quinta-feira, 1 de fevereiro de 2024

4 de Fevereiro, 2024 - 05º Domingo do Tempo Comum - Ano B


 Leituras: aqui

1. O mistério do sofrimento

A dor, nossa companheira. «Não vive o homem sobre a terra como um soldado? Não são os seus dias como os de um mercenário? Como o escravo que suspira pela sombra e o trabalhador que espera pelo seu salário, assim eu recebi em herança meses de desilusão e couberam-me em sorte noites de amargura».

O Livro de Job é um dos livros didáticos ou sapienciais do Antigo Testamento. Nele procura o Espírito Santo dar-nos a resposta possível antes da vinda de Cristo, à razão de ser do sofrimento humano, sobretudo do que padecem os inocentes.

• Tratado sobre o sofrimento. Continuamos a perguntar: Porque sofremos? Para que sofremos? Que significado tem o sofrimento da nossa vida?

O Senhor apresenta-nos Job – um personagem misterioso e possivelmente fictício, do Antigo Testamento – e ao longo da narrativa tenta dar-nos luz sobre o problema.

Job é um homem que teve uma vida farta, confortável e feliz, mas perdeu os bens materiais, os filhos e a própria saúde, pois contrai a lepra, doença incurável naquela época.

Depois dos bens materiais, perdeu também o bom nome, porque a esposa e os amigos pensam que sofre o castigo de crimes secretos.

O homem sofredor queixa-se a Deus e compara a sua vida à de um soldado mercenário, assalariado. Um homem assim é continuamente mandado e tem o sustento garantido na medida em que obedecer. Nunca sabe nada do seu futuro, mas luta cada dia, sem conhecer o que vai ser o seu amanhã.

Soldados somos todos, afinal, porque a vida é um combate contra as nossas más inclinações e combatemos continuamente, para nos mantermos fiéis ao Senhor. Esta vida de soldado deve terminar em cada um de nós pela morte física, por uma vitória e um prémio.

O escravo suspira pela sombra que o defenda do sol abrasador; e procura o descanso de um trabalho sem horário. Somos um pouco de tudo isto, se nos olharmos sem a luz da fé.

• Procurar o Senhor. No meio de tudo isto, Job dá-nos um grande exemplo: ele queixa-se a quem se deve queixar: ao Senhor. Animemo-nos a procurar o Senhor, passando algum tempo na Sua Presença, a pedir luz e coragem para levarmos a cruz.

Muitas vezes não somos confortados, sofremos sós e vivemos incompreendidos porque não procuramos o Único que nos podia compreender e consolar, porque nos ama infinitamente.

Algumas pessoas, mesmo quando têm boa vontade, desorientam-nos, porque olham para o que sofremos sem a luz da fé. Mais seguro é fazer oração e procurar no Senhor a razão e o conforto das nossas dores.

 

2.  Jesus ilumina o mistério da dor

O serviço do sofrimento. «Jesus saiu da sinagoga e foi, com Tiago e João, a casa de Simão e André. A sogra de Simão estava de cama com febre e logo Lhe falaram dela. Jesus aproximou-Se, tomou-a pela mão e levantou-a. A febre deixou-a e ela começou a servi-los.»

À luz da razão, o sofrimento pode parecer uma coisa descabida e até prejudicial, nas nossas relações com Deus e com as outras pessoas; mas à luz da fé, o sofrimento é um verdadeiro tesouro que devemos aproveitar o melhor possível.

É preciso pedir ajuda ao Espírito Santo para descobrir o seu valor e estudá-lo na oração, e não a ouvir o que as pessoas sem fé pensam dele, porque nos desorientam.

• Tempo de solidariedade. Quando a cruz faz o seu aparecimento numa vida, Deus convida uns e outros a viverem mais intensamente a solidariedade.

– É uma ocasião propícia para viver a caridade para com os que sofrem, ouvindo-os e atendendo-os nas suas necessidades elementares. Uma doença estreita a comunhão das pessoas e perseveram nela quando a caridade é verdadeira.

– Também o que sofre pode viver uma providencial solidariedade, oferecendo o sofrimento pelas grandes intenções da Igreja.

Vale a pena recordar aqui o que Nossa Senhora dizia aos Pastorinhos de Fátima: “Vão muitas almas para o inferno, por não haver quem reze e se sacrifique por elas.”

 • Tempo de humildade. Quando sofremos tocamos mais de perto as nossas limitações e vemos mais claramente que precisamos de ajuda. Isto esvazia-nos de falsos complexos de superioridade e leva-nos a dobrar a cerviz, perdendo a falsa importância com que, por vezes, nos apresentamos diante dos outros.

• Escola da paciência. As limitações a que nos vemos reduzidos pelo sofrimento físico e moral levam-nos a descobrir que a revolta contra a cruz nada adianta e que a impaciência agrava a situação.

Na doença, quando prolongada, há duas fases: uma inicial em que domina o desejo de se ver curado e se encara com impaciência o tempo de cura que se prolonga; numa segunda fase, a pessoa entra num certo abandono que poderia tornar-se indiferença perante a vida.

• Espaço de encontro com Deus. Muitas pessoas, afastadas do caminho da salvação, acabam por se encontrarem com Deus na Cruz. O primeiro exemplo foi o do bom ladrão. A partir daí, os casos sucedem-se continuamente.

Isto acontece por graça do Senhor e também porque o sofrimento conduz-nos a encarar a vida com realismo. Dissipam-se muitos sonhos banais e sem sentido; e compreendemos então que a vida é caminho para a eternidade.

Muitas vezes, este encontro pode ser preparado por uma pessoa amiga que lealmente ajuda a pessoa doente ou em sofrimento moral a reencaminhar a sua vida.

Fonte: aqui

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