quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

O que é uma indulgência?


As indulgências têm sido alvo de polémica e de incompreensão na Igreja há séculos, mas a sua prática nunca foi abandonada.
Segundo o ensinamento cristão, um pecado tem dois efeitos para quem o pratica. Por um lado a pessoa fica com culpa por aquilo que fez, por outro lado o acto cometido deixa uma marca, ou uma mancha, na alma do fiel.
Enquanto a confissão absolve o penitente da culpa dos seus pecados, essas marcas, ou manchas, permanecem. Por analogia, pode-se imaginar uma criança que por distracção suja uma camisa nova que os pais lhe deram. A criança pede desculpa por aquilo que fez e os pais perdoam-lhe essa culpa, mas a mancha na camisa não desaparece com esse perdão, permanecendo como marca física do acto cometido.
Quando uma pessoa morre, essas manchas na alma devem ser eliminadas, ou purificadas, antes de o fiel se poder apresentar diante de Deus. Na doutrina católica é para isso que serve o purgatório, um local que não é de castigo mas de purificação, deixando a alma em estado de graça para poder gozar da presença de Deus.
Numa carta, o autor C.S. Lewis (que era evangélico e não católico), escreveu o seguinte:
“As nossas almas exigem o purgatório, não? Não seria terrível se Deus nos dissesse: ‘É verdade, meu filho, que o teu hálito tresanda e as roupas pingam com lama e sujidade, mas aqui somos caridosos e por isso ninguém te vai chatear com isso. Entra na alegria’? Não deveríamos responder, ‘Com submissão, Senhor, e se não houver nada em contrário, preferia limpar-me primeiro.’ ‘Sabes que isso pode doer’, ‘Ainda assim, Senhor’”.
Ora, as indulgências permitem precisamente fazer esta “purificação” da alma ainda em vida, pelo que, em rigor, se alguém recebesse indulgências plenárias e morresse no instante a seguir iria directamente para o Céu, não precisando de se purificar no purgatório. As indulgências podem, ainda, ser recebidas em nome próprio ou para benefício de outro, incluindo alguém que já tenha morrido.
Para receber indulgências, uma pessoa deve estar confessada e precisa ainda de comungar e rezar em comunhão com o Papa, pelas suas intenções. Caso não se tenha confessado antes de completar a sua peregrinação, o fiel pode fazê-lo nos dias seguintes.
A grande polémica em torno das indulgências, que foi um dos muitos factores que contribuiu para o grande cisma do ocidente e a criação das igrejas protestantes, era a concessão de indulgências a troco de dinheiro. Essa prática constituía um abuso do conceito e o Concílio de Trento teve a preocupação de a combater, mantendo todavia inteira a teologia das indulgências.
Fonte: aqui

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