quarta-feira, 4 de setembro de 2024

8 de Setembro, 2024 - 23º Domingo do Tempo Comum - Ano B

 

A liturgia do 23.º Domingo do Tempo Comum fala-nos de um Deus eternamente comprometido com a vida e a felicidade dos seus filhos. Ele está presente em cada pedaço do caminho que a humanidade vai percorrendo, orientando os seus filhos e filhas, apontando-lhes a direção que leva à Vida plena, à felicidade sem ocaso.

Leituras: aqui

Os sinais de Jesus
A Palavra de Deus deste domingo é um apelo à esperança, à plena confiança no Senhor. Num momento de tribulação, o profeta Isaías (primeira leitura) levanta-se para reconfortar o Povo eleito que vive no desterro. Anuncia o alegre retorno à pátria: «dizei aos corações perturbados: “Tende coragem, não temais. Aí está o vosso Deus (…) Ele próprio vem salvar-nos”. Seguidamente, Isaías anuncia prodígios que terão o seu pleno cumprimento na chegada do Messias: abrirá os olhos dos cegos e os ouvidos dos surdos, os coxos serão curados e o deserto brotará água. Com Cristo, o Messias anunciado por Isaías, todos os homens serão curados e as fontes das águas não se esgotarão.
O Evangelho narra a cura de um surdo-mudo. Jesus leva o homem a um lugar à parte, pôs os dedos nos seus ouvidos e com saliva tocou-lhe a língua. Depois, olhando para o céu, diz: “Efatá! O gesto dos dedos de Jesus significa a poderosa acção divina e a saliva evoca a eficácia que lhe era atribuída para aliviar as feridas. Ainda que a cura tenha sido resultados das palavras de Cristo, o Senhor quis utilizar, nesta ocasião, elementos materiais visíveis para dar a entender de alguma maneira a acção mais profunda que os sacramentos iriam efectuar nas almas. Estes gestos de Jesus descritos no Evangelho têm, de forma muito particular, um sentido baptismal. Na celebração do baptismo, o sacerdote diz: “O Senhor que fez ouvir os surdos e falar os mudos, te conceda a graça de em breve poderes ouvir a Sua Palavra e de professares a fé”.
 
Surdez da alma
Nesta cura que Jesus realizou podemos ver uma imagem da sua acção nas almas: ele livra a humanidade do pecado, abre-lhe os ouvidos para que escute a Palavra de Deus e solta-lhe a língua para que louve e proclame as maravilhas divinas. Santo Agostinho, ao comentar esta passagem do Evangelho, diz que a língua de quem está unido a Deus “falará do bem, porá de acordo os que estão desavindos, consolará os que choram… Deus será louvado, Cristo será anunciado”. É o que nós faremos se tivermos o ouvido atento às contínuas propostas do Espírito Santo e a língua preparada para falar de Deus aos homens e falar dos homens a Deus.
Existe uma surdez da alma que é pior que a do corpo, porque não há pior surdo do que aquele que não quer ouvir. Infelizmente são muitos os que têm os ouvidos fechados à Palavra de Deus. Não podemos ficar mudos quando devemos falar de Deus e da sua mensagem sem constrangimento algum, antes vendo nisso um título de glória. A falta de fé torna o homem surdo e mudo. Talvez um dos pecados mais graves dos cristãos é esta surdez. Não nos detemos a escutar o Evangelho de Jesus. Não vivemos com o coração aberto para acolher as Suas palavras.

Abre-te!
“Efatá”! Esta é a única palavra que Jesus pronuncia em todo o relato do evangelho. Não é dirigida aos ouvidos do surdo mas ao seu coração. Marcos quer que esta palavra de Jesus ressoe com força na vida dos cristãos. Assim solicita o Papa Francisco: “Jesus revelou-nos o segredo de um milagre que também nós podemos repetir, tornando-nos protagonistas do «Efatá», daquela palavra “Abre-te!” com a qual Ele restituiu a palavra e a audição ao surdo-mudo. Trata-se de nos abrirmos às necessidades dos nossos irmãos sofredores e necessitados de ajuda, evitando o egoísmo e o fechamento do coração. É precisamente o coração, ou seja, o núcleo profundo da pessoa, que Jesus vem «abrir», libertar, para nos tornar capazes de viver plenamente a relação com Deus e com o próximo. Ele fez-se homem porque o homem, que o pecado tornou interiormente surdo e mudo, possa ouvir a voz de Deus, a voz do Amor que fala ao seu coração e assim, por sua vez, aprenda a falar a linguagem do amor, traduzindo-a em gestos de generosidade e de doação de si mesmo.”
Fonte: aqui

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