz todo o sentido refletir sobre as questões que o Papa propôs aos bispos portugueses, desafiando-os a encontrar formas de atrair os mais novos à Igreja. “A juventude deixa, porque assim o decide? Decide assim, porque não lhe interessa a oferta recebida? Não lhe interessa a oferta, porque não dá resposta às questões e interrogativos que hoje a inquietam? Não será simplesmente porque, há muito, deixou de lhe servir o vestido da Primeira Comunhão, e mudou-o? É possível que a comunidade cristã insista em vestir-lho?”

Para além de questionar as razões que levam os jovens a afastar-se da prática religiosa, o Papa alerta para que não sejam tratados como crianças. Não se pode pretender atraí-los para os domesticar, mas deve-se aproveitar o seu dinamismo para renovar e dinamizar as comunidades cristãs. Tem de se integrar a sua irreverência, o seu desejo de fazer diferente e a sua maneira própria de celebrar a fé. Que, muitas vezes, não se coaduna nem com as tradições, nem com os hábitos das gerações mais velhas.

Os jovens afastam-se pelas mais variadas razões, mas também por não encontrarem pessoas que os ajudem a descobrir a novidade e até a irreverência do Evangelho de Jesus Cristo. “Hoje a nossa proposta de Jesus não convence. Eu penso que, nos guiões preparados para os sucessivos anos de catequese, esteja bem apresentada a figura e a vida de Jesus; talvez mais difícil se torne encontrá-Lo no testemunho de vida do catequista e da comunidade inteira que o envia e sustenta”, disse o Papa aos bispos.

O desafio deixado pelo Papa, não se dirige só aos bispos, aos catequistas, mas a todos os cristãos adultos que se devem esforçar por dar um testemunho que cative e atraia a juventude.

(Texto publicado no Correio da Manhã de 18/09/2015), aqui

domingo, 20 de setembro de 2015

CONSELHO ECONÓMICO: convívio, reflexão e oração






Havia sido combinado entre todos para o 3º domingo de setembro. Por isso, teve lugar hoje o encontro dos comissários e suas famílias em Santa Helena.
Quase todos os comissários estiveram presentes. De todos nos recordámos com amizade.
Ao longo da manhã as pessoas foram chegando à Serra e o almoço foi sendo preparado. A refeição correu com simplicidade, naturalidade e espírito de amizade.
Após o cafezinho, os conselheiros reuniram para tratar de assuntos relativos ao seu pelouro de acção (obras e situação económica), analisaram situações pendentes e projetaram atividades.
CENTRO PAROQUIAL
Estiveram sobre a messa e foram analisadas questões como o aquecimento do edifício, o tipo de pavimenta a utilizar, a questão dos envidraçados, o isolamento da placa, o teto falso, os muros que limitam o espaço, informações relativas aos gastos e ofertas para a obra....
Saíram propostas aprovadas pelos presentes para serem apresentadas ao responsável técnico pela obra.
Nestas coisas, e ainda mais tratando-se de um obra que é de todos, a decisão ténica tem que prevalecer.
SANTA HELENA
Em relação à festa de Santa Helena, foi opinião geral que tudo correu bem, tanto a novena como a festa.
Também as contas da última festa de Santa Helena foram dadas a conhecer.  A receita desta ano foi inferior à do ano passado em 1400 euros!
Foi recordada a promessa feita no dia da festa. Para o ano, as pessoas que transportarem as alfaias sagradas e os andores ficarão à sombra durante a Eucaristia.
IGREJA PAROQUIAL
"Não se pode ter Sol na eira e chuva no naval."  A nossa belíssima Igreja Matriz está a precisar de obras de restauro no sei interior. Mas enquanto decorreram os trabalhos de construção do Centro Paroquial, que "come" tudo e mais alguma coisa, tem que aguardar. Não pode ser por muito tempo, mas terá que esperar um bocadinho.
A iluminação é que tem que ser já substituída. Além de absoleta, tem custos muito elevados. Pensa-se que o que se vai gastar na sua substituição possa ser reembolsado num ano com a poupança na luz.
PASSEIO
Enquanto os comissários reuniam,  as suas famílias, continuaram o convívio e passearam pela Serra, que o tempo estava ótimo. A Serra, nestas ocasiões, é o melhor remédio para o corpo e para o espírito.
ORAÇÃO
Era o 3º domingo do mês, dia de Missam Santa Helena que teve lugar após a recitação do terço.
O Evangelho convidou-nos a acolher a sabedoria de Deus que se revela no serviço. O mais importante só pode ser o que melhor serve.
SER CONSELHO ECONÓMICO
Ser conselho económico não é só a mesma coisa que ser direcção de uma associação qualquer. É preciso ter em conta os valores do Evangelho e as orientações da Igreja.
Foi muito agradável este encontro de voluntários e suas famílias. É que nestes convívios, estreitam-se laços de amizade, compreensão, aprofundamento do mútuo conhecimento e fortalece-se a vontade de ir sempre mais além.

sábado, 19 de setembro de 2015

Papa Francisco a caminho de Cuba "como missionário da misericórdia"

O Papa no avião que o vai levar a Cuba


Veja aqui

Valverde celebra Nossa Senhora das Dores e Santa Tecla




Noite de 18 de Setembro, porque no dia 15 o temporal impediu a festa.
 Valverde celebra a  Senhora das Dores.
Após a procissão de velas, com os andores da Senhora das Dores e de Santa Tecla, que se iniciou na capela, teve lugar a Eucaristia celebrada junto ao nicho de Nossa Senhora das Dores e animada coralmente por pessoas de Valverde, que também proclamaram a Palavra de Deus. Após a Missa, seguiu-se a procissão de regresso à capela.
Muita gente na procissão e na Missa. Silêncio e postura de fé, numa noite serena de quase Outono.
As criancinhas caminharam à frente da procissão, oferecendo um ar de paz, inocência e esperança à caminhada na fé.
Falou-se de Maria. Das suas dores. Das dores de seu Filho. Das Dores dos seus filhos, que somos nós.
Que a graça e o amor de Cristo que Maria nos Deus e para o Qual nos chama, inundem de paz o nosso coração como o tempo sereno inundou a nossa presença.. Que Santa Tecla, apóstola do início da Igreja, encha os nossos passos de Cristo.
Parabéns à comissão, às pessoas que deram o seu donativo e colaboração.
Parabéns às pessoas que marcaram presença.

quinta-feira, 17 de setembro de 2015

20/09/2015 - 25º Domingo do Tempo Comum - Ano B

Leituras:aqui

Ok, eu sei o que é um sacramento. Mas o que é um “sacramental”?

Com certeza já usou muitos sacramentais. Alguns talvez façam parte da sua rotina. E é possível que haja vários guardados na sua casa, sabia?
https://www.flickr.com/photos/ashleyrosex/4129765971
Os sacramentais têm grande valor de santificação e consagração, pois, por meio deles, Deus derrama sobre o homem suas bênçãos. Cremos que é da vontade do Senhor nos abençoar por intermédio da Igreja, e abençoar nossas casas, nossos corpos, nossos objetos. E onde existe a bênção de Deus, o demônio não pode tocar.
Ao entrar em uma igreja, impulsionado pela fé e pela beleza do ambiente que o cerca, o fiel católico se ajoelha diante do Sacrário, faz o Sinal da Cruz, molhando ou não a ponta dos dedos na água abençoada pelo sacerdote, repete uma a oração tradicional da Igreja, como o Pai-Nosso… E possivelmente nem sempre se tenha a noção exata de cada um destes atos. São os sacramentais.
Os Sacramentais estão bem perto, ao nosso alcance, e são de grande benefício espiritual, como pequenos canais de comunhão com o Santo Criador. A palavra Sacramental significa “semelhante a um Sacramento”, mas há grandes diferenças entre uma coisa e outra. Os Sacramentos (Batismo, Crisma, Eucaristia, Confissão, Unção dos enfermos, Ordem e Matrimônio) foram instituídos diretamente por Jesus Cristo para conferir a Graça santificante que apaga o Pecado e fortalece nossas almas, preparando-nos para a vida eterna no Céu. Já os Sacramentais não conferem a Graça à maneira dos Sacramentos, mas são como que vias para ela, e como tal ajudam a santificar as diferentes circunstâncias da vida humana. Os Sacramentais despertam no cristão sentimentos de amor santo e de fé. Diz o Catecismo da Igreja Católica (§1670-1667):
«Os Sacramentais (…) oferecem aos fiéis bem dispostos a possibilidade de santificarem quase todos os acontecimentos da vida por meio da Graça divina que deriva do Mistério Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo. (…) A Santa Mãe Igreja instituiu também os sacramentais. Estes são sinais sagrados por meio dos quais, imitando de algum modo os sacramentos, se significam e se obtêm, pela oração da Igreja, efeitos principalmente de ordem espiritual. Por meio deles, dispõem-se os homens para a recepção do principal efeito dos sacramentos e são santificadas as várias circunstâncias da vida.»1 (II Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum Concilium, 60: AAS 56 (1964) 116: cf. CIC can. 1166; CCEO can. 867)
Os Sacramentais produzem seu efeito, no dizer teológico, Ex opere operantis (pela ação daquele que opera), isto é, depende da boa disposição dos que os operam. Assim, para que haja um frutuoso efeito das graças dos Sacramentais, são necessárias nossa plena consciência e boa disposição ao recebê-los (o amor, a fé, o respeito e reverência, a reta intenção, o espírito de adoração, o comprometimento interno…).
Os sacramentais nos preparam para receber e cooperar com as graças que Deus nos concede. São, por si mesmos, – como o próprio nome indica, – atos fugazes e transitórios e, não permanentes, como no caso dos Sacramentos.
Quais são os Sacramentais?
Os Sacramentos da Igreja, como sabemos e vimos, são sete. Já os Sacramentais são numerosos, sendo que muitos teólogos os classificam em seis grupos:
Orans: basicamente são as orações que se costuma rezar publicamente na Igreja, como o Pai Nosso e as Ladainhas.
Tinctus: o uso da água benta e certas unções que se usam na administração de alguns Sacramentos e que não pertencem à sua essência.
Edens: indica o uso do pão bento ou outros alimentos santificados pela bênção de um Sacerdote.
Confessus: quando se reza o Confiteor, individual ou publicamente, para pedir perdão a Nosso Senhor por nossos pecados e falhas, das quais já não nos lembramos mais. Cremos que Deus, já neste ato, nos cumula de graças2.
Dans: esmolas ou doações, espirituais ou corporais, bem como os atos de misericórdia prescritos pela Igreja. – Acima das esmolas que possamos dar, está o bem espiritual que possamos fazer ao próximo. Além desse ato ser um Sacramental, adquirimos uma série de méritos pela caridade fraterna e pelas outras virtudes que a acompanham.
Benedicens: as bênçãos que dão o Papa, os Bispos e os sacerdotes; os exorcismos; a bênção de reis, abades ou virgens e, em geral, todas as bênçãos sobre coisas santas.
Certos objetos bentos de devoção, como medalhas, velas e escapulários, também são considerados Sacramentais: o Crucifixo, a Medalha de Nossa Senhora das Graças e a Medalha de São Bento estão entre os maiores exemplos, sendo fundamental entender que não são “talismãs” nem “amuletos da sorte”, e sim sinais visíveis de nossa fé. Não agem automaticamente contra as adversidades, como se tivessem “poderes mágicos”, mas são como recursos auxiliares para nos unir ainda mais a Nosso Senhor e devem nos estimular no progresso da fé.
No caso do crucifixo, em sua forma clássica ou na versão de São Damião, representam nossa fé na palavra do Cristo, que diz que todo aquele que quiser segui-lo deve carregar a sua própria cruz. Sabemos muito bem que a cruz que devemos carregar não é esta pequena peça que trazemos ao pescoço, pendendo de um cordão ou de uma correntinha, mas é uma maneira de nos lembrarmos sempre disso, além de funcionar como uma espécie de testemunho de nossa fé.
Quantas graças, quantas dádivas da Santa Igreja à nossa disposição!
Efeitos dos Sacramentais
Os efeitos que produzem ou podem produzir os Sacramentais dignamente recebidos são muitos. Em geral:
• Obtêm graças atuais (temporais), com especial eficácia, pela intervenção da Igreja (ex opere operandis Ecclesiae).
Perdoam os pecados veniais por via de impetração, enquanto que, pelas boas obras que fazem praticar e pela virtude das orações da Igreja, excitam-nos aos sentimentos de contrição e atos de caridade.
• Às vezes, perdoam toda pena temporal dos pecados passados, em virtude das indulgências que costumam acompanhar o uso dos Sacramentais.
• Obtêm-nos graças temporais, se convenientes para nossa salvação. Por exemplo, a restauração da saúde corporal, a proteção numa viagem perigosa, etc.
“Não há uso honesto das coisas materiais que não possa ser dirigido à santificação dos homens e o louvor a Deus.”(II Concílio do Vaticano, Const. Sacrosanctum Concilium, 61: AAS 56 (1964) 116-117)
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1. O Confietor (‘Confesso’) é uma oração penitencial que tem origem nos primórdios do Cristianismo e em que nós, reconhecidos dos nossos pecados, buscamos a misericórdia e o perdão de Deus. O texto abaixo é a forma completa da oração, introduzida no rito da Missa no século XI. Na Missa atual é rezada uma versão abreviada, mantendo-se o costume tradicional de se bater no peito ao se recitar “minha culpa, minha tão grande culpa” (na versão abreviada) em sinal de humildade.
Confiteor Deo omnipotenti, beatae Mariae semper Virgini, beato Michaeli Archangelo, beato Ioanni Baptistae, sanctis Apostolis Petro et Paulo, et omnibus Sanctis, quia peccavi nimis cogitatione, verbo et opere: mea culpa, mea culpa, mea maxima culpa. Ideo precor beatam Mariam semper Virginem, beatum Michaelem Archangelum, beatum Ioannem Baptistam, sanctos Apostolos Petrum et Paulum, et omnes Sanctos, orare pro me ad Dominum Deum nostrum. Amen.
Tradução: Confesso a Deus Todo-poderoso, à bem-aventurada sempre Virgem Maria, ao bem-aventurado Miguel Arcanjo, ao bem-aventurado João Batista, aos santos Apóstolos Pedro e Paulo, e a todos os santos, que pequei muitas vezes por pensamentos, palavras e ações, por minha culpa, minha culpa, minha máxima culpa. Por isso, peço à bem-aventurada sempre Virgem Maria, ao bem-aventurado Miguel Arcanjo, ao bem-aventurado João Batista, aos santos Apóstolos Pedro e Paulo, e a todos os santos, que oreis por mim a Deus, Nosso Senhor. Amém.
Fonte: aqui

quarta-feira, 16 de setembro de 2015

Igreja e poder político


A relação entre a Igreja Católica e o poder político é sempre uma relação complexa. Quando se aborda esta problemática em Portugal, a atenção fixa-se, segundo uns, no tempo do Estado Novo, e, para outros, na I República. No Estado Novo, diz-se recorrentemente que o relacionamento era próximo, apontando-se mesmo cumplicidade e conivência ou até a cooperação na génese do regime ditatorial; na I República, destaca-se a separação entre a Igreja e o Estado, enquanto medida tomada unilateralmente e acompanhada de leis e atos considerados inimigos da Igreja e da religião em geral (leis do registo civil, do casamento civil, do divórcio; perseguição clero; confisco de bens eclesiásticos, extinção das ordens religiosas, encerramento de templos…).

A situação, longe de ser exclusiva de Portugal e da contemporaneidade, torna-se constante e nada a preto e branco, mas bem complexa.

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Os cristãos começaram por criar e sofrer o impacto com a religião e costumes judaicos. Porque, na esteira do mestre e fundador, que, Filho de Deus, anunciou o Reino, punham em causa as tradições judaicas, foram objeto de perseguição da parte das autoridades político-religiosas. E, como, à semelhança de Cristo, consideravam o poder humano como um não absoluto, pondo em questão a autoridade imperial, ganhavam a crescente hostilidade dos representantes de Roma.

Foi com a perseguição em massa na área territorial dos judeus que a fuga para outras paragens levou à difusão do cristianismo. Mas aí embateram com alguma da filosofia grega, que rejeitava in limine e chacoteava a doutrina da ressurreição dos mortos e achava absurda a conceção de um Deus Criador, além da forte tendência para o hedonismo com a fruição total do momento presente. Da primeva postura de abjuramento da filosofia grega, os pensadores cristãos, sobretudo a partir de Justino, começaram a fazer a aproximação entre uma certa filosofia grega (a da profundidade do pensamento) e os dados fundamentais do cristianismo, culminando com a aproximação feita por Santo Agostinho relativamente a Platão e, já na Idade Média, a feita por São Tomás de Aquino Relativamente a Aristóteles.

Chegados à sede do império romano, os cristãos começaram por beneficiar da tolerância romana, a da aceitação das outras religiões, e do direito de associação, desde que não pusessem em causa as instituições religiosas do Império, com o seu plurinominal politeísmo, que incluía à boa maneira ateniense o Ignotus Deus (o Deus desconhecido), e reconhecessem a divindade do Imperador. Ora, é aqui que a questão eclode. Os cristãos professavam a fé num único Deus, o Deus de Jesus Cristo, que incarnou e nasceu de uma mulher, morreu e ressuscitou e, em seu nome, se prega a salvação dos homens. Em face desta profissão de fé e do consequente culto de adoração ao único Senhor, tinha de cessar qualquer outra confissão de fé e qualquer outro culto. Por outro lado, a doutrina cristã não era neutra em relação à organização social, económica e política.

Iam, assim, dando azo à perseguição ao recusar imolar carnes aos deuses romanos e a queimar incenso diante do divino Imperador ou das suas imagens e insígnias. O não reconhecimento da divindade imperial valeu-lhes o apelido de ateus; tratarem-se por irmãos, de acordo com o dinamismo da fraternidade cristã, aliado ao facto de os homens tomarem as mulheres por esposas mereceu-lhes a acusação de incestuosos; o culto à imagem de Cristo (descoberto pelos esbirros imperiais no ambiente catacumbal) levou ao tratamento de idólatras; e a descoberta da comunhão em que eles diziam comer o corpo de Cristo e beber o seu sangue deu ensejo ao labéu de antropófagos. Por outro lado, a contestação sistemática aos desmandos e atrocidades imperiais e a pregação da fraternidade e da partilha de bens, com a consequente hostilização da escravatura, pareciam pôr em causa a ordem estabelecida. E, vai daí, a onda persecutória passou a basear-se também na teoria da conspiração: e os cristãos acabaram por ser acusados de abertura à destruição do império com o acolhimento da barbárie e com o incêndio da cidade de Roma.

***

Entretanto, em 313, o édito de Milão ou édito da Tolerância, emitido pelo tetrarca ocidental Constantino I e pelo tetrarca oriental Licínio, declarava a neutralidade do Império Romano em relação a qualquer credo religioso, acabando oficialmente com as perseguições, especialmente ao cristianismo. A aplicação do édito acarretou a devolução dos lugares de culto e as propriedades que tinham sido confiscadas aos cristãos e vendidas em hasta pública. O cristianismo e as outras religiões ganharam o estatuto de legitimidade, comparável com o paganismo, o qual ficou desestabelecido como a religião oficial do império romano e dos seus exércitos. Em breve, na tentativa de consolidar a totalidade do Império sob o seu domínio, Licínio marchou contra Constantino I e, como parte do seu esforço de ganhar a lealdade do exército, dispensou o exército e o serviço civil da política de tolerância do Édito de Milão, permitindo a expulsão dos cristãos, tendo alguns perdido as propriedades e outros a vida. Mas, por volta de 324, Constantino ganhou o domínio de todo o Império e ordenou a execução de Licínio, por traição.

Se o édito de Milão deu a paz à Igreja (Alguns até dizem que é necessário limpar todo o pó acumulado na “cadeira” desde Constantino!), nem por isso ela ficou inteiramente livre. Constantino, apesar das inúmeras benfeitorias, nunca deixou de exercer a sua superior tutela e a consequente vigilância sobre a Igreja. O maior sintoma dessa tutela foi a prerrogativa por si assumida de convocar o concílio de Niceia e de nele participar pessoalmente como bispo de fora (como se autointitulava). Não se intrometendo na estrita discussão teológica, não deixava de condicionar fortemente a discussão das matérias disciplinares cujas opções poderiam esbarrar contra os interesses do Império.

Depois, em 380, Teodósio estabeleceu, pelo édito de Tessalónica, que o cristianismo se tornaria, exclusivamente, a religião de estado no Império Romano, abolindo assim todas as práticas politeístas dentro do império e fechando os templos pagãos. Porém, esta oficialização do cristianismo como religião do Império, segundo consta, não foi por benevolência para com a Igreja, mas com a finalidade de preservar a unidade do Império (objetivo que se manteve por pouco tempo), ameaçada pelas consequências das desordens do tempo de Diocleciano. E, como máxima autoridade, Teodósio, que manteve todas as prerrogativas avocadas por Constantino I, incluiu o sacerdócio no quadro dos funcionários públicos, o que na prática os situava sob a sua autoridade. Convocou o I Concílio de Constantinopla para conciliar a ortodoxia cristã com os simpatizantes do arianismo e tratar a problemática da heresia macedónica. Porém, as teses arianas foram recusadas, foi confirmado o credo de Niceia e, posteriormente, foi emitido um édito imperial a dar caráter legal às conclusões do concílio. Sintoma do clima de tensão foi a excomunhão lançada sobre o imperador por Santo Ambrósio após a revolta e posterior matança em Tessalónica, onde teriam sido mortas cerca de seis mil pessoas.

Para aferirmos da ambiguidade da relação Igreja-Império nos anos subsequentes, pode ler-se o livrinho Os Padres da Igreja – de Clemente Romano a Santo Agostinho, de Bento XVI (Portugália Editora: 2008). Aí se vê como os imperadores votaram frequentemente ao exílio os inúmeros bispos e presbíteros que travavam a forte luta contra a heresia ariana, que se espalhava por todo o território imperial sob a égide do poder político ou que acusavam a imoralidade, a prepotência e o esbanjamento da corte. O próprio imperador Juliano, considerado o apóstata, que foi educado no cristianismo, cedo abraçou o arianismo com o fito de unificar o Império e restabelecer o paganismo.

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A Idade Média europeia é conotada com a preponderância da Igreja e a jugulação do poder secular por ela. Todavia, as coisas nem sempre são como parecem. A título de exemplo, podem referir-se a questão das investiduras – o conflito mais significativo entre a Igreja e o Estado, que consistiu na luta dos papas contra a intromissão das monarquias europeias nas  nomeações de bispos e abades – e a extinção dos templários, por Clemente V, a instâncias do rei Filipe, o Belo, que havia solicitado a sua entrada na Ordem, mas que não foi aceite por se recusar à abdicar de sua riquezas e poderes.

Outros casos há que assinalar, também a título de exemplo. A revolução francesa, em 1789, que resultou de um movimento geral que teve a simpatia de algum clero, acabou por perseguir a religião católica, substituindo no trono do altar-mor de Notre Dame a estátua da Virgem pela da deusa Razão. Não obstante, os padres que juraram a constituição civil do clero não tiveram problemas específicos. Depois, Napoleão Bonaparte, o cônsul que se tornou imperador, compreendeu que era necessário para França  o retorno seguro à religião e a restruturação da mesma. Assim, em 1802, concertou com o Papa uma Concordata, prejudicial aos Estados Pontifícios, mercê dos famigerados artigos orgânicos. E, em 1804, Pio VII foi ‘convidado’ a coroar Napoleão Imperador dos Franceses. Mas, soberbamente, Napoleão autocoroou-se na presença do Pontífice, que viajara até Paris na esperança de apagar os vestígios da impiedade revolucionária. Porém, a soberba e a ironia de Napoleão não conheciam limites. Pretendendo dominar a Igreja Católica como o fez com outros países, nomeou bispos, obrigou religiosos a jurarem fidelidade à coroa e pretendeu manipular o próprio Papa, levando-o à aderir à sua política de alianças e de guerras. Ante a natural recusa de Pio VII, Napoleão ocupou os Estados Pontifícios, prendeu Pio VII e o seu secretário, o hábil cardeal Consalvi. O Papa esteve aprisionado sucessivamente em Savona e depois em Fontainebleau, só podendo regressar a Roma em 1814. 

Se Napoleão, o campo civil, publicou o código napoleónico a que a Europa (com exceção da Inglaterra) se submeteu, no âmbito religioso, proclamou o catecismo imperial. E o napoleonismo religioso perdura na velha Igreja galicana, dita católica, mas independente de Roma.

Também, apesar do ateísmo militante da ex-URSS, a Igreja Ortodoxa Russa vivia em relativa paz com o poder político, o que não acontecia com a Igreja Católica, uma Igreja do silêncio. Algo parecido se passa com a relação entre a Igreja Nacional Chinesa e o Estado, de relativa paz e cooperação, mas de hostilidade à Igreja Católica, pela sua ligação com Roma.

É certo e sabido que hoje, como ontem, em Estados de regime ditatorial, à esquerda extrema ou à direita extrema (as esquerdas e direitas moderadas vão tolerando, ora em cooperação, ora em tensão), e em Estados de feição teocrática, os cristãos (e não só) são escarnecidos e perseguidos, os templos são encerrados, o culto é proibido ou limitado, os bens são confiscados, o martírio marca presença evidente.

***

Não há dúvidas de que, na sequência dos sofrimentos infligidos anteriormente aos católicos (com exceção dos padres que aderiram à constituição civil do clero), a voz dos pastores se manteve quase calada nos alvores do regime surgido após o movimento de 28 de Maio de 1926. Contudo não é de ignorar o ambiente geral de sobressalto por que passou a sociedade portuguesa durante a I República em que os governos se sucediam meteoricamente, Portugal participou na Grande Guerra, mesmo contra a opinião avisada de pessoas ligadas ao regime, entre as quais o republicano Aquilino Ribeiro, e a onda de jacobinismo vergastou inúmeras figuras do clero, criando a ideia de pretenso antagonismo entre republicanismo e catolicismo e dificultando a ação religiosa e social de pessoas e organizações.

Algo de parecido se passara com a revolução liberal em que a sociedade e se estremou: de um lado os absolutistas, de conotação religiosa católica; do outro, os liberais, de feição antirreligiosa, eivados do ideário da revolução francesa.

Tão pertinente é este apontamento – a recordar as aludidas e tumultuosas, embora agora tida por benéficas, leis de separação da Igreja e do Estado, de Família, do Registo Civil ou as abusivas e iníquas atitudes de silenciamento ou expulsão das Ordens Religiosas e esbulhamento de bens eclesiásticos – que alguns autores da revolução abrilina, evocando sensata e claramente a má e excrescente experiência da I República em torno da questão religiosa, achavam e declararam que tais problemas não deviam colocar-se ao regime democrático. 

Todavia, as perplexidades de antanho estão longe de se circunscreverem ao mundo católico. Os militares, o professorado, os titulares de profissões liberais e muitos políticos que mais tarde olharam de soslaio e com repugnância para o regime, estiveram desse lado, nele cresceram e dele obtiveram dividendos, até que ventos novos deram lucidez, ânimo e coragem – nem sempre pelos melhores motivos. 

Quanto aos membros do clero, é preciso reconhecer que, embora a maior parte se movesse bastante à vontade nos meandros do então novo regime, nunca beneficiaram de um estatuto económico compatível com as suas funções, muito menos na dependência do Estado, como acontece, por exemplo, na Espanha e na Alemanha. A Concordata celebrada entre a República Portuguesa e a Santa Sé, em 1940, bastante dificultada por Oliveira Salazar, longe de oferecer vantagens significativas aos titulares eclesiásticos, acautelava benefícios coletivos e facilitava procedimentos que visavam os cidadãos enquanto objeto da ação da Igreja e abriu caminho à legislação reguladora da existência, personalidade e atividade de futuras associações e fundações. Todavia, à sua luz, a nomeação dos bispos diocesanos, dependia do visto prévio do competente membro do governo a uma lista de três clérigos enquanto possíveis candidatos. Sem esquecer os casos em que figuras preponderantes da Igreja levantaram episodicamente a voz corajosa contra a ditadura em si mesma e suas consequências ao nível do estrangulamento das liberdades de pensamento, expressão, reunião e intervenção política ou da prolongada e abusiva colonização – entre os quais se contam D. António Ferreira Gomes, D. Sebastião Soares de Resende, D. Moisés Alves de Pinho, D. Manuel Vieira Pinto, Padre Abel Varzim e outros – é de inteira justiça sublinhar que muitas das vozes da Igreja nunca deixaram de emparceirar, ainda que a seu modo, com aqueles que denunciavam os abusos, os estrangulamentos e as prepotências regiminais. Nem se podem ocultar factos como a não restituição dos bens eclesiásticos, o que deu sérias discussões entre o bispo de Viseu e o ministro respetivo; a subsidiação da construção ou reparação de templos, a critério discricionário do ministro ou do chefe do governo; a tentativa gorada de apropriação da jornada da juventude católica pela Mocidade Portuguesa, no 3.º quartel do século passado; a retaliação do governo por atitudes da Ação Católica ou da Santa Sé contrariantes das vontades governamentais; e, a título de exemplo, o modo como o Patriarca António Ribeiro, antes vetado para Bispo da Beira, conduziu a diocese patriarcal de Lisboa da convivência já turbulenta com o canto do cisne do Estado Novo para a dos alvores do regime resultante da revolução abrilina. 

E sobretudo será temerário afirmar, por injusto, que as altas figuras da hierarquia tenham sancionado, com prévio ou concomitante conhecimento, aquelas atrocidades atribuíveis aos corifeus e servidores do Estado Novo. O próprio cardeal Cerejeira advertiu, por várias vezes, o Chefe do Governo para excessos cometidos pela polícia do regime.

Mas se, após o 25 de Abril, a hierarquia foi levantando a sua voz, apontando caminhos, denunciando desvios, quase sempre numa ótica de esperança que promana do Evangelho, sucede que, de vez em quando, o silêncio parece ser o “eclesiasticamente correto”. De certeza que não será por nada haver a dizer. Sempre que o desespero, a falta de esperança, o pessimismo e a incerteza invadam os ânimos dos cidadãos, sobretudo dos mais desprotegidos, a hierarquia da Igreja, cujos altos titulares deixaram há muito de ser visados previamente pelo poder político, não pode deixar de dar voz e vez às pessoas que as não têm. Se ela o não fizer, quem o fará? 

Correr-se-ão riscos, na certa, mas valerá a pena. E são de saudar posições equilibradas e ousadas de muitos, por exemplo, do bispo das forças armadas e de segurança – tanto o atual (de que o MDN parece não gostar e a quem terá criado dificuldades) como o anterior – do arcebispo de Braga, do bispo do Porto, do bispo de Leiria-Fátima e dos bispos e padres (e outros cristãos de peso) mais ligados à problemática social.

Que não se lhes tolde o pensamento nem obscureça o coração e não lhes doa a língua nem se lhes enferruje a pena, que o poder político tem os “seus” objetivos!

2015.09.01 – Louro de Carvalho

terça-feira, 15 de setembro de 2015

15 DE SETEMBRO: FESTA DE NOSSA SENHORA DAS DORES



Estava a Mãe dolorosa,
Junto da cruz, lacrimosa,...
Enquanto Jesus sofria.



Uma longa e fria espada,
Nessa hora atribulada,
O seu coração feria.


Ao olhar o Filho Amado,
De pés e braços pregado,
Sangrando das cinco chagas.


Oh quão triste e quão aflita
Padecia a Mãe bendita
Entre blasfémias e pragas.


Quem é que não choraria
Ao ver a Virgem Maria
Rasgada em seu coração?


Sem poder, em tal momento
Conter as fúrias do vento
E os ódios da multidão!


Firme e heróica no seu posto
Viu Jesus pendendo o rosto
Soltar o alento final.


Ó Cristo, por vossa Mâe
Que é nossa Mâe também
Dai-nos a palma imortal.


(Texto: Hino do Ofício de Leitura, na Liturgia das Horas.
(Imagem nº1: Nossa Senhora das Dores que se venera na Capela de Santa Helena, Tarouca. Imagem nº 2: A célebre estátua de Miguel Ângelo, conhecida por "PIETÁ", que se encontra n Basílica de S. Pedro, no Vaticano)

segunda-feira, 14 de setembro de 2015

O Papa e os portugueses ou o primeiro pecador…


A Rádio Renascença, hoje, dia 14 de setembro, pelas 9 horas, pôs no ar a entrevista concedida há dias pelo Papa Francisco à jornalista Aura Miguel, com acreditação permanente no Vaticano. Está programada a repetição da passagem da entrevista para as 19 horas de logo. 

Nessa entrevista dada em exclusivo à RR, Francisco fala de Portugal e dos portugueses, da Igreja Católica que está em Portugal e do Santuário de Fátima; verifica que um dos maiores males do mundo é a corrupção a diversos níveis, o que deixa as pessoas desiludidas; e acredita que o grande desafio da Europa, que se enganou ao recusar inscrever nos Tratados a sua matriz cristã, passe da avozinha em que se tornou ao estatuto e à função de “mãe Europa”; apela ao acolhimento dos refugiados enquanto ação humanitária de emergência, que não dispensa a integração e a deteção das causas e o combate às mesmas; pede uma catequese menos teórica, mais prática e mais radicada na vertente da misericórdia; quer que a Igreja saia de si mesma e não aprisione o Cristo e o seu Evangelho.

A presente reflexão cinge-se àquilo que o Papa disse sobre o que pensa de Portugal e dos portugueses.

***

À questão levantada pela jornalista como é que “um Papa que vem do fim do mundo” olha para Portugal e para os portugueses, Francisco revela que do Portugal físico só conhece o aeroporto, onde apenas estivera uma vez, há anos, em trânsito de Buenos Aires para Roma, “num avião da Varig que fazia escala em Lisboa”. No entanto, declarou conhecer muitos portugueses, dando como exemplo o caso do Seminário de Buenos Aires, onde “havia muitos empregados, emigrantes portugueses, gente boa, que tinha muita familiaridade com os seminaristas”.

Acrescentou que o pai “tinha um colega de trabalho português” e que se lembrava do seu nome, “Adelino, bom homem”. Também conheceu “uma senhora portuguesa, com mais de 80 anos”, que lhe deixara boa impressão.

Dos exemplos aduzidos passa à asserção de que nunca conheceu “um português mau”.

Ora, o campo empírico apresentado para concluir da existência ou não de portugueses maus é muito reduzido. Não quer dizer que os não haja, mas não convém ao Pontífice pronunciar um juízo negativo sobre um povo de que pouco conhece a não ser por via indireta.

Ademais, pelos relatórios que terá lido e a crer nas palavras que dirigiu aos bispos de Portugal por ocasião da visita destes Ad limina, percebe-se que Sua Santidade sabe que muitas coisas não estão bem. Recordo alguns exemplos: a voz da Igreja em Portugal não é devidamente escutada e seguida; muitos jovens abandonam a prática religiosa no pós-Crisma; algumas paróquias vivem demasiado centradas no seu pároco e nos seus assuntos, sem abertura solidária ao todo da Igreja e da Sociedade; os manuais da catequese espelham a figura de Cristo, que pode ser difícil de identificar na pessoa do catequista e na vivência da comunidade.

Por isso, o Papa, enquanto elogiava a caminhada sinodal da Igreja em Portugal e os seus esforços de evangelização e solidariedade, disse aos bispos portugueses:

“A Igreja em Portugal precisa de jovens capazes de dar resposta a Deus que os chama, para voltar a haver famílias cristãs estáveis e fecundas, para voltar a haver consagrados e consagradas que trocam tudo pelo tesouro do Reino de Deus, para voltar a haver sacerdotes imolados com Cristo pelos seus irmãos e irmãs”.

 

Por isso,

“Precisamos de conferir dimensão vocacional a um percurso catequético global que possa cobrir as várias idades do ser humano, de modo que todas elas sejam uma resposta ao bom Deus que chama: ainda no seio da mãe, chamou à vida e o nosso ser assomou à vida; e, ao findar a sua etapa terrena, há de responder com todo o seu ser a esta chamada: ‘Servo bom e fiel, entra no gozo do teu Senhor’ (Mt 25,21).”.

Nesta curiosa entrevista, ao ser-lhe recordado por Aura Miguel o seu discurso aos bispos portugueses, em que elogiava o povo português e olhava para a nossa Igreja com serenidade, a jornalista evidencia que o Papa manifesta uma preocupação em relação aos jovens e outra em relação à catequese. E acentua a forma da linguagem utilizada no discurso papal: “os vestidos da primeira comunhão já não servem aos jovens” e alude a “certas comunidades que insistem em vestir-lhos”.

Francisco escuda-se na adução de que “é uma maneira de dizer”, mas explicita com clareza:

“Os jovens são mais informais e têm o seu próprio ritmo. Temos de deixar que o jovem cresça, temos de o acompanhar, não o deixar sozinho, mas acompanhá-lo. E saber acompanhá-lo com prudência, saber falar no momento oportuno, saber escutar muito. Um jovem é inquieto. Não quer que o incomodem e, nesse sentido, pode-se dizer que ‘o vestido da primeira comunhão não lhes serve’.”

 

Ao contrário das crianças que, pelo contrário, “quando vão comungar, gostam do vestido da primeira comunhão”, “os jovens têm outras ilusões que, muitas vezes, são muito boas, mas há que respeitar, porque eles mesmos não se entendem, porque estão a mudar, estão a crescer, estão à procura”.

O Papa entende que “é preciso deixar o jovem crescer, há que o acompanhar, respeitar e falar-lhe muito paternalmente”. Porém, não se deve deixar de criar exigências aos jovens, as quais para surtirem efeito devem tornar-se atrativas. E surge o exemplo:

“Se você propõe a um jovem – e vemos isto por todo o lado – fazer uma caminhada, um acampamento ou fazer missão para outro sítio, ou por vezes ir a um “cotolengo” [obra, fundada pelo sacerdote italiano José Benedito Cotolengo, de acolhimento de doentes com grave deficiência  múltiplas, abandonadas pelas famílias e em situação de risco] para cuidar dos doentes, durante uma semana ou quinze dias, entusiasma-se porque quer fazer algo pelos outros, está envolvido”.

 

À pergunta de Aura Miguel sobre o jovem, Então, porque é que não fica? – Sua Santidade responde laconicamente, mas com determinação: “Porque está a caminhar”.

No atinente à catequese, a perspetiva papal é a de que “não seja puramente teórica”. Sendo a catequese dar doutrina para a vida, “tem de incluir três linguagens, três idiomas: o idioma da cabeça, o idioma do coração e o idioma das mãos”. E especifica os três idiomas: que o jovem pense e saiba qual é a fé, mas que, por sua vez, sinta com o seu coração o que é a fé e que, por sua vez, faça coisas. Se falta à catequese um destes três idiomas, ela não avança. São, em suma, três linguagens: pensar o que se sente e o que se faz; sentir o que se pensa e o que se faz; e fazer o que se sente e o que se pensa.

***

Sobre o centenário das aparições de Nossa Senhora de Fátima e a expectativa que se está a criar em torno da sua vista a Portugal, até porque três Papas já nos visitaram (Paulo VI, João Paulo II por três vezes – eu digo quatro – e Bento XVI), o Papa Francisco esclarece:

“Eu tenho vontade de ir a Portugal para o centenário. Em 2017, também se cumprem 300 anos do encontro da Imagem da Virgem de Aparecida. Por isso, também estou com vontade de lá ir e já prometi  lá ir. Quanto a Portugal, disse que tenho vontade de ir e gostaria de ir. É mais fácil ir a Portugal, porque podemos ir e voltar num só dia, um dia inteiro, ou, quanto muito, ir um dia e meio ou dois dias. Ir ter com a Virgem. A Virgem é mãe, é muito mãe, e a sua presença acompanha o povo de Deus. Por isso, gostaria de ir a Portugal, que é privilegiado.”

 

Não deixa de ser interessante a ponte lusófona que o Pontífice pretende fazer a pretexto dos centenários marianos coincidentes (o do Brasil, mais antigo; o de Portugal, privilegiante), que a entrevistadora chamou de data estereofónica, aspeto sublinhado pelos risos do entrevistado.

E também sabemos que o cardeal secretário de estado do Vaticano vem presidir à peregrinação aniversária de outubro de 2016, como que precursor do Papa Francisco que espera vir a Fátima no 13 de maio seguinte.

***

Por fim, há que sublinhar a resposta às questões: E o que espera de nós, portugueses? Como podemos preparar-nos para o receber e também para seguir os pedidos de Nossa Senhora?

A este respeito o Papa é clarividente:

O que a Virgem pede sempre é que rezemos, que cuidemos da família e dos mandamentos. Não pede coisas estranhas. Pede que rezemos pelos que andam desorientados, pelos que se dizem pecadores – todos o somos, eu sou o primeiro. Mas a Virgem pede e há que se preparar através desses pedidos da Virgem, através dessas mensagens tão maternais, tão maternais... e manifestando-se às crianças. É curioso, Ela procura sempre almas muito simples, não é? Muito simples.

Francisco apresenta-se como o primeiro pecador, não porque seja quem tem mais pecados, mas porque é o primeiro rosto de uma Igreja Santa in Christo – cabeça, mas pecadora na vida dos seus membros.

Entretanto, o Papa tem um recado quase subentendido aos portugueses, que não pode passar em claro. Ele, Bergoglio, é fruto da onda migratória de 1929:

Eu sou filho de emigrantes e pertenço à onda migrante do ano 1929. Mas na Argentina, desde o ano 1884, começaram a chegar italianos, espanhóis... portugueses, não sei quando chegou a primeira onda portuguesa; vinham sobretudo destes três países. E quando chegavam lá, alguns tinham dinheiro, outros iam para o hotel de emigrantes e daí eram enviados para as cidades. Iam trabalhar ou procurar trabalho.

Então, mais do que a sensação gostosa da lisonja papal, deve apostar-se no alinhamento pela perspetiva catequética de Francisco e pela sua exigência de colocar a Igreja em saída às periferias e no acolhimento a quem foge da miséria, da guerra e da perseguição – salvo por acaso ou por milagre do látego da exploração ou da fúria das ondas do mar da morte.

2015.09.14 – Louro de Carvalho