Refira-se que «católico» — vocábulo que terá sido usado pela primeira vez por Aristóteles — advém de «kat-holon», isto é, «segundo o todo».
2. Porque «Deus quer que “todos” os homens se salvem» (1Tim 2, 4), o Ressuscitado enviou os Seus seguidores «por ”todo” o mundo, para anunciar o Evangelho a “toda” a criatura» (Mc 16, 15).
Daí que possamos dizer que a catolicidade da Igreja só é real com este anúncio total.
3. Jesus sinalizou este horizonte «católico», por exemplo, na parábola da «ovelha perdida» (cf. Lc 15, 3-7).
Tal como o rebanho apenas fica inteiro com o reagrupamento da ovelha que se tresmalhara, também a Igreja não pode desacelerar enquanto não agregar a totalidade dos seus membros.
4. Assim sendo, percebe-se que a Igreja tenha um rosto sinodal. É com todos que a Igreja quer fazer «um caminho em conjunto».
Aliás, «Sínodo» vem de «Syn-hodós», que significa «fazer caminho juntos».
5. É que, ao fazer parte do novo Corpo de Cristo — tal como Paulo qualifica a Igreja (cf. 1 Cor 12, 12-13) —, cada cristão está vinculado aos outros cristãos.
É à Igreja que Santo Agostinho chama o «Cristo total», pelo que só é possível ser cristão ao lado de outros cristãos.
6. Não é aceitável, por isso, qualquer individualismo eclesial.
Se o próprio termo «Igreja» remete para «assembleia reunida», seria um rematado contra-senso pertencer à Igreja e estar ausente dela.
7. Não é invulgar tal acontecer: a ausência completa ou, então, a presença ocasional.
E é deste modo que, se não chegamos ao estado de uma sociedade «desigrejada», corremos o risco de padecer, frequentemente, de uma Igreja «desconjuntada».
8. Ao convocar um novo Sínodo — e ao alargá-lo à participação de todas as comunidades —, o Papa Francisco está, no fundo, a alertar-nos para a necessidade de caminharmos todos (e sempre) em conjunto, em comunhão.
A esta luz, compreende-se que, como diz D. António Couto, «a sinodalidade não seja uma coisa a fazer na Igreja, mas a própria Igreja a fazer-se».
9. Somente é possível pertencer à Igreja com os outros, escutando os outros e estendendo a mão aos outros. Em conjunto escutaremos Jesus Cristo, o «Bispo invisível» (Santo Inácio de Antioquia), que conduz a Igreja.
Por conseguinte, é vital ir ao encontro de todos, assegurando-lhes que a sua presença é desejada e imprescindível.
10. É em conjunto que celebramos a Eucaristia, abraçamos a missão e promovemos a fraternidade. Não de uma maneira intermitente, mas de uma forma permanente.
É preciso que todos saibam e que cada um sinta: que a sua presença é fundamental. Em TUDO e SEMPRE!
João António Teixeira, Facebook
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