quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Virtudes Teologais - II e III

A Virtude da Esperança

A virtude da Esperança é uma virtude infusa por Deus em nossa alma, pela qual nós temos como certa a ajuda divina para alcançarmos o céu. Pode parecer curioso que seja necessária uma virtude só para isso, além do mais uma virtude teologal, ou seja, toda ela relativa a Deus, mas não é tão difícil entender o porquê.
Sabemos que a Fé nos traz um conhecimento certo de Deus. Mas este conhecimento é obscuro, ou seja, conhecemos a Deus mas não podemos ainda vê-Lo. Sabemos também que a virtude da Caridade nos traz o verdadeiro amor de Deus, que esse amor já é um começo da vida eterna, e que no céu, esse amor será eterno e nos encherá de uma alegria e felicidade extrema. Mas sabemos também o quanto é difícil manter nossas almas longe do pecado, como nós abandonamos a Deus com facilidade, perdendo o seu amor. Por isso, poderia surgir em nós uma dúvida sobre nossas possibilidades de alcançar o céu e a vida eterna. Se essa dúvida fosse muito forte, nós desanimaríamos no combate contra nossas imperfeições e contra nossos pecados.
É justamente por isso que Deus nos dá a virtude da Esperança. Com ela sabemos que Deus nunca deixará de nos ajudar com suas graças e por isso estaremos sempre prontos para lutar contra as tentações e contra nossos pecados. Estaremos sempre prontos a pedir perdão no confessionário, pois temos certeza que Deus nos perdoará e nos trará novas forças para não mais pecar.Com isso fica claro que nossa vida de virtudes nos ajuda a conquistar o céu, pois quando praticamos o bem e fugimos do mal, recebemos a recompensa de Deus.
A virtude da Esperança é, então, a certeza que temos da ajuda de Deus para possuí-Lo, nesta vida, pela graça santificante, e no céu, pela glória eterna.

Os pecados contra a virtude da Esperança
Existem dois tipos de pecados contra a virtude da Esperança: a presunção e o desespero.
A presunção consiste em acharmos que podemos possuir a Deus, tanto pela graça (na vida terrena) quanto na vida eterna, sem a ajuda de Deus. Isso acontece muito em pessoas que levam uma vida longe de Deus, sem corrigir seus pecados, sem confissão e comunhão, e que acham que, apesar disso, Deus lhes dará a salvação.
O desespero consiste em achar que nunca poderemos alcançar a vida eterna, ou que Deus nunca nos perdoará os nossos pecados. Isso acontece com freqüência em pessoas que passam por muitos sofrimentos e não têm confiança no socorro de Deus. Quando sofremos muito, devemos voltar-nos para Deus na oração, com firme certeza da ajuda de Deus que, infinitamente misericordioso, nos ajudará a levantar da queda do pecado.

Quem possui a virtude da Esperança?
Todos os fiéis que vivem na terra em estado de graça. No céu, os bem-aventurados não possuem mais esta virtude porque já vivem na possessão eterna de Deus e não podem, assim, esperar alcançá-la.
Na nossa vida, precisamos viver sempre em função da Fé e da Esperança que Deus nos dá. Essa vida se realiza, na verdade, pelo amor de Deus que é a terceira virtude teologal, a Caridade.

A virtude da Caridade

Assim como a Fé é a virtude que nos dá o conhecimento certo de Deus, assim também a Caridade é o verdadeiro amor de Deus. Para que nossa alma tenha verdadeiro amor por uma pessoa é preciso que ela primeiro conheça esta pessoa. Não podemos amar quem não conhecemos. A Fé nos dá o conhecimento. A Caridade faz-nos amar a Deus como Ele é, como O conhecemos pela Fé. A Caridade é a terceira virtude teologal, porque é Deus quem a infunde em nosso coração e, sobretudo, porque ela nos faz amar a Deus. Ela é toda relativa a Deus.
Amamos a Deus por causa da Sua perfeição infinita e de sua bondade. Deus é o próprio amor. Por isso, quando amamos alguém na caridade, esse amor foi-nos dado por Deus. Muitas vezes acontece Deus chamar uma alma mais generosa a um amor mais elevado. Ele descobre, por assim dizer, os segredos do seu Divino Coração, quando vê no coração de alguém uma correspondência ao infinito amor que Ele nos demonstra. É na intimidade da oração, no silêncio interior, que podemos descobrir este caminho luminoso e pleno.

O Amor por si mesmo e o Amor ao Próximo
Porém, para manifestar a Caridade na nossa vida, além de viver em estado de graça, além de rezar e desejar estar unidos a Deus, devemos amar a nós mesmos e ao próximo. O que quer dizer isto?
O amor a Deus compreende, implicitamente, o amor de Suas obras. Entre elas, mais do que todas, devemos amar as que mais se parecem com o próprio Deus. Aqui na terra, são os homens que receberam de Deus esta semelhança. Por isso, devemos amar a nós mesmos e ao próximo, porque aí descobrimos um pouco como é Deus. Antes de amar ao próximo, devemos amar a nós mesmos. Claro, não devemos amar nossas fraquezas, nossos pecados, mas sim aquilo que em nós manifesta a grandeza e a bondade de Deus. Devemos amar a nós mesmos porque conhecemos a nós mesmos e também porque devemos desejar a nossa própria salvação acima de tudo. Devemos amar nossa alma, criada semelhante a Deus, remida pelo Sangue de Cristo e predestinada à glória do Paraíso.

Como provamos o amor por nós mesmos?
Trabalhando para a nossa salvação. Vida de oração, frequência dos Sacramentos, cumprindo em tudo a Santa Lei de Deus.

Devemos amar ao próximo, em Deus, por amor de Deus, na medida em que o próximo é digno desse amor, ou seja, na medida em que ele reflete essa bondade infinita de Deus.
Nosso próximo, em primeiro lugar, são nossos pais e familiares, nossos amigos, nossos conhecidos, etc. Às vezes, devemos manifestar nosso amor a Deus fazendo o bem a alguém que não conhecemos. Alguém que ajudamos na rua, uma informação que damos, um copo d'água, uma esmola... Mas devemos sempre lembrar que o amor ao próximo depende inteiramente do amor de Deus.
A virtude da Caridade deve ser praticada sempre. É um mandamento de Deus, o primeiro mandamento de Sua Lei: Amar a Deus sobre todas as coisas. Deus quer ser amado e quer que amemos aqueles que Ele ama. De diversas maneiras Deus provou que nos ama: primeiro, criando-nos, tirando-nos do nada; depois, apesar do pecado original e de todos os nossos pecados, salvando-nos pela morte na Cruz de Seu Filho. Ele pede nossa retribuição, que consiste em louvá-Lo, glorificá-Lo, obedecê-Lo e amá-Lo sempre. Por isso devemos rezar, participar na Santa Missa, cumprir nossas obrigações para com Ele e para com o próximo.

Pecados contra a Caridade
.Todos os pecados mortais, pois eles são ofensas a Deus que ferem seu amor por nós. Ao pecar, colocamos-nos acima de Deus;
. Preguiça ou tibieza espiritual: fraquezas nos actos de amor a Deus, como o desânimo na oração, distração na Missa, fraqueza nas mortificações, etc.
. Ódio contra Deus - é o pecado que vai directamente contra o amor de Deus; é a fuga e o abandono de Deus. Devemos rezar por tantas almas que encontramos, que manifestam o ódio de Deus, muitas vezes pelo indiferentismo religioso, apenas deixando a Deus de lado, não querendo saber dele.

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