A Sexta-feira Santa é um dia de penitência, jejum e oração. Através dos textos da Sagrada Escritura e das orações litúrgicas, estaremos como que reunidos no Calvário para celebrar a Paixão e a Morte Redentora de Jesus Cristo. Na intensidade do rito da ação litúrgica ser-nos-á apresentado o Crucifixo para adorar. Ao adorarmos a Cruz, reviveremos o caminho do Cordeiro inocente, imolado para a nossa salvação. Teremos na mente e no coração o sofrimento dos doentes, dos pobres, dos descartados deste mundo; recordaremos os “cordeiros imolados”, vítimas inocentes de guerras, ditaduras, violência diária, abortos… Levaremos diante da imagem do Deus crucificado, em oração, os muitos, demasiados crucificados de hoje, que só dele podem receber o conforto e o significado do seu sofrimento. E hoje há tantos… Não nos esqueçamos dos crucificados de hoje, que são a imagem de Jesus Crucificado. Neles, está Jesus.
Desde que Jesus tomou sobre si as chagas da humanidade e da própria morte, o amor de Deus irrigou estes nossos desertos, iluminou estas nossas trevas. Porque o mundo está em trevas… Vamos recordar todas as guerras que se estão a fazer neste momento; todas as crianças que morrem de fome, que não têm acesso à Educação; populações inteiras destruídas pelas guerras, o terrorismo; tantas, tantas pessoas que, por se sentirem um pouco melhor, têm necessidade da droga; a indústria da droga, que mata. É uma calamidade, um deserto. Há pequenas ilhas do Povo de Deus – seja cristão, seja de qualquer outra fé – que conservam no coração a vontade de ser melhor, mas digamos a verdade: neste Calvário de morte, é Jesus que sofre, nos seus discípulos.
Durante o seu ministério, o Filho de Deus difundiu vida a mãos-cheias, curando, perdoando, ressuscitando… Agora, na hora do Sacrifício Supremo na Cruz, leva a cumprimento a obra que lhe foi confiada pelo Pai: entra no abismo do sofrimento – entra mesmo no sofrimento, nas calamidades deste mundo – para o redimir e transformar. E também para libertar cada um de nós do poder das trevas, da soberba, da resistência a ser amado, a ser amados por Deus. Isto, só o amor de Deus o pode fazer. Pelas suas chagas fomos curados (cf. 1 Pd 2, 24). Pela sua morte fomos regenerados, todos nós. Graças a Ele, abandonado na cruz, nunca mais ninguém está sozinho na escuridão da morte. Nunca. Ele está sempre vizinho, apenas é preciso abrir o coração e deixar-se olhar por Ele.
(Papa Francisco)
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