quarta-feira, 30 de novembro de 2016

Eclipse de Deus




* Na Família


- Existe uma autêntica “hemorragia” populacional, no interior do país.


- As dificuldades económicas “crescentes”  afligem muitas pessoas e  “empurram-nas para a miséria”.


- A família, antes “lugar, escola de valores, propositora de princípios, berço não só da vida mas das convicções e da fé”, hoje cada vez mais fragilizada.


- A sociedade vive num egoísmo generalizado pois é muito hedonista, desacreditou no amor fiel, indissolúvel. A realidade da dificuldade no matrimónio é generalizada.


- A realidade das famílias reflete-se também nos jovens, na “educação dos filhos”, ameaçando transformar-se num ciclo difícil de quebrar, se não for devidamente cuidado.


-A família tem de ser evangelizada, ajudada, formada.


- Temos de imprimir e dar a conhecer ao mundo, que é possível um matrimónio manter-se fiel até à morte , pelo que é fundamental estar próximo das famílias e dos casais que convivem com problemas.


* Nos Jovens:


- Muitos não sabem o que é um sacramento.


- Não têm um sentido de pertença à Igreja.


- Os Padrinhos não assumem a sua missão junto dos jovens afilhados e são hoje apenas “uma praxe social”.


- Para muitos e muitos padrinhos, a preparação para o Batismo é uma chatice, porque o que importa é estar lá no dia e porventura uma vez ou outra oferecer um presente. Ser padrinho é mais do que isso.

terça-feira, 29 de novembro de 2016

Corações enferrugados

Comer, beber, gozar a vida, casa, carro, boa vida... Muita gente do nosso tempo faz lembrar um saco a encher de coisas...
Mas a pessoa humana é só isso?!...
Onde fica Deus? Onde ficam os outros? Onde fica a comunidade?
Advento siginifica VINDA, CHEGADA. E estamos no Advento!
Quando Jesus estava para nascer, Maria teve o seu Menino num curral de animais, "porque não havia lugar para Ele nas casas"...
E HOJE? Quantos corações fechados a Deus que bate constantemente à nossa porta!
Tão cheios de coisas que não temos lugar para Deus!
Como que nos habituamos a esquecer de Deus. As portas do nosso coração enferrujaram de tanto esquecimento de Deus.
Mas ELE bate constantemente à porta da nossa vida. Se alguém Lhe abrir a porta Ele entrará e ficará connosco.
Não é num curral de animais que Ele pretende nascer. É no teu coração.
Deixa Deus entrar.
Terás Natal no teu coração.
Abre-te ao outro e à comunidade.
Terás Natal em ti.

segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Bispo explica que Crisma «não é a cerimónia da graduação para dizer adeus»


O bispo de Setúbal explicou aos jovens que receberam o Sacramento da Confirmação no passado  sábado, na Paróquia da Moita, que “são gente grande” e a “comunidade precisa” deles pedindo que “não se demitam” do contributo que podem dar.
“Isto não é a cerimónia da vossa graduação para dizer adeus, isto é o princípio de vida nova, ativa, tenham gosto para dizer esta é a minha comunidade, eu colaborei para fazê-la, para construí-la, não fiquem simplesmente a ver passar as procissões, participem, levem o andor e calcorreiem as estradas da nossa vida, da nossa cidade, do nosso mundo. É para isso que vocês recebem o Espírito”.
 “Vocês a partir de agora são gente grande, esta comunidade precisa de vocês”, “não se demitam” de participar na comunidade porque seria “uma tristeza” e “uma falha” para a Igreja.
A comunidade paroquial tem também “o direito” de pedir aos crismados o seu “serviço da fé, da esperança, o entusiasmo”, aquilo que o Espírito lhes dá.
“Façam da vossa vida um alerta para servir, não é esperar sentadinhos, isto é para esperar operosamente, este mundo precisa de gente amada por Deus, que sente o carinho e amor de Deus e é capaz de pôr ao serviço de um mundo melhor esse capital e vida, de amor, energia, criatividade”, desenvolveu.
 “Somos todos transgénicos, recebemos um gene novo”, acrescentou recordando que São Paulo fala do enxerto em Cristo que se recebe pelo Batismo, porque a vida de Deus não acaba.
“A nossa natureza humana não dura para sempre, os nossos genes são falíveis, não podemos viver eternamente. Deus sim, mandou-nos o seu Espírito que é isso que nos faltava, a participação na sua vida para nos fazer viver. Esse é o gene novo que nós temos.”

domingo, 27 de novembro de 2016

A GRATIDÃO É A MEMÓRIA DO CORAÇÃO


AGRADECEMOS:
 
- A Deus, origem de todo o dom perfeito. Sem Ele nada conseguimos de bom e de belo
- Ao sr D. Jacinto pela simpatia, pelo acolhimento, pela palavra que dirigiu oportunamente ao crismandos, pelo Crisma, pela amizade. Também ao sr. Vigário Geral sempre com uma palavra de apoio e resolvendo-nos com rapidez burocracias.
- Ao sr Presidente da Assembleia pelo apoio pessoal e do óagão autárquico a que preside.
- Ao sr Presidente da Câmara, Vereadores e Câmara municipal pela abertura, compreensão, apoio técnico e logístico, pelos trabalhadores que executaram dedicadamente os trabalhos da 2ª fase da obra, pelas ofertas em materiais e recheio.
- Aos Técnicos da Câmara pelo trabalho; ao sr Eng. Américo que nos inícios nos orientou e abriu pistas; ao sr Eng Paulo que acompanhou de forma assídua a obra e que tanto nos ajudou pacientemente.
- Aos trabalhadores da Câmara, das mais diferentes áreas, que se dedicaram à obra com esmero e competência.
- Ao Senhor Mário Ferreira e ao executivo a que presidiu por toda a ajuda que nos concedeu aquando da 1ª fase da obra.
- Ao sr. Presidente da Junta e à Junta pelo incentivo, pelo apoio monetário, logístico e dos seus trabalhadores a quem também agradecemos.
- À anterior Junta pelo donativo monetário que nos deixou.
- Ao sr Arq. Carlos pelo empenho em resolver situações burocráticas  e beleza do projeto.
- Aos sacerdotes e estagiários que por aqui passaram e aos que nos ajudaram, bem como a todos os sacerdotes desta zona pastoral pela amizade encorajante.
- Aos benfeitores falecidos que deixaram à comunidade teres ou haveres.
- Às pessoas e famílias desta comunidade e nossos amigos, residentes ou emigrantes, dos mais pequeninos aos mais idosos.
- Às empresas, associações, comissões de festas, instituições, grupos,  pelos donativos oferecidos.
- Às pessoas ou grupos que realizaram ações para a recolha de fundos.
- Aos grupos da Paróquia, todos.
- Aos antigos conselhos económicos e comissões de santa Helena que souberam orientar e governar os bens da Igreja.
- Às pessoas, associações, instituições e empresas que nos ofereceram materiais, móveis, tecnologias e  apoio logístico, como a grua, materais, acolhimento de materiais e outros.
- A quem está a oferecer o seu donativo para a aquisição da Imagem e a quem tem feito/está a fazer a recolha de Amigos da Liga de Santa Helena.
- À equipa de senhoras da cozinha, a quem tratou do lanche popular e a todos os que  deram o seu contributo para esta festa nos campos técnico, logística, de ofertas de víveres e serviços.
- Às crianças, catequistas e ensaiadores pela bela festa que proporcionaram.
- Aos conjuntos presentes.
- Felicitamos o construtor da 1ª fase e todos os nossos fornecedores
- Ao conselho económico (Jaime, Dr Rui Pereira, José Manuel, Armindo, Vitor Lucena, Dr. Luis, Vinício, Manuel, Abílio, Acácio, Gabriel). Quanto a Paróquia lhes deve! Foram maravilhosos.
A todos, mesmo a todos, o nosso obrigado.

Inauguração do Centro Paroquial Santa Helena da Cruz

Bolo confecionado e oferecido por D. Cândida. A ela e seu marido Abílio, os nossos parabéns!
O bolo foi partido no almoço simples que congregou à volta do sr. Bispo as pessoas dos vários grupos da Paróquia. Foi partilhado de tarde pelos presentes.

FESTA,GRATIDÃO, ESPERANÇA
Dia da Comunidade Paroquial:
Eucaristia, Crisma , Bênção do Centro Paroquial, Sessão de Inauguração, Festa da Catequese, Música, Lanche Popular



Celebração dos Sacramentos da Eucaristia e da Confirmação (CRISMA)
 
46 cristãos foram crismados (37 da Paróquia de Tarouca, 5 da de Gouviães e 4 da de Várzea da Serra).
Estiveram bem os crismados, serenos, participantes, alegres. Parabéns a eles, aos  catequistas , a quem lhes ensaiou os cânticos, pais e padrinhos.
O senhor D. Jacinto, Bispo Emérito de Lamego, desafiou-os a serem o rosto jovem da Igreja através de uma ligação forte a Cristo e de um empenho decidido na vida da Igreja, levando como cristão confirmados, o anúncio de Jesus e o seu amor às periferias existenciais.
Os jovens e a comunidade gostaram muito da presença de D. Jacinto pela maneira muito clara e empática como lhes falou. Obrigado senhor Bispo!
D. António Couto, em virtude de uma situação de saúde surgida à última hora, não pôde estar presente. Esperamos a sua visita a qualquer momento.

Procissão e Bênção do Centro Paroquial
 
Apesar dos chuviscos, a procissão realizou-se, porque não são uns pingos que afastam Tarouca dos seus objectivos. Caminhámos da Casa de Deus para os homens em direção à casa dos homens para Deus.
Já no Centro Paroquial precedeu-se à bênção ritual das instalações, perante uma assembleia que lutava o salão maior do Centro Paroquial.

Sessão de Inauguração
Durante a Sessão de Inauguração, conduzida pela D. Almerinda Matias, usaram da palavra o Pároco, o Dr. Rui, em representação do Conselho Económico, o Presidente da Junta, o Presidente da Assembleia Municipal, o Presidente da Câmara e D. Jacinto.
Foi salientado o empenho do Pároco, do Conselho Económico e da Comunidade na construção deste espaço, por todos elogiado.
Foi um momento de gratidão a todos os que colaboraram, Câmara, Junta, pessoas, empresas, grupos, instituições e associações.
A esperança marcou também esta sessão. Há condições para a comunidade cristã e civil poderem crescer, Há que aproveitar.

Festa da Catequese

 




Música e Lanche Popular 
 
 

 

 
Houve um espaço para o convívio e a música. Os Desalinhados e o grupo musical dos Drs Duarte Esteves e Luis Santos garantiram, gratuitamente, boa música e momentos de bom convívio.
Com o belo empenho do Conselho Económico e a generosidade de pessoas e empresas, os presentes puderam saborear um febra no espeto e muita e boa doçaria.
Obrigado a todos.

Nota final:
Pelo que vimos e escutámos as pessoas gostaram do Dia da Comunidade, apreciaram a festa e louvaram vivamente a obra inaugurada.

sábado, 26 de novembro de 2016

VINDE, VINDE, TUDO ESTÁ PREPARADO!

Inauguração do Centro Paroquial Santa Helena da Cruz

quinta-feira, 24 de novembro de 2016


27 Novembro 2016 - 1º Domingo do Advento – Ano A

Leituras: aqui
Nesse domingo, inicia mais um Ano Litúrgico, no qual relembramos e revivemos os Mistérios da História da Salvação. 

NATAL e PÁSCOA centralizam as celebrações, que são vividas em três momentos: antes, durante e depois... 

Nesse Ano A, o Evangelho de Mateus terá uma atenção especial.

Com o Advento, entramos no tempo que nos prepara para o Natal do Senhor. 

A palavra ADVENTO significa "Vinda", chegada: faz-nos relembrar e reviver as primeiras etapas da História da Salvação, quando os homens se prepararam para a vinda do Salvador, a fim de que também nós possamos preparar hoje em nossa vida a vinda de Cristo por ocasião do Natal.

Nas duas primeiras semanas do Advento, vigilantes e alertados, esperamos a vinda definitiva e gloriosa do Cristo Salvador, e nas duas últimas semanas, lembrando a espera dos profetas e de Maria,
preparamos mais especialmente o seu nascimento em Belém. 

A Liturgia de hoje é um veemente apelo à VIGILÂNCIA, para acolher os Sinais de Deus. 

Na 1a Leitura, ISAÍAS profetiza a vinda de um descendente de Davi, que trará justiça e paz para o seu povo. (Is 2,1-5)
É um dos oráculos mais bonitos de todo do Antigo Testamento.
Encarna a espera do Antigo Testamento e o Advento pré-cristão.
A um povo que vivia uma situação dramática de perigo de guerra,  anuncia um futuro maravilhoso: fala de uma era messiânica, na qual todos os povos acorrerão a Jerusalém para adorar o único Deus.
As armas transformá-se-ão em instrumentos pacíficos de trabalho e de vida.

  * O sonho do profeta começa a realizar-se em Jesus, mas estamos ainda muito longe dessa terra de justiça e de paz...
- O que podemos fazer para que o sonho de Isaías se concretize? 

Na 2a Leitura, Paulo  convida-nos a "acordar" para descobrir os sinais do novo dia que já raiou e caminhar ao encontro da Salvação,
deixando as obras das trevas e vestindo as armas da LUZ. (Rm 13,11-14) 

O Evangelho é um apelo a uma VIGILÂNCIA permanente, para reconhecer o Senhor na sua chegada. Será então a realização do sonho do Profeta. (Mt 24,37-44).
Para transmitir essa mensagem, Jesus usa três quadros:
- O 1º Quadro é da humanidade na época de Noé Os homens viviam numa alegre inconsciência,  preocupados apenas em gozar a sua "vidinha" descomprometida.
  Quando o dilúvio chegou, os apanhou de surpresa e despreparados.
- O 2º Quadro fala dos trabalhos da vida cotidiana: podem-nos absorver e prejudicar a preparação da Vinda do Senhor.
- O 3º Quadro coloca o exemplo do dono de uma casaque adormece e deixa a sua casa ser roubada pelo ladrão. 

+ O que significa "estar vigilante"?
- Será apenas estar sem pecado... para não ir para o inferno?
- Ou acolher as oportunidades de salvação, que Deus nos oferece?
Jesus continua vindo, para nos salvar e nos trazer a felicidade.
E nós temos que estar sempre atentos para perceber cada vinda sua.
Ele está presente nas palavras de quem nos orienta para o bem, nos gestos de amor dos irmãos, no esforço de quem se sacrifica para construir um mundo mais justo e fraterno.
Hoje, devido ao medo provocado pelo desemprego, fome e violência, assistimos ao fenômeno da busca de refúgio no sagrado.
Mas o excesso de alegria de certas práticas religiosas sem compromisso pode-nos tirar a possibilidade de perceber a chegada do Senhor. 
- As celebrações festivas  fazem-nos mais vigilantes, mais acordados para a realidade que temos a obrigação de transformar ou  funcionam como sonífero, que nos impedem de ver a chegada
daquele que vem sem aviso prévio?       

+ Motivos que impedem a acolhida do Senhor que vem:
- Prazeres da vida: a pessoa mergulhada nos prazeres fica alienada...
  No domingo, dorme... passeia... pratica desportos... mas não sobra tempo para celebrar a sua fé na Comunidade...
- Trabalho excessivo: a pessoa obcecada pelo trabalho esquece o resto: Deus, a família, os amigos, a própria saúde...
- Desatenção: o Distraído não vê o Cristo, presente na pessoa sofredora...  Acha que não é problema seu... é do governo... da Igreja... 

Na minha vida, o que mais me distrai do essencial e me impede tantas vezes de estar atento ao Senhor que vem?
+ Como desejo me preparar-me para o Natal desse ano?
   - Apenas programando festas, presentes, enfeites, músicas?
   - Ou numa atitude humilde e vigilante, a esse Cristo que vem?  
   - Participo na oração familiar e comunitária?
   - Que PAZ desejo construir?

                                           Pe. Antônio G. Dalla Costa -27.11.2016

quarta-feira, 23 de novembro de 2016

PARÓQUIA DE S. PEDRO DE TAROUCA prepara o dia da comunidade paroquial e da Inauguração do Centro Paroquial

Caminhada do Advento em Família - DEUS CONNOSCO PARA UMA HUMANIDADE NOVA

O tempo Santo do Advento está quase a iniciar-se. Este tempo deve dispor-nos a receber Jesus, o Deus que vem viver connosco. Para que Jesus também possa nascer  e viver no seio de cada uma das famílias das nossas comunidades, o Departamento Diocesano da Pastoral Familiar, remete-vos esta simples pagela com quatro orações, uma para cada semana do Avento.



1.ª Semana
GUERRA – PAZ



Senhor!...
A guerra no mundo existe
e persiste.
Praticam-se horrores,
Vive-se o terror!
A paz no mundo é importante,
mas distante!…
Em algumas famílias
há quezílias,
desentendimentos,
dias tensos,
sem harmonia,
sem alegria;
dias sombrios
frios…
Pedimos-Te Senhor a PAZ
a que o Teu amor traz.
Paz dentro de nós
para ouvirmos a Tua voz,
a voz do Teu clamor,
o Teu amor, Senhor!



Carta Apostólica “Misericordia et Misera”


Quando ouvi pela Rádio Renascença, na manhã do dia 21 de novembro, a notícia de que o Papa Francisco assinara no dia 20, para assinalar o termo do Ano Jubilar da Misericórdia, a Carta Apostólica “Misericordia et Misera”, não estava a perceber o alcance do título, embora compreendesse o gesto que, aliás já estava anunciado.

Porém, com a leitura, ainda que rápida, notei que o título se inspira na interpretação de Santo Agostinho do episódio da adúltera, narrado por São João (cf Jo 8,1-11). Na verdade, depois que os homens que trouxeram a mulher à presença do Mestre, porque a tinham apanhado em flagrante, se foram embora ao ouvirem Jesus desafiar quem está sem pecado a que atire a primeira pedra, ficou apenas Jesus, a Misericórdia, e a mulher, a mísera. Jesus não a condenou, mandou-a em paz, recomendando que não tornasse a pecar. Pela Misericórdia, a mísera passou a redimida.

A esta cena chama Francisco o ícone da misericórdia a indicar “o caminho que somos chamados a percorrer no futuro”. Assim, como era de esperar, o Bispo de Roma não quer que o Ano Santo da Misericórdia fique arredado da vida diária da Igreja.

Ao episódio evocado agrega o Pontífice o relatado por São Lucas aquando do banquete em casa do fariseu a cujo convite Jesus correspondeu positivamente (cf Lc 7,36-50). Uma pecadora “ungira com perfume os pés de Jesus, banhara-lhos com as lágrimas e enxugara-lhos com os cabelos (cf 7,37-38). Ao fariseu escandalizado o Senhor atalhou: “São perdoados os seus muitos pecados, porque muito amou; mas aquele a quem pouco se perdoa, pouco ama” (7,47).

Trata-se de dois episódios em que prevalece o perdão como “o sinal mais visível do amor do Pai, que Jesus quis revelar em toda a sua vida” e que se relacionam com as palavras orantes de perdão no momento de Ele ser pregado na cruz: “Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem” (23,34).

Segundo o Papa, “a misericórdia é esta ação concreta do amor que, perdoando, transforma e muda a vida”. E assim se manifesta “o seu mistério divino”. “Deus é misericordioso (cf Ex 34,6), a sua misericórdia é eterna (cf Sl 136/135), de geração em geração abraça cada pessoa que confia n’Ele e transforma-a, dando-lhe a sua própria vida”. É ação divina que traz imensa alegria a quem dela beneficia, graças ao arrependimento e ao amor. A misericórdia suscita alegria!

Numa cultura altamente dominada pela tecnologia – insiste Francisco – multiplicam-se as formas de tristeza e solidão das pessoas, incluindo muitos jovens. O futuro, refém da incerteza, não permite estabilidade. Por isso, “surgem sentimentos de melancolia, tristeza e tédio, que podem, pouco a pouco, levar ao desespero”. Neste contexto, evidencia-se a “necessidade de testemunhas de esperança e de alegria verdadeira, para expulsar as quimeras que prometem uma felicidade fácil com paraísos artificiais”. Há tanta necessidade de “reconhecer a alegria que se revela no coração tocado pela misericórdia” que urge a guarda, como que de um tesouro, das palavras do Apóstolo: “Alegrai-vos sempre no Senhor!” (Fl 4,4; cf 1Ts 5,16).

E um Ano intenso, em que nos “foi concedida, em abundância, a graça da misericórdia” qual “vento impetuoso e salutar” deve ter criado um dinamismo perpétuo do acolhimento do olhar amoroso de Deus a replicar diariamente junto do próximo, nomeadamente junto de quem mais sofre. Concluído o jubileu, há que agradecer e tentar “compreender como se pode continuar, com fidelidade, alegria e entusiasmo, a experimentar a riqueza da misericórdia divina”. As diversas comunidades são capazes de permanecer vivas e dinâmicas na obra da nova evangelização na medida em que a “conversão pastoral”, que estamos chamados a viver for plasmada dia após dia pela força renovadora da misericórdia”.

***

Então, que devemos fazer?                           

- Celebrar a misericórdia. Na liturgia, recorrentemente se evoca, recebe e vive a misericórdia. Do início ao fim da Celebração Eucarística, a misericórdia aparece no diálogo entre a assembleia orante e o coração do Pai, que rejubila ao “derramar o seu amor misericordioso”. E o Papa aduz vários momentos litúrgicos referentes aos tempos litúrgicos e aos diversos momentos da Missa. Depois, reconhecendo que, em toda a vida sacramental, nos é dada com abundância a misericórdia, releva os dois sacramentos chamados “de cura”: a Reconciliação e a Unção dos Enfermos – em que se evidencia a índole parenética e realizadora da referência à misericórdia, tirando partido da lex orandi, lex credendi. E menciona da fórmula da absolvição:

“Deus, Pai de misericórdia, que, pela morte e ressurreição de seu Filho, reconciliou o mundo consigo e infundiu o Espírito para a remissão dos pecados, te conceda, pelo ministério da Igreja, o perdão e a paz”.

E da unção dos doentes:

 “Por esta santa Unção e pela sua piíssima misericórdia, o Senhor venha em teu auxílio com a graça do Espírito Santo”.

- Escutar a Palavra de Deus. Em cada domingo, ela é proclamada na comunidade cristã, para que o Dia do Senhor seja iluminado pela luz que dimana do mistério pascal. Na Celebração Eucarística, dá-se verdadeiro diálogo entre Deus e o seu povo. Deus fala-nos como a amigos, “convive” connosco, oferecendo-nos a sua companhia e mostrando-nos a senda da vida, e faz-se intérprete dos nossos pedidos e preocupações tornando-se resposta fecunda a fim de podermos experimentar a sua proximidade. Neste contexto, a homilia, devidamente cuidada, deve fazer vibrar o coração dos crentes perante a grandeza da misericórdia.  

- Cultivar a Bíblia como a grande narração das maravilhas da Misericórdia. Deus revela-Se o Criador. O Espírito Santo, pela palavra dos profetas e pelos escritos sapienciais, moldou a história de Israel no sentir da proximidade terna de Deus, apesar da infidelidade do povo. A vida e a pregação de Jesus marcam a história da comunidade cristã, que entendeu a sua missão com base no mandato que Jesus Cristo lhe confiou de ser instrumento permanente da misericórdia e do perdão (cf Jo 20,23). E o Apóstolo assegura: “Toda a Escritura é inspirada por Deus e adequada para ensinar, refutar, corrigir e educar na justiça” (2 Tm 3,16). Por isso, Francisco sugere que cada comunidade encontre um domingo no Ano Litúrgico para a renovação do “compromisso em prol da difusão, conhecimento e aprofundamento da Sagrada Escritura”: o domingo da Palavra de Deus. E recomenda a lectio divina sobre os temas da misericórdia para verificar “a grande fecundidade que deriva do texto sagrado”, lido à luz da tradição espiritual da Igreja, “que leva necessariamente a gestos e obras concretas de caridade”.

- Celebrar a misericórdia no sacramento da Reconciliação. Nele temos o momento em que sentimos o abraço do Pai, que vem ao nosso encontro para nos restituir a graça de voltarmos a ser seus filhos. Neste sacramento do Perdão, Deus mostra a via da conversão e convida a experimentar de novo a sua proximidade. É o perdão que pode ser obtido, começando antes de mais nada a viver a caridade. Deus perdoa os pecados, mas também nos pede que estejamos prontos a perdoar aos outros, como Ele nos perdoa a nós. A oração do Senhor é clara: “Perdoai-nos as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido” (Mt 6,12; cf Lc 11,4).

- Manter o serviço dos Missionários da Misericórdia, cuja ação pastoral evidenciou que Deus não põe qualquer barreira a quem O procura de coração arrependido, mas vai ao encontro de todos como um Pai. Será responsabilidade do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização seguir os Missionários da Misericórdia, como expressão direta da solicitude e proximidade do Papa e encontrar as formas mais coerentes para o exercício deste ministério.

- Preparação cuidadosa dos sacerdotes para o ministério da Confissão, sendo acolhedores com todos, testemunhas da ternura paterna, solícitos na ajuda a refletir sobre o mal, claros na apresentação dos princípios morais, disponíveis para acompanhar os fiéis na rota penitencial e respeitar o seu passo, clarividentes no discernimento de cada caso, generosos oferta do perdão.

- Dar ao sacramento da Reconciliação o seu lugar central na vida cristã, aproveitando para a sua valorização a iniciativa 24 horas para o Senhor perto do IV domingo da Quaresma.

- Concessão, a partir de agora, a todos os sacerdotes, em virtude do seu ministério, a faculdade de absolver a todas as pessoas que incorreram no pecado do aborto.

- Concessão de receber válida e licitamente a absolvição sacramental dos pecados aos fiéis que frequentam as igrejas oficiadas pelos sacerdotes da Fraternidade de São Pio X.

- Apreciar o rosto da consolação da misericórdia. “Consolai, consolai o meu povo” (Is 40,1): são as palavras que o profeta faz ouvir também hoje, para que chegue uma palavra de esperança a quantos estão no sofrimento e na aflição. Porém, tal consolação pode advir também pelo exercício do silêncio ativo, a ouvir quem precisa de falar e a cultivar a interioridade de vida.

E, num momento particular como o nosso que, entre muitas crises, regista também a da família, é importante fazer chegar a palavra de força consoladora às famílias. É preciso salientar a índole de dom e vocação do matrimónio, “que se há de viver, com a graça de Cristo, no amor generoso, fiel e paciente”. Urge privilegiar a alegria da família, a alegria da fidelidade e a alegria pelo dom dos filhos. E é importante saber e sentir que a experiência da misericórdia nos capacita a encarar as dificuldades humanas com a atitude do amor de Deus, que acolhe e acompanha.

- Reconhecer a importância do momento da morte. A Igreja vive esta dramática passagem à luz da ressurreição de Jesus Cristo, que abriu a estrada para a certeza da vida futura. Vive-se a experiência das exéquias como oração cheia de esperança para a alma da pessoa falecida e para consolação dos que sofrem a separação da pessoa amada. Porém, “há necessidade, na pastoral animada por uma fé viva, de tornar palpável como os sinais litúrgicos e as nossas orações são expressão da misericórdia do Senhor”.

***

Fechou-se a Porta Santa, que nos introduziu no caminho da caridade, mas a porta da misericórdia do nosso coração permanece sempre aberta de par em par. Aprendemos que Deus Se inclina sobre nós (cf Os 11,4), para que também nós possamos imitá-Lo inclinando-nos sobre os irmãos. Diz-nos o Papa que “a misericórdia renova e redime, porque é o encontro de dois corações: o de Deus que vem ao encontro do coração do homem. Este inflama-se e o primeiro cura-o: o coração de pedra fica transformado em coração de carne (cf Ez 36,26), capaz de amar, não obstante o seu pecado”.

É à luz do que lemos na Bíblia, do que rezamos e do que somos, elucidados pela pregação, que somos capazes de equacionar e praticar as obras de misericórdia em concreto (corporais e espirituais) adequando-as às necessidades de cada lugar e de cada tempo e tornando-as estilo de vida nosso a espelhar o coração misericordioso de Deus.

E o Papa não esquece a “verificação da grande e positiva incidência da misericórdia como valor social. Com efeito, “esta impele a arregaçar as mangas para restituir dignidade a milhões de pessoas que são nossos irmãos e irmãs, chamados connosco a construir uma “cidade fiável”. Quer o Pontífice que façamos crescer uma cultura de misericórdia, “com base na redescoberta do encontro com os outros: uma cultura na qual ninguém olhe para o outro com indiferença, nem vire a cara quando vê o sofrimento dos irmãos”. E diz-nos:

As obras de misericórdia são ‘artesanais’: nenhuma delas é cópia da outra; as nossas mãos podem moldá-las de mil modos e, embora seja único o Deus que as inspira e única a ‘matéria’ de que são feitas, ou seja, a própria misericórdia, cada uma adquire uma forma distinta”.

Mais. No centro da misericórdia estão os pobres e ação misericordiosa forma-se na oração:

“A cultura da misericórdia forma-se na oração assídua, na abertura dócil à ação do Espírito, na familiaridade com a vida dos Santos e na solidariedade concreta para com os pobres. É um convite premente para não se equivocar onde é determinante comprometer-se. A tentação de se limitar a fazer a ‘teoria da misericórdia’ é superada na medida em que esta se faz vida diária de participação e partilha. (…). Não podemos esquecer-nos dos pobres: trata-se dum convite hoje mais atual do que nunca, que se impõe pela sua evidência evangélica.”

Abre-se à nossa frente o tempo da misericórdia. Por isso, o Papa Francisco instituiu o Dia Mundial dos Pobres, na ocorrência do XXXIII Domingo do Tempo Comum. Foi a intuição que sentiu à luz do “Jubileu das Pessoas Excluídas Socialmente”, celebrado quando já se iam fechar as Portas da Misericórdia em todas as catedrais e santuários do mundo. E diz-nos:

“Será a mais digna preparação para bem viver a solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo, que Se identificou com os mais pequenos e os pobres e nos há de julgar sobre as obras de misericórdia (cf Mt 25,31-46). Será um Dia que vai ajudar as comunidades e cada batizado a refletir como a pobreza está no âmago do Evangelho e tomar consciência de que não poderá haver justiça nem paz social enquanto Lázaro jazer à porta da nossa casa (cf Lc 16,19-21).”

Finalmente, fala-nos contemplando “os olhos misericordiosos da Santa Mãe de Deus”, que “é a primeira que abre a procissão e nos acompanha no testemunho do amor” e nos reúne “a todos sob a proteção do seu manto, como A quis frequentemente representar a arte”. Por isso, confiamos “na sua ajuda materna” e seguimos “a indicação perene que nos dá de olhar para Jesus, rosto radiante da misericórdia de Deus”.

***

É uma carta pastoral, organizada em 22 números, assente no texto bíblico, mormente o Evangelho, vivenciada na Liturgia. Assume tom exortativo e traça um conjunto de atuações práticas, quer da parte do Pontífice, no atinente às concessões, quer da parte de toda a Igreja.

Não sei se é mais importante a instituição do Dia Mundial dos Pobres ou, por exemplo, a concessão a todos os sacerdotes de absolver todas as pessoas (não só as mulheres!) que incorreram no pecado do aborto. É a misericórdia sobre todas as coisas. Por isso, devem ser tidas em conta todas as indicações práticas e doutrinais que o Papa nos lega no termo deste Ano Santo.

2016.11.23 – Louro de Carvalho