sábado, 6 de março de 2021

O Papa Francisco na localidade iraquiana de Ur, a terra natal do patriarca Abraão, figura de referência para judeus, cristãos e muçulmanos.

O encontro inter-religioso teve leituras de passagens do Génesis (livro sagrado de judeus e cristãos) e do Corão, com testemunhos de uma mulher mandeia e um muçulmano sunita, bem como de dois amigos – um cristão e um muçulmano –, sobre as dificuldades vividas nos últimos anos, a necessidade de diálogo e o desejo de receber peregrinos no Iraque.
Francisco mostrou-se impressionado com o “exemplo heroico” de Najy, da comunidade sabeia mandeia, que perdeu a vida na tentativa de salvar a família do seu vizinho muçulmano.
Os participantes no encontro recitaram a “Oração dos filhos de Abraão”, antes do encerramento da celebração.

«Oração dos Filhos de Abraão»

Deus Todo-Poderoso, nosso Criador, que amais a família humana e tudo o que as vossas mãos fizeram, nós, filhos e filhas de Abraão pertencentes ao Judaísmo, ao Cristianismo e ao Islão, juntamente com os demais crentes e todas as pessoas de boa vontade, agradecemos-vos por nos terdes dado como pai comum na fé Abraão, filho insigne desta nobre e amada terra.
Agradecemos-vos pelo seu exemplo de homem de fé que Vos obedeceu completamente, deixando a sua família, a sua tribo e a sua pátria a fim de ir para uma terra que não conhecia.
Agradecemos-vos também pelo exemplo de coragem, resiliência e força de ânimo, generosidade e hospitalidade que nos deu o nosso pai comum na fé.
Agradecemos-vos particularmente pela sua fé heroica, demonstrada na disponibilidade em sacrificar o próprio filho para obedecer à vossa ordem. Sabemos que era uma prova muito difícil, da qual todavia saiu vitorioso, porque confiou sem reservas em Vós, que sois misericordioso e sempre abris novas possibilidades para recomeçar.
Agradecemos-vos porque, abençoando o nosso pai Abraão, fizestes dele uma bênção para todos os povos.
Pedimos-vos, Deus do nosso pai Abraão e nosso Deus, que nos concedais uma fé forte, operosa no bem, uma fé que abra os nossos corações a Vós e a todos os nossos irmãos e irmãs; e uma esperança irreprimível, capaz de em tudo vislumbrar a fidelidade das vossas promessas.
Fazei de cada um de nós uma testemunha do vosso cuidado amoroso por todos, especialmente os refugiados e os deslocados, as viúvas e os órfãos, os pobres e os doentes.
Abri os nossos corações ao perdão recíproco, tornando-nos instrumentos de reconciliação, construtores duma sociedade mais justa e fraterna.
Acolhei na vossa morada de paz e luz todos os defuntos, de modo particular as vítimas da violência e das guerras.
Assisti as autoridades civis na busca e localização das pessoas sequestradas e na proteção especial das mulheres e crianças.
Ajudai-nos a cuidar da terra, a casa comum que, na vossa bondade e generosidade, destes a todos nós.
Sustentai as nossas mãos na reconstrução deste país e dai-nos a força necessária para ajudar, aqueles que tiveram de deixar as suas casas e terras, a regressar em segurança e com dignidade, e a começar uma vida nova, serena e próspera. Ámen.

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