Iniciativa assinala 150.º aniversário da declaração como padroeiro da Igreja universal, evocando em particular migrantes e trabalhadores
O Papa anunciou hoje a convocação de um Ano dedicado a São José, para assinalar o 150.º aniversário da sua declaração como padroeiro da Igreja universal, feita pelo Beato Pio IX a 8 de dezembro de 1870.
Francisco publicou a Carta Apostólica ‘Patris Corde’ (com coração de pai), destacando que “depois de Maria, a Mãe de Deus, nenhum Santo ocupa tanto espaço no magistério pontifício como José, seu esposo”.
O documento apresenta “reflexões pessoais” do Papa sobre São José, “figura extraordinária, tão próxima da condição humana”.
O documento destaca que, ao longo das últimas décadas, o magistério dos Papas tem destacado a “relação com o trabalho”, na figura de São José.
“Neste nosso tempo em que o trabalho parece ter voltado a constituir uma urgente questão social e o desemprego atinge por vezes níveis impressionantes, mesmo em países onde se experimentou durante várias décadas um certo bem-estar, é necessário tomar renovada consciência do significado do trabalho que dignifica e do qual o nosso Santo é patrono e exemplo”, sustenta Francisco.
“Como poderemos falar da dignidade humana sem nos empenharmos por que todos, e cada um, tenham a possibilidade dum digno sustento?”, questiona ainda.
O Papa refere que num momento de crise “económica, social, cultural e espiritual” é necessário redescobrir o valor do trabalho para dar origem a “uma nova ‘normalidade’, em que ninguém seja excluído”.
Francisco evoca todas as pessoas que se dedicaram aos outros no atual momento de pandemia, muitas vezes longe dos holofotes dos media e da opinião pública.
“Todos podem encontrar em São José – o homem que passa despercebido, o homem da presença quotidiana discreta e escondida – um intercessor, um amparo e uma guia nos momentos de dificuldade”, escreve.
São José lembra-nos que todos aqueles que estão, aparentemente, escondidos ou em segundo plano, têm um protagonismo sem paralelo na história da salvação. A todos eles, dirijo uma palavra de reconhecimento e gratidão”.
A carta apresenta a figura de São José a partir da sua dimensão paterna, como “um pai que foi sempre amado pelo povo cristão”, exemplo de ternura e confiança em Deus.
“A felicidade de José não se situa na lógica do sacrifício de si mesmo, mas na lógica do dom de si mesmo. Naquele homem, nunca se nota frustração, mas apenas confiança”, pode ler-se.
O Papa, conhecido pela sua devoção a São José, destaca a capacidade de acolher o que parece inexplicável, nos vários momentos da sua vida, para depois “receber os outros, sem exclusões, tal como são, reservando uma predileção especial pelos mais frágeis”.
Francisco elogia a “coragem criativa” de São José, que apresenta como “o verdadeiro ‘milagre’, pelo qual Deus salva o Menino e sua mãe”.
A Sagrada Família teve de enfrentar problemas concretos, como todas as outras famílias, como muitos dos nossos irmãos migrantes que ainda hoje arriscam a vida acossados pelas desventuras e a fome. Neste sentido, creio que São José é verdadeiramente um padroeiro especial para quantos têm de deixar a sua terra por causa das guerras, do ódio, da perseguição e da miséria”.
Num decreto divulgado pelo Vaticano, esta manhã, Francisco determina que entre hoje e 8 de dezembro de 2021 se celebre um “Ano especial de São José”.
“Todos os fiéis terão assim a oportunidade de se comprometer, com orações e boas obras, para obter, com a ajuda de São José, chefe da Família celestial de Nazaré, conforto e alívio das graves tribulações humanas e sociais que hoje dominam o mundo contemporâneo”, refere o Papa.
In Agência Ecclesia
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