domingo, 27 de outubro de 2024

Sínodo 2024: Papa encerra trabalhos, reforçando apelo a Igreja «sem muros» e aberta a «todos, todos, todos»

O Papa encerrou hoje os trabalhos da XVI Assembleia do Sínodo, após a aprovação do documento final, reforçando os seus apelos a uma Igreja sem “muros” e aberta a “todos, todos, todos”.

“Quanto mal causam os homens e mulheres da Igreja quando erguem muros! Não nos devemos comportar como ‘dispensadores da Graça’ que se apropriam do tesouro, amarrando as mãos do Deus misericordioso”, referiu Francisco, perante centenas de participantes dos cinco continentes.

A assembleia sinodal, cuja segunda sessão decorre desde 2 outubro, com o tema ‘Por uma Igreja sinodal: participação, comunhão, missão’, começou com a auscultação de milhões de pessoas, pelas comunidades católicas, em 2021; a primeira sessão da XVI Assembleia Geral do Sínodo decorreu em outubro de 2023.

“O Espírito continua a difundir a harmonia na Igreja de Deus, nas relações entre as Igrejas, apesar de todos os cansaços, tensões e divisões que marcam o seu caminho rumo à plena manifestação do Reino de Deus, que a visão do Profeta Isaías nos convida a imaginar como um banquete preparado por Deus para todos os povos. Todos, na esperança de que não falte ninguém. Todos, todos, todos! Que ninguém fique de fora, todos”, indicou o Papa.

Francisco promulgou documento final e envia-o agora às comunidades católicas, sem publicação de exortação pós-sinodal – algo que acontece pela primeira vez, mas que corresponde à possibilidade prevista na  constituição apostólica ‘Episcopalis communio‘ (2018), do atual Papa, sobre o Sínodo dos Bispos. 

  

“Por isto, disse que seja publicado. Quero, deste modo, reconhecer o valor do caminho sinodal realizado, que através deste Documento entrego ao santo povo fiel de Deus”.

“Se expressamente aprovado pelo romano pontífice, o documento final faz parte do magistério ordinário do sucessor de Pedro”, precisa a exortação.

“Não tenho intenção de publicar uma exortação apostólica. É suficiente aquilo que aprovámos. No Documento há já indicações muito concretas que podem servir de guia para a missão das igrejas, nos diversos continentes, nos diversos contextos: por isso, coloco-o imediatamente à disposição de todos”, anunciou Francisco aos participantes, que responderam com uma salva de palmas.

Francisco deixou a sugestão de um poema de Madeleine Delbrêl (França, 1904-1964), “a mística das periferias”, que exortava: “Acima de tudo, não sejas rígido”.
“Esses versos podem tornar-se a música de fundo com a qual podemos acolher o documento final. E agora, à luz do que emergiu a partir do caminho sinodal, há e haverá decisões a serem tomadas”, declarou.

No final do seu discurso, o Papa agradeceu a todos os participantes e aos responsáveis pela organização da Assembleia Sinodal, assumindo que “também o bispo de Roma precisa de praticar a escuta, ou melhor, quer praticar a escuta”.

O Sínodo dos Bispos, instituído por São Paulo VI em 1965, pode ser definido, em termos gerais, como uma assembleia de representantes dos episcopados católicos de todo o mundo, a que se juntam peritos e outros convidados, com a tarefa ajudar o Papa no governo da Igreja.


Agência Ecclesia

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