domingo, 28 de fevereiro de 2021

 

Papa questiona uma fé sem «dúvidas»

Nova entrevista vai integrar livro dedicado aos vícios e às virtudes

O Papa questiona, numa entrevista divulgada hoje na Itália, as pessoas que têm uma fé sem “dúvidas”, sublinhando que as crises interiores levam a perceber melhor o “mistério de Deus”.

“O diabo coloca dúvidas, depois a vida, as tragédias: por que é que Deus permite isso? Mas uma fé sem dúvidas não funciona”, refere, no novo livro-entrevista do padre Marco Pozza a Francisco, dedicado aos vícios e às virtudes.

O ‘Corriere della Sera’ antecipa algumas passagens da entrevista, em que o Papa evoca figuras como Santa Teresinha do Menino Jesus, que também viveram momentos de dúvida na sua fé.

“Pensar em ser abandonado por Deus é uma experiência de fé que muitos santos tiveram e também muitas pessoas hoje, que se sentem abandonadas por Deus, mas não perdem a fé. Eles guardam o dom: neste momento não sinto nada, mas guardo o dom da fé”, precisou.

Francisco considerou mesmo que um cristão que nunca passou por esses estados de espírito perde alguma coisa.

“As crises de fé não são faltas contra a fé. Pelo contrário, revelam a necessidade e o desejo de entrar cada vez mais profundamente no mistério de Deus. Uma fé sem essas provações faz-me duvidar de que seja uma fé verdadeira”, sublinhou.

“Vícios e virtudes” (Editora Rizzoli) vai ser lançado a 2 de março.

A obra resulta de uma conversa entre o Papa e o padre Marco Pozza, capelão da prisão de Pádua, para um programa de televisão que vai ser emitido em sete episódios, na Itália.

A reflexão segue a representação das sete virtudes e vícios opostos que Giotto pintou na Capela Scrovegni: justiça/injustiça, fortaleza/inconstância, temperança/ira, prudência/insensatez, fé/infidelidade, esperança/desespero, caridade/ciúme.

“Existem pessoas virtuosas, existem pessoas viciosas, mas a maioria é uma mistura de virtudes e vícios. Alguns são bons numa virtude, mas têm algumas fraquezas. Porque somos todos vulneráveis. E essa vulnerabilidade existencial devemos levar a sério. É importante saber disso, como guia do nosso caminho, da nossa vida”, assinala Francisco, citado pelo portal de notícias do Vaticano.

O Papa alerta, em particular, para o bullying entre os jovens.

“Quando ocorrem episódios de agressão e bullying nos grupos de jovens, na escola, nos bairros, vemos a pobreza de identidade de quem agride”, lamenta.

A conversa alerta para a possibilidade de um novo “dilúvio”, devido às alterações climática, e sublinha que, do ponto de vista teológico, “a história de Noé mostra que a ira de Deus também é salvadora”.

Agência Ecclesia

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

SEMANA CÁRITAS - Mensagem do Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana

65 anos Cáritas: o amor que transforma Neste ano tão ‘especial’ gostaria de partilhar convosco o meu coração agradecido. Ao longo deste ano temos conversado – muitas vezes por meios telemáticos – acerca de sofrimentos, de medos, de aflições. Ouvimos muitos lamentos. Encontrámos pessoas desanimadas. Muitos de nós ou dos nossos familiares e amigos ficaram doentes. Alguns morreram. Tempos difíceis, estes… Mas damo-nos conta também de que estes foram tempos de solidariedade na dor, de um grande empenho no reinventar a proximidade e o cuidado com os mais frágeis. E é por isso que agradeço a Deus os diversos dons que têm frutificado no coração e nos gestos de tantas pessoas das nossas comunidades que se têm mantido atentas aos pobres e aos doentes para os socorrerem nas suas necessidades. Agradeço a Deus e agradeço-vos a todos os que constituem os Grupos de acção sócio-caritativa ou as Cáritas Paroquiais, os que trabalham nas Cáritas Diocesanas e na Cáritas Portuguesa. «O amor ao outro, por ser quem é – diz-nos o Papa Francisco – impele-nos a procurar o melhor para a sua vida. Só cultivando esta forma de nos relacionarmos é que tornaremos possível aquela amizade social que não exclui ninguém e a fraternidade aberta a todos» (Fratelli tutti, 94). Celebramos os 65 anos da Cáritas em Portugal: o amor que transforma. Transforma os corações e tranforma a realidade em que vivemos. Só o amor transforma. O Papa Francisco na encíclica Fratelli tutti deixa-nos este alerta: «Passada a crise sanitária, a pior reação seria cair ainda mais num consumismo febril e em novas formas de autoproteção egoísta. No fim, oxalá já não existam “os outros”, mas apenas um “nós”. Oxalá não seja mais um grave episódio da história, cuja lição não fomos capazes de aprender. Oxalá não nos esqueçamos dos idosos que morreram por falta de respiradores, em parte como resultado de sistemas de saúde que foram sendo desmantelados ano após ano. Oxalá não seja inútil tanto sofrimento, mas tenhamos dado um salto para uma nova forma de viver e descubramos, enfim, que precisamos e somos devedores uns dos outros, para que a Humanidade renasça com todos os rostos, todas as mãos e todas as vozes, livre das fronteiras que criamos» (n. 35). A missão da Cáritas – o amor que transforma – é despertar para esta solidariedade no concreto, comprometidos que estamos na transformação do mundo em que vivemos para que seja, cada vez mais, uma terra de irmãos. Para que juntos vivamos verdadeiramente numa só família humana. 
+José Traquina 
Bispo de Santarém 
Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana

SEMANA CÁRITAS - 28 de fevereiro a 7 de março

 Passe por aqui para ver melhor a forma de colaborar. É fácil!

Itinerário Quaresmal. Um convite para a vivência quaresmal!

Juntos fazemos um caminho de transformação interior, na relação com o mundo e com os outros. Este itinerário é também um gesto de partilha. Todas as doações serão canalizadas para a intervenção nacional das 20 Cáritas Diocesanas.

Um itinerário quaresmal para realizar individualmente, em família ou em comunidade paroquial:


Vamos todos orar a partir de nossas casas?

 

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2021

28 Fevereiro 2021 - 02º Domingo do Tempo da Quaresma - Ano B

A partir da Capela da Capela de Santo António, Arguedeira, unidos espiritualmente, vamos todos participar na Eucaristia do 2ª Domingo da Quaresma.Iniciamos a Semana Cáritas, com o tema “O amor que transforma”. A Cáritas Portuguesa vai celebrar de 28 de fevereiro a 7 de março a sua Semana Nacional, este ano com atenção reforçada aos efeitos da pandemia e um peditório online, destinado às respostas solidárias da organização católica.

Diz o Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana. “A missão da Cáritas – o amor que transforma – é despertar para esta solidariedade no concreto, comprometidos que estamos na transformação do mundo em que vivemos para que seja, cada vez mais, uma terra de irmãos. Para que juntos vivamos verdadeiramente numa só família humana.”

Neste segundo domingo da Quaresma, vamos até às raízes mais antigas da nossa fé, até às origens do Povo de Deus. E aí encontramos a figura patriarcal de Abraão. Ele tornou-se «nosso pai na fé» e nós fazemos parte da sua descendência incontável. Por isso, nesta Eucaristia, queremos evocar e agradecer os que nos precederam na fé (Abraão, Moisés e Elias) e nos guiaram até Jesus, que é a Palavra definitiva do Pai na nossa história Queremos evocar e agradecer aqueles que estão nas raízes da nossa vida e nos transmitiram a fé, para estabelecermos com eles uma verdadeira comunhão de gerações.

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Leituras: aqui

     Pai Nosso

Pai Santo, quando Vosso Filho Jesus se transfigurou, Vós garantistes e testemunhastes: “Este é o meu Filho muito amado: escutai-O».

Pai, que escutemos hoje o Vosso Filho muito amado. Porque ninguém vai a Vós senão por Ele.

Pai, que o amor que transforma abunde no nosso coração para que amemos com sincera caridade todos os vossos filhos, ainda mais os mais necessitados. Ajuda-nos a ajudar a Cáritas para que a Cáritas possa ajudar quem precisa mesmo.

Pai, que entre avós e netos se estabeleça uma comunhão forte, iluminada pela fé, sólida na caridade e alegre na esperança.

Rezemos.

                                           Final

Semana Cáritas, com o tema “O amor que transforma”. 
A Cáritas Portuguesa vai celebrar de 28 de fevereiro a 7 de março a sua Semana Nacional, este ano com atenção reforçada aos efeitos da pandemia e um peditório online, destinado às respostas solidárias da organização católica.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2021

Quaresma 2021 - gestos concretos

 

15 simples atos de caridade que são manifestações concretas de amor:
1. Sorrir, um cristão é sempre alegre!
2. Agradecer (embora não “precise” fazê-lo).
3. Lembrar ao outro o quanto você o ama.
4. Cumprimentar com alegria as pessoas que você vê todos os dias.
5. Ouvir a história do outro, sem julgamento, com amor.
6. Parar para ajudar. Estar atento a quem precisa de você.
7. Animar a alguém.
8. Reconhecer os sucessos e qualidades do outro.
9. Separar o que você não usa e dar a quem precisa.
10. Ajudar a alguém para que êle possa descansar.
11. Corrigir com amor; não calar por medo.
12. Ter delicadezas com os que estão perto de você.
13. Limpar o que sujou, em casa.
14. Ajudar os outros a superar os obstáculos.
15. Telefonar para seus pais.

O MELHOR JEJUM:
• Jejum de palavras negativas e dizer palavras bondosas.
• Jejum de descontentamento e encher-se de gratidão.
• Jejum de raiva e encher-se com mansidão e paciência.
• Jejum de pessimismo e encher-se de esperança e otimismo.
•Jejum de preocupações e encher-se de confiança em Deus.
• Jejum de queixas e encher-se com as coisas simples da vida.
• Jejum de tensões e encher-se com orações.
• Jejum de amargura e tristeza e encher o coração de alegria.
• Jejum de egoísmo e encher-se com compaixão pelos outros.
• Jejum de falta de perdão e encher-se de reconciliação.
• Jejum de palavras e encher-se de silêncio para ouvir os outros. 

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2021

D. Antonino Dias acusa Governo de «estar na linha da frente em causas fraturantes» para disfarçar problemas do país

 Bispo de Portalegre-Castelo Branco questiona inseminação artificial post-mortem e legalização da eutanásia

O bispo de Portalegre-Castelo Branco acusou o Governo de querer estar “na linha da frente em causas fraturantes” para disfarçar os problemas do país, particularmente a crise provocada pela pandemia.

“É a forma encontrada pelo Estado para se esquecer das verdadeiras mazelas sociais e se devotar à promoção da cultura da morte e dar nas vistas, pelas piores razões”, escreve D. Antonino Dias, na sua coluna semanal de opinião, publicada online.

O responsável católica manifesta-se contra a legalização da inseminação artificial post-mortem, alertando para as consequências, sobre os filhos, da lei aprovada na generalidade em outubro de 2020.

“É estranho que, para satisfazer desejos pessoais, por mais respeitáveis que eles sejam, o Estado, não satisfeito com os filhos órfãos de pais vivos, queira ser causador do nascimento de filhos órfãos por inseminação ‘post-mortem’, desvalorizando todas as consequências e o direito de todas as crianças a ter um pai e uma mãe, em comunidade familiar de vida e amor”, indica.

A permissão de inseminação com sémen após morte do marido dador aprovada na generalidade pela Assembleia da República, a 23 de outubro de 2020, com votos contra do PSD e do CDS.

“Tendo em atenção o caso que provocou este debate, alguém insinua que uma criança assim concebida, é mais olhada como instrumento e remédio para satisfazer o sofrimento saudosista de alguém, mesmo que compreensível, do que considerada como um valor em si mesma. O dever do Estado é cuidar do bem comum, não de casos pontuais fruto de meros sentimentos de alguém”, apela o bispo de Portalegre-Castelo Branco.

Os projetos de lei de um grupo de 95 mil cidadãos, do PS, do BE e do PCP estão agora em discussão, na especialidade.

Segundo D. Antonino Dias, esta decisão ultrapassa “linhas vermelhas que interpelam pela negativa”, criticando ainda a recente legalização da eutanásia em Portugal.

“Acho estranho que, no século XXI, o Estado, em nome do progresso civilizacional, ainda se sinta no direito e dever de fomentar a cultura da morte em vez de garantir o necessário apoio para que cada pessoa se sinta estimada e cuidada até à morte e morte natural”, adverte.

Para o bispo, é inadmissível “matar através do Serviço Nacional de Saúde”.

“Sendo a política uma arte nobre que deve ser exercida com nobreza, é estranho que, os representantes do povo, uma vez eleitos, se tenham logo como omniscientes e omnipotentes, desprezando até a ciência e os mais elementares princípios da Ética e do próprio bom senso ou do senso comum”, lamenta.

O bispo de Portalegre-Castelo Branco critica os deputados por ignorarem os pareceres negativos “do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, do Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida, assim como de professores universitários, juristas, Associação de médicos, especialistas em bioética” ou de outras entidades.

“Ninguém vai pedir aos senhores parlamentares que entrem num processo de metanoia. Até porque, se pararem, refletirem e tiverem como referência a verdade e o bem comum, a sua consciência o fará. Apenas lhes pedimos que não esqueçam os verdadeiros problemas do povo que neles confiou e a quem prometeram servir”, apela.

Fonte: aqui

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2021

21 Fevereiro 2021 - 1º Domingo do Tempo da Quaresma - Ano B

Entrada:
A partir da Capela de Nossa Senhora das Necessidades, unidos espiritualmente, vamos todos participar na Eucaristia do 1ª Domingo da Quaresma.
A Quaresma, diz o Papa na sua Mensagem, é:
§ Tempo de conversão, para renovar a fé, a esperança e a caridade:
§ Tempo para acreditar, isto é, para acolher Deus na nossa vida, deixando-O «fazer morada» em nós (cf. Jo 14, 23).
§ Tempo para dar razões da nossa esperança, em palavras e gestos de amabilidade e caridade.
§ Tempo de cuidar de quem se encontra em condições de sofrimento, abandono ou angústia por causa da pandemia de Covid-19.
§ Tempo para voltar a dirigir o nosso olhar para a paciência de Deus, que continua a cuidar da sua Criação, não obstante nós a maltratarmos com frequência.
§ É um percurso de conversão, oração e partilha dos nossos bens.
Todos juntos neste caminho da Quaresma à Pascoa de 2021, «abramos e semeemos sulcos de paz e de esperança». Deus chama-nos a viver em aliança com Ele! Esta vida em aliança começa no Batismo. As águas destruidoras do dilúvio nos tempos de Noé dão lugar às águas batismais que nos salvam do naufrágio do pecado. Por isso, desde a origem da tradição cristã, toda a Quaresma se tornou uma preparação para o Batismo. “Na noite de Páscoa, renovaremos as promessas do nosso Batismo, para renascer como mulheres e homens novos por obra e graça do Espírito Santo. Entremos, como Noé e todos os seus, todos juntos na arca da aliança, para salvar a família, para salvar o mundo, nossa Casa Comum!
 

                                                                  Leituras: aqui

Pai Nosso

Ouvimos o Salmo desta Eucaristia proclamar:
O Senhor é bom e recto,
ensina o caminho aos pecadores.
Orienta os humildes na justiça
e dá-lhes a conhecer a sua aliança.
Durante esta semana, procuremos valorizar este tesouro da nossa Casa Comum e rezemos em família: “Senhor, ensinai-nos a guardar com amor este tesouro da nossa Casa Comum. Fazei de nós um arco-íris de harmonia e de paz, entre nós e entre todas as criaturas. Ele será o sinal promissor da vossa eterna aliança”!
Rezemos!
Final


Eutanásia: Presidente da República envia diploma para o Tribunal Constitucional

AQUI


DESCIDA HUMILDE

 


quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

FAMÍLIA, aqui fica um projecto para viverdes a Quaresma 2021!

As celebrações comunitárias estão canceladas, mas a vida em FAMÍLIA não está cancelada.
Apresentamos um projecto para esta Quaresma em família.
Caros familiares, por Deus e por vós, levai este plano mesmo a sério!!|!
Aqui está:


terça-feira, 16 de fevereiro de 2021

Mensagem de D. António Couto para esta Quaresma

SURTOS ATIVOS DE FÉ, DE AMOR E DE ESPERANÇA


1. Amados irmãos e irmãs, estamos outra vez no íngreme, luminoso e santo caminho da Quaresma, com vistas para a Cruz e para a Páscoa. O tempo em que vamos é duro, é de pandemia, às vezes parece tudo escuro, e sabemos que alguns de nós, os mais desprotegidos e vulneráveis, nossos familiares, nossos amigos, nossos irmãos e irmãs, tombaram vencidos pelo vírus. E outros continuam a cair. O tempo é, pois, de luto e… de luta! É difícil este tempo, mas é também tempo favorável, isto é, tempo de favor e de graça. Porque sabemos que não estamos abandonados, à deriva. Sabemos que o Ressuscitado está connosco, vai connosco, cuida de nós, orienta os nossos passos, mesmo quando caímos e pensamos que estamos perdidos no caminho.

2. Ele Vai connosco e chama-nos a caminhar com Ele. Quando se aproxima a sua paixão, morte e ressurreição, Ele não se limita a dar-nos conhecimento dessa realidade, do caminho que está para fazer sozinho. Não se limita a pôr-nos ao corrente do que se vai passar, mas envolve-nos e empenha-nos nessa caminhada: «Vamos subir a Jerusalém…», diz Ele para nós em Mateus 20,18, e não simplesmente: «Vou subir a Jerusalém…». Este chamado “terceiro anúncio da paixão” é um título indevido. «Vamos» não é propriamente um anúncio ou notícia que Ele nos dá acerca d’Ele. É um programa de vida para Ele e para nós!

3. Na verdade, é só fazendo com Ele este caminho de paixão, morte e ressurreição, que nos tornamos «membros da família de Deus» (Efésios 2,19), «filhos de Deus» (1 João 3,2), «filhos no Filho» (Gaudium et spes, n.º 22), participantes da vida divina pela graça da adoção filial (Gálatas 4,6-7; Romanos 8,14.16-17; Efésios 1,5), contemporâneos do Ressuscitado, contemporâneos e irmãos, sendo verdade que o Ressuscitado nos trata por seus «irmãos» (Mateus 28,10; João 20,17), e «não se envergonha de nos chamar irmãos» (Hebreus 2,11). Acreditar é ser contemporâneo e irmão do Ressuscitado! É, portanto, aqui que assenta a nossa fé, é aqui que reside a nossa esperança, é daqui que deve brotar o esforço da nossa caridade.

4. É aqui, no tempo e no espaço das nossas paróquias, comunidades, das nossas ruas e das nossas casas, das nossas famílias, que devemos «abrir e semear sulcos de paz e de esperança», para darmos cumprimento ao nosso programa para o ano pastoral em curso. De facto, prescindimos de eventos diocesanos, de grandes celebrações presenciais, dadas as condições sanitárias restritivas que já então se viviam e cujo agravamento se adivinhava. Esta Quaresma e o tempo da Páscoa que se lhe segue pode e deve ser um tempo de sementeira rua a rua, casa a casa, coração a coração. Peço a todos que não se poupem a canseiras e que avivem a criatividade. Certo que há surtos ativos de COVID-19. Haja também surtos ativos de Jesus Cristo! Cada cristão tem hoje a obrigação de ser um surto ativo da fé, do amor e da esperança que há em Jesus Cristo.

5. Já sabemos, pelas condições sanitárias que nos rodeiam, que viveremos e celebraremos esta Quaresma de 2021 de forma muito especial. Já o ano passado, em 2020, fomos abalroados por esta pandemia em plena Quaresma, e tivemos de inventar novas formas de celebrar a nossa fé. Tínhamos então acertado o destino da nossa renúncia quaresmal para ajudar os cristãos sofridos da Diocese de Alepo, na Síria, nossos irmãos, cujas dores, carências, necessidades e abandono superam em muito tudo o que possamos imaginar. Dado o rumo virtual que tivemos que dar às nossas celebrações quaresmais e da Semana Santa, apenas foi possível recolher, como resultado da nossa renúncia quaresmal, a quantia de 1.339,20 euros. Renovo, portanto, para o ano em curso o mesmo destino do esforço da nossa caridade quaresmal, que juntaremos ao do ano passado, para fazermos chegar com alegria às mãos de D. Joseph Tobji, arcebispo de Alepo. Dadas as carências também entre nós sentidas, e acentuadas com a pandemia, destinaremos também uma parte dos nossos donativos para o “Fundo SOS de Acolhimento e Resposta”, criado na nossa Diocese em 03 de Dezembro passado. O anúncio do destino da nossa Caridade Quaresmal será feito em todas as Paróquias da nossa Diocese, e pelos meios possíveis, no Domingo I da Quaresma, e os donativos serão recolhidos ao longo da Quaresma e da Semana Santa, sendo que, em circunstâncias normais, a respetiva Coleta teria lugar no Domingo de Ramos na Paixão do Senhor.

6. Saúdo com afeto todos os meus irmãos e irmãs das 223 paróquias espalhadas pelo chão da nossa Diocese. Todos mesmo, desde os mais velhinhos até aos mais pequenos. Ver-nos-emos logo que possível. Entretanto, a todos desejo, do fundo do meu coração, saúde, paz, paciência, resistência, e que a ninguém falte a graça de Deus e a mão fraterna de um irmão.


Lamego, 17 de Fevereiro de 2021, Quarta-Feira de Cinzas

Na certeza da minha oração e comunhão convosco, a todos vos abraça o vosso bispo e irmão, + António.

Liturgia e Homilia na Quarta Feira de Cinzas 2021


A partir de Valverde, unidos espiritualmente, vamos todos participar na Eucaristia de Quarta-Feira de Cinzas que é o início da Quaresma.
A Quaresma é um tempo de 40 dias que se inicia com a celebração das Cinzas (17 de fevereiro, em 2021), marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão, este ano a 4 de abril.
Temos a Mensagem do Papa para a Quaresma 2021, com a convocatória «Vamos subir a Jerusalém» (Mt 20, 18) e a proposta de fazer da Quaresma “um tempo para renovar fé, a esperança e a caridade”.
Diz o Papa: “Que este apelo a viver a Quaresma como percurso de conversão, oração e partilha dos nossos bens, nos ajude a repassar, na nossa memória comunitária e pessoal, a fé que vem de Cristo vivo, a esperança animada pelo sopro do Espírito e o amor cuja fonte inexaurível é o coração misericordioso do Pai”.
Leituras: aqui

Homilia

1. Este é o primeiro dia da Quaresma, início da nossa subida, com Cristo, a Jerusalém (cf. Mt 20,18), para celebrarmos juntos a Sua Páscoa gloriosa. Mas este não é, para ninguém, o primeiro dia de uma renovada quarentena, decretada pelo Estado, por razões de saúde pública, em sucessivos estados de emergência. A pandemia do coronavírus transformou, de facto, a nossa Quaresma litúrgica de 40 dias num ano de quarentena sanitária. Cabe-nos a nós transformar esta quarentena sanitária em Quaresma de salvação e os dias de confinamento em tempo de graça, isto é, em ocasião favorável de conversão e de renovação da fé sincera, da esperança viva e da caridade ativa!

2. Na verdade, “pelo segundo ano consecutivo, celebraremos o ponto mais alto do ano litúrgico de forma absolutamente estranha. E isso faz-nos sofrer (…) Sendo previsível que as coisas melhorarão ainda no decurso deste ano, temos muitas graças a dar a Deus porque, não obstante a dureza a que estamos submetidos, já antevemos o tempo novo, mais solidário e mais verdadeiramente familiar, que se seguirá à atual provação. O que nos motiva uma justificada esperança” (Dom Manuel Linda, Mensagem para a Quaresma 2021). À luz do mistério pascal, da Cruz, da morte e da ressurreição de Jesus, nós cremos e esperamos que as privações e provações, as tribulações e sofrimentos, as dores e mortes, que esta pandemia semeou, hão de frutificar em Páscoa de vida nova, para um mundo novo. 

3. Por isso, irmãos e irmãs, apesar do cansaço da longa quarentena que nos testa e confina “a impossibilidade de fazermos as rotinas de sempre até nos pode ajudar a uma maior interiorização dos acontecimentos salvíficos que a motivam” (Ibidem)e levar a uma vida menos dispersa e mais recolhida, menos consumista e mais sóbria, menos egoísta e mais partilhada, menos exterior e mais familiar.

4. Assumir o programa quaresmal diocesano “Abrir e semear sulcos de paz e de esperança” significa que, neste caminho, vamos todos juntos, pais e filhos, crianças e jovens, adultos e idosos, em família e em comunhão com a Igreja, como nos convocava o profeta Joel: “Congregai os anciãos, reuni os jovens e as crianças. Saia o esposo do seu aposento e a esposa do seu tálamo.Chorem os sacerdotes, ministros do Senhor”.  Para isso, criemos em cada casa um cantinho de oração, para rezar e celebrar uma Liturgia Familiar, em que tenhamos oportunidade de redescobrir os tesouros de casa. Esta liturgia ajudar-nos-á a partilhar experiências de tudo quanto Deus fez por cada um, pela família, na alegria e na tristeza, na saúde e na doença, nos fracassos e sucessos, nas ofensas e perdão, nas crises e na sua superação, na rotina e nas surpresas de cada dia. Uma família que reza e faz memória agradecida, transmite a fé, não por ensinar o catecismo, mas por testemunhar e contagiar a graça de Deus, como pão de cada dia.

5.O Evangelho oferece três vacinas que nos imunizam do pecado e nos fraternizam a todos no coração do Pai. Contra o pecado da autossuficiência e do esquecimento de Deus, a vacina da oração filial, feita no segredo do nosso quarto, na intimidade da nossa casa; contra o pecado dos excessos de consumo, de ruídos e informações, de imagens e mensagens, a vacina do jejum; contra o pecado da indiferença, a vacina da esmola ou da partilha com os irmãos feridos, vítimas desta encruzilhada de pandemias. Em família, marquemos, na agenda, tempos determinados de oração; façamos juntos um plano de privação, de jejum e abstinência de quê, e vejamos, com rigor, o quê, como, quanto e em favor de quem… faremos a nossa partilha de bens. Em tudo e sempre – queridos irmãos e irmãs – o mais importante é caminharmos juntos, em direção à Páscoa, para que a nossa Aliança com Deus se renove, a partir de um coração novo, de uma vida nova, de famílias novas, que são realmente a esperança de um mundo renovado, por tanta dor e por muito mais amor.

PAI NOSSO

Na 1ª Leitura, Deus, pela boca do Profeta Joel, diz-nos: “Convertei-vos a mim de todo o vosso coração com jejuns, com lágrimas, com gemidos. Rasgai os vossos corações e não as vossas vestes, convertei-vos ao SENHOR, vosso Deus, porque Ele é clemente e compassivo, paciente e rico em misericórdia.
Na 2ª Leitura, São Paulo lança um veemente apelo: «Reconciliai-vos com Deus».
A palavra mágica, a palavra-chave da Quaresma é CONVERSÃO! Conversão quer dizer mudança de vida, voltando-a para a Pessoa de Cristo e a Sua Mensagem. Conversão significa procurar sempre reconciliarmo-nos com Deus pela escuta da Sua Palavra, pela oração, pelo arrependimento dos nossos pecados, pelo jejum e pela partilha feita da renúncia.
Pai Santo, envia sobre nós o Espírito Santo para que a nossa caminhada quaresmal, abramos e semeemos sulcos de paz e de esperança, cheguemos à Páscoa mais parecidos com Teu Filho Jesus Cristo e, por isso, mais alegres, felizes, mais irmãos.

Final

Oração para a Quaresma 

Pai nosso,
que estais no Céu,
durante esta época
de arrependimento,
tende misericórdia de nós.


Com nossa oração,
nosso jejum
e nossas boas obras,
transformai
o nosso egoísmo
em generosidade.


Abri nossos corações
à vossa Palavra,
curai as nossas feridas do pecado,
ajudai-nos a fazer o bem neste mundo.
Que transformemos a escuridão
e a dor em vida e alegria.
Que a Quaresma seja um tempo propício
para renovarmos fé, a esperança e a caridade.


Concedei-nos tudo isto 
por Nosso Senhor Jesus Cristo.
Amen

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2021

Notícias da Paróquia

 GRUPO DE ANIMAÇÃO LITÚRGICA

E TRANSMISSÃO DAS CELEBRAÇÕES

A Paróquia agradecida a este pequeno grupo. Pequeno em número, mas enorme na dedicação à comunidade!

QUARESMA 2021

TRANSMISSÕES PELO FACEBOOK 
DO CENTRO PAROQUIAL


MENSAGEM DO PAPA PARA A QUARESMA
Com a convocatória «Vamos subir a Jerusalém» (Mt 20, 18) e a proposta de fazer da Quaresma “um tempo para renovar fé, a esperança e a caridade”.
Aqui

sábado, 13 de fevereiro de 2021

 




Bispos escrevem aos namorados, oferecendo conselhos e testemunhos de quem viu o casamento ser adiado

 A Comissão Episcopal Laicado e Família (CELF) desafia os namorados a viver o dia 14 de fevereiro com “criatividade”, em tempo de pandemia, afirmando que o namoro é “iluminador da vida toda”.


“Embora o namoro não seja toda a vida, ele pode e deve ser iluminador da vida toda”, pode ler-se na mensagem da Comissão Episcopal Laicado e Família, enviada à Agência ECCLESIA, para o dia dos namorados.

No documento “Cuidar o Amor em tempos de pandemia”, os bispos da CELF afirmam que o namoro “precisa de “tempo suficiente para desenvolver uma linguagem que, progressivamente, saiba caldear o afeto com o respeito e os gestos de carinho com o necessário conhecimento do mundo do outro”.

“O namoro precisa de tempo para aprender a descodificar palavras e silêncios, presenças e ausências que podem doer, para a escuta ativa e o diálogo construtivo, para a leitura, a formação e a oração. Precisa de tempo para saber pedir desculpa, perdoar e recomeçar sempre… Precisa de tempo para a poesia!”, indicam os responsáveis católicos.

A pandemia e a necessária distância, reconhece a CELF, “aumentam os desafios” mas poderá ser a oportunidade para “reencontrar o equilíbrio e a estabilidade necessária” com o objetivo de “cimentar laços e fortalecer valores antes desconhecidos” ou poderá ser também ocasião de “matar o amor, sempre frágil e a exigir cuidados”.

A mensagem ilustra o testemunho de dois casais, um deles marcado pelo namoro “reduzido a ocasiões esporádicas”, cujo matrimónio foi adiado devido à pandemia..

“Os amigos e familiares foram a voz de Deus que nos ajudou e tranquilizou. Agora, mais preparados, Deus dá-nos o mesmo desafio: organizar o grande dia do nosso casamento no meio da pandemia, o que ainda é mais difícil do que adiar. Temos sentido, naqueles dias em que parece que tudo corre mal, que há, ali, Alguém que nos melhora o dia”, refere o testemunho de um casal.

O distanciamento físico pode ser ocasião para “trocar uma ida ao cinema por um episódio de uma série visto ao mesmo tempo”, escrever cartas, poemas e enviar “fotografia com um sorriso logo pela manhã”, sugere a CELF.

“Tudo o que gostaríamos de fazer juntos, tentar recriá-lo, sobretudo os momentos de maior valor para cada um: assistir à mesma Eucaristia online, estar presente no almoço de família ao domingo por zoom… Acima de tudo, procurar fazer o outro feliz”, pode ler-se no testemunho de outro casal, que procura em tempo de pandemia manter a “partilha, a alegria e as dores de cada dia”.

Liturgicamente, 14 de fevereiro é o dia da festa de São Cirilo e de São Metódio, mas na Itália a Diocese de Terni celebra o seu padroeiro, São Valentim, primeiro bispo desta localidade, que morreu como mártir, provavelmente no século IV.

Este nome está ligado a algumas lendas, as quais Valentim teria morrido decapitado a 14 de fevereiro por se ter recusado a renunciar ao Cristianismo e por, secretamente, ter celebrado o casamento entre uma jovem cristã e um legionário, apesar da proibição de Cláudio II (século III).

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021

Mensagem do Papa para a Quaresma 2021

“«Vamos subir a Jerusalém…» (Mt 20, 18). Quaresma: tempo para renovar a fé, a esperança e a caridade”.
A Quaresma é um tempo de 40 dias que se inicia com a celebração das Cinzas (17 de fevereiro, em 2021), marcado por apelos ao jejum, partilha e penitência, que serve de preparação para a Páscoa, a principal festa do calendário cristão, este ano a 4 de abril.

O Papa apela a uma atenção particular a quem sofre por causa da pandemia, na sua mensagem para a Quaresma 2021, destacando o contexto de “grande incerteza” que marca preparação da próxima Páscoa.

“Viver uma Quaresma de caridade significa cuidar de quem se encontra em condições de sofrimento, abandono ou angústia por causa da pandemia de Covid-19”, refere Francisco, num texto intitulado “«Vamos subir a Jerusalém…» (Mt 20, 18). Quaresma: tempo para renovar a fé, a esperança e a caridade”.

O Papa aborda várias das práticas tradicionais deste período, que apresenta como “condições” para uma conversão pessoal.

Francisco recomenda um jejum que combata também a “saturação de informações – verdadeiras ou falsas – e produtos de consumo”, para permitir uma vida marcada pela “simplicidade de coração”.

A mensagem anual assinala o atual “contexto de grande incerteza quanto ao futuro”, no qual se pede aos católicos “uma palavra de confiança” que se manifesta na “atenção e compaixão por cada pessoa”.

“No contexto de preocupação em que vivemos atualmente, onde tudo parece frágil e incerto, falar de esperança poderia parecer uma provocação”, admite o Papa, para quem este é o momento de confiar-se a Deus.

Francisco recomenda que os católicos procurem o sacramento da Penitência, procurando a reconciliação para que se possam tornar, depois, “propagadores do perdão”.

“O perdão de Deus, através também das nossas palavras e gestos, possibilita viver uma Páscoa de fraternidade”, aponta.

“Que este apelo a viver a Quaresma como percurso de conversão, oração e partilha dos nossos bens, nos ajude a repassar, na nossa memória comunitária e pessoal, a fé que vem de Cristo vivo, a esperança animada pelo sopro do Espírito e o amor cuja fonte inexaurível é o coração misericordioso do Pai”, conclui o Papa.
Fonte: Agência Ecclesia

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

14 Fevereiro 2021 - 6º Domingo do Tempo Comum - Ano B

Unidos espiritualmente, vamos todos participar na Eucaristia do 6º Domingo do Tempo Comum, a partir da Capela de Cristo Rei.

Hoje, 14 de fevereiro, é o Dia dos Namorados. O ‘Dia dos Namorados’ está sob a invocação de São Valentim, um santo italiano do século III, que teria apoiado os jovens na vocação ao Matrimónio contra a ordem do imperador que os impedia de casar para servirem o exército romano.
Dizem os Bispos Portugueses a propósito do Dia dos Namorados:
“O namoro precisa de tempo para aprender a descodificar palavras e silêncios, presenças e ausências que podem doer, para a escuta ativa e o diálogo construtivo, para a leitura, a formação e a oração. Precisa de tempo para saber pedir desculpa, perdoar e recomeçar sempre… Precisa de tempo para a poesia.”

O Evangelho desta Eucaristia apresenta-nos a cura de um leproso. Jesus continua a curar. A curar os doentes e a salvar pessoas. A fazer desaparecer a lepra e a destruir as barreiras do egoísmo. Tudo para a maior glória de Deus. E a glória de Deus é o homem vivo: são e salvo, curado e salvo no Seu amor. Por isso, conscientes da nossa impureza, pedimos ao Senhor que nos limpe. Que nos purifique. Que o toque da Sua mão misericordiosa nos deixe limpos, para participar na Sua mesa.
Leituras: aqui

HOMILIA

1. Começámos por lhe chamar distanciamento social. Com a pandemia e o risco de contágio de um vírus invisível, às vezes benigno, às vezes maléfico e outras vezes mortal, pediram-nos distanciamento social, como se cada um representasse um perigo para todos os outros. Os infetados e os suspeitos de infeção têm dever ético de isolamento, para proteção dos demais. E, de repente, a tão desejada proximidade, tornou-se proibida. Mas depressa se percebeu que não era muito correto falar de distanciamento social, porque o motivo da distância não é a recusa da proximidade e da atenção ao outro, mas o risco do contágio ao outro ou do outro. E começámos a falar de distanciamento físico, como se cada um recuasse mais um passo, para dar mais espaço de vida e atenção aos outros. 

2. A dureza deste distanciamento físico, cujo cordão sanitário tantas vezes temos a tentação de romper, ajuda-nos a compreender o sofrimento físico e psicológico do leproso, no tempo de Moisés e no tempo de Jesus. A lepra é uma doença contagiosa e impetuosa, que desfigura a pessoa e que, por isso mesmo, se tornara símbolo da impureza. Nesse sentido, o leproso era visto como o “imundo”, que devia permanecer distante de todos: não podia entrar no templo nem participar no serviço divino. Longe de Deus, afastado dos homens, ele era visto como a vítima e o culpado. Era como um morto ambulante, a quem estão interditas as relações pessoais, familiares e sociais, afetivas, políticas e religiosas. E, por isso, o leproso é o símbolo perfeito da pessoa marginalizada, a quem era imposto um absoluto distanciamento social. 

2. O Evangelho mostra-nos o encontro de Jesus com o leproso. Ambos desrespeitam o cordão sanitário (cf. Lv 13,45-46). Porque Jesus é verdadeiramente o médico divino e não pode curar sem Se compadecer, sem o tocar, sem Se aproximar, sem correr Ele mesmo o risco de Se deixar contagiar. Vede: Jesus expõe-Se diretamente ao contágio do nosso mal, para nos curar. Ele mesmo toma o lugar do excluído. Logo depois da cura, Jesus já não podia entrar abertamente em nenhuma cidade. Tal como o leproso, Jesus “ficava fora, em lugares desertos”. É assim que Jesus chegará à Cruz, desfigurado e rejeitado, como o Servo de Deus, descrito em Isaías como alguém “que nós considerávamos como um leproso” (Is 53,4).

3. Irmãos e irmãs: neste leproso vemos o rosto de muitos infetados pela COVID-19, isolados em suas casas, acamados em enfermarias ou nas unidades de cuidados intensivos, doentes de quem ninguém se pode aproximar. E, olhando para este Jesus, que Se expõe ao risco do contágio para curar, vemos o rosto de tantos profissionais de saúde, médicos, enfermeiros, voluntários, capelães de hospital que, fiéis à sua missão, se aproximam dos infetados, com dedicação extrema, dando prioridade à vida dos outros sobre a sua própria vida. Quantos destes profissionais não ficam, por largos tempos, como Jesus, “em lugares desertos”, fora de suas casas, longe dos seus, para proteger os seus familiares?! São verdadeiros imitadores de Cristo, uma verdadeira reserva moral da nossa humanidade e um sinal de esperança num mundo renovado. 

4. O apelo «fique em casa» e o necessário distanciamento físico, em tempos de novo confinamento, não seja pretexto para a indiferença, para o esquecimento ou para a marginalização, seja de quem for. Tornemo-nos instrumentos do amor de Cristo, cuidando ainda mais uns dos outros! Se o mal é contagioso, o bem também o éDeixemo-nos então contagiar pelo bem e contagiemos o bem! Este contágio é possível, mesmo à distância, se as redes, em vez de nos cercarem, nos aproximarem! Longe da vista, mas perto do coração!

(Amaro Gonçalo)

Pai Nosso

Na 2ª Leitura, São Paulo apela: “Quer comais, quer bebais, ou façais qualquer coisa, fazei tudo para glória de Deus. Portai-vos de modo que não deis escândalo nem aos judeus, nem aos gregos, nem à Igreja de Deus.”
Livra-nos, Pai Santo, do escândalo da nossa indiferença diante do sofrimento dos irmãos.
Livra-nos, Pai Santo, do escândalo de namoros onde o outro é tratado como objeto ao serviço do egoísmo.
Pai Santo, refaz em nós a alegria do serviço, a beleza da compaixão e a excelência do amor que não é um egoísmo a dois, mas um compromisso com a felicidade do outro.
Rezemos.

Final 

1.       Nesta semana que hoje começa, 6ª do tempo comum, fica o convite ao compromisso de todos nós.

2. No leproso de que fala o Evangelho, vemos o rosto de muitos infetados pela COVID-19, isolados em suas casas, acamados em enfermarias ou nas unidades de cuidados intensivos, doentes de quem ninguém se pode aproximar.

1.       E, olhando para este Jesus, que Se expõe ao risco do contágio para curar, vemos o rosto de tantos profissionais de saúde, médicos, enfermeiros, voluntários, capelães de hospital que, fiéis à sua missão, se aproximam dos infetados, com dedicação extrema, dando prioridade à vida dos outros sobre a sua própria vida.

2.       Quantos destes profissionais não ficam, por largos tempos, como Jesus, “em lugares desertos”, fora de suas casas, longe dos seus, para proteger os seus familiares?! São verdadeiros imitadores de Cristo, uma verdadeira reserva moral da nossa humanidade e um sinal de esperança num mundo renovado.

1.       O apelo «fique em casa» e o necessário distanciamento físico, em tempos de novo confinamento, não seja pretexto para a indiferença, para o esquecimento ou para a marginalização, seja de quem for.

2.       Tornemo-nos instrumentos do amor de Cristo, cuidando ainda mais uns dos outros! Se o mal é contagioso, o bem também o éDeixemo-nos então contagiar pelo bem e contagiemos o bem! Este contágio é possível, mesmo à distância, se as redes, em vez de nos cercarem, nos aproximarem! Longe da vista, mas perto do coração!

1.       Com o salmista, ergamos confiadamente o nosso coração para o Senhor:

2.       Sois o meu refúgio, Senhor; dai-me a alegria da vossa salvação.