quinta-feira, 29 de fevereiro de 2024

3 de Março, 2024 - 3º Domingo do Tempo da Quaresma - Ano B

Leituras: aqui

Admonição:
A tentação do comércio bateu à porta do coração do homem, desde muito cedo, na história humana. Há dois mil anos, em Jerusalém, os vendilhões faziam os seus negócios dentro do templo, o que obrigou Jesus a usar da força para os expulsar. Hoje não vendemos nos templos, mas fazemos das superfícies comerciais autênticos santuários, onde acorremos e compramos aquilo de que nem sempre precisamos e que, por isso, não sacia o coração, apenas inflama o desejo de continuar a consumir.
Na sua carta pastoral, Dom António Couto avisa-nos que “afinal há um lugar novo, um mercado novo, onde até Jesus vai fazer compras. E compra-se sem dinheiro e sem pagar. Chama-se Deus esse lugar. Chama-se Pai”(nº5). 

A Lei e o Templo

Nas nossas casas, costumamos limpar todos os dias. Assim mesmo, de vez em quando sentimos a necessidade de uma limpeza geral... lavamos as paredes... o teto...os vidros... para tirar o mofo que se foi acumulando...
A Quaresma também é um tempo de purificação, propício para renovar nossa vida cristã e purificar o nosso coração daquelas impurezas que foram se acumulando ao longo do tempo.
As leituras bíblicas tratam de dois pontos fundamentais da religião judaica:
a Lei de Deus e o Templo, que, com o passar do tempo, também estavam precisando de uma purificação...
Cristo apresenta-Se como a nova Lei e o novo Templo.

Na 1a Leitura, Deus entrega a LEI, num contexto de êxodo e de Páscoa, como parte de uma Aliança. (Ex 20,1-17)
- É um momento fundamental na história da Salvação.
Deus apresenta-Se desde o começo como Libertador:
"Eu sou o Senhor teu Deus que te tirou da escravidão do Egito".
Os 10 mandamentos brotavam do amor de um Deus "Libertador",
que depois de ter libertado seu povo da escravidão material do Egito,
queria libertá-lo também da escravidão moral das paixões e do pecado.
- Deus não deu as leis do Decálogo para serem um atentado
contra a liberdade humana. Pelo contrário, para que os homens 
sejam livres e respeitem a liberdade dos outros.
- Os Mandamentos indicavam o caminho seguro para ser feliz e
ser o Povo da Aliança, colaborador de Deus no Plano da Salvação…
- Mas Israel não foi fiel a esse compromisso: muitos abusos e desvios esvaziaram o verdadeiro sentido do decálogo…
- Era necessário restaurar a antiga Lei, completá-la, aperfeiçoá-la…
sobretudo no sentido do amor e da interioridade…
libertando-a de todo formalismo.
Precisava-se de uma Nova Aliança, uma NOVA LEI. É o que Cristo veio realizar:
"Não vim suprimir a Lei… mas completar, aperfeiçoar…"

Na 2ª Leitura, Paulo afirma que seu projeto de Salvação passa pela morte na cruz:
"Nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e
loucura para os gentios" (1Cor 1,22-25)
A Cruz de Cristo pode parecer loucura e sinal de fraqueza.
Todavia, Deus transformou a cruz em sabedoria e caminho de salvação.

No Evangelho, Jesus apresenta-Se como o NOVO TEMPLO… (Jo 2,13-25)
O Templo era um lugar muito sagrado para os judeus.
Todo judeu devia ir ao templo ao menos uma vez por ano para oferecer um sacrifício a Deus.
Estas ofertas para os sacrifícios faziam girar muito dinheiro...
e provocavam abusos e exploração.
O gesto "VIOLENTO" de Cristo não é apenas zelo de purificação do templo.
É anúncio da abolição do velho templo e do culto aí celebrado.
O antigo templo já tinha concluído a sua função.
Surgirá um novo templo, não construído de pedras e por mãos humanas, mas o "lugar da Presença" viva de Deus: JESUS CRISTO.
Passamos do templo de pedra (projeto de David e realizado por Salomão) ao Templo sonhado pelos profetas (fonte de vida e luz para todos os povos), para chegar ao Senhor ressuscitado, o templo verdadeiro em quem Deus manifesta a sua glória em favor de todos os homens.
Caminhamos todos para um "templo definitivo", que se identifica
com o mundo inteiro, quando esse se converte em casa do Pai, isto é, a casa onde todos os homens se reconhecem irmãos.
Jesus convida-nos a sermos templo no qual está presente Deus e nele se oferece um verdadeiro culto "em espírito e verdade..."
Qual o Templo que devemos purificar?
- Nosso coração deve ser um sinal de Deus para os irmãos.
- Nossas comunidades devem dar testemunho da vida de Deus.
- A Igreja deve ser essa "Casa de Deus" onde as pessoas podem encontrar a proposta de libertação e de Salvação que Deus oferece a todos.
- O "Culto", que Deus aprecia, deve ser uma vida vivida na escuta de suas propostas e traduzida em gestos concretos de doação, de entrega, de serviço simples e humilde aos irmãos.
- Jesus purificou o templo de seus profanadores e convida a purificar também o templo de nosso coração.
* Qual a nossa atitude diante da Lei de Deus?
É uma cerca que nos prende ou um caminho seguro para uma vida feliz?
* Qual o respeito que temos na casa de Deus... (antes, durante, depois…)
- Se Cristo voltasse hoje às nossas igrejas… o que aconteceria?
A quem deveria expulsar com o chicote?

A Semana da Caritas lembra outro templo sagrado, profanado pelo egoísmos e pela indiferença: a pobreza, o sofrimento, o abandono, o racismo, a miséria.
Essa celebração deve nos levar a refletir sobre o ESPÍRITO com que vivemos a nossa religião: diante da Lei de Deus, nas práticas religiosas de nossa religião e no respeito à pessoa humana !…
Só assim o nosso culto será realmente agradável a Deus!
"Vós sois todos irmãos e irmãs" (Mt 23,8)

                                                                Pe. António Geraldo Dalla Costa - 03.03.2024

FURIOSO, IMPUSESTE NO TEMPLO OS TEUS LIMITES 
E hoje quero que mos imponhas a mim, que me graves a fogo na alma aquilo que não me posso permitir, o que me afasta de Ti e de uma vida digna, o que me impede de ser pessoa e, sobretudo, de viver no amor.
 Jamais me deixes viver sem a Tua amizade, Senhor, nem permitas que me instale na rotina, ou abandone a minha oração diária, ou pense em mim mais que nos outros, ou critique e espalhe más notícias, nem que compre barato explorando alguém. Jamais me deixes ser medíocre, Senhor, ou viver sem um projeto pessoal, ou permitir a injustiça à minha volta, ou aproveitar-me de algo ou de alguém, ou ser negativo nas conversas ou manipulador nas ações. 
 Jamais me deixes acomodar-me, Senhor, ou viver indiferente à vida das outras pessoas, ou achar-me superior à restante gente, ou desistir de ver a riqueza melhor distribuída, ou ocupar-me só da minha família, ou deixar de me oferecer, como Tu, a todos. Não permitas, Senhor, que Te use, nem que me creia um dos justos, um dos bons, nem que adormeça sobre os meus louros, nem que descanse até o mundo ficar melhor, nem que desista de construir uma Igreja nova. Purifica-me, Senhor, aqui me tens… Ámen

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

domingo, 25 de fevereiro de 2024

Celebram hoje as suas Bodas de Prata





A comunidade celebrou em 25 de fevereiro as Bodas de Prata dos casais que as festejam durante o ano de 2024. Anteriormente havia sido dirigido um convite pessoal a cada casal. Quatro aceitaram o convite: Alcino José e Sandra Carla, Paulo Orlando e Carla Fonseca, Vítor Correia e Sandra Maria, José Damião e Maria José. Um casal, em Bodas de Ouro, anunciou que estaria presente, mas tal não se verificou. Oxalá que nada de grave tenha acontecido.

Num período em que cada vez mais não se dá importância à família e se desvalorizam os valores que só no seio da família se podem aprender, agradecemos a sua presença e, sobretudo, enaltecemos as suas vidas em família.
Que a Sagrada Família de Nazaré continue a ser o seu modelo e lhes continue a mostrar o caminho a seguir e que eles próprios possam servir de modelo a todos os casais mais jovens da nossa Paróquia.

Àqueles que gostariam de ter vindo mas não puderam - esta zona tem uma forte corrente migratória - dizemos que estamos unidos a eles. Aos que não quiseram vir, afirmamos que não perdemos a esperança.

Os casais presentes participaram na Celebração e renovaram os seus compromissos matrimoniais.

Foi com alegria e emoção que os acolhemos e assistimos à sua Bênção como casais.Foi encantador aquele momento em que pais e filhos presentes uniram as mãos para um prece de agradecimento e de súplica pela paz, harmonia e encantamento no lar.
Foi com grande convicção que desejamos que as famílias sejam espaço de paz que brota da caridade. Afinal nada agrada mais aos pais do que sentir que os filhos se dão bem, são unidos e solidários.

Foi com imensa confiança que a comunidade entregou a cada casal um pequena lembrança com a certeza de que vale a pena celebrar um amor sem prazos de duração.
Foi com entusiasmo que revoou pelo templo o "Parabéns a Vocês".

quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024

25 de Fevereiro, 2024 - 2º Domingo do Tempo da Quaresma - Ano B

Leituras: aqui
 

Admonição: 

A nossa oração mais imediata e frequente é a de súplica, de pedido a Deus, que sabemos que nos pode valer nas maiores aflições. No entanto, é igualmente importante e necessária a oração de louvor e ação de graças, como aquela que faz Pedro no cimo do Monte Tabor, quando Jesus se transfigura diantes deles: “Mestre, como é bom estarmos aqui” .

O nosso bispo, na sua carta pastoral, convida-nos a dar graças pelo que sobra, e sobra tudo no milagre eucarístico. Diz-nos ele: “Não se trata de umas sobras quaisquer. É o próprio corpo de Cristo e a Palavra da Escritura… O verbo grego usado para dizer sobrar implica o excesso que ultrapassa toda a medida e a abundância sempre a transbordar, sem diminuição, nem fim” (pg. 15).

"Escutai-o"


 Aqui estamos reunidos em assembleia para ESCUTAR a Palavra de Deus e celebrar a Eucaristia.
A Escuta dessa Palavra revela os Planos de Deus e aponta o caminho a seguir para chegar à vida plena.
As leituras bíblicas de hoje apresentam dois exemplos na CAMINHADA NA FÉ: a fé de Abraão e a fé dos Apóstolos.

A 1a Leitura fala da fé de Abraão. (Gn 22,1-2.9.10-13.15-18)
A narrativa faz parte das "tradições patriarcais", sem caráter histórico.
Destina-se a apresentar Abraão como MODELO DE FÉ:
Ele vive numa constante ESCUTA da Palavra de Deus, aceita os apelos de Deus, e responde com obediência total, mesmo oferecendo o filho Isaac.
Abraão ensina a confiar em Deus, mesmo quando tudo parece cair à nossa volta,
e quando os caminhos do Senhor se revelam estranhos e incompreensíveis.
Sua obediência tornou-se uma fonte de vida para ele, para a sua família e para todos os povos...
O sacrifício de Isaac é símbolo do sacrifício de Jesus.
Isaac foi substituído por um cordeiro, Cristo é o verdadeiro Cordeiro
sacrificado para a salvação do mundo.

Na 2a Leitura, Paulo retoma a figura de Isaac, 
subindo o monte Moriá, com a lenha do sacrifício às costas, como imagem de Cristo que também sobe o monte Calvário, carregando às costas o lenho da Cruz. (Rm 8,31-34)
É um hino, em que Paulo canta entusiasmado o Amor de Deus.
O fundamento de nossa fé é o amor fiel e incondicional a Deus.

O Evangelho apresenta a fé dos Apóstolos, fortalecida na Montanha, pela Transfiguração de Jesus. (Mc 9,2-10)
Na caminhada para Jerusalém, o 1º Anúncio da Paixão e Morte de Jesus abalou profundamente a fé dos apóstolos.
Desmoronaram seus planos de glória e de poder.
Para fortalecer essa fé ainda tão frágil… Cristo tomou três deles... subiu o Monte Tabor e "TRANSFIGUROU-SE…"
- Proposta de Pedro: "É bom estar aqui! Vamos fazer três tendas..."
- Proposta de Deus: "Este é o meu Filho amado, ESCUTAI-O!".

* A transfiguração de Jesus é uma Catequese que revela aos discípulos e a nós Quem é Jesus: o FILHO AMADO DE DEUS:
Um novo MOISÉS que dá ao seu povo uma NOVA LEI e através de quem Deus propõe aos homens uma NOVA ALIANÇA
As figuras de Elias e Moisés ressaltam que a Lei e as Profecias são realizadas plenamente em Jesus.
O mundo transforma-se quando acolhemos a voz do Pai...
+ Na nossa caminhada para a Páscoa, somos também convidados a subir com Jesus a montanha e, na companhia dos 3 discípulos, viver a alegria da comunhão com ele.
As dificuldades da caminhada não podem nos desanimar.
No meio dos conflitos, o Pai mostra desde já sinais da ressurreição e do alto daquele monte ele continua a nos gritar:
"Este é o meu Filho amado, ESCUTAI-O".
- Não desanimemos, os Planos de Deus não conduzem ao fracasso, mas à Ressurreição, à vida definitiva, à felicidade sem fim.

+ Vocês têm fé? O que é ter fé? O que é mesmo a fé?
É apenas uma adesão da inteligência a algumas verdades,
que decoramos na catequese? É muito mais...
A FÉ É:
- É a Adesão de nossa vida a Deus...
É acolher Deus que quer fazer sua história junto conosco...
É fazer a vontade de Deus... (tanto no Tabor, como no Calvário)
- É um Dom gratuito de Deus (Não foi Abraão que tomou a iniciativa)

A FÉ EXIGE
:
- Uma Resposta da pessoa a uma Palavra, a uma Promessa...
- Um Serviço pronto e generoso na Obra de Deus...
- Uma Ruptura: Deixar a terra dos ídolos que nos prendem… e abraçar o desconhecido… (experiência de Abraão)
- Escutar atentamente tudo o que Jesus diz, seguindo seus passos com confiança total, mesmo nos momentos difíceis e incompreensíveis…
- Reconhecer esse Cristo desfigurado, presente na pessoa dos irmãos... e estender a mão para servi-los...
É fácil reconhecer o Cristo transfigurado no Tabor…
Mais difícil é reconhecê-lo desfigurado no Monte Calvário...

- Ação: Não podemos ficar no Monte... de braços cruzados....
Descer a montanha foi para os discípulos muito mais difícil do que subi-la.
Pedro deseja estabelecer-se no alto da montanha e ali vivenciar a vida cristã como se fosse um eterno retiro, longe do barulho das pessoas, das cidades...
Um lugar ideal para viver de contemplação.

Quando ouvimos a própria voz, deixamos de ouvir a voz de Deus.
O seguidor de Cristo deve "descer o monte" para enfrentar o mundo e os problemas dos homens e testemunhar aos homens o dom da vida.
Somos todos convidados a ser Missionários da Transfiguração

Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 25.02-2024

Pós-Comunhão

JUNTO A TI, TRANSFIGURAMO-NOS 

Sempre que passamos uns instantes a orar,

sentimos que nos mudas o ânimo,

que nos sossegas o espírito,

que nos afastas das preocupações

e eliminas o stress da nossa vida.

Quando nos abandonamos em Ti,

quando vivemos a vida na Tua companhia,

quando fazemos as coisas contigo,

reservando-Te um espaço em tudo,

tornamo-nos dinâmicos, criativos, ágeis,

coerentes, solidários, humanos e felizes.

Tu és o combustível do nosso motor,

a água da nossa sede,

o adubo do nosso crescimento,

o sangue do nosso corpo,

a defesa contra as doenças

e a saúde total para a nossa história pessoal.

Contigo, Senhor,

a vida transforma-se numa festa,

e sentimos vontade de alargar os Teus encontros,

mas logo nos distraímos com os nossos afazeres

e vivemos como se não existisses.

Damos importância a todas as urgências

e esquecemos-Te no primeiro desvio.

Pai, mantém-nos junto a Ti,

não deixes de nos sussurrar o Teu amor,

não Te deixes silenciar pela nossa algazarra,

leva-nos pela mão, funde-Te nos nossos dias,

e vamos juntos viver a vida,

construindo o Teu Reino para todos.

Ámen

 

A Capela de Nossa Senhora das Necessidades encontra-se em obras de conservação e restauro

A bela Capela de Nossa Senhora das Necessidades encontra-se presentemente em obras de conservação e restauro, visando especialmente o altar-mor, bastante degradado. As obras estão a cargo da equipa da Drª Carla Roçado.
Em maio passado, quando foi realizada a Visita Pastoral à Paróquia Tarouquense, o sr. Bispo passou pela  Capela da Senhora das Necessidades. Nessa ocasião foi lançado pelo pároco o apelo às pessoas para a generosidade em relação aos trabalhos de que o templo estava a necessitar. 
Graças ao trabalho e interesse da Comissão da Capela, foi feito o peditório aos povos de Quintela, Vila Pouca e Ponte das Tábuas, bateu-se à porta da Câmara e da Junta, foi contactada  a equipa de Conservação e Restauro e as obras iniciaram-se.
Reparar esta Capela é preservar um dos mais belos exemplares do património local. É cuidar de todos nós.
Às pessoas de Quintela, Vila Pouca e Ponte das Tábuas, residentes ou emigrantes, a toda a gente que gosta de Nossa Senhora das Necessidades, o pedido: sejamos generosos.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2024

CAPELA DE SANTA APOLÓNIA, CASTANHEIRO DO OURO - E A OBRA VAI CRESCENDO E SUBINDO!

QUE CRESÇA E SE ALARGUE a unidade e a generosidade do povo do C. do Ouro!
Por  Santa Apolónia, sede generossssssss!

REZE...


 

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2024

sábado, 17 de fevereiro de 2024

Tarouca marcou presença no 17.º Festival da Canção Diocesana


No passado domingo dia 11, teve lugar no Teatro Ribeiro Conceição o 17º Festival da Canção Diocesana, sob o tema “Recolhei os Pedaços que Sobraram”. Foram cinco os grupos da diocese de Lamego que responderam ao desafio: Almacave Jovem (Lamego), Arautos da Alegria (Tarouca), Grupo de Jovens de Cepões, Grupo de Jovens de Oliveira do Douro e Grupo de Jovens da Sé (Lamego). O espaço encheu-se para assistir às atuações, as quais, cada uma com uma identidade muito própria, maravilharam tanto pelas melodias como pelas líricas, enquanto criavam um espírito focado na partilha e na comunhão, onde cada grupo a concurso puxava pelos restantes.
Contribuíram para a boa disposição as dinâmicas que intercalaram as atuações, desde jogos de mímica interpretados pelos concorrentes, interações com o público – o qual demonstrou os seus dotes de dança –, e uma curta dramatização das peripécias ocorridas nos bastidores durante a preparação dos Dias nas Dioceses, os quais precederam a Jornada Mundial da Juventude de 2023: afinal, a experiência destes dias não é um “já foi”, mas um caminho contínuo, como refletido pelo já referido tema do Festival. De facto, a conexão com a vivência nos Dias nas Dioceses encontrou-se sempre em plano de fundo, quer na recordação, através de fotografias, desses momentos, quer pela surpresa preparada por alguns dos peregrinos acolhidos pelos grupos participantes: um curto, mas sentido, vídeo enviado pelos peregrinos a desejar boa sorte aos grupos das paróquias que os acolheram.
Apesar de o Festival ter tido lugar no domingo, para os grupos participantes começou logo no sábado, momento onde tiveram a oportunidade de conviver, aprender as músicas uns dos outros, partilhar jantar e unir-se na animação da Eucaristia vespertina. Começaram, portanto, desde cedo a protagonizar a recolha dos pedaços que evocaram nas respetivas músicas: afinal, como dito pelo Senhor Bispo D. António Couto, os jovens raramente são os “pedaços que sobram”, atuando mais como aqueles que recolhem, mantendo viva e unida a sua comunidade, mostrando-se ativos, de mente mais aberta e menor preconceito.
O júri veio de vários pontos do país, desde os Açores até Évora, passando por Lisboa, Coimbra e Braga. Após deliberação, optou por presentear o Grupo de Jovens da Sé com o primeiro prémio. Esteve ainda presente o diretor do Departamento Nacional da Pastoral dos Jovens.
Por fim, cabe um agradecimento à Câmara de Lamego, em particular ao Pelouro da Juventude e à equipa do Teatro Ribeiro Conceição, cujos elementos foram incansáveis e de uma disponibilidade sem igual no apoio à organização deste Festival, levada a cabo pelo Departamento Diocesano da Pastoral dos Jovens de Lamego.
Apenas com a recolha e união de todos estes “pedaços” foi possível este evento.
Fonte: aqui

O Grupo de Jovens "Arautos da Alegria" participou neste 17.º Festival da Canção Diocesana, realizado n tarte do passado dia 11 de fevereiro presente, obtendo um honroso 3º lugar.
Conforme testemunham na sua página no Facebook, " Obrigado a todos,. Saímos com o 3º lugar e e com a certeza que recolhemos todos os pedaços."
Veja a canção dos Arautos aqui

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

18 de Fevereiro, 2024 - 1º Domingo do Tempo da Quaresma - Ano B

No Deserto
Estamos no início da QUARESMA.
Quaresma é o grande retiro espiritual dos cristãos
em preparação da festa da Páscoa.
É o coração do ano litúrgico e o cume da fé cristã.
Na Igreja Primitiva, na Quaresma fazia-se a preparação próxima do Batismo.
As Leituras introduzem-nos no caminho da renovação do Batismo e nos chamam à conversão.
A 1ª Leitura evoca o Dilúvio, o 1° BATISMO
pelo qual todo o Universo teve de passar
para que surgisse uma nova criação. (Gn 9,8-15)
Começamos a ler a Históiia da salvação a partir do episódio do Dilúvio, quando Deus salvou o justo Noé e sua família e fez a primeira Aliança com a humanidade.
Através do dilúvio, Deus purificou a humanidade corrompida.
O Dilúvio foi o grande batismo de todo o Universo,
que renasceu das águas para estabelecer uma nova Aliança.
E o arco-íris deixado por Deus no céu foi o sinal dessa Aliança,
desse abraço entre o céu e a terra, entre Deus e os homens.
A 2a Leitura, lembra que as águas purificadoras do Dilúvio são imagem das águas purificadoras do Batismo. (1Pd 3,18-22)
* Pedro interpreta a figura de Noé e do Dilúvio em chave batismal. É uma antiga catequese Batismal da Igreja primitiva.
O Evangelho resume as palavras iniciais do ministério de Jesus:
"O Reino está próximo. Convertei-vos e crede no evangelho". (Mc 1,12-15)
O episódio das TENTAÇÕES de Jesus no DESERTO, mais do que uma narrativa histórica, trata-se de uma CATEQUESE.
- "O deserto", para os judeus, é o lugar privilegiado do encontro com Deus.
Foi no deserto que o Povo experimentou o amor e a solicitude de Deus e foi no deserto que Deus propôs a Israel uma Aliança.
Foi também no deserto, que Israel se revoltou contra Deus...
- Para Jesus o "deserto" é o "lugar" do encontro com Deus
e do discernimento dos seus projetos. E é o "lugar" da prova,
da tentação de abandonar Deus e de seguir outros caminhos.
- "Quarenta dias" é um número simbólico, que lembra o tempo da caminhada do Povo no deserto e a experiência de Moisés e de Elias.
- "Satanás" representa os que se opõem ao estabelecimento do seu Reino.
- "As tentações": Marcos não especifica as tentações, mas elas simbolizam as provações que Jesus enfrentou ao longo de toda a sua vida para se manter fiel à missão confiada por Deus.
Elas resumem também as tentações de todos nós...A vida de Jesus será uma luta constante de superação até a vitória definitiva na cruz, através da Ressurreição.
Da sua opção, vai surgir um mundo de paz e de harmonia.
Jesus aparece como o novo Adão, que vence o tentador.
Vencendo a tentação, Jesus inaugura a Aliança definitiva, m
ais importante que a de Noé.
Após ser Batizado e ter superado as Tentações no DESERTO,
Jesus inicia o seu trabalho apostólico, proclamando:
"O Reino já chegou... Convertei-vos e crede no evangelho".
As mesmas palavras, que ouvimos quarta feira passada ao receber as cinzas e que são um resumo do espírito da Quaresma, que estamos iniciando.
* QUARESMA é DILÚVIO e DESERTO.
- É Dilúvio que arranca o pecado e leva a construir a área de Salvação e é Sinal de que Deus está em Paz conosco.
- É Deserto pela espiritualidade do despojamento, que nos propõe.
* QUARESMA é CONVERTER-SE e CRER:
- "Converter-se" é mais do que fazer penitências ou privações momentâneas.
É fazer com que Deus seja o centro de nossa existência e 
ocupe sempre o primeiro lugar.
É aceitar e cumprir a Aliança feita nas águas do batismo.
É acolher e viver os valores do Reino
- "Crer" não é apenas aceitar um conjunto de verdades intelectuais.
É aderir à pessoa de Cristo, escutar a sua proposta,
acolhê-la no coração e fazer dela o guia de nossa vida.
QUARESMA é um tempo forte de conversão e renovação em preparação à Páscoa.
É um tempo sagrado para aprofundar o Plano de Deus e rever a nossa vida cristã.
E nós somos convidados pelo Espírito ao DESERTO da Quaresma
para nos fortalecer nas TENTAÇÕES, que frequentemente tentam nos afastar dos planos de Deus.
O demônio promete sempre mais do que pode dar.
A felicidade está muito longe das suas mãos.
Toda a tentação é sempre um engano miserável!
Mas, para nos experimentar, o demônio conta com as nossas ambições.
E a pior delas é desejar a todo o custo a glória pessoal;
Muitas vezes, o pior dos ídolos é o nosso próprio EU.
O que pretendo fazer nesse tempo sagrado da Quaresma
para que a Páscoa aconteça dentro de cada um de nós...
Pe. Antônio Geraldo Dalla Costa - 18.02.2024

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2024

Mensagem de D. António Couto para a Quaresma 2024

Quaresma: Passar pelo deserto e «desintoxicar de excessos, acessórios e inutilidades» – D. António Couto


O bispo de Lamego convidou os cristãos a olhar o tempo da Quaresma como um “deserto que convida ao essencial”, que “desintoxica de excessos, de acessórios” e a dar valor a um “simples trago de água”.

“O deserto ensina o essencial. Desveste-nos de acessórios. Desintoxica-nos de excessos e inutilidades. Deixa-nos a céu aberto com Deus. Estimula-nos a caminhar. Talvez nos ensine a rezar, a desenterrar as raízes, a partilhar. A procurar um sentido para os passos incertos que damos. No deserto aprendemos a sofrer, a saborear a resina do tamarisco, a apostar tudo num simples trago de água”, escreveu D. António Couto na mensagem para a Quaresma.

O responsável lamentou que hoje se procurem “provas inequívocas e argumentos que ninguém possa rebater” para reconhecer a presença de Deus, quando “um simples respiro concedido” orienta o olhar para Deus.

O bispo de Lamego indicou que voltar ao deserto, “tanto em sentido físico e unívoco, mas análogo”, oferece a “oportuna e necessária desmontagem dos egoísmos e malabarismos” que se apoderam do homem.

“É por isso que o deserto é um tempo novo, cheio de esperança. Um espaço novo, um campo novo, não estéril, mas tantas vezes apresentado como um jardim florido, como uma terra regada por rios e mais rios. Tudo imagens preciosas de quanto Deus pode fazer nascer na nossa vida”, sublinhou.

O responsável indicou a Quaresma como “um tempo importante para manter limpo o olhar, sem traves ou muros, e limpo também o coração, sem raivas ou invejas”.

“É tempo de graça, de oração e conversão. É tempo de reforçar os laços da nossa caridade, que é um exercício que a Igreja nos propõe fazer em cada Quaresma”, indicou.

D. António Couto indicou que a renúncia quaresmal da diocese de Lamego será destinada “aos irmãos na Síria” e à paróquia-missão do Imaculado Coração de Maria de Nametil, na diocese de Nampula, em Moçambique.

“Com cerca de 13.000 km2, no norte de Moçambique, a paróquia-missão do Imaculado Coração de Maria de Nametil experimenta muitas necessidades e precisa de erguer estruturas de oração e de formação para os seus mais de 55.000 fiéis batizados e crismados e para os muitos milhares de catecúmenos que se preparam para o batismo”, assinalou.

“A nossa esmola para a Síria seguirá diretamente pela mão da Ir. Maria (Myri) Lúcia Ferreira, uma religiosa portuguesa que vive atualmente na Síria, no Mosteiro de S. Tiago Mutilado”, acrescentou.

O bispo de Lamego deu ainda conta que a renúncia quaresmal de 2023 entregou “24.767,46 euros ao irmãos martirizados da Ucrânia e da Síria, cujo grau de sofrimento não conseguimos sequer imaginar”.

A Quaresma é um tempo litúrgico, de 40 dias (a contagem exclui os domingos), de preparação para a Páscoa, marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, com início na Quarta-feira de Cinzas (14 de fevereiro, este ano).

Fonte: aqui

terça-feira, 13 de fevereiro de 2024

CINZAS E DIA DOS NAMORADOS - NÃO AO AMOR CINZENTO!


"A Quaresma é o tempo de graça
em que o deserto volta a ser
– como anuncia o profeta Oseias –
o lugar do primeiro amor
(cf. Os 2, 16-17).
Deus educa o seu povo,
para que saia das suas escravidões
e experimente a passagem da morte à vida.
Como um esposo,
[Deus] atrai-nos novamente a Si
e sussurra ao nosso coração palavras de amor".
Com estas palavras do Papa Francisco,
na sua Mensagem para a Quaresma,
podemos perfeitamente "casar"
os dois motivos especiais do dia 14 de fevereiro:
a imposição das cinzas (início da Quaresma)
e o Dia dos namorados.
Para os namorados,
como para os casados,
como para todos os fiéis,
o grande desafio da Quaresma
é voltar ao primeiro amor
(Os 2,16-17; Ap 2,4).
É preciso deixar então
que o Espírito sopre sobre as cinzas
e reacenda em nós o fogo do amor de Deus!
Tudo, menos um amor cinzento!

(Amaro Gonçalo)

quinta-feira, 8 de fevereiro de 2024

11 de Fevereiro, 2024 - 06º Domingo do Tempo Comum - Ano B

Leituras: aqui


1. Dia Mundial do Doente ou Dia dos Namorados? A pergunta parece estranha, mas coloca-se oportunamente, quando se lê a frase bíblica escolhida pelo Papa Francisco para a sua Mensagem, neste 32.º Dia Mundial do Doente: “Não é bom que o homem esteja só” (Gn 2,18). Estamos mais habituados a escutar esta frase no contexto da celebração do noivado e do matrimónio. Mas o Papa alarga-lhe o sentido e chama-nos a atenção para esta dimensão relacional de toda a pessoa humana, criada à imagem e semelhança de Deus, que é comunhão de pessoas: a nossa vida, do princípio ao fim, é tecida por laços, por relações, de amizade e de amor e de cuidado de uns para com os outros. Somos pessoas que nascem, crescem, vivem e morrem, sempre num contexto de relação com a família, com a sociedade, com Deus e a Igreja e com o mundo que habitamos. Somos, por isso, chamados à comunhão e à fraternidade. Pelo que a solidão oprime e mata-nos, o abandono destrói-nos. E essa é hoje a experiência de muitos doentes e idosos, cujo maior sofrimento, não é tanto a dor física, mas sobretudo o isolamento, o afastamento, a marginalização, o esquecimento e a indiferença. É sobretudo isto que lhes retira a alegria, o significado e a esperança de viver. Pelo que a cura que salva não é apenas a aplicação certa da uma medicação, mas exige uma aliança terapêutica, entre médico, paciente e familiar. A cura significa e implica literalmente o cuidado da pessoa inteira, de corpo e alma, que tem a sua vida tecida por fios de (re)ligação aos outros.

2.Tudo isto é muito claro, na cura do leproso. Segundo a antiga lei hebraica (cf. Lv 13-14), a lepra era considerada não só uma doença contagiosa, mas a mais grave forma de impureza. Cabia aos sacerdotes diagnosticá-la e declarar impuro o doente, o qual deveria ser distanciado da comunidade e ficar fora dos povoados, até uma eventual e certificada cura. Nesse sentido, o leproso era visto como um imundo, um maldito, que devia permanecer distante de todos: não podia entrar no templo, nem participar no serviço divino. Longe de Deus, afastado dos homens, o leproso era visto como a vítima e o culpado. Era como um morto ambulante, a quem estão interditas as relações pessoais, familiares e sociais, afetivas, políticas e religiosas. E, por isso, o leproso é o símbolo da pessoa marginalizada, a quem é imposto um absoluto distanciamento físico e social. A lepra constituía, por isso, uma espécie de morte religiosa e civil. E a sua cura era vista como um milagre de reintegração na família, na comunidade, no culto, na sociedade.

3.O Evangelho mostra-nos o encontro de Jesus com um homem leproso. Ambos desrespeitam o cordão sanitário (cf. Lv 13,45-46). Porque Jesus é verdadeiramente o médico divino e não pode curar sem Se compadecer, sem o tocar, sem Se aproximar, sem correr Ele mesmo o risco de Se deixar contagiar. Depois de o curar, Jesus manda-o ir ter com o sacerdote, para lhe certificar a cura e, deste modo, o reintegrar na convivência familiar, religiosa e social. Em consequência, Jesus fica agora na condição do leproso: já não podia entrar abertamente em nenhuma cidade: ficava fora, em lugares desertos.

4. Irmãos e irmãs, o primeiro cuidado de que necessitamos na doença é uma proximidade cheia de compaixão e ternura. Por isso, cuidar do doente significa, antes de mais nada, cuidar das suas relações, de todas as suas relações: com Deus, com os outros – familiares, amigos, profissionais de saúde –, com a criação, consigo mesmo. É possível? Sim, é possível; e todos somos chamados a empenhar-nos para que tal aconteça!  Confiemo-nos a Maria Santíssima, Saúde dos Enfermos, pedindo-Lhe que interceda por nós e nos ajude a ser artífices de relações fraternas, tecidas por laços de proximidade, ternura e compaixão!

Amaro Gonçalo, aqui


quarta-feira, 7 de fevereiro de 2024

terça-feira, 6 de fevereiro de 2024

Mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2024

Através do deserto, Deus guia-nos para a liberdade

Queridos irmãos e irmãs!

Quando o nosso Deus Se revela, comunica liberdade: «Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fiz sair da terra do Egipto, da casa da servidão» (Ex 20, 2). Assim inicia o Decálogo dado a Moisés no Monte Sinai. O povo sabe bem de que êxodo Deus está a falar: traz ainda gravada na sua carne a experiência da escravidão. Recebe as «dez palavras» no deserto como caminho de liberdade. Nós chamamos-lhes «mandamentos», fazendo ressaltar a força amorosa com que Deus educa o seu povo; mas, de facto, o chamamento para a liberdade constitui um vigoroso apelo. Não se reduz a um mero acontecimento, mas amadurece ao longo dum caminho. Como Israel no deserto tinha ainda dentro de si o Egito (vemo-lo muitas vezes lamentar a falta do passado e murmurar contra o céu e contra Moisés), também hoje o povo de Deus traz dentro de si vínculos opressivos que deve optar por abandonar. Damo-nos conta disto, quando nos falta a esperança e vagueamos na vida como em terra desolada, sem uma terra prometida para a qual tendermos juntos. A Quaresma é o tempo de graça em que o deserto volta a ser – como anuncia o profeta Oseias – o lugar do primeiro amor (cf. Os 2, 16-17). Deus educa o seu povo, para que saia das suas escravidões e experimente a passagem da morte à vida. Como um esposo, atrai-nos novamente a Si e sussurra ao nosso coração palavras de amor.

O êxodo da escravidão para a liberdade não é um caminho abstrato. A fim de ser concreta também a nossa Quaresma, o primeiro passo é querer ver a realidade. Quando o Senhor, da sarça ardente, atraiu Moisés e lhe falou, revelou-Se logo como um Deus que vê e sobretudo escuta: «Eu bem vi a opressão do meu povo que está no Egito, e ouvi o seu clamor diante dos seus inspetores; conheço, na verdade, os seus sofrimentos. Desci a fim de o libertar das mãos dos egípcios e de o fazer subir desta terra para uma terra boa e espaçosa, para uma terra que mana leite e mel» (Ex 3, 7-8). Também hoje o grito de tantos irmãos e irmãs oprimidos chega ao céu. Perguntemo-nos: E chega também a nós? Mexe connosco? Comove-nos? Há muitos fatores que nos afastam uns dos outros, negando a fraternidade que originariamente nos une.

Na minha viagem a Lampedusa, à globalização da indiferença contrapus duas perguntas, que se tornam cada vez mais atuais: «Onde estás?» (Gn 3, 9) e «Onde está o teu irmão?» (Gn 4, 9). O caminho quaresmal será concreto, se, voltando a ouvir tais perguntas, confessarmos que hoje ainda estamos sob o domínio do Faraó. É um domínio que nos deixa exaustos e insensíveis. É um modelo de crescimento que nos divide e nos rouba o futuro. A terra, o ar e a água estão poluídos por ele, mas as próprias almas acabam contaminadas por tal domínio. De facto, embora a nossa libertação tenha começado com o Batismo, permanece em nós uma inexplicável nostalgia da escravatura. É como uma atração para a segurança das coisas já vistas, em detrimento da liberdade.

Quero apontar-vos, na narração do Êxodo, um detalhe de não pequena importância: é Deus que vê, que Se comove e que liberta, não é Israel que o pede. Com efeito, o Faraó extingue também os sonhos, rouba o céu, faz parecer imutável um mundo onde a dignidade é espezinhada e os vínculos autênticos são negados. Por outras palavras, o Faraó consegue vincular-nos a ele. Perguntemo-nos: Desejo um mundo novo? E estou disposto a desligar-me dos compromissos com o velho? O testemunho de muitos irmãos bispos e dum grande número de agentes de paz e justiça convence-me cada vez mais de que aquilo que é preciso denunciar é um défice de esperança. Trata-se de um impedimento a sonhar, um grito mudo que chega ao céu e comove o coração de Deus. Assemelha-se àquela nostalgia da escravidão que paralisa Israel no deserto, impedindo-o de avançar. O êxodo pode ser interrompido: não se explicaria doutro modo porque é, que tendo uma humanidade chegado ao limiar da fraternidade universal e a níveis de progresso científico, técnico, cultural e jurídico capazes de garantir a todos a dignidade, tateie ainda na escuridão das desigualdades e dos conflitos.

Deus não Se cansou de nós. Acolhamos a Quaresma como o tempo forte em que a sua Palavra nos é novamente dirigida: «Eu sou o Senhor, teu Deus, que te fiz sair da terra do Egipto, da casa da servidão» (Ex 20, 2). É tempo de conversão, tempo de liberdade. O próprio Jesus, como recordamos anualmente no primeiro domingo da Quaresma, foi impelido pelo Espírito para o deserto a fim de ser posto à prova na sua liberdade. Durante quarenta dias, tê-Lo-emos diante dos nossos olhos e connosco: é o Filho encarnado. Ao contrário do Faraó, Deus não quer súbditos, mas filhos. O deserto é o espaço onde a nossa liberdade pode amadurecer numa decisão pessoal de não voltar a cair na escravidão. Na Quaresma, encontramos novos critérios de juízo e uma comunidade com a qual avançar por um caminho nunca percorrido.

Isto comporta uma luta: assim no-lo dizem claramente o livro do Êxodo e as tentações de Jesus no deserto. Com efeito, à voz de Deus, que diz «Tu és o meu Filho amado» (Mc 1, 11) e «não haverá para ti outros deuses na minha presença» (Ex 20, 3), contrapõem-se as mentiras do inimigo. Mais temíveis que o Faraó são os ídolos: poderíamos considerá-los como a voz do inimigo dentro de nós. Poder tudo, ser louvado por todos, levar a melhor sobre todos: todo o ser humano sente dentro de si a sedução desta mentira. É uma velha estrada. Assim podemos apegar-nos ao dinheiro, a certos projetos, ideias, objetivos, à nossa posição, a uma tradição, até mesmo a algumas pessoas. Em vez de nos pôr em movimento, paralisar-nos-ão. Em vez de nos fazer encontrar, contrapor-nos-ão. Mas existe uma nova humanidade, o povo dos pequeninos e humildes que não cedeu ao fascínio da mentira. Enquanto os ídolos tornam mudos, cegos, surdos, imóveis aqueles que os servem (cf. Sal 115, 4-8), os pobres em espírito estão imediatamente disponíveis e prontos: uma força silenciosa de bem que cuida e sustenta o mundo.

É tempo de agir e, na Quaresma, agir é também parar: parar em oração, para acolher a Palavra de Deus, e parar como o Samaritano em presença do irmão ferido. O amor de Deus e o do próximo formam um único amor. Não ter outros deuses é parar na presença de Deus, junto da carne do próximo. Por isso, oração, esmola e jejum não são três exercícios independentes, mas um único movimento de abertura, de esvaziamento: lancemos fora os ídolos que nos tornam pesados, fora os apegos que nos aprisionam. Então o coração atrofiado e isolado despertará. Para isso há que diminuir a velocidade e parar. Assim a dimensão contemplativa da vida, que a Quaresma nos fará reencontrar, mobilizará novas energias. Na presença de Deus, tornamo-nos irmãs e irmãos, sentimos os outros com nova intensidade: em vez de ameaças e de inimigos encontramos companheiras e companheiros de viagem. Tal é o sonho de Deus, a terra prometida para a qual tendemos, quando saímos da escravidão.

A forma sinodal da Igreja, que estamos a redescobrir e cultivar nestes anos, sugere que a Quaresma seja também tempo de decisões comunitárias, de pequenas e grandes opções contracorrente, capazes de modificar a vida quotidiana das pessoas e a vida de toda uma coletividade: os hábitos nas compras, o cuidado com a criação, a inclusão de quem não é visto ou é desprezado. Convido toda a comunidade cristã a fazer isto: oferecer aos seus fiéis momentos para repensarem os estilos de vida; reservar um tempo para verificarem a sua presença no território e o contributo que oferecem para o tornar melhor. Ai se a penitência cristã fosse como aquela que deixou Jesus triste! Também a nós diz Ele: «Não mostreis um ar sombrio, como os hipócritas, que desfiguram o rosto para que os outros vejam que eles jejuam» (Mt 6, 16). Pelo contrário, veja-se a alegria nos rostos, sinta-se o perfume da liberdade, irradie aquele amor que faz novas todas as coisas, a começar das mais pequenas e próximas. Isto pode acontecer em toda a comunidade cristã.

Na medida em que esta Quaresma for de conversão, a humanidade extraviada sentirá um estremeção de criatividade: o lampejar duma nova esperança. Quero dizer-vos, como aos jovens que encontrei em Lisboa no verão passado: «Procurai e arriscai; sim, procurai e arriscai. Neste momento histórico, os desafios são enormes, os gemidos dolorosos: estamos a viver uma terceira guerra mundial feita aos pedaços. Mas abracemos o risco de pensar que não estamos numa agonia, mas num parto; não no fim, mas no início dum grande espetáculo. E é preciso coragem para pensar assim» (Discurso aos estudantes universitários, 03/VIII/2023). É a coragem da conversão, da saída da escravidão. A fé e a caridade guiam pela mão esta esperança menina. Ensinam-na a caminhar e, ao mesmo tempo, ela puxa-as para a frente[1].

Abençoo-vos a todos vós e ao vosso caminho quaresmal.

Roma – São João de Latrão, no I Domingo do Advento, 3 de dezembro de 2023.
[Francisco]

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2024

2 de fevereiro - Festa da Apresentação do Senhor

 A Igreja celebra a festa da Apresentação do Senhor após quarenta dias do Natal. Este acontecimento é narrado pelo evangelista Lucas no capítulo 2. No Oriente, a celebração desta festa remonta ao século IV e, desde o ano 450, é chamada "Festa do Encontro", porque Jesus “encontra” os sacerdotes do Templo, mas também Simeão e Ana, que representam o povo de Deus. Por volta de meados do século V, esta festa era celebrada também em Roma. Com o passar do tempo, foi acrescentada a esta festa a “bênção das velas”, recordando que Jesus é a "Luz dos Gentios".

«Concluídos os dias da sua purificação, segundo a Lei de Moisés, Maria e José levaram o Menino a Jerusalém, para apresentá-lo ao Senhor, conforme está escrito na Lei do Senhor: “Todo primogênito de sexo masculino será consagrado ao Senhor” (Ex 13,2); eles ofereceram um par de rolas ou dois pombinhos como sacrifício prescrito pela Lei do Senhor. Ora, em Jerusalém havia um homem chamado Simeão: um homem justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel, e o Espírito Santo estava nele. Movido pelo Espírito Santo, ele também foi ao Templo, porque não queria morrer sem primeiro ter visto o Cristo do Senhor. Tendo seus pais apresentado o Menino Jesus ao Templo, para cumprir os preceitos da Lei, ele o tomou em seus braços e louvou a Deus nestes termos: “Agora, Senhor, deixai o vosso servo ir em paz, segundo a vossa palavra. Porque os meus olhos viram a vossa salvação, que preparastes diante de todos os povos, luz para iluminar as nações e glória do vosso Povo de Israel”» (cf. Lc 2, 22-40).

Oferta

Segundo a Lei de Moisés, o primogênito de sexo masculino era propriedade do Senhor e destinado ao serviço do Templo. Mais tarde, quando os descendentes de Levi, os levitas, assumiram o serviço do Templo, esta prescrição caiu em desuso, mas o primogênito devia ser resgatado com uma oferta em dinheiro, para a manutenção do sacerdote.

Encontro com Simeão

Movido pelo Espírito, foi ao Templo”. Deve-se evidenciar um detalhe: Simeão foi inspirado pelo Espírito Santo, que o levou também ao “reconhecimento” de Jesus, como o Esperado, a Luz dos Gentios. Devemos colocar-nos diante desta Luz: “A verdadeira luz veio ao mundo; a luz que ilumina cada homem... mas o mundo não o reconheceu" (Jo 1,9-10).

Maria guardava tudo em seu coração

Simeão abençoou os pais, mas suas palavras são dirigidas apenas à mãe: seu Filho será sinal de contradição. Jesus é a Luz do mundo, mas será rejeitado, admirado e amado, mas também crucificado, derrotado; morrerá e ressurgirá. Um caminho repleto de contradições, que ficou impresso no coração da Mãe.

Encontro com Ana

A profetisa Ana também foi ao Templo. Segundo os detalhes do evangelista, nota-se quanto ela também era uma mulher de Deus, muito idosa, viúva. Como "profetisa" conseguiu entender o que os outros tanto queriam ver: a presença de Deus! Ela soube ir para além das aparências e viu que aquele Menino era o “Esperado pelos Gentios”.

Esperança

Na época de Jesus, a idade média de vida era de aproximadamente 40 anos. Mas, o evangelista diz que Simeão e Ana eram “idosos".  Os idosos, geralmente, vivem de recordações, saudades dos tempos idos, enquanto os jovens vivem de esperança, olham para frente. Neste caso, estamos diante de dois idosos que, porém, ao ver o Menino, olham para frente, aguardam, se surpreendem, cantam de alegria e esperança. Tais detalhes demonstram quanto eram jovens de coração, repletos de Deus e de suas promessas: e Deus não decepciona!

Profetas

Todos nós também somos envolvidos por esta "visão", pois quem aceita viver o Evangelho torna-se sinal de contradição. Colocar-se diante do Senhor Jesus, Luz dos Gentios, requer muita coragem, mas, ainda mais e antes de tudo, ser "de Deus", como Simeão e Ana; requer também a consciência de nem sempre ver tudo claramente, como José e Maria, que ficaram “admirados” com o que diziam de seu Filho, mas, depois, sabemos que Maria “guardava e meditava” tudo em seu coração.

In Vatican News

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

4 de Fevereiro, 2024 - 05º Domingo do Tempo Comum - Ano B


 Leituras: aqui

1. O mistério do sofrimento

A dor, nossa companheira. «Não vive o homem sobre a terra como um soldado? Não são os seus dias como os de um mercenário? Como o escravo que suspira pela sombra e o trabalhador que espera pelo seu salário, assim eu recebi em herança meses de desilusão e couberam-me em sorte noites de amargura».

O Livro de Job é um dos livros didáticos ou sapienciais do Antigo Testamento. Nele procura o Espírito Santo dar-nos a resposta possível antes da vinda de Cristo, à razão de ser do sofrimento humano, sobretudo do que padecem os inocentes.

• Tratado sobre o sofrimento. Continuamos a perguntar: Porque sofremos? Para que sofremos? Que significado tem o sofrimento da nossa vida?

O Senhor apresenta-nos Job – um personagem misterioso e possivelmente fictício, do Antigo Testamento – e ao longo da narrativa tenta dar-nos luz sobre o problema.

Job é um homem que teve uma vida farta, confortável e feliz, mas perdeu os bens materiais, os filhos e a própria saúde, pois contrai a lepra, doença incurável naquela época.

Depois dos bens materiais, perdeu também o bom nome, porque a esposa e os amigos pensam que sofre o castigo de crimes secretos.

O homem sofredor queixa-se a Deus e compara a sua vida à de um soldado mercenário, assalariado. Um homem assim é continuamente mandado e tem o sustento garantido na medida em que obedecer. Nunca sabe nada do seu futuro, mas luta cada dia, sem conhecer o que vai ser o seu amanhã.

Soldados somos todos, afinal, porque a vida é um combate contra as nossas más inclinações e combatemos continuamente, para nos mantermos fiéis ao Senhor. Esta vida de soldado deve terminar em cada um de nós pela morte física, por uma vitória e um prémio.

O escravo suspira pela sombra que o defenda do sol abrasador; e procura o descanso de um trabalho sem horário. Somos um pouco de tudo isto, se nos olharmos sem a luz da fé.

• Procurar o Senhor. No meio de tudo isto, Job dá-nos um grande exemplo: ele queixa-se a quem se deve queixar: ao Senhor. Animemo-nos a procurar o Senhor, passando algum tempo na Sua Presença, a pedir luz e coragem para levarmos a cruz.

Muitas vezes não somos confortados, sofremos sós e vivemos incompreendidos porque não procuramos o Único que nos podia compreender e consolar, porque nos ama infinitamente.

Algumas pessoas, mesmo quando têm boa vontade, desorientam-nos, porque olham para o que sofremos sem a luz da fé. Mais seguro é fazer oração e procurar no Senhor a razão e o conforto das nossas dores.

 

2.  Jesus ilumina o mistério da dor

O serviço do sofrimento. «Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, a casa de Simão e André. A sogra de Simão estava de cama com febre e logo Lhe falaram dela. Jesus aproximou-Se, tomou-a pela mão e levantou-a. A febre deixou-a e ela começou a servi-los.»

À luz da razão, o sofrimento pode parecer uma coisa descabida e até prejudicial, nas nossas relações com Deus e com as outras pessoas; mas à luz da fé, o sofrimento é um verdadeiro tesouro que devemos aproveitar o melhor possível.

É preciso pedir ajuda ao Espírito Santo para descobrir o seu valor e estudá-lo na oração, e não a ouvir o que as pessoas sem fé pensam dele, porque nos desorientam.

• Tempo de solidariedade. Quando a cruz faz o seu aparecimento numa vida, Deus convida uns e outros a viverem mais intensamente a solidariedade.

– É uma ocasião propícia para viver a caridade para com os que sofrem, ouvindo-os e atendendo-os nas suas necessidades elementares. Uma doença estreita a comunhão das pessoas e perseveram nela quando a caridade é verdadeira.

– Também o que sofre pode viver uma providencial solidariedade, oferecendo o sofrimento pelas grandes intenções da Igreja.

Vale a pena recordar aqui o que Nossa Senhora dizia aos Pastorinhos de Fátima: “Vão muitas almas para o inferno, por não haver quem reze e se sacrifique por elas.”

 • Tempo de humildade. Quando sofremos tocamos mais de perto as nossas limitações e vemos mais claramente que precisamos de ajuda. Isto esvazia-nos de falsos complexos de superioridade e leva-nos a dobrar a cerviz, perdendo a falsa importância com que, por vezes, nos apresentamos diante dos outros.

• Escola da paciência. As limitações a que nos vemos reduzidos pelo sofrimento físico e moral levam-nos a descobrir que a revolta contra a cruz nada adianta e que a impaciência agrava a situação.

Na doença, quando prolongada, há duas fases: uma inicial em que domina o desejo de se ver curado e se encara com impaciência o tempo de cura que se prolonga; numa segunda fase, a pessoa entra num certo abandono que poderia tornar-se indiferença perante a vida.

• Espaço de encontro com Deus. Muitas pessoas, afastadas do caminho da salvação, acabam por se encontrarem com Deus na Cruz. O primeiro exemplo foi o do bom ladrão. A partir daí, os casos sucedem-se continuamente.

Isto acontece por graça do Senhor e também porque o sofrimento conduz-nos a encarar a vida com realismo. Dissipam-se muitos sonhos banais e sem sentido; e compreendemos então que a vida é caminho para a eternidade.

Muitas vezes, este encontro pode ser preparado por uma pessoa amiga que lealmente ajuda a pessoa doente ou em sofrimento moral a reencaminhar a sua vida.

Fonte: aqui