65 anos Cáritas: o amor que transforma
Neste ano tão ‘especial’ gostaria de partilhar convosco o meu coração agradecido.
Ao longo deste ano temos conversado – muitas vezes por meios telemáticos – acerca de sofrimentos, de medos, de aflições. Ouvimos muitos lamentos. Encontrámos pessoas desanimadas. Muitos
de nós ou dos nossos familiares e amigos ficaram doentes. Alguns morreram.
Tempos difíceis, estes…
Mas damo-nos conta também de que estes foram tempos de solidariedade na dor, de um grande
empenho no reinventar a proximidade e o cuidado com os mais frágeis.
E é por isso que agradeço a Deus os diversos dons que têm frutificado no coração e nos gestos de
tantas pessoas das nossas comunidades que se têm mantido atentas aos pobres e aos doentes
para os socorrerem nas suas necessidades.
Agradeço a Deus e agradeço-vos a todos os que constituem os Grupos de acção sócio-caritativa ou
as Cáritas Paroquiais, os que trabalham nas Cáritas Diocesanas e na Cáritas Portuguesa. «O amor ao
outro, por ser quem é – diz-nos o Papa Francisco – impele-nos a procurar o melhor para a sua vida.
Só cultivando esta forma de nos relacionarmos é que tornaremos possível aquela amizade social
que não exclui ninguém e a fraternidade aberta a todos» (Fratelli tutti, 94).
Celebramos os 65 anos da Cáritas em Portugal: o amor que transforma. Transforma os corações e
tranforma a realidade em que vivemos. Só o amor transforma.
O Papa Francisco na encíclica Fratelli tutti deixa-nos este alerta:
«Passada a crise sanitária, a pior reação seria cair ainda mais num consumismo febril e em
novas formas de autoproteção egoísta. No fim, oxalá já não existam “os outros”, mas apenas
um “nós”. Oxalá não seja mais um grave episódio da história, cuja lição não fomos capazes de
aprender. Oxalá não nos esqueçamos dos idosos que morreram por falta de respiradores, em
parte como resultado de sistemas de saúde que foram sendo desmantelados ano após ano.
Oxalá não seja inútil tanto sofrimento, mas tenhamos dado um salto para uma nova forma de
viver e descubramos, enfim, que precisamos e somos devedores uns dos outros, para que a
Humanidade renasça com todos os rostos, todas as mãos e todas as vozes, livre das fronteiras
que criamos» (n. 35).
A missão da Cáritas – o amor que transforma – é despertar para esta solidariedade no concreto,
comprometidos que estamos na transformação do mundo em que vivemos para que seja, cada vez
mais, uma terra de irmãos. Para que juntos vivamos verdadeiramente numa só família humana.
+José Traquina
Bispo de Santarém
Presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana
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