1. No início do seu Evangelho, Marcos põe perante nós a cena sublime do chamamento ou vocação e missão dos «doze»:
«E Ele sobe para a montanha e chama para si aqueles que Ele queria, e andaram para Ele. E Ele fez doze, para que estivessem com Ele, e para os enviar a pregar (Marcos 3,13-14).
2. A iniciativa é de Jesus. Ele chama para si aqueles que Ele quer. E eles vão para Ele em admirável sinergia, respondendo de forma determinada e sem qualquer hesitação à iniciativa de Jesus. O que o texto regista a seguir é sublime e exclusivo de Marcos: «Ele fez doze»: admirável ato criador! No relato da criação (Génesis 1,1-2,4a), ouve-se o verbo «fazer» por dez vezes. Portanto, este «fazer» de Jesus é um ato criador. Primeira finalidade desta nova criação: estar com Ele. Simplesmente estar com Ele, atentos a Ele, para aprender a viver com Ele, como Ele. Este primeiro tempo deve ser sempre o primeiro, o mais intenso, intenso e pleno, como se não houvesse nenhum outro. Só depois vem o envio para a pregação do Evangelho.
3. Esta missão evangelizadora de levar a todos o Evangelho que é Jesus é de novo expressa por Jesus, no final do mesmo Evangelho de Marcos, com o particípio da liberdade, «indo!»:
«E Ele disse-lhes: Indo por todo o mundo, anunciai o Evangelho a toda a criatura» (Marcos 16,15).
4. Este particípio histórico faz-nos tomar parte no caminho concreto de Jesus e de todos os vocacionados da Escritura, desde que Abraão ouviu o imperativo: «Vai!» (Génesis 12,1). E o narrador diz-nos que «Abraão foi» (Génesis 12,4).
5. Aquele que é assim chamado e enviado por Deus é uma nova criatura, vive dessa alegria nova e dá testemunho dessa maneira nova de viver. Não tem de demonstrar nada. Apenas mostrar e testemunhar. Seja onde for. Seja a quem for. Mostrar Jesus. A experiência da testemunha é sempre mais forte e mais radical do que as provas que eventualmente queira dar. É por isso que Filipe fala de Jesus a Natanael, mas face às objeções deste, não lhe dissipa as dúvidas (João 1,45-46); diz-lhe simplesmente: «Vem e vê!» (João 1,46). O testemunho não é eficaz senão quando incita o destinatário, não a inclinar-se, vencido, perante as provas, mas a fazer, por sua vez, a experiência.
6. Note-se, todavia, uma diferença fundamental: os chefes das nações ou das empresas preparam a sua sucessão quando pressentem o fim da carreira e que o termo da sua vida se aproxima e que é inevitável a sua retirada de cena; os mestres escolhem os
seus continuadores sobre a base de uma longa seleção entre os seus discípulos. Ao contrário, no que se refere a Jesus, é no princípio da sua missão que Ele chama os seus discípulos, e é durante a sua própria missão que os envia em missão. Esta cooperação e contemporaneidade implica com Jesus os seus discípulos. Mas implica-nos a nós do mesmo modo, impedindo a sua e a nossa catalogação como meros continuadores da missão evangelizadora de Jesus. Continuadores é o que os discípulos de Jesus são e o que nós somos aos olhos da história empírica. Mas nós somos outra coisa bem diferente na estrutura do relato do Evangelho. Ele connosco sempre. Nós com Ele sempre. Nunca nós sem Ele, ou depois d’Ele. Fica connosco, Senhor, neste tempo de graça. Fica connosco. Preside-nos e precede-nos sempre. E que nós estejamos lá sempre atrás de Ti, perto de Ti. Contigo.
7. Estamos outra vez na Semana dos Seminários, que este ano acontece entre os Domingos 31 de outubro e 07 de novembro. É uma semana que se quer de Oração pelos jovens que nos Seminários cultivam a sua vocação e por aqueles que os acompanham no amadurecimento da sua vocação humana, cristã, eclesial e sacerdotal A temática é aquela que abre esta Carta, e que deve despertai em lodo o povo cristão a nossa vinculação a Jesus Cristo e à sua missão evangelizadora. Os nossos seminaristas frequentam, de momento, o Seminário de Lamego (4) e o Seminário Interdiocesano de S. José (7), sediado em Braga, para possibilitar aos nossos seminaristas, na última fase da sua formação académica, poder frequentar a Faculdade de Teologia da Universidade Católica. Apenas para se ter uma ideia mais clara, aqui deixamos os seus nomes e proveniência:
Seminário
de Lamego (Jesus, Maria e Anal):
Hugo Mourão (Trevões) – 10º Ano; Carlos Almeida (Piães - Cinfaes); Leandro
Camelo (Cinfães); Tiago Sequeira (Lamego) - 11° Ano.
Seminário
Interdiocesano (S.José):
Celestino Ribeiro (Pereira - Castro Daire); Pilipe Jácome (Brasil) – Ano
propedêutico; António Fenandes (Piães – Cinfães) - 2o ano de
Teologia: João Vingadas Tarouca ; Tiago Samuel (Piães - Cinfaes) - 3° ano de
Teologia; João Patrício (Vila Nova de Foz Côa); Tiago Tones (Lamego) - 4o
ano de Teologia.
8. Ergamos, pois, reconhecidos, o nosso coração e a nossa oração ao Bom Pastor, para que continue a chamar estes e outros jovens e para que eles se encaminhem para Ele, para que seja Ele a «fazê-los» ao seu jeito, e a enviá-los a levar o Evangelho a este mundo. Peço, então, uma vez mais que, sendo generosos na oração, o sejamos também na dádiva de nós próprios, concretizada no Ofertório do Domingo, dia 07 de- novembro, que será destinado, na sua inteireza, para as necessidades dos nossos Seminários.~
Que Deus nos abençoe e guarde em cada dia, que nos dê saúde e alegria, e faça frutificar o labor das nossas mãos e dos nossos Seminários.
Lamego, 18
de outubro de 2021, Festa de S. Lucas, Evamgelista
+ António, vosso bispo e irmão
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