Desde aquele «eis a tua mãe - eis o teu filho» (Jo 19,26-27), junto à cruz do Senhor, não é mais possível acolher Jesus no coração e tornar-se cristão, sem receber Maria «em nossa casa», sem A acolher como nossa, sem A assumir entre aquilo que nos é mais íntimo e pessoal, entre os nossos tesouros mais sagrados. Parece que é isso que significa a expressão bíblica «e o discípulo recebeu-a em sua casa». Maria não é, pois, objeto de mais ou de uma superior «devoçãozinha» na Igreja, ao lado de outras devoções mais ou menos sentimentais. A Igreja, desde a sua matriz original, tem tanto de «mariano» como de «petrino», tem tanto de mariano como de apostólico, tem tanto de carismático como de estrutural. Como diz o Papa Francisco, é mesmo inconcebível imaginar o Colégio Apostólico sem Maria. E «a Igreja» por definição afirma-se como mãe e no feminino: «a Igreja» e não «o Igreja». Neste sentido, isto de ser mariano, de viver como irmão de Jesus, implica assumir-se como filho de Maria, a primeira cristã, a primeira discípula do Filho. Ora isto, não é uma variante, uma modalidade, um gosto pessoal, uma inclinação devota, de mais Maria ou menos Maria. Não. Não. Maria oferece o seio e está no início da génese do Corpo humano do Filho de Deus, como é também o seio e está no início da génese do Corpo glorificado de Seu Filho na História, através da Igreja. Deste Corpo, Cristo é a Cabeça e nós os seus membros. Eis porque neste dia de «Maria, Mãe da Igreja» somos desafiados a redescobrir a nossa relação filial com Maria, como forma cristã de ser e de viver. Não é uma devoção. É uma condição sine qua non do ser cristão. São José, neste Ano que lhe é dedicado, ensina-nos a guardar estes dois tesouros: o filho Jesus e a Mãe, Maria. Que Maria e José nos guardem a nós.
Amaro Gonçalo
Sem comentários:
Enviar um comentário
Nota: só um membro deste blogue pode publicar um comentário.