Leituras: aqui
A
tentação do comércio bateu à porta do coração do homem, desde muito cedo, na
história humana. Há dois mil anos, em Jerusalém, os vendilhões faziam os seus
negócios dentro do templo, o que obrigou Jesus a usar da força para os
expulsar. Hoje não vendemos nos templos, mas fazemos das superfícies comerciais
autênticos santuários, onde acorremos e compramos aquilo de que nem sempre
precisamos e que, por isso, não sacia o coração, apenas inflama o desejo de
continuar a consumir.
Na
sua carta pastoral, Dom António Couto avisa-nos que “afinal há um lugar novo,
um mercado novo, onde até Jesus vai fazer compras. E compra-se sem dinheiro e
sem pagar. Chama-se Deus esse lugar. Chama-se Pai”(nº5).
A Lei e o Templo
Nas nossas casas, costumamos limpar todos os dias. Assim mesmo, de vez em quando sentimos a necessidade de uma limpeza geral... lavamos as paredes... o teto...os vidros... para tirar o mofo que se foi acumulando...
A Quaresma também é um tempo de purificação, propício para renovar nossa vida cristã e purificar o nosso coração daquelas impurezas que foram se acumulando ao longo do tempo.
As leituras bíblicas tratam de dois pontos fundamentais da religião judaica:
a Lei de Deus e o Templo, que, com o passar do tempo, também estavam precisando de uma purificação...
Cristo apresenta-Se como a nova Lei e o novo Templo.
A Quaresma também é um tempo de purificação, propício para renovar nossa vida cristã e purificar o nosso coração daquelas impurezas que foram se acumulando ao longo do tempo.
As leituras bíblicas tratam de dois pontos fundamentais da religião judaica:
a Lei de Deus e o Templo, que, com o passar do tempo, também estavam precisando de uma purificação...
Cristo apresenta-Se como a nova Lei e o novo Templo.
Na 1a Leitura, Deus entrega a LEI, num contexto de êxodo e de Páscoa, como parte de uma Aliança. (Ex 20,1-17)
- É um momento fundamental na história da Salvação.
Deus apresenta-Se desde o começo como Libertador:
"Eu sou o Senhor teu Deus que te tirou da escravidão do Egito".
Os 10 mandamentos brotavam do amor de um Deus "Libertador",
que depois de ter libertado seu povo da escravidão material do Egito,
queria libertá-lo também da escravidão moral das paixões e do pecado.
- Deus não deu as leis do Decálogo para serem um atentado
contra a liberdade humana. Pelo contrário, para que os homens
sejam livres e respeitem a liberdade dos outros.
- Os Mandamentos indicavam o caminho seguro para ser feliz e
ser o Povo da Aliança, colaborador de Deus no Plano da Salvação…
- Mas Israel não foi fiel a esse compromisso: muitos abusos e desvios esvaziaram o verdadeiro sentido do decálogo…
- Era necessário restaurar a antiga Lei, completá-la, aperfeiçoá-la…
sobretudo no sentido do amor e da interioridade…
libertando-a de todo formalismo.
Precisava-se de uma Nova Aliança, uma NOVA LEI. É o que Cristo veio realizar:
"Não vim suprimir a Lei… mas completar, aperfeiçoar…"
Na 2ª Leitura, Paulo afirma que seu projeto de Salvação passa pela morte na cruz:
"Nós pregamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e
loucura para os gentios" (1Cor 1,22-25)
A Cruz de Cristo pode parecer loucura e sinal de fraqueza.
Todavia, Deus transformou a cruz em sabedoria e caminho de salvação.
No Evangelho, Jesus apresenta-Se como o NOVO TEMPLO… (Jo 2,13-25)
O Templo era um lugar muito sagrado para os judeus.
Todo judeu devia ir ao templo ao menos uma vez por ano para oferecer um sacrifício a Deus.
Estas ofertas para os sacrifícios faziam girar muito dinheiro...
e provocavam abusos e exploração.
O gesto "VIOLENTO" de Cristo não é apenas zelo de purificação do templo.
É anúncio da abolição do velho templo e do culto aí celebrado.
O antigo templo já tinha concluído a sua função.
Surgirá um novo templo, não construído de pedras e por mãos humanas, mas o "lugar da Presença" viva de Deus: JESUS CRISTO.
Passamos do templo de pedra (projeto de David e realizado por Salomão) ao Templo sonhado pelos profetas (fonte de vida e luz para todos os povos), para chegar ao Senhor ressuscitado, o templo verdadeiro em quem Deus manifesta a sua glória em favor de todos os homens.
Caminhamos todos para um "templo definitivo", que se identifica
com o mundo inteiro, quando esse se converte em casa do Pai, isto é, a casa onde todos os homens se reconhecem irmãos.
Jesus convida-nos a sermos templo no qual está presente Deus e nele se oferece um verdadeiro culto "em espírito e verdade..."
Qual o Templo que devemos purificar?
- Nosso coração deve ser um sinal de Deus para os irmãos.
- Nossas comunidades devem dar testemunho da vida de Deus.
- A Igreja deve ser essa "Casa de Deus" onde as pessoas podem encontrar a proposta de libertação e de Salvação que Deus oferece a todos.
- O "Culto", que Deus aprecia, deve ser uma vida vivida na escuta de suas propostas e traduzida em gestos concretos de doação, de entrega, de serviço simples e humilde aos irmãos.
- Jesus purificou o templo de seus profanadores e convida a purificar também o templo de nosso coração.
* Qual a nossa atitude diante da Lei de Deus?
É uma cerca que nos prende ou um caminho seguro para uma vida feliz?
* Qual o respeito que temos na casa de Deus... (antes, durante, depois…)
- Se Cristo voltasse hoje às nossas igrejas… o que aconteceria?
A quem deveria expulsar com o chicote?
A Semana da Caritas lembra outro templo sagrado, profanado pelo egoísmos e pela indiferença: a pobreza, o sofrimento, o abandono, o racismo, a miséria.
Essa celebração deve nos levar a refletir sobre o ESPÍRITO com que vivemos a nossa religião: diante da Lei de Deus, nas práticas religiosas de nossa religião e no respeito à pessoa humana !…
Só assim o nosso culto será realmente agradável a Deus!
"Vós sois todos irmãos e irmãs" (Mt 23,8)
Pe. António Geraldo Dalla Costa - 03.03.2024
FURIOSO, IMPUSESTE NO TEMPLO OS
TEUS LIMITES
E hoje quero que mos imponhas a mim, que me graves a fogo na alma aquilo que não me posso permitir, o que me afasta de Ti e de uma vida digna, o que me impede de ser pessoa e, sobretudo, de viver no amor.
Jamais me deixes viver sem a Tua amizade,
Senhor, nem permitas que me instale na rotina,
ou abandone a minha oração diária,
ou pense em mim mais que nos outros,
ou critique e espalhe más notícias,
nem que compre barato explorando alguém.
Jamais me deixes ser medíocre, Senhor,
ou viver sem um projeto pessoal,
ou permitir a injustiça à minha volta,
ou aproveitar-me de algo ou de alguém,
ou ser negativo nas conversas
ou manipulador nas ações.
Jamais me deixes acomodar-me, Senhor,
ou viver indiferente à vida das outras pessoas,
ou achar-me superior à restante gente,
ou desistir de ver a riqueza melhor distribuída,
ou ocupar-me só da minha família,
ou deixar de me oferecer, como Tu, a todos.
Não permitas, Senhor, que Te use,
nem que me creia um dos justos, um dos bons,
nem que adormeça sobre os meus louros,
nem que descanse até o mundo ficar melhor,
nem que desista de construir uma Igreja nova.
Purifica-me, Senhor, aqui me tens…
Ámen
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