“A devoção ao Coração de Cristo é essencial para a nossa vida cristã, na medida em que significa a nossa abertura, cheia de fé e de adoração, ao mistério do amor divino e humano do Senhor, até ao ponto de podermos voltar a afirmar que o Sagrado Coração é um compêndio do Evangelho”, escreve.
O nome da encíclica vem de uma passagem da carta de São Paulo aos Romanos (Rm 8, 37), sobre o amor de Cristo.
Ao longo de 220 pontos, divididos em cinco capítulos, uma introdução e uma conclusão, Francisco passa em revista reflexões dos seus antecessores, do magistério católico e propostas de espiritualidade que remontam aos textos bíblicos.
O Papa precisa que “a devoção ao Coração de Cristo não é o culto a um órgão separado da pessoa de Jesus”.
“É ensinamento constante e definitivo da Igreja que a nossa adoração da sua pessoa é única, e abrange inseparavelmente tanto a sua natureza divina como a sua natureza humana”, indica.
Sublinhando a importância da religiosidade popular na universalização desta devoção, com imagens representando Jesus com o seu coração, Francisco adverte que “uma forma mais abstrata ou estilizada não será necessariamente mais fiel ao Evangelho, porque neste sinal sensível e acessível se manifesta o modo como Deus quis revelar-se”.
Entre
as várias referências históricas, o Papa destaca os acontecimentos de
Paray-le-Monial, na Borgonha (França), onde Santa Margarida Maria Alacoque
relatou “importantes aparições” entre o fim de dezembro de 1673 e junho de
1675.
A mensagem da religiosa veio desenvolver uma devoção que já se encontrava
na mística alemã do final da Idade Média e que, segundo Francisco, esteve
“presente na história da espiritualidade cristã de diversas maneiras”; a
solenidade do Coração de Jesus é assinalada por toda a Igreja Católica desde
1856, por decisão do Papa Pio IX.
Francisco fala ainda do papel de São Carlos de Foucauld (1858-1916) e Santa
Teresa do Menino Jesus (1873-1897), que “reformularam certos elementos da
devoção ao Coração de Cristo”, bem como o papel da Companhia de Jesus
(Jesuítas), neste campo.
A encíclica recorda as experiências de Santa Faustina Kowalska (1905-1938),
que colocam “uma forte ênfase na vida gloriosa do Ressuscitado e na
misericórdia divina”.
O texto recorda que, em muitas passagens dos Evangelhos, “Jesus está atento às pessoas, às suas preocupações, ao seu sofrimento”, destacando a união entre “a devoção ao Coração de Jesus e o compromisso com os irmãos”.
“A proposta cristã é atrativa quando pode ser vivida e manifestada na sua integralidade: não como um simples refúgio em sentimentos religiosos ou em cultos faustosos”, sustenta.
O Papa reza para que o Coração de Jesus inspire os católicos na “capacidade de amar e servir” e os leve a “caminhar juntos em direção a um mundo justo, solidário e fraterno”.
‘Dilexit nos’ surge depois das encíclicas ‘Lumen fidei’ (2013), que recolhe reflexões sobre a fé iniciadas por Bento XVI; ‘Laudato si’ (2015), documento que propõe uma ecologia integral, abordando questões sociais e ligadas ao meio ambiente; e ‘Fratelli tutti’ (2020), que recolher as reflexões de Francisco sobre a fraternidade e a amizade social.
Agência Ecclesia
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